Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, agosto 26, 2008

Blogger António da Cunha Duarte Justo disse...

Brasilino Godinho!
Obrigado por mais esta descrição sobre o estado dos agraciados dum Estado gratuito!
Um abraço
Antonio Justo

26 Agosto, 2008 12:56

Ao compasso do tempo…

CUIDADO COM O TALENTO…

ELE QUER-SE EM “BOAS MÃOS”…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Em Portugal estamos habituados a viver em sobressalto e arrostando com muitas coisas esquisitas, difíceis e prejudiciais. Da parte do Zé-Povinho: este, empobrecendo continuamente; atingido por desgraças, carestias, misérias, inseguranças nas ruas, abusos e explorações, intranquilidades e temores pelo futuro - num cúmulo que radica na desgovernação do país. Da parte dos afortunados portugueses de primeira categoria: as facilidades concernentes ao progressivo enriquecimento, o bacoco exibicionismo, o desmedido prazer, o insolente ócio e alguma corrupção à mistura; perante a complacência do Governo, a diligência da Assembleia da República e a simpática compreensão dos anões políticos A fraqueza e humildade do Zé confrontam-se com a riqueza e pesporrência da classe dominadora da grei portuguesa.

Estão enraizados brandos hábitos de convivência, estabelecidas normas de conduta e padronizados os comportamentos face às ocorrências trágicas, aos actos criminosos e aos expedientes dos espertalhões que superintendem a situação político-administrativa. E se exceptuarmos: as violências dos tiroteios nas ruas e praças; os assaltos aos bancos, às estações dos correios, às ourivesarias; as acções de roubo de viaturas nas vias públicas das cidades e nas auto-estradas; e as trapalhadas dos ministros; tudo o mais gira conforme o que está consagrado pelo uso e enriquecido pelo abuso. Além de ser correlativo às políticas adoptadas pelo governo com a aprovação dos ilustres deputados que assentam no Palácio de S. Bento.

O Zé-Povinho, não dispondo de qualquer parcela de influência na gestão da “QUINTA LUSITANA”, pouco dado às leituras e à Cultura, tem a conduta ancestral de amochar perante o Poder. Os governantes e os políticos, abusando da confiança e ingenuidade da bonacheirona criatura, têm a ousadia, a manha e a perversão de o intrujar, explorar, acabrunhar e dele fazer gato-sapato. É este o estado da Nação. Também, esta, a Nação do Estado que temos. Que enquadra uma paz podre apontada ao silêncio dos cemitérios, para onde vão sendo encaminhados rapidamente os mais desafortunados portugueses. Assim sucede porque, com certeza, está determinado pelos detentores do poder existente, senão escrito, que desta sorte terá que ser. Claro que para mal de muitos indígenas amaldiçoados por condições de nascimento, de infortúnio e de malvadeza de gente impiedosa e pecadora; e para bem e gozo de poucos que tiveram a fortuna de nascer em berços requintados, com o traseiro para o ar ou que ao longo da existência se acomodaram aos favores das oportunidades, porventura prevalecendo-se da falcatrua, da avareza, da injustiça, do impudor, da desonestidade e da exploração do próximo.

Neste contexto, aos “senhores cinzentos”, na sua qualidade de associados da “QUINTA LUSITANA”, interessa-lhes, sobretudo, manter as aparências de um estado de direito e preservar o sistema com os maiores cuidados a fim de evitar percas de ritmo e de proventos; estes – assinale-se - ao alcance de quantos dela se alimentam com gula e nela se alojaram sem escrúpulo e com total falta de vergonha.

Uma das coisas mais chocantes para os senhores da “QUINTA LUSITANA” e que deveras os incomoda é, precisamente, aquilo que lhes escapa nos domínios da mente e, se preferirmos, da inteligência. O que os leva a considerar um absurdo da Natureza e uma deplorável - quiçá, incompreensível - picardia do “Grande Arquitecto do Universo” a estranha circunstância de, por vezes, o factor talento se encontrar incluso em seres inferiores, desqualificados, mal vestidos, deficientemente alimentados, sem vistosas residências, nem possuindo soberbas fêmeas (se homens) ou aperaltados machos (se mulheres); e, não integrantes do seleccionado mundo dos eleitos da riqueza, da sabedoria (nuns casos), da ignorância encartada (noutros) e do apanágio do currículo académico. Quando se registam casos específicos de sucesso e de repercussão social de gente humilde, é notório o desconforto sentido na pequena camada omnipotente da terra lusa – o que arrasta consequências. Desde logo, as tentativas de desvalorizar as pessoas que atingiram elevados padrões de faculdades de alma e que, assim, sorrateiramente, à falsa fé, se permitiram o desplante de entrarem em domínios tão ciosamente reservados. Depois, silenciarem-nas e - se possível - às suas prestações profissionais e intelectuais. Não satisfeitos, os exploradores da “QUINTA LUSITANA”, dando largas à cegueira e ao rancor, perseguem essas criaturas invulgares e dificultam-lhes as vidas. E vão ao ponto de negarem-lhes os direitos de cidadania.

Tais manifestações rascas, de mau carácter e de menoridade intelectual, manifestam-se devido ao receio de que a inteligência de gente desalinhada possa embaraçar os desígnios de quem vive do obscurantismo e, de algum modo, desestabilizar a estrutura da arquitectura republicana maçónica de Portugal. A existência de seres inteligentes livres e actuantes acentua o perigo de eles se constituírem maus exemplos e se tornarem críticos rigorosos, isentos e influentes junto do público. Os ditos beneficiários do sistema pensam (embora não o afirmem) que o ideal seria que a inteligência se concentrasse neles - os seres de eleição, donos da “QUINTA LUSITANA”: “sábios”, fraternos entre si, arrogantes, prepotentes. Também dissimulados, como mandam as normas aceites pelos modernos adoradores de Salomão.

Sob estas premissas, levados por um fugidio momento de absurdo espírito contemporizador a assumir as dores de suas excelências e atentos ao patético ângulo da insanável contradição prevalecente na sociedade de, no seio da arraia-miúda, haver infiltrações de inteligência, onde seria suposto, desejável e necessário, que prevalecesse a burrice e a estupidez, temos de considerar uma perigosa - grande, lamentável, enfadonha - chatice, o facto de existirem cidadãos excepcionalmente dotados, membros de classes situadas a níveis inferiores das castas dominadoras de nações e estados do mundo contemporâneo.

Face a tão peculiar quadro atrás descrito, tem-se como insólita e comprometedora da lisonjeira fama do nosso governo a sua tendência para de quando em quando, confundindo intenções e disfarçando políticas de mau agoiro, dar a ideia de ser um bom samaritano. Por exemplo: há dilatados meses o chefe Sócrates declarou aos órgãos da Comunicação Social que o Governo deliberara legislar no sentido de franquear as postas das universidades aos idosos – seguindo o exemplo da Universidade dos Açores que há anos abriu o precedente. Passou o tempo de muitas luas e… nada! “Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes”.

Subentende-se que o processo abortou. Certamente que Sócrates e os ministros estavam distraídos ao tomarem aquela decisão. Nem se lembraram que a inteligência dos indígenas portugueses quer-se desvalorizada e ignorada na sociedade lusa. Terá reparado nisso intempestivamente, após ter metido o pé na argola… Sublinhe-se que as regras e ordenações estabelecidas por quem pode e manda são para se aplicarem. Porém, há que destacar ser esta mais uma promessa de Sócrates não cumprida. Este incumprimento torna-se, precisamente, emblemático e expressa-se à medida de um governo de “bons rapazes”, “fraternos companheiros”, dúbios e incensados apóstolos da trilogia democrática: Liberdade, Igualdade e Fraternidade; que, abençoados pela “Ordem”, se está nas tintas para satisfazer os anseios dos cidadãos não incluídos na categoria de 1.ª classe, da comunidade nacional.

Fim


quarta-feira, agosto 20, 2008

Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Juntamos um texto de “SARAIVADAS” .

Nele, dois artigos da autoria do arquitecto-jornalista José António Saraiva postos em causa

No primeiro, Saraiva mergulhou na penumbra de si próprio. No segundo, assoma à claridade do seu ego. O que denota ser escritor instável.

Cumprimentos.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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Tema I: SARAIVA, “perdido” na confusão do “Vai tudo abaixo”…

Há dias José António Saraiva pegou no título de um programa televisivo de mau gosto (“Vai tudo abaixo”) decidido a empenhar-se na árdua tarefa de comentar as hipotéticas mudanças de Portugal e… pelos vistos, sem perda de tempo ou quebra de ânimo, brindou-nos e aos seus leitores do semanário “SOL” com uma dissertação sobre a “interiorização da ideia da crise”…

Desde logo, repare-se no eufemismo: “ideia da crise”. Ele indicia que, sob a óptica de SARAIVA, o mal-estar prevalecente na sociedade portuguesa talvez não passe de uma visão apalermada, em que se notará “o tom catastrofista (?...) a falta de sentido das proporções, a ausência de equilíbrio a tornar por vezes grotescas certas opiniões”…

Ao lermos este fraseado e tendo presente a generosa informação que SARAIVA deu sobre a sua propensão para elaborar as peças escritas enquanto conduz o seu automóvel na confusão do trânsito das ruas da capital, acreditamos que, na circunstância, em vão terá tentado equilibrar-se e a readquirir o famigerado “sentido das proporções”...

Aliás, uma atrapalhação bem patente nas perguntas que o famoso articulista formula mais adiante, acerca de como começar algo atinente à recuperação do País, que nem apercebe quando, aparentemente, angustiado inquire: “Mas começar como”? e “Vamos começar o quê”? Mas, de pronto, o irresoluto SARAIVA responde com uma frase bombástica e… incontornável, como agora soe dizer-se: - “Portugal não está a começar: é um comboio em andamento, do qual somos passageiros temporários” – e compulsivos; ainda por cima utentes de um transporte antiquado, mal conduzido, repelente, infecto-contagioso, que não cumpre horários, sempre atrasado, fatigante, opressivo e muito desagradável - acrescentamos nós.

Depois SARAIVA, toma a sua dose de optimismo serôdio e contempla-se na perspectiva idílica de o país “melhorar um bocadinho”; não muito, pois ele “é o que é”. O que “implicaria uma atitude positiva – e não a postura daqueles que constantemente anunciam o Apocalipse”. Nossas observações pertinentes: Porquê o País “é o que é”? Nossa grande curiosidade: “Uma atitude positiva”? Qual? O que, na actual situação do País, será uma atitude positiva segundo o pensamento de SARAIVA? E se ficamos na expectativa de uma atitude positiva seja ela o que for e venha de quem quer que seja e se disponha a prestar o obséquio ao País, bem poderemos esperar sentados… com a mira de pequeno alcance apontada a um simplista alvo: “melhorar um bocadinho”. Dedução moral a extrair: Pouco ambicioso e adepto do simplismo o pensador SARAIVA.

A finalizar, José António Saraiva afirma que Portugal “tem uma situação política estável e as instituições funcionam”. As derradeiras palavras de SARAIVA referem-se aos tempos conturbados do final da Monarquia e da I República. Termina com uma frase piramidal: “Aí sim: era difícil antever um futuro”.

Daqui interpelamos SARAIVA: “Situação política estável”? O facto de haver um governo de interpretação ambígua que tem maioria absoluta e, no palco do circo político, se exibirem várias oposições sem nível, estéreis, define uma política estável? Na falta do exercício da POLÍTICA o arremedo dela será aceitável? A merecer o presunçoso adjectivo de “estável”? “As instituições funcionam”? Pois quê? Que interessa aos portugueses se elas funcionam mal e porcamente…

E já agora SARAIVA diga às gentes: Se naquelas épocas era difícil antever o porvir, qual é o futuro que – numa, eventual, sua condição de abalisado especialista em futurologia - agora consegue supor para este desgraçado país que vegeta à mercê de uma bicharada que até assustaria o bendito menino Jesus?

Tema II: SARAIVA, “achado” na objectividade do texto “Em directo”…

Na mesma data (15 de Agosto e 2008) e na sua revista “Tabu”, José António Saraiva apresentou uma excelente crónica titulada com a expressão “Em directo”. É uma peça bem concebida. Oportuna, pertinente, bastante objectiva. Nela estão formuladas apreciações judiciosas. Muito apropriadas e relevantes as duas últimas observações de censura que faz sobre a confrangedora prática da língua portuguesa por parte de alguns jornalistas das televisões e quanto ao qualificativo de êxito de uma acção que, necessária e salvadora de duas pessoas, acabou por concretizar a morte de um dos assaltantes da agência do Banco Espírito Santo.

Exceptuando aquele parágrafo sobre o avanço do “politicamente correcto à portuguesa” que é uma terminologia em moda, insuportável, muito ambígua, por isso mesmo falha de sentido, este texto de SARAIVA agradou-nos. Tem interesse público e qualidade que nos apraz registar.

Concluindo: Aqui, entre nós, desconfiamos que o artigo “Em directo” não foi “redigido” no automóvel enquanto o autor viajava pela cidade de LisboaDeve ter sido obra trabalhada à secretária, desfrutando de silêncio propício à meditaçãoArriscávamos uma aposta

P. S. - Caramba! Que da lavra do Brasilino Godinho não seja só depreciar as crónicas do conhecido arquitecto-jornalista SARAIVA…

terça-feira, agosto 19, 2008

Prezadas senhoras,

Caros senhores,

Aqui inserida uma crónica sobre a miopia do “presidente de todos portugueses” com o pressuposto de que a respeitável criatura talvez não o seja…

Cumprimento.

Brasilino Godinho

Ao compasso do tempo…

O PRESIDENTE QUE SE CUIDE…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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Na nossa opinião o presidente Cavaco Silva não está bem, sob o ponto de vista funcional, no exercício da Suprema Magistratura da Nação. É uma conclusão a que chegamos ao analisarmos alguns dos seus procedimentos tidos nos últimos meses.

Há pouco tempo o chefe do Estado foi à Madeira em visita oficial. Apreciou o inegável desenvolvimento do arquipélago. Elogiou o caudilho madeirense. Mas não fez reparo nos atropelos de variadíssima ordem que o maioral da governação do arquipélago e seus ajudantes cometem com regularidade deplorável. Mais engoliu o sapo, sem se engasgar, de não ser recebido em sessão solene da Assembleia Regional alegadamente, segundo Alberto João Jardim, por nela ter assento um bando de loucos. Quase às escondidas recebeu os representantes da oposição da Madeira. Considerando a gravidade destas ocorrências desagradáveis e esquisitas, admitimos que elas só podem explicar-se por amnésia, apatia ou estranha forma de dislexia que, inevitavelmente, temos de classificar de dolorosa amnésia presidencial, de inquietante apatia presidencial e de a não menos temível dislexia presidencial…

Trata-se de três disfunções orgânicas, incorporadas no mais representativo órgão de soberania, que mais sobressaíram quando há dias o presidente Cavaco Silva resolveu alvoraçar o país com o anúncio antecipado de 24 horas, de ir fazer uma importante comunicação aos portugueses. Quando se esperava que o presidente da República iria falar de assuntos da maior relevância nacional, ele limitou-se a anunciar algumas suas divergências sobre o novo estatuto da autonomia dos Açores que considera subtrair-lhe prerrogativas presidenciais; que, demais a mais, não referenciara atempadamente ao Tribunal Constitucional quando, recentemente, o consultou sobre a matéria em causa. Os comentários que se ouviram em surdina nos mais variados sectores da sociedade portuguesa foram simples e directos: - “A montanha pariu um rato” - “Tanta parra para tão pouca uva”. Para além de muita gente “ter torcido o nariz” e atirado para o ar a interrogação: Porquê os Açores a suscitar a reprimenda enquanto à Madeira todos os excessos são permitidos ou ignorados?

Claro que o significado destes deslizes da presidencial figura incide no tal fenómeno - já apontado de vez em quando - do presidente da República, em exercício, prosseguindo na esteira dos seus predecessores, sofrer de uma rara espécie de miopia que só se manifesta em certos meios que não quadram com as naturais características e tendências da sua pessoa. Ou seja: o local; o clima; a cor prevalecente no espaço, no jardim, na moldura arquitectónica da construção envolvente; as afinidades políticas, dos gostos e das preferências, com os interlocutores; têm um peso específico determinante na falta de visão que, ocasionalmente, tolhe a criatura agora colocada no mais elevado grau da hierarquia do Estado.

Se à miopia juntarmos a amnésia, a apatia e a dislexia, temos uma conjunção terrível de factores deletérios que embaraça o presidente Aníbal Cavaco Silva e, em muitas ocasiões, o leva a circular displicentemente nas auto-estradas da contradição, do equívoco e da incoerência; nas quais confluem o défice democrático, a segregação sociopolítica e a desigual distribuição da justiça. O que é profundamente lastimável na actuação de um chefe do Estado. Também bastante corrosivo da Democracia. Mui depreciativo para a República. Sobremodo prejudicial para a sociedade portuguesa.

Por tudo isto, aqui focado, tememos pelo desejado, regular e indispensável sentido harmónico do funcionamento do órgão de soberania Presidência da República.

O cidadão Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, que se cuide. Faça-nos a mercê de ter em atenção que ao tomar o imprescindível cuidado está, igualmente, a cuidar do País e a zelar pelos vitais interesses dos portugueses.

terça-feira, agosto 12, 2008

Ao compasso do tempo…

“NÃO BAIXEM OS BRAÇOS”…

NEM AS PERNAS,

TÃO-POUCO A CABEÇA…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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01 - Há a convicção generalizada a todo o país que os órgãos da Comunicação Social, jornais, revistas, rádios e televisões, ditos nacionais, convivem em promiscuidade com os detentores do Poder e os comparsas do mundo político. Daí que apesar de todas as reservas que, às vezes, se põem relativamente às notícias transmitidas, umas tantas destas são facilmente aceites; tais como as referências de realidades mais ou menos evidentes. Por exemplo: quando jornais e televisões nos querem convencer que Aníbal Cavaco Silva é um presidente da República atento e obrigado, a malta acredita. Diz: Ámen! Expressão apropriada porque até se ajusta à componente religiosa da alma do antigo professor da Universidade Católica, Aníbal Cavaco Silva.

Nas últimas semanas o presidente Aníbal Cavaco Silva tem dado provas de acompanhar com desvelo a situação do País e o estado de espírito da maioria dos seus compatriotas. Percebe-se que não lhe escapa a apatia, a desilusão e os transtornos de vida de tantos milhões de portugueses e o que isso pode redundar em descrédito da classe política e em perigoso agravamento do actual clima de repúdio e indignação. E tão preocupado parece estar o presidente que veio a terreiro proclamar: Portugueses, portuguesas, não baixem os braços! (Aqui, entre nós: Cavaco Silva terá sido instrutor de ginástica?...).

Pois é à luz do conhecimento desta inquietante situação de desgaste económico-social – uma das várias que temos sujeição de convivência - e à claridade da subtil mensagem contida na solene advertência presidencial, que hemos diligência de melhor a interpretar, para dela extrairmos ensinamentos e proveitos. Se bem compreendemos a mensagem da presidencial figura ela quis, com a magnífica agudeza de espírito que caracteriza o seu discurso habitual, que os portugueses se mantenham de braço erguido saudando os mandantes do País e os executores políticos. Por certo, Cavaco Silva lembrando-se dos desgraçados que, no Coliseu de Roma ao serem lançados às feras, se dirigiam ao imperador em termos de reverência: Ave César! Os que vão morrer te saúdam!

Claro que nem é muito linear a analogia com a situação dos modernos lusitanos. Mas lá que muitos de nós estamos sendo atirados para o largo mar dos grandes tubarões onde ficamos expostos à sua voracidade, não surgirão dúvidas ao gentio do caseiro meio ambiente em que nos movemos. Todos temos consciência de tal tragédia. E o presidente Cavaco parece insinuar que devemos sorrir e recomenda elevarmos os braços em saudação aos nossos carrascos que, ostensivamente, nos fazem a vida negra. Isto referido pelo lado do trágico que nos amarfanha e nos arrasta para o abismo da perdição.

Mas por outro lado - a outra face benigna da moeda - ainda bem que o presidente teve a feliz ideia e suprema gentileza de convocar os portugueses a não baixarem os braços. Antes isso do que baixar as pernas, arriscando a esquisita posição de cócoras. Certamente ficávamos paralisados. Já não podíamos correr atrás dos políticos nas feiras e nas romarias a apanhar as canas dos foguetes que são atirados ao ar, nessas festivas ocasiões que divertem e descontraem o povo e, sobremodo, animam as soberbas individualidades assim idolatradas. Sobretudo, era uma pena não se poderem bater palmas, muitas palmas, com grande desenvoltura e frenesi. Igualmente, estaríamos impossibilitados de rapidamente nos afastarmos sempre que surgisse por perto o ministro mal-encarado, patrão das polícias. De nada nos valeria gritarmos: Ó da guarda, acudam! Vem aí um mafarrico que traz consigo o mau-olhado da nossa desgraça…

Também se entenda que o presidente luso sabe que as pessoas com os braços descaídos nada podem fazer. Perspicaz o presidente já se deu conta que os braços das pessoas dispõem de mãos providas de dedos nas extremidades, com que se agarram as coisas e que sem os movimentos daqueles membros superiores é impossível fazer algo. Deveras impressionante a percepção do presidente de que braços pendentes, relaxados, são um empecilho que não favorece o desenvolvimento sustentado do indígena, a inoperacionalidade do (des)Governo, a satisfação dos políticos e - eureka! - as acções das polícias, principalmente quando os respectivos agentes se passeiam de giro nos bairros problemáticos de Lisboa e Porto ou investem contra assaltantes de bancos.

Outra faceta relevante do alerta presidencial tem a ver com o expediente de muitos figurões que dantes metiam o pé na poça fedorenta e, agora, nela já vão metendo ambas as mãos. Trata-se de uma prática nojenta que, naturalmente, repugna à mente do alto magistrado da Nação. Portanto, sem dar ênfase à questão para que em Bruxelas não se pense que somos uma nação de corruptos, desavergonhados e malcheirosos, o presidente Cavaco disfarçou o melindre da abordagem, limitando-se a recomendar: Não baixem os braços! Tão simples! E eficiente! Está salva a honra do convento lusitano. À maneira de uma cajadada que mata vários coelhos

No entanto, houve grave lacuna na intervenção do presidente Aníbal Cavaco Silva: esqueceu-se de dizer que os portugueses não devem baixar a cabeça imitando os cavalos ao fazerem cortesias na arena da praça de toiros. Acima de tudo, seria pura precaução. Mas justificava-se: para evitar que alguém encurvasse mais a coluna, tendo-a já tortae chafurdasse a tola na repelente trampa.

02 – Esta crónica prossegue um sério, embora discreto e complexo, objectivo: O de pôr a malta de sobreaviso para a necessidade de habituarmo-nos à linguagem cifrada do presidente Cavaco Silva. Sua Excelência expressa-se de maneira muito pessoal. Tão distinta é a linguagem que exige dos portugueses esforços de apreensão dos sentidos das interessantes falas presidenciais e redobrados trabalhos de interpretação dos significativos gestos e programadas (quiçá, ensaiadas) atitudes do chefe do Estado.

Deve assinalar-se que a exigência presidencial, aqui focada, releva importante e profundo alcance pedagógico num tempo de sorte malvada em que tudo se determina pela facilidade e a cujo compasso mais se acentua a tendência para dispensar as criaturas portuguesas de lerem com vagar e atenção, de saberem ouvir, de melhor pensarem, de trabalharem com afinco, de estudarem com diligência, de discutirem os temas com real interesse, de serem rigorosos nas avaliações das políticas adoptadas pelo (des)Governo e de adquirirem o espírito crítico alicerçado no Conhecimento, na Cultura e na Educação.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Juntamos um texto de “SARAIVADAS” .

Trata-se de uma confissão de José António Saraiva: tem um perigoso vício.

O que equivaleu a desvendar um grande mistério…

Cumprimentos.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

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Tema: O grande mistério de SARAIVA desvendado por ele próprio.

Sempre estivemos convictos de o arquitecto-jornalista JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA ser uma das personalidades mais enigmáticas de Portugal.

A primeira impressão que se colhe ao observar a figura de SARAIVA é de um estremecimento a envolver reserva mental face ao seu peculiar aspecto misterioso a insinuar a ideia que carrega um enigma nunca decifrado perante o respeitável público. Aquele retrato impresso na revista “Tabu” dá bem nota da faceta misteriosa do conhecido jornalista. Nele está estampado algo de equívoco com causa oculta, de todo inexplicável até à presente data. Mas que, a partir de agora, com a revelação da própria criatura passa a ter uma explicação razoável de aproximação à realidade; esta só definível por uma competente abordagem científica de especialistas de Psicanálise devidamente credenciados.

Para nós, que temos a preocupação do rigor e da justiça nas apreciações que fazemos sobre as acções do próximo, tem sido bastante complicado acompanhar os percursos de SARAIVA no “Expresso” e no “SOL”. Trajectos de vida profissional pautados por intervenções díspares: ora de valia apreciável, ora dissonantes de uma harmonia e normalidade que, numa primeira abordagem, se admitia ser-lhe acessível sem grande esforço mental e cansaço físico. Ao longo do tempo julgámos deveras intrigante o quadro das variáveis produções de SARAIVA. Nalgumas ocasiões nos interrogámos sobre qual a base estrutural do seu pensamento e as condicionantes formativas ou restritivas que lhe seriam impostas pelas suas faculdades de alma, pelos graus de conhecimento das matérias, pelas circunstâncias e pelo meio em que, ocasionalmente, está inserido. Evidentemente que apreender a essência de um ser complexo como SARAIVA não é tarefa fácil.

Porém, nesta altura, torna-se possível apontar algumas explicações para certas e desconcertantes intervenções de SARAIVA que deixam os leitores atónitos. O que se deve ao facto de o conhecido arquitecto-jornalista, na revista “Tabu”, edição de 09 de Agosto 2008, ter escrito o seguinte: “Tenho o vício de aproveitar o tempo a conduzir para resolver problemas pendentes ou enigmas por decifrar, pelo que nunca me aborreço em viagem nem desespero nas bichas”. E para não haver dúvidas na interpretação do texto, acrescentou: “Sentado ao volante do carro”.

Bem assinalado por JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA que, mais que estar atento à condução, se concentra na resolução de problemas e de enigmas (aqui para nós, parece que ainda não conseguiu resolver o seu próprio). Destaque merece a referência ao vício de conduzir, quase alheado do trânsito. Sabe-se que muitos acidentes de viação são causados pela falta de atenção dos condutores que, absorvidos nas suas lucubrações, nem reparam devidamente no tráfego e na condução que prosseguem. Lá diz o ditado: “Quem muitos burros quer tocar ao mesmo tempo, algum há-de ficar para trás”.

Sendo um hábito (pelo próprio classificado de vício) enraizado em SARAIVA há que prevenir a malta: quando depararem com ele, sentado ao volante de um carro, afastem-se ou deixem-no passar – melhor ainda, previnam a polícia e avisem os serviços do 112 - porque é um condutor que põe as vidas das pessoas em perigo: a dele e as dos outros (peões ou condutores de veículos). Aliás, perante esta confissão, será de ponderar pelas autoridades competentes a hipótese de incluir no Código de Estrada uma cláusula que permita a apreensão da carta ou inibição de conduzir a quem, sentado ao volante de um qualquer veículo motorizado, se mostre (“com olhar abstracto como se esteja a pensar na morte da bezerra”) a circular dando largas ao “vício de resolver problemas pendentes ou enigmas por decifrar”.

No caso de SARAIVA a coisa é mais grave porque os problemas e os enigmas o perseguem a toda a hora, como se depreende da revelação que ora comentamos. Decerto, se poderá dizer que ela é imutável e tormentosa circunstância determinante de alguns desacertos nos artigos de SARAIVA – o que, afinal, há muito pressentíamos. Lamentavelmente só nesta altura obtivemos confirmação e logo através da pena do famoso articulista do “SOL” e da “Tabu”.

Também gravíssimo, sob vários aspectos, é o tom displicente da confissão do vício. SARAIVA denota nem se aperceber da extrema perigosidade da sua condução automobilística. Torna-se urgente que qualquer amigo de peito, indiferenciada amiga ou autoridade do Serviço Nacional de Protecção Civil, intervenha junto de SARAIVA e o chame à razão. Antes que aconteça uma desgraça. Ou um acidente idêntico ao estampanço tido numa época de Natal, de que deu relato no ano passado.

Sobrelevando a noticia do vício importa nele focar a razão maior das irregulares produções de SARAIVA. Irregulares produções notoriamente devidas ao facto de serem congeminadas, esboçadas, quiçá, mentalmente redigidas, enquanto conduz pelas ruas de Lisboa, enfrentando a balbúrdia do trânsito. Daí, que naturalmente a perturbação deste origine a confusão mental do autor e a deriva das baralhadas e simplistas ideias posteriormente postas em desordem e inconsiderada letra de forma nas publicações que dirige.

Moral da história: “Quem anda à chuva molha-se”... Às vezes até fica encharcado… Supremo azar: mesmo sentado ao volante de um automóvel…

quarta-feira, agosto 06, 2008

Um texto sem tabus…

FACE AO MINISTRO - EM GUARDA, A PAU! SEM LHE DAR A CENOURA…

Brasilino Godinho

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Pelo rumo que a desgovernação portuguesa está seguindo facilmente se admitiria que, a breve trecho, o governo seria objecto de privatização. As aparências induziriam esse desfecho. Só que isso está longe de acontecer. Pela razão que o governo português já se encontra privatizado. Uma entidade de muito peso na nossa sociedade, usando aquela discrição que é seu apanágio e a habitual forma de estar que mais não representa que a adopção do secretismo para todas as suas práticas, se antecipou e dele se apoderou com armas, bagagens e seus agentes infiltrados.

Sem sombra de dúvida que a Maçonaria é que governa a seu bel-prazer a nação portuguesa. Todos os sectores vitais da sociedade portuguesa estão sob o seu domínio ou influência.

Dizer que governa é uma força de expressão. Melhor será admitir que desgoverna. E fá-lo com recurso a habilidosos expedientes que, muitos deles, passam despercebidos à maioria dos cidadãos.

Hoje, como no fim da Monarquia e logo a partir do ano da proclamação da República, vigora um sistema maçónico de selecção e recrutamento que assenta na base de para qualquer lugar de funcionário público com funções de chefia, de deputado, de ministro, de presidentes dos mais elevados cargos da hierarquia do Estado, incluindo presidente da República, se torna necessária a filiação na Maçonaria: seja ela irregular, regular ou branca (Opus Dei).

Escrita esta anotação e na sequência do reparo aos habilidosos expedientes dos governantes, todos com a marca matricial da instituição que a si própria, sem pudor e humildade, mas com muita arrogância, se arroga de ser mui sábia e cultivadora dos bons costumes, vale a pena destacar o processo em curso de suprir as carências dos serviços de segurança pública. O qual é bem expressivo da forma de actuar na expectativa do que possa vir acontecer; que quanto mais complicado melhor será para consolidar poder onde reinar o caos, a desconfiança, o desalento e a indignação.

Em primeiro lugar, ao (des)governo convinha permitir a degradação da qualidade e eficiência dos serviços prestados à comunidade. Depois, pacientemente e com algum estoicismo, aguentar o clamor geral de insatisfação e o aumento das ocorrências dos delitos criminais: os assaltos, as agressões, os assassínios, a prevalência de um clima de insegurança, de medo e de terror, contribuindo para o mal-estar das populações que as levasse a tomar iniciativas no sentido de participarem no afrontamento da grave situação suscitada.

O governo bastava-lhe assobiar para o lado e esperar que a coisa esquentasse deveras. E esquentou em várias frentes. Então como o governo previra registou-se uma primeira iniciativa que apontou o meio atinente a superar as sentidas dificuldades, finalmente intuído por um grupo de empresários do Bairro Alto de Lisboa. Eles passaram a pagar mensalmente o policiamento de algumas ruas onde se encontram instalados os seus estabelecimentos de comércio.

O ministro da tutela, sempre com cara de caso comprometido, rejubilou. Sem impor coisa alguma e a modos de quem não tem nada a ver com o assunto, o ministro conseguia o brilharete de obter meios financeiros para garantir os giros dos polícias. Também de se deslumbrar frente às câmaras das televisões, repetindo que ele e os polícias estão atentos e empenhados nas soluções dos problemas que afectam a sociedade.

Ainda não tinham cessado as celebrações do feliz acordo entre os comerciantes, a polícia e o ministro e já, na noite desta terça-feira, dia 05 de Agosto de 2008, as televisões reportavam que os comerciantes do centro da cidade de Faro tinham comprado bicicletas novinhas em folha que ofereceram aos polícias que fazem vigilância citadina – o que denota que a polícia está à mercê das esmolas dos cidadãos, sem o ministro da Administração Interna se importunar com essa deprimente imagem da prestante corporação policial.

Assim, tal como mancha de óleo derramado no oceano, alastra em Portugal a tendência dos agentes económicos custearem os serviços policiais de manutenção da ordem pública. Enquanto o Governo se vai mantendo inoperante, posto em descanso à sombra da bananeira, regalado, a gozar embevecido o espectáculo e a satisfazer-se com a visão do triste panorama.

E aqui está a grande habilidade do ministro da tutela das corporações policiais. De uma penada põe os polícias nas ruas, aparece eufórico, convencido, na praça pública, rejubilando com a proeza. E, êxito retumbante, cobra receitas suplementares que, ufano encaminha ao Erário; ainda por cima beneficiando do aplauso do colega das Finanças que, com seu olho de lince de grande alcance, logo percebe que ali está mais uma achega para a diminuição das despesas do Orçamento, facultando-lhe possibilidades de libertação de verbas para suportar os enormes encargos com os numerosos institutos e os imensos grupos de centenas de chefes e sub-chefes de gabinetes assessores, secretárias, adjuntos, adidos, damas de múltiplos apoios, jovens de relações públicas e privadas, serventuários e motoristas, espalhados por todos os espaços governamentais.

Uma vez que o ministro Pereira cavalga a crista da onda de transferir encargos e custos dos serviços essenciais da Administração para as bolsas dos contribuintes, há que aguardar os próximos desenvolvimentos. Pelo andar da carruagem serão de mau presságio. Nunca se adivinha até onde pode ir a fértil imaginação de quem se especializou em cobranças inverosímeis.

Temos de, em reserva, nos pormos a pau… Sem lhe dar a cenoura… Tão-pouco sermos pau para toda a colher…

terça-feira, agosto 05, 2008

Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Remeto-vos uma crónica sobre a nova, rendosa e promissora orientação governamental referente à segurança pública, que se me afigura inspirada nessa recomendada grande figura da maçonaria portuguesa, Dr. Rui Pereira, esforçado reformador dos Códigos Penal e de Processo Penal, diligente criador de invulgares, programadas, justiças (ou injustiças?) e activo fundador das “unidades de missão” que… talvez se possam confundir com unidades de demissão.

Com os cumprimentos de

Brasilino Godinho

Ao compasso do tempo…

ATENÇÃO PORTUGUESES!

SEJAM INTELIGENTES…

QUEREM SEGURANÇA?

PAGUEM-NA!

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Com os nossos governantes passam-se coisas que dia-a-dia chamam a atenção dos indígenas. Nos deixam aturdidos.

Desde a incapacidade de formularem políticas consistentes apontadas ao cumprimento das promessas eleitorais, à recuperação económica, à melhoria das condições de vida da população, à promoção da Cultura, da Educação e da Língua (em Portugal e no Mundo) ao regular ordenamento do território, à dignificação dos professores, à valorização do Ensino, ao equilíbrio do Orçamento, à imposição da harmonização fiscal, à contenção das despesas do Estado e das autarquias, à reposição do funcionamento eficaz e independente dos órgãos da Justiça, à boa prestação dos cuidados de saúde aos utentes das unidades hospitalares e afins, ao combate decidido e eficiente à corrupção, à moralidade e acatamento da Ética pelos agentes da governação em todos os escalões da respectiva hierarquia, ao eficiente funcionamento dos serviços de segurança de combate aos delinquentes e criminosos por forma a garantir um clima de serenidade na comunidade lusa e de confiança nas forças policiais; até à persistente verborreia laudatória que utilizam na exaltação das suas actuações que, como sabemos, se pautam, na generalidade, pela ligeireza, pela inconsistência, pela falta de senso, pela escassez de rigor e pelo diminuto sentido de Estado e, com arreliadoras repetições, igualmente, pela confrangedora incompetência. Resumindo numa palavra: É total a ausência de uma Política marcada pela seriedade e pela essência definidora de um acertado rumo para o desenvolvimento do País e bem-estar de todos os portugueses.

Acresce a circunstância de as intervenções de suas excelências nos jornais, nas rádios, nas televisões, na praça pública e nas várias cerimónias onde se exibem, se caracterizarem pela abusiva utilização de uma linguagem afirmativa em flagrante contradição com a realidade. Chegam a tornarem-se repulsivos tais procedimentos – os quais, inegavelmente, ofendem a inteligência de qualquer cidadão minimamente dotado com faculdades de alma.

Trata-se de um hábito que deve ser repudiado com a maior veemência. Recorrendo a ele os políticos e governantes evidenciam a sua mediocridade, a falta de classe, a ausência de maturidade, uma profunda hipocrisia e um acentuado desprezo pelo semelhante que consideram como cidadão de baixa categoria social, inequivocamente taxado de mentecapto incapaz de perceber a falácia que lhe é arremessada ao bestunto.

Por conseguinte, no quadro de inanidade e de seus obscuros e maléficos contornos, atrás descrito, hemos de inscrever a posição e as declarações do activo impulsionador (e vocacionado chefe) de “unidades de missão”, actual ministro da Administração Interna.

Tão interna será a dita, orientada por Rui Pereira, que nos serviços da PSP muitos serão os agentes refugiados nas instalações, enquanto nas vias públicas nem se dá pela presença de um guarda da prestimosa corporação.

Mas como a onda de assaltos e de actos criminosos aumenta numa cadência impressionante e os clamores se fazem ouvir com mais intensidade o ministro das polícias veio declarar que a PSP (Polícia de Segurança Pública) e a GNR (Guarda Nacional Republicana) se encontram atentas e operacionais e que não faltam efectivos no combate às actividades criminosas. Porém, no mesmo dia, as televisões noticiaram que comerciantes do Bairro Alto, cidade de Lisboa, vítimas de assaltos, aflitos e amedrontados, se quotizaram, requereram os serviços da PSP e passaram a pagar a quota individual de € 189 para que oito agentes e um graduado façam o policiamento de algumas ruas do bairro.

Assim ficamos esclarecidos. O ministro da tutela diz que estão assegurados os policiamentos em todo o país e que os portugueses podem estar tranquilos. Mas os comerciantes do Bairro Alto para contarem com a protecção das suas vidas e dos seus bens têm de pagar o serviço.

Está visto! Daqui em diante quem precisar de protecção policial tem de a pagar. Bonito!... É uma vantagem para o Governo. Passa a dispor de nova fonte de rendimento para compensar os esbanjamentos governamentais.

Por esta senda de desvario institucional qualquer dia se pretendermos uma medida do Governo a repercutir num determinado sector da sociedade, seremos obrigados a pagar aos ministros o precioso tempo que retirarão das suas fatigantes digressões e absorventes lazeres para instruírem e assinarem os despachos e processos de adrede organizados pelos inúmeros assessores, secretárias e conselheiros dos seus gabinetes que, certamente, terão direito a remunerações compensatórias.

Podemos concluir: se os governantes passam o tempo a desgovernar, afinal, com boa vontade, alguma perspicácia, invulgar ousadia e imensa desfaçatez, ainda lhes sobram oportunidades para irem sacar às bolsas dos contribuintes. E nisso mostram sapiência e inspiração. São refinados mestres. Diga-se: estes factores são males tangíveis, insuportáveis. Que configuram o pior dos nossos azares: O de a inteligência deles só pender para esse lado tortuoso do esquadro governamental… Ou do triângulo? Ou obcecadamente fixado na irregular prancha, ao compasso do tempo?

Fim

segunda-feira, agosto 04, 2008


Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Juntamos um texto de “SARAIVADAS” .

Desta vez o arquitecto-jornalista Saraiva investe forte e feio sobre a área da Psicanálise e estampa-se ingloriamente. O que não deixa de ser divertido.

Cumprimentos.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: SARAIVA mergulha de cabeça perdida na Psicanálise e faz uma “descoberta” científica, que o deixa estatelado e aturdido sobre o tapete do lugar de conjunção do absurdo e da confusão.

Focando o assunto sério da personalidade de Radovan Karadzic, o tirano sérvio que actualmente se confronta com a Justiça no Tribunal Internacional de Haia, o arquitecto-jornalista José António Saraiva escreveu um artigo na sua revista TABU.

A peça marca uma destemida intervenção do autor no campo da Psicanálise. Surpreendente. Ousada. Chega a ser delirante com o seu quê de divertida.

Surpreendente, porque embora se desconfiasse da propensão de Saraiva para abordar matérias delicadas que exigem conhecimentos específicos, suficiente formação filosófica, clareza de raciocínio e capacidade de análise, não se esperaria tamanha desenvoltura na abordagem do tema. E logo numa especialidade de muita complexidade.

Ousada, porque sem reservas de contenção literária e cuidados na formulação dos conceitos e na caracterização do ser em causa, o autor permite-se a maior ligeireza nas conclusões em que, irremediavelmente, se deixou enredar.

Deveras hilariante porque Saraiva se tentou pela atribuição a Radovan Karadzic de “dois seres distintos habitando no mesmo corpo”.

E é nesta definição que José António Saraiva dá a nota divertida do seu texto. De facto tem alguma graça a expressão de dois seres coabitando na mesma pessoa – o que se torna tanto mais grotesco quando se sabe que uma pessoa só comporta um ser único. A Saraiva faltou-lhe a sageza de, ao invés, ter referido que no ser Karadzic “habitariam” duas personalidades distintas. O que parecendo a um iletrado ser o mesmo é diametralmente diferente.

Quando em epígrafe mencionámos a descoberta científica de Saraiva referíamos essa novidade de ter achado “dois seres distintos habitando no mesmo corpo de Karadzic”. Um fenómeno!...

Portanto, para além da impropriedade da “descoberta”, também não há sentido na presunção de coexistência de duas personalidades no ser Karadzic.

O que, efectivamente, existiu na última fase da vida clandestina do ditador sérvio foi a assumpção do desempenho da personagem Dr. Dabic (perante a sociedade, como se fosse um actor de teatro) num drama que é o seu próprio. Esse desempenho foi-lhe imposto a si mesmo pela imperiosa necessidade que haverá sentido de disfarçar-se o melhor possível para fugir à Justiça que o procurava para detê-lo sob prisão e levá-lo a julgamento pela autoria dos crimes praticados.

Enquanto esta circunstância naturalmente transparece e se impõe na apreciação da natureza e respectivas características de Karadzic, o articulista Saraiva contemplou-se, no seu texto, com as habituais divagações que o deixam completamente baralhado e a leste do cerne da questão tratada.

Mais umas breves palavras para anotar a pergunta lançada por José António Saraiva que transcrevemos: “Quem determina o destino de um homem: ele próprio ou o ambiente que o cerca?”.

Nossa resposta: O destino de um homem é sempre determinado por ele mesmo e pelas circunstâncias que se lhe deparam ao longo da vida. Inteiramente influenciado pelo ambiente que o rodeia e pela sociedade em que se integra. Um produto da Natureza que uma vez gerado, cresce e se desenvolve por determinantes influências de factores exógenos que vai absorvendo ao longo da vida. Sem abstrair as aptidões de optar, de se orientar e de se cultivar no amplo sentido da palavra.

Por isso não colhe a dualidade acerca da verdadeira natureza da pessoa: se virtuosa, se perversa. O problema equaciona-se noutro patamar; qual seja o do individuo aprimorar qualidades e alcançar ou não um estádio de completo domínio de todas as suas faculdades de alma que lhe proporcione a força anímica imprescindível para ser sempre igual a si próprio e disso dar provas aos semelhantes.