Estimadas senhoras,
Caros senhores,
Remeto-vos uma crónica sobre a nova, rendosa e promissora orientação governamental referente à segurança pública, que se me afigura inspirada nessa recomendada grande figura da maçonaria portuguesa, Dr. Rui Pereira, esforçado reformador dos Códigos Penal e de Processo Penal, diligente criador de invulgares, programadas, justiças (ou injustiças?) e activo fundador das “unidades de missão” que… talvez se possam confundir com unidades de demissão.
Com os cumprimentos de
Brasilino Godinho
Ao compasso do tempo…
ATENÇÃO PORTUGUESES!
SEJAM INTELIGENTES…
QUEREM SEGURANÇA?
PAGUEM-NA!
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Com os nossos governantes passam-se coisas que dia-a-dia chamam a atenção dos indígenas. Nos deixam aturdidos.
Desde a incapacidade de formularem políticas consistentes apontadas ao cumprimento das promessas eleitorais, à recuperação económica, à melhoria das condições de vida da população, à promoção da Cultura, da Educação e da Língua (em Portugal e no Mundo) ao regular ordenamento do território, à dignificação dos professores, à valorização do Ensino, ao equilíbrio do Orçamento, à imposição da harmonização fiscal, à contenção das despesas do Estado e das autarquias, à reposição do funcionamento eficaz e independente dos órgãos da Justiça, à boa prestação dos cuidados de saúde aos utentes das unidades hospitalares e afins, ao combate decidido e eficiente à corrupção, à moralidade e acatamento da Ética pelos agentes da governação em todos os escalões da respectiva hierarquia, ao eficiente funcionamento dos serviços de segurança de combate aos delinquentes e criminosos por forma a garantir um clima de serenidade na comunidade lusa e de confiança nas forças policiais; até à persistente verborreia laudatória que utilizam na exaltação das suas actuações que, como sabemos, se pautam, na generalidade, pela ligeireza, pela inconsistência, pela falta de senso, pela escassez de rigor e pelo diminuto sentido de Estado e, com arreliadoras repetições, igualmente, pela confrangedora incompetência. Resumindo numa palavra: É total a ausência de uma Política marcada pela seriedade e pela essência definidora de um acertado rumo para o desenvolvimento do País e bem-estar de todos os portugueses.
Acresce a circunstância de as intervenções de suas excelências nos jornais, nas rádios, nas televisões, na praça pública e nas várias cerimónias onde se exibem, se caracterizarem pela abusiva utilização de uma linguagem afirmativa em flagrante contradição com a realidade. Chegam a tornarem-se repulsivos tais procedimentos – os quais, inegavelmente, ofendem a inteligência de qualquer cidadão minimamente dotado com faculdades de alma.
Trata-se de um hábito que deve ser repudiado com a maior veemência. Recorrendo a ele os políticos e governantes evidenciam a sua mediocridade, a falta de classe, a ausência de maturidade, uma profunda hipocrisia e um acentuado desprezo pelo semelhante que consideram como cidadão de baixa categoria social, inequivocamente taxado de mentecapto incapaz de perceber a falácia que lhe é arremessada ao bestunto.
Por conseguinte, no quadro de inanidade e de seus obscuros e maléficos contornos, atrás descrito, hemos de inscrever a posição e as declarações do activo impulsionador (e vocacionado chefe) de “unidades de missão”, actual ministro da Administração Interna.
Tão interna será a dita, orientada por Rui Pereira, que nos serviços da PSP muitos serão os agentes refugiados nas instalações, enquanto nas vias públicas nem se dá pela presença de um guarda da prestimosa corporação.
Mas como a onda de assaltos e de actos criminosos aumenta numa cadência impressionante e os clamores se fazem ouvir com mais intensidade o ministro das polícias veio declarar que a PSP (Polícia de Segurança Pública) e a GNR (Guarda Nacional Republicana) se encontram atentas e operacionais e que não faltam efectivos no combate às actividades criminosas. Porém, no mesmo dia, as televisões noticiaram que comerciantes do Bairro Alto, cidade de Lisboa, vítimas de assaltos, aflitos e amedrontados, se quotizaram, requereram os serviços da PSP e passaram a pagar a quota individual de € 189 para que oito agentes e um graduado façam o policiamento de algumas ruas do bairro.
Assim ficamos esclarecidos. O ministro da tutela diz que estão assegurados os policiamentos em todo o país e que os portugueses podem estar tranquilos. Mas os comerciantes do Bairro Alto para contarem com a protecção das suas vidas e dos seus bens têm de pagar o serviço.
Está visto! Daqui em diante quem precisar de protecção policial tem de a pagar. Bonito!... É uma vantagem para o Governo. Passa a dispor de nova fonte de rendimento para compensar os esbanjamentos governamentais.
Por esta senda de desvario institucional qualquer dia se pretendermos uma medida do Governo a repercutir num determinado sector da sociedade, seremos obrigados a pagar aos ministros o precioso tempo que retirarão das suas fatigantes digressões e absorventes lazeres para instruírem e assinarem os despachos e processos de adrede organizados pelos inúmeros assessores, secretárias e conselheiros dos seus gabinetes que, certamente, terão direito a remunerações compensatórias.
Podemos concluir: se os governantes passam o tempo a desgovernar, afinal, com boa vontade, alguma perspicácia, invulgar ousadia e imensa desfaçatez, ainda lhes sobram oportunidades para irem sacar às bolsas dos contribuintes. E nisso mostram sapiência e inspiração. São refinados mestres. Diga-se: estes factores são males tangíveis, insuportáveis. Que configuram o pior dos nossos azares: O de a inteligência deles só pender para esse lado tortuoso do esquadro governamental… Ou do triângulo? Ou obcecadamente fixado na irregular prancha, ao compasso do tempo?
Fim
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