Estimadas senhoras,
Caros senhores,
Aqui inserida uma crónica sobre a golpada que se está preparando nos meandros da alta finança e da baixa política…
Esperando não ferir susceptibilidades mais sensíveis que, eventualmente, possam causar algumas perturbações nos indivíduos a elas mais expostos, desejo-vos boa leitura e melhor apreensão da gravidade do problema agora sugerido por alguém que preza, acima de tudo, a constância dos seus fartos proventos, das suas numerosas regalias e dos previsíveis múltiplos interesses pessoais.
Com os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho
Um texto sem tabus…
ASSIM, RAPIDAMENTE, SE PREPARA A EMERGENTE GOLPADA DA ENERGIA NUCLEAR…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Num país em que quase tudo que realmente interessa aos cidadãos atormentados pelas precárias condições de vida existentes se faz com demoras de dezenas de anos ocorrem, às vezes, acontecimentos do arco-da-velha que surgem inopinadamente e se desenvolvem de surpreendente forma acelerada que deixam atónitos todos quantos estão atentos e não se limitam a ver passar os comboios que, guiados por espertalhaços, circulam através das vias do descaramento, da manipulação e dos tráficos de influências, instaladas profusamente nos grandes centros de comando e em redutos operacionais da “QUINTA LUSITANA”.
A título de exemplo da inoperância e do laxismo prevalecentes nesta terra de péssimos costumes, citamos o caso do Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA), criado em 1986. Desde 1988 que vínhamos escrevendo crónicas nas quais nos insurgíamos contra a obrigatoriedade de os contribuintes terem de pagar o imposto à data da apresentação da factura e ficarem “pendurados” meses e anos esperando sem as mesmas serem liquidadas – o que, geralmente, acontecia com os clientes Estado e Autarquias Municipais. Muita gente foi arrastada para a miséria e inúmeras empresas foram à falência. Nalgumas ocasiões chegámos, nas crónicas, a citar casos dramáticos. Pois só na semana transacta é que o Governo estabeleceu o regime de a cobrança do IVA passar a efectuar-se na data do pagamento da factura.
Outro caso de flagrante actualidade é aquele que reporta à recente orientação estabelecida pelo Governo no sentido de os doentes que acorrem aos serviços de urgências dos hospitais poderem ser acompanhados por um familiar durante as fases dos respectivos atendimentos e consultas. Esta uma simples medida do maior sentido humanitário, persistentemente reclamada pelos utentes daqueles serviços. No entanto, só agora foi acolhida pelo Ministério da Saúde.
Ficam assinalados dois exemplos da morosidade e negligência dos governantes e políticos no que concerne à satisfação das necessidades dos cidadãos. Poderíamos enumerar milhentos. Mas não vale a pena. Todos sabemos como as coisas boas e úteis não se fazem neste país, enquanto aquelas más e inúteis acontecem numa cadência diabólica.
Perguntará o leitor: A que propósito vem este apontamento prévio?
A razão está na necessidade de alertar os cidadãos para as formas subtis e enviesadas como se engendram e se concretizam as espertezas saloias de quantos pretendem iludir as populações e levá-las com manha a aceitar factos consumados lesivos dos interesses e segurança da sociedade, como se tivessem efeitos benéficos e de incontroversa utilidade no desenvolvimento do país e no bem-estar dos portugueses.
Geralmente os “grandes” promotores das políticas e dos empreendimentos relacionados com interesses obscuros, começam por lançar os lamirés, a modos de quem não quer a coisa. Insinuando a conveniência de se ponderarem as hipóteses dos estudos das opções. O que fazem com a aparência de não estarem particularmente interessados nos negócios em perspectiva. Logo, em seguida, surgem os testas-de-ferro – esforçados indivíduos que afanosamente se distinguem pelo ardor com que enaltecem as vantagens das ditas propostas ou sugestões. Pressurosos, vão às televisões, escrevem nos jornais e prestam declarações às rádios e aos jornalistas, assentando que o assunto tem de ser discutido urgentemente e suscitar uma célere resolução favorável à ideia apresentada pela entidade que a lançou à discussão pública – invariavelmente, uma daquelas personalidades muito importantes que nem precisam de letreiro na testa visto serem demasiado conhecidas na qualidade de condóminos do condomínio fechado, selectivamente reservado, que é a “QUINTA LUSITANA”.
Sendo expressão do quadro que traçámos aí está relançado o “filme” já gasto sobre a energia nuclear e a sua pretensa falta nos domínios da produção energética nacional.
Tudo começou quando na semana transacta o governador do Banco de Portugal, Victor Constâncio, ao apresentar um dos habituais boletins económicos do Banco de Portugal, emitiu a opinião de ser necessária uma redefinição da política energética que - no seu entender - impõe a discussão sobre a produção da energia nuclear. Desde logo causou estranheza a natureza das observações de Victor Constâncio, absolutamente deslocada do contexto e, de todo, exorbitando no expediente a que devia estar alheio. Em seguida, ter-se-á percebido o seu verdadeiro alcance: abrir caminho para outros desenvolvimentos no sentido de dar “o pontapé de saída” para outros “atletas” entrarem em jogo.
De imediato, o Governo por intermédio do ministro Pedro Silva Pereira veio declarar “que o nuclear não está na agenda governamental” mas que não rejeita a possibilidade de haver abertura para a discussão do assunto na Assembleia da República. Entenda-se esta “conversa” como a indicação de meio caminho andado para se conseguir o objectivo de instalar em território nacional as malfadadas centrais nucleares. Em reforço desta tese assinale-se que a estação de televisão SIC não perdeu tempo e rapidamente organizou para a noite do dia da intervenção de Victor Constâncio um debate televisivo entre várias personalidades acerca da opção pela energia nuclear. A isto se chama: “estar em cima (ou por baixo?...) do acontecimento”.
Mas a presteza e a amplitude com que se organizou o coro em prol da construção de centrais nucleares em Portugal teve outros rápidos e significativos prolongamentos a evidenciarem concertada organização de poderosos meios de influência que só esperavam um sinal para arrancar em força e com excepcional determinação. No dia seguinte àquele do pronunciamento de Victor Constâncio o presidente Cavaco Silva, em Lisboa e o singular Durão Barroso, em Bruxelas, vieram a terreiro manifestarem-se favoravelmente à proposta de abertura da discussão sobre o problema da energia nuclear lançada para a ribalta pelo presidente do Banco de Portugal.
Em continuidade, outras vozes de conhecidas figuras ligadas a grandes e poderosos sectores da nossa sociedade se juntaram na apologia daquela malfadada modalidade energética.
Ainda hoje, dia 25 de Julho de 2008, as três maiores associações empresariais, se apresentaram em público a reclamar discussão urgente e acelerada sobre a opção nuclear e a exigirem do Governo que, sem demora, tome a opção e lhe dê cumprimento sem delongas. Agora, no “Expresso da meia-noite” a rede de televisão SIC volta à carga com a discussão do tema nuclear.
Portanto, face a esta inopinada sucessão de eventos mais que suspeitos, fixamos neles e nos protagonistas a devida atenção. Também devemos recolher a lição sobre os sincronismos das atitudes e os expedientes das iniciativas a que os grandes espertalhões deste país recorrem com o objectivo de imporem as suas ideias e ambições que, por sinal, raramente correspondem aos interesses da comunidade nacional.
Abreviando considerações importa assentar decididamente que as centrais nucleares em Portugal não têm cabimento; tão pouco se recomendam. Por uma elementar razão: a da segurança dos cidadãos. Ela deve prevalecer sobre todos os factores económicos que são, também eles, muito questionáveis. No planeta Terra nada está seguro. Não dominamos os cataclismos naturais. Nem conseguimos prever ou evitar eventuais ocorrências trágicas decorrentes dos funcionamentos dos sistemas e (ou) das intervenções de loucos e de pessoas normais que repentinamente enlouquecem e desencadeiam acções que podem causar danos incalculáveis, sempre imprevisíveis, como foram os derrubes das duas torres gémeas de Nova Iorque.
A título de ilustração dos perigos da energia nuclear sublinhe-se que, só este ano, se registaram vários acidentes: um, grave, num reactor na Alemanha, dois acidentes em centrais na Suécia e nas últimas três semanas outros tantos acidentes em centrais francesas com trabalhadores contaminados – o que determinou a directiva do presidente Nicolas Sarkozy de as autoridades francesas procederem, de imediato, a rigorosa inspecção de todos os complexos nucleares existentes em França. Por sua vez o ministro da Ecologia, Jean-Louis Borloo, declarou numa conferência de imprensa: “Quero questionar tudo”.
A situação está a preocupar a população francesa. E como é habitual nas ocasiões dos desastres, também nos primeiros momentos dos dois primeiros casos registados em França se passou a informação que os incidentes eram de pequena expressão e sem consequências preocupantes.
Nós em Portugal conservamos a recordação do que se passou com a doença das vacas loucas. Já havia animais atingidos pela doença e o ministro do sector permitia-se o desplante de negar, na Assembleia da República, a sua existência.
E por que não lembrar declarações do então chefe do governo português, Cavaco Silva, numa das suas intervenções na Assembleia da República? Então, ousou proclamar, como verdade indesmentível, que em Portugal não havia corrupção – precisamente em contraposição com as apreciações que vinham sendo feitas em Bruxelas e nalguma comunicação nacional. Aliás, como era a percepção do cidadão comum. E que hoje, após o incremento que vem tendo em vários sectores da sociedade, ninguém ousa contestar.
Tudo isto explanado para acentuar que, relativamente aos palavreados dos políticos e de certas personagens, há que nos pormos em guarda: de olhos bem arregalados, ouvidos atentos, atenção desperta para as linguagens de dúbias interpretações e para as escondidas motivações de indivíduos mais dispostos a contemplarem os seus umbigos do que a preocuparem-se com os superiores desígnios do País e o bem-estar dos indígenas.
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