Caros senhores,
Juntamos um texto de “SARAIVADAS” .
Hoje, para elogiar a última crónica de José António Saraiva acerca da pertinente questão que está na berlinda: a energia nuclear.
Tantas vezes o criticamos que hoje temos o prazer de o enaltecer. É a nossa “vingança” servida a frio… e com o imprescindível sentido de contribuição para um mundo lusíada melhor.
Também incluímos algumas reticências que a natureza e gravidade do tema exigem ou recomendam.
Aliás, um tema já antes analisado por nós em crónica entretanto publicada no “Diário de Aveiro” e no blog “quintalusitana.blogspot.com”. Crónica apresentada com outras incidências sobre aspectos que – por fatalidade do destino… a que nos temos de acomodar – geralmente passam despercebidos às observações do arquitecto-jornalista José António Saraiva.
Os melhores cumprimentos do
Brasilino Godinho
SARAIVADAS…
Ou as confissões do Arq.º Saraiva…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Tema: SARAIVA – Em grande estilo e objectivo, surpreende pela positiva…
Embora com um pequeno senão…
No editorial que publicou na terceira página do SOL, edição de 16 de Julho de 2008, o director José António Saraiva surpreendeu-nos pela positiva. Trata-se de uma peça muito bem elaborada (com o pequeno senão de um ligeiro deslize que anotaremos a seguir) e que foca o problema da energia nuclear, agora suscitado por uma acção de Victor Constâncio que, no nosso entendimento, foi cuidadosamente preparada, com vista a influenciar o governo a optar pela construção de um central nuclear em Portugal.
Saraiva começa – e bem – por estranhar a insólita iniciativa do presidente do Banco de Portugal. Oportunamente, interroga-se: “Não significará isso uma ‘instrumentalização’ do lugar que ocupa”?
Em continuidade de raciocínio perspicaz, Saraiva mais estranha a cobertura do Presidente da República. Cingindo-se à preocupação com “o país que queremos para os nossos filhos e netos” interroga-se: ”Será o nuclear uma boa herança para as gerações que aí vêm?”.
A seguir põe uma questão pertinente: “Teremos o direito de tomar uma decisão irreversível, que apresenta uma ameaça real para as pessoas e que permanecerá activa milhares de anos?”.
Depois, aflora o aspecto inquinado do debate em curso: “As pessoas comuns não dominam o assunto e os especialistas usam uma linguagem tão técnica que acabam por só falarem entre eles”. Neste ponto, acertadamente observa: “Mas deste diálogo, uma coisa resulta clara: não há, sobre o nuclear, uma conclusão indiscutível, racional, nem irá haver”.
O articulista Saraiva considera apropriadamente que as intervenções da dupla Constâncio-Cavaco são enganadoras “porque levam as pessoas a pensar que o nuclear é uma alternativa ao petróleo” – o que é manifestamente errado. As produções das centrais nucleares representam “uma pequena parte da energia consumida”.
Ainda “acresce que a produção de energia eléctrica é aquela para a qual existem mais alternativas: a eólica, a solar, a das ondas e marés, a das barragens”. O cronista Saraiva volta a interrogar-se: “Se em termos de energias alternativas sustentáveis estamos muito longe de ter a capacidade esgotada, para que vamos tomar uma decisão sem retorno?”.
Mas onde Saraiva cometeu o deslize por nós referido no parágrafo inicial desta crónica foi quando admitiu que, sob o ângulo de apreciação da rentabilidade, talvez “seja provável que a energia faça sentido”. Comentando, diremos que tal resultado não é tanto provável quanto possa julgar-se ou ser sugerido pelos interessados no negócio
Por último, José António Saraiva expressa a opinião que a questão é, sobretudo, “civilizacional – que afectará a humanidade por milhares e milhares de anos”..
Apraz-nos registar a valia da contribuição de José António Saraiva para o esclarecimento público da dimensão da tragédia que seria a instalação de qualquer central nuclear em Portugal.
É certo que Saraiva – como sempre, não aprofunda a análise até ir à essência das questões gravosas e importantes para a sociedade, geralmente associadas a interesses obscuros e a manobras de bastidores de gente influente e poderosa que é mister denunciar.
O tema foi simplesmente tratado por Saraiva nos planos das nefastas implicações éticas, funcionais e civilizacionais.
De facto, faltou-lhe o aspecto pedagógico de alertar a opinião pública para os expedientes e artimanhas a que lançam mãos muitos espertalhões facilmente acomodados aos interesses particulares, com activo - embora discreto - repúdio do bem-estar e segurança das populações.
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