Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, maio 31, 2007

Caríssimas senhoras,

Caros senhores

Aqui deixamos as SARAIVADAS da semana.

Desta vez, o Arq.º Saraiva ás voltas em redor de António Costa, candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa - num tempo de lembranças.

Saudações cordiais.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: Saraiva em tempo de lembranças…

O Arq.º José António Saraiva dá-nos a impressão que atravessa uma fase de boa predisposição para recuperar memórias de pessoas com quem privou no decorrer do tempo e de acontecimentos que testemunhou e algumas marcas lhe deixaram no subconsciente. É um bom e exaltante sinal de uma saudável actividade da mente do conhecido jornalista.

Aqui e agora, a evidência da apreciação que fazemos é-nos facultada pelo próprio no seu texto sobre o político António Costa ao interrogar-se: Este ex-ministro da Administração Interna fez bem em se lançar na corrida eleitoral para a presidência da câmara lisbonense?

Desta vez, o arquitecto-jornalista estava inspirado, solto na expressão e possuído de rápido raciocínio.

Teve três lembranças.

A primeira, reporta a um dia, há muitos anos, em que soube da existência do pequeno Costa. Isso aconteceu porque “os nossos pais eram amigos – confessa Saraiva.

Pela nossa parte anotamos: Sem dúvida, uma oportuna e feliz coincidência

A segunda, referente a “Sampaio e João Soares que “estiveram ambos seis anos na Praça do Município”.

Mais uma vez, conforme nele é hábito incorrigível, Saraiva fica-se nas encolhas e deixa o leitor perdido em conjecturas sem descortinar aquilo que de incompleto na afirmação, mas realmente consubstanciado em factos, poderia ajudar a melhor esclarecimento. Não há como fugir à inquietante questão: o que estiveram ambos, Jorge Sampaio e João Soares, convenientemente remunerados com os dinheiros dos contribuintes que somos todos os indígenas deste país, a fazer durante seis anos pasmados na Praça do Município, em Lisboa? A dedilharem as guitarras e a cantarem o fado do “Desgraçadinho, quem és tu”? Ou a entoarem num coro desafinado a castiça melopeia “A Rosa enjeitada”? Entretidos com o desenrolar da “Batalha Naval”? Arengando às hostes? Fingindo que trabalhavam? Vendo passar os comboios da “linha” de Cascais? Disfarçados, a jogarem às damas? A arriscar no bingo? A competir no dominó? A disputar o xadrez da política de trazer pelas ruas da amargura? Radiantes, a dançarem o tiroliro? A exibirem-se no fandango? Excitados com os rodopios do corridinho? Desconcentrados na cadência do malhão? Dados a jantaradas? Cada um delico-doce no seu cantinho a fazer provas de ginjinhas, de bagaços e de água-pé? Diligentes e entusiásticos a ensaiarem os passos de dança dos Pauliteiros de Miranda? A treinar a pontaria atirando sobre os pardais de telhados com bastantes vidraças? Ocupando-se nos intervalos com leituras pornográficas? De quando em vez fazendo voltas de rodeio ao som da canção do “Jardim da Celeste”? Quiçá, a jogarem o berlinde? Absortos, sem se aperceberem do bulício da cidade? Atentos, num trabalho de apuramento estatístico das beldades que acorriam à Praça do Município para os contemplarem com admiração e enlevo? E durante esses longos anos nunca teriam sido presenteados com umas inebriantes beijocas das admiradoras? Alguma vez desagradavelmente e com muito fastio, ocuparam o tempo a receber em audiência o Zé-Povinho?

Infelizmente, Saraiva fechou-se em copas Nem qualquer indício... Tão-pouco uma inocente dica Ainda somos nós que, sentindo a obrigação cívica de puxar pela mioleira, ousamos dar modesto contributo para se fazer luz no espírito de qualquer leitor angustiado com tantas dúvidas e imprecisões

Se bem consideramos o que Saraiva sugere acerca daquele “retiro” de Jorge Sampaio e João Soares na Praça do Município, o mesmo teria sido um grande incómodo. Também uma grande e estafante provação. De que o último se libertou “por uma unha negra”. Aos dois antigos presidentes ter-lhes-á valido a feliz circunstância de não se ter entreposto uma unha branca

A terceira, teve a ver com a visão das obras feitas pelos antigos presidentes: Abecassis, Sampaio, João Soares, Santana Lopes e Carmona Rodrigues. As enumeradas: Reconstrução do Chiado, túneis, túneis e parques de estacionamento, etc. e tal…

Igualmente habituais são as grandes interrogações que Saraiva se põe a si próprio; geralmente desgastantes porque dificilmente encontra respostas. Mas, desta vez, pragmático e contido, enfiado na pele do Costa, interpelou-se: “no seu lugar faria o mesmo”? A resposta foi rápida. Saiu-lhe espontânea: Sim! Preto no branco

Porém, Saraiva aponta uma enigmática ressalva: “o único senão que lhe encontro é uma certa falta de loucura”. E completa o pensamento notando no Costa “a ausência daquele golpe de asa que distingue os que nascem para ser líderes”.

Parece evidente que o arquitecto-jornalista Saraiva considera que uma certa dose de loucura é necessária para se ser gente. E António Costa não sendo louco nem ave que lhe proporcionasse a faculdade de executar o tal “golpe de asa” acrobático com que se exibisse naquele local mencionado por Saraiva (a Praça do Município) perante o respeitável público, não estará predestinado a tornar-se o líder sonhado pelo articulista. A menos que José António Saraiva se tenha enganado. Aliás, à cautela foi escrevendo: “admito que Costa ainda não tenha tido oportunidade de revelar essa faceta, caso disponha dela”. Subtil, esta farpa envenenada: caso disponha dela… E aqui, outras dúvidas: Que específico “golpe de asa”? E asa direita? Asa esquerda? Acompanhado de golpe de rins? Saraiva refere-se à loucura? À não existência dela? À falta do golpe de asa? Ou à ausência de asas, sem as quais não há hipótese para o dito golpe?

Um achado interessante - mas que faz sentir calafrios a quem nunca praticou equitação e receia os coices, as cangochas e os pinos das cavalgaduras - é aquele de Saraiva dizer que “o lugar de presidente da Câmara da capital é uma cavalaria e tem sido trampolim para outras cavalarias”. Assim, se subentendem as mais diversas cavalariasQual indígena da Província ousaria dizer semelhante coisa?

Enfim, Saraiva depois de ter notado falta de loucura no candidato António Costa permitiu-se o desplante de incluir no escrito o termo maire para designar o presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Palavra francesa caída de pára-quedas e a despropósito, de forma gratuita e descabida. À semelhança do que pratica o chefe Paulo Portas, do Partido Popular, que faz gala - no jornal de José António Saraiva - titular artigos com designações estrangeiras e mostrar que sabe escrever em Inglês e Francês Um e outro, voluntariosos, colocam-se num pedestal onde se revêem elevados ao mais alto grau do chiquismo prevalecente nas noites de boémia da Lisboa de todas as veleidades e futilidades. Ambos ficam impecáveis no retrato da presunção e da água benta

Dedução lógica: Quer o director Saraiva, quer o desassossegado colaborador Paulo de muitas portas, estarão convencidos que com estes expedientes linguísticos deslumbram os leitores. Pois, muito se engana quem cuida... Desiludam-se! A malta já não vai atrás dessas bacoquices.

Quanto mais não seja por mera questão de decoro e de higiene mental lembrem-se que estão em Portugal. E que em Português nos devemos comunicar e entender.

Fim

terça-feira, maio 22, 2007

Um texto sem tabus…

AS ESTRANHAS AMIZADES CRUZADAS…

O QUE ESCONDEM? O QUE REVELAM?

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

A amizade é aquele sentimento através do qual as pessoas se sentem ligadas por vínculos do espírito e da moral.

De uma forma simples se dirá que a amizade não comporta amor. Já no amor há sempre amizade associada.

Esta matéria daria pano para se confeccionarem muitas mangas. Não vem ao caso que aqui nos traz expostos à atenção dos leitores.

A abordagem que nos propomos fazer reporta ao complexo mundo das amizades cruzadas incrustado no tecido socio-político da nação portuguesa. E à pertinente questão que se põe: O que elas escondem? O que revelam?

Nos últimos tempos registaram-se acontecimentos e desempenhos dos protagonistas do teatro-circo de matriz política demonstrativos da maior extensão, da grande variedade, da soberana importância e extrema gravidade, que os mesmos significam no nosso quotidiano. Neles, avultam as manifestações de amparos confortáveis, de promiscuidades obscenas, de elogios desmedidos e de promoções escandalosas. Singularmente factuais e mútuas. Afinal, actos perpetrados entre “irmãos” das fraternidades que tomaram conta e proveitos da “Quinta Lusitana”. Sabe-se que, discretos “manos”, separados em várias seitas e, quase sempre, desavindos mesmo no seio do respectivo clã ou no interior da “loja” que frequentam. Porém, quando chega a hora das conveniências recíprocas, “esquecem” as desavenças e mostrando-se incontinentes e destituídos de pudor, aí vão eles irmanados para o festim na praça pública onde, extasiados e sem tento, se glorificam uns aos outros Aí, se exibem – nalgumas ocasiões, afivelando várias máscaras - sem modéstia e qualquer cuidado da publicitada discriçãoOu não fossem pessoas “de bons costumes”

Vamos particularizar alguns casos.

À partida, damos realce às peripécias da queda da Câmara Municipal de Lisboa e das eleições para a nova edilidade. Abstraímos das causas e do processo de degradação a que chegou a gestão camarária e fixamo-nos nas candidaturas anunciadas, tendo em consideração os jogos de influência que lhes estão subjacentes. Urge interrogarmo-nos quanto aos obscuros vínculos que entrelaçam certas personalidades aparentemente tão díspares e incompatíveis Esforço que se recomenda a quem tenha “olho vivo” e não conserve teias de aranha na caixa-dos-pirolitos

Entre os candidatos que se perfilaram para as citadas eleições destaque para o ex-presidente Carmona Rodrigues. Em Fevereiro do corrente ano foi distinguido pela maçonaria regular (GLLP) com a grã-cruz da Ordem (maçónica) Gomes Freire de Andrade. Num dos últimos dias (mês de Maio) do mandato na Câmara Municipal de Lisboa o agraciado Carmona Rodrigues despachou no sentido de conceder à Grande Loja Legal de Portugal, da maçonaria regular “o arrendamento do valioso Palácio, propriedade municipal, sito no Príncipe Real, pela módica quantia de dois mil euros por mês”. A parte desengraçada da negociata é que a Grande Loja Legal de Portugal tem a sede num edifício degradado e arrendado por três mil euros por mês. (Informação colhida na edição do SOL, de 18 de Maio 2007). Mais informa o semanário que “a cedência estava a ser negociada há já um ano, mas a intenção de Carmona, só foi conhecida em Abril passado, depois de uma notícia publicada na revista Sábado”. Facilmente se presume que as negociações vinham sendo conduzidas com a habitual e inconfundível discrição que a Maçonaria põe nas suas actuações Sem sombra de pecado e traduzindo: hoje, comenda para ti, presidente Carmona Rodrigues; amanhã, arrendamento para mim, Grande Loja Legal de Portugal. Tudo legal… Ah! O grande poder das palavras

Marcaram-se as eleições para a C. M. de Lisboa de permeio com uma habilidadezinha na atribuição da respectiva data em conformidade com os interesses dos partidos maiores e médios do leque partidário e aí vai de rompante o ministro António Costa, em movimento acelerado, dos salões do Ministério da Administração Interna para determinado lugar dos aposentos da incógnita sede da candidatura socialista à autarquia lisboeta. Candidatura que lhe cabe preencher com visível agrado e presunção de vitória. E apresentou-se bem acompanhado e com uma inovação. Esta, reporta à figura de assistente (Promotor? Mandatário? Patrono?) financeiro do candidato: o especialista em fiscalidade Saldanha Sanches.

As companhias são as de um assessor de Santana Lopes como companheiro de lista e do conhecido social-democrata José Miguel Júdice na qualidade de mandatário principal da candidatura. Seria previsível que Costa surgisse amparado numa figura socialista. Para muita gente o recurso a Júdice terá sido uma surpresa… Que nem o é. Tome-se em consideração que José Miguel Júdice é uma espécie de 112, do S.O.S., de emergência direccionada ao PS. Melhor explicando: um bombeiro em serviço de apoio e socorro nas situações de aperto dos socialistas posicionados no topo da hierarquia do Partido Socialista. Esta condição de Júdice começou a evidenciar-se quando rebentou, com fragor, o escândalo do processo da pedofilia na Casa Pia. Ele acudiu pressuroso e assumindo, com a maior impaciência, as dores do Ferro, do Pedroso, etc. Decerto, que muita gente se recordará da violência com que José Miguel Júdice interpelou o Procurador-Geral da República e insistiu na sua substituição.

Mas neste domínio das estranhas amizades entre os políticos de opostos quadrantes partidários o caso do ex-Bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, não é único.

Estamos a lembrar-nos que no tempo do governo chefiado por Cavaco Silva o socialista Mário Soares foi dos primeiros e mais empenhados cidadãos que, na companhia do enigmático Proença de Carvalho, acorreram a solidarizarem-se com a social-democrata Leonor Beleza quando ela, na qualidade de ministra da Saúde, foi constituída arguida no processo-crime dos hemofílicos vítimas de contaminação pelo vírus da Sida. Também Mário Soares foi dos raros políticos de carisma internacional que, incauto, voluntarioso, sem perda de tempo, se solidarizou com o ex-chanceler alemão, o democrata-cristão Helmut Khol, logo que este famoso político começou a ser investigado por falcatruas e ilegalidades.

E que dizer sobre a novela interpretada pelo novo titular da pasta ministerial deixada vaga por António Costa? Algo bastante simples e que veio relatado nos jornais. O jurista Rui Pereira, tal como José Miguel Júdice, criticou veementemente a Justiça no caso da Casa Pia e advogou a fiscalização do poder judicial pelo poder político. O que a suceder coloca este a dominar aquele. É fácil intuir o objectivo em vista. Objectivo em parte já atingido através da aprovação pelo Parlamento de legislação que determina caber ao ministro da Justiça a incumbência de estabelecer as prioridades das investigações criminais. Ainda, uma anotação sobre Rui Pereira. Tendo sido destacado para o Tribunal Constitucional na perspectiva de ser eleito para vice-presidente e, quatro anos depois, assumir a presidência do mesmo tribunal – assim se conseguindo manter por largos anos o controle desse importante órgão da Justiça nas mãos do Grande Oriente Lusitano (maçonaria irregular) - e não conseguindo tal eleição deixa, agora, aquele órgão de soberania para substituir António Costa no cargo de ministro da Administração Interna. Esteve 43 dias assentado no Tribunal Constitucional. Não chegou a aquecer a cadeira. Outra cadeira que lhe escapou terá sido a de Procurador-Geral da República para a qual se propunha com a bênção da fraternal instituição da qual é membro destacado: a maçonaria irregular (Grande Oriente Lusitano).

Falta anotar que o falecido juiz Nunes de Almeida, ex-presidente do Tribunal Constitucional, também era maçon integrante do Grande Oriente Lusitano.

Estão os leitores a aperceberem-se como se faz a rotação dos “irmãos” pelos mais elevados cargos do Estado? Sempre eles, os membros da família maçónica a andarem num rodízio…

Por estas e outras é piadético o título do SOL: “Maçonaria sobe no Governo”.

Não sobe! Nem desce! Mantém-se! Na linha de uma manipulação do Poder que leva décadas de existência e tem atravessado a primeira, a segunda e a terceira repúblicas – aliás, como “grandes” maçons têm reconhecido. Quando, fazendo o rei anos, “lhes foge a língua para a verdade”.

E nos outros órgãos de soberania? E nos jornais, rádios e televisões? Nos partidos? Nas editoras? Nas forças armadas? Nas universidades? Nos bancos?

Alguma destas entidades escapa ao poder da Maçonaria e da Opus Dei?

Aos leitores deixamos um desafio: Passem-nas em revista, a pente fino, com os olhos bem abertos e visão perspicaz. Depois, dêem notícias ao Zé-Povinho!...

Fim

sexta-feira, maio 18, 2007

Estimadas senhoras,
Caros senhores
Aqui, ao abrigo da vossa condescendência, as SARAIVADAS.
Esta semana o nosso virtual companheiro Saraiva apresenta-se:
a) - às voltas com o trabalho que liberta...
b) - e "embalado" ao tom do “bailinho” da Madeira do famoso caudilho madeirense.
Cordiais saudações.
Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema 1 – O trabalho d’O elogio do trabalho…

O recente escrito de José António Saraiva intitulado “O elogio do Trabalho” começa com a evocação da legenda “O trabalho liberta” que estava fixada nas entradas dos campos de concentração e extermínio da Alemanha nazi; a propósito da citação feita por Paulo Portas numa sessão de propaganda eleitoral na Madeira.

Tendo o regressado chefe PP do PP (Paulo Portas o dono e Partido Popular o possuído), sido acusado de nazi, Saraiva sem deixar de acentuar que nunca o defendeu achou por bem, agora, vir assumir as dores do irrequieto político. Caso para se dizer que amores da iniciada colaboração no jornal, com amores de companheirismo na cruzada jornalística e de retribuição se pagamSem esquecer o pilim que escorre na avença mensal

O director, José António Saraiva, naturalmente assoleado, acrescentou imbuído de um espírito contemporizador que “pensa exactamente o mesmo: o trabalho liberta”.

O assunto que Saraiva deixa em aberto é que pondo, embora, de lado a interpretação macabra que lhe era dada pelos sequazes de Hitler, não presta informação sobre o que é que o trabalho liberta.

Vejamos.

O trabalho: Torna livre quem ou o quê? Solta prisioneiros de guerra? Os encarcerados nas cadeias? Os humores? Os recalcamentos? Os ódios de estimação? As flatulências? Quem? Ou o quê? Desobriga de que compromissos, vínculos ou deveres? O que torna quite? O que alivia de encargos, de maus hábitos ou de constrangimentos? O que é que ele desobstrui? Para além das canalizações das redes de saneamento básico e o trânsito o que será mais desobstruído pelo trabalho?

Moita-carrasco! Saraiva não perde o hábito de ficar-se pela superficialidade das coisas. Não vai directo à essência delas. Até parece cultivar a preguiça mental. E quem for seu leitor que se acomode ou desista de lhe prestar atenção. Sim! Leitores de Saraiva, sofrem… Decerto, fazendo jus a reconhecimento público do “presidente de todos os portugueses”; sem exclusão dos malqueridos e pior tratados pelos “homens livres e de bons costumes” que, fervorosamente, no sentido colectivo desgovernam a Nação e a título individual nos vão chagando a paciência e maltratando a saúde

Apesar de exercer o jornalismo Saraiva confessa: sempre que posso meto-me nelas as obras. Sendo arquitecto de formação não causa estranheza. Talvez uma coisa melhor do que fosse o contrário: elas, as obras, meterem-se nele ou com ele. Pois, neste caso, seria ele a deixar-se dominar e não o dominador e acompanhante orgulhoso da obra idealizada. E como gosta muito de obras e tem a inclinação aí está ele a sentir-se útil, a achar-se importante para os outros e a considerar que tem valor acrescentado para a sociedade. E sustentado – como se diz correntemente…

E tanto assim é que nos confidencia: “falo muitas vezes aos meus jornalistas em alegria no trabalho”. Ficámos surpresos e incrédulos. Também, algo preocupados em relação a eles. Saraiva considera-se proprietário dos jornalistas que trabalham com ele? Não será uma ironia desconcertante que uma pessoa com um semblante carregado e expressão bastante triste fale em alegria aos seus colaboradores mais directos? Que respostas dos jornalistas aos apelos de Saraiva? Qual trabalho produtivo, alegre, entusiástico, prazenteiro, consequente da “alegria contagiante” facultada pelo sorumbático Saraiva?

Porém, o artigo tem passagens de interesse e tece considerações pertinentes sobre a valia do trabalho e constitui-se como um elogio bem conseguido ao trabalho.

Queremos: assinalar com muito agrado os dois últimos parágrafos que transcrevemos: “No meu primeiro emprego, no ateliê do arquitecto Manuel Tainha, de início não ganhei ordenado. E quando comecei a recebê-lo, por insistência do “patrão”, tinha problemas de consciência – por entender que ainda estava a aprender a profissão e, por isso, deveria pagar em vez de receber. Será isto humildade? Será ingenuidade? Julgo que não – apenas a consciência de que através do trabalho nos valorizamos e que o dinheiro não é o mais importante na vida”.

Estamos de acordo que não humildade; nem ingenuidade. Apenas uma visão acertada da vida e a correcta valorização do trabalho. Igualmente uma lição a aproveitar por todos e, sobretudo, pelas novas gerações.

Aplaudimos as atitudes focadas.

Mas deixamos o registo de não esquecemos que José António Saraiva integra o grupo dos censores que, nos meios de comunicação social, praticam a censura à socapa. E Saraiva sabe que não escrevemos de cor ou por termos ouvido informações de terceiros.

Enfim, a natureza humana é fértil nas desconformidades

Tema 2 – A “impressão” que sempre acompanhou Saraiva…

No início do artigo equívoco intitulado “O paradoxo da Madeira” José António Saraiva revela-nos que Alberto João Jardim sempre lhe fez lembrar alguém ou alguma coisa.

No segundo parágrafo escreve: “Durante anos essa impressão acompanhou-me, sem que conseguisse materializá-la”.

No terceiro parágrafo: “Até que um dia destes, exactamente na véspera das eleições na Madeira encontrei a resposta que há tanto tempo procurava: Jardim fazia-me lembrar um senador romano”.

E no quarto parágrafo este mimo: “Um daqueles senadores anafados e rezingões dos livros de Astérix”.

Este tipo de considerações é um hábito de José António Saraiva. E mais que hábito será pecha.

No caso vertente, o Jardim da Madeira “sempre” lhe fez lembrar alguém ou alguma coisa. Quem? Um senador do Império romano? Não! O que Saraiva idealizou foi um daqueles senadores personagens dos livros de Astérix. Assim, de uma penada, o arquitecto-jornalista Saraiva desvalorizou o caudilho madeirense e a realidade histórica do mundo romano.

Na referência do articulista nota-se a incongruência de duas afirmações que não encaixam. Na primeira diz que a impressão era de sempre, depois, no parágrafo seguinte, já restringe o tempo de duração da mesma. Teria sido só durante anos. Que ideia resta para o leitor: a de perenidade ou a da temporalidade restrita?

Além de outro problema que afecta o jornalista Saraiva. É que ele passa largas temporadas a pensar em coisas e loisas sem conseguir “materializá-las”. Uma desgraça! Quando isso consegue já é tarde e a más horas… Como parece ter sido há semanas “na véspera das eleições na Madeira”. Logo naquela fatídica altura havia de acontecer “exactamente encontrar a resposta que há tanto tempo procurava”. Que chatice! Tantas labutas, incessantes procuras, sofredoras angústias, os anos a sucederem-se e nada de concomitante, de objectivo e decorrente reverte daquela entorpecida imaginação. Lá paciência e resignação tem a rodos o Arq.º Saraiva. Ninguém lhe pode negar essa característica da sua rica personalidade. Mas que faz impressão aos indígenas lá isso nem se pode negar…

Na introdução do tema em causa classificámos de equivoco o texto de Saraiva. Porque, ao contrário daquilo que defende, o problema das eleições na Madeira não se coloca na dicotomia “das duas, uma”.

A verdadeira questão põe-se noutros dois planos: o cultural e o circunstancial. Tal como sucede no Continente enquanto houver défices de educação e cultura nas populações estas estarão à mercê da exploração e manipulação dos grandes demagogos e das forças que os apoiam ou os determinam. Quanto mais iletrados e incultos forem os indígenas mais facilmente serão arregimentados e espoliados dos seus direitos de cidadania.

No que concerne às particularidades políticas e sociais da Madeira estamos perante um quadro de uma ditadura partidária legitimada pelo sufrágio popular alcançado através da enorme preponderância de uma abrangente estrutura político-administrativa da qual depende economicamente grande parte da população. Assim estão criadas relações psicológicas de subordinação e reconhecimento pela entidade patrão. O qual é, aos olhos do povo, o habilidoso Alberto João Jardim. Ele é a face visível do Poder a quem inúmeros cidadãos devem respeito, obediência e gratidão. Outrossim, agradecimento e aplauso pelas muitas e grandes obras públicas realizadas durante os seus mandatos. O caudilho madeirense, neste aspecto, teve mérito.

Daí, as eleições na Madeira terem os resultados facilmente previsíveis

Para destemperar o discurso também faremos coro com o articulista Saraiva: as eleições da Madeira e a vitória de Alberto João Jardim só tiveram o efeito de acirrar os ânimos lá e cá. O resto é conversa fiadaSem dúvida: foi mais um desperdício de milhões de euros desencadeado sob o pretexto de eles faltarem à Madeira.

Fim

terça-feira, maio 15, 2007

Estimadas senhoras,

Caros senhores

Permito-me a iniciativa de vos apresentar a minha crónica sobre a “grande” entrevista dada pelo grão-mestre do “Grande Oriente Lusitano”.

Atendendo à existência de um “silencioso processo revolucionário maçónico em curso” em Portugal e considerando a sucessão de entrevistas dos grandes maçons, dadas à estampa nos dois últimos anos, que nele se enquadram, julgo que haverá interesse em conhecer este texto sem tabus.

Eventualmente, alguns de vós ficarão desagradados…

Paciência! Decerto, que o autor não pode agradar a todos…

Com esta disposição de tolerância para com os aborrecimentos alheios, me despeço cordialmente.

Brasilino Godinho

Um texto sem tabus…

AS “GRANDES”, CORRIQUEIRAS, DICAS…

DADAS PELO GRANDE MAÇON DO GRANDE ORIENTE LUSITANO, NA “GRANDE” ENTREVISTA A UMA “GRANDE” REVISTA…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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1- Na comunicação social alfacinha – não confundir com a portuguesa - está enraizado o hábito de se aceitarem as declarações dos entrevistados e os textos dos comentadores da rotina institucionalizada na capital do ex-Império, como se fossem expressões da verdade absoluta; sem suscitarem quaisquer reparos ou correcções; pese, embora, o facto de em muitas delas constarem refinadas mentiras, untuosas meias-palavras ou representarem graves distorções da realidade que induzem em erro os leitores.

Nesse vasto domínio do faz-de-conta há grandes especialistas. Alguns, agem com subtileza. Outros, manifestam cinismo. Bastantes, comportam-se sem vergonha. Geralmente, uns e outros desdenham da Ética. Inúmeros, sendo lobos ferozes, disfarçam-se de inocentes cordeiros. Deste modo, a sociedade portuguesa, tradicionalmente submissa e aberta a aceitar tudo aquilo que a colonização do poder lisbonense lhe impinge, fica prejudicada na definição da escala de valores que, uma vez estabelecidos, lhe dariam suporte e firmeza de afirmação e vivência. Lesada, porquê? Porque, atordoada na ilusão e embalada no engano, confundida, se deixa arrastar para a incorrecta avaliação das políticas, dos factos e das situações criadas ao sabor das circunstâncias, da influência e fama dos protagonistas dos espectáculos desenrolados à boca de cena do teatro-circo, que continuadamente funciona por aquelas bandas do Rio Tejo (com esporádicas incursões ao interior da Província), à vista desarmada dos indefesos cidadãos deste país.

Logo, mais complicada fica a deplorável situação que aflige a maioria da população lusa.

2 – O título desta crónica é grande. A condizer com a Maçonaria. Nesta organização nada é pequeno. Tudo é grande. A começar nos grandes segredos. Note-se que há milhares de maçons que levam dezenas de anos de "obediência" e chegam a morrer sem os conhecer. Os quais somente são conhecidos dos grandes dirigentes instalados no topo da hierarquia,

A "grande" entrevista do grão-mestre do Grande Oriente Lusitano à revista "Única", edição de 05 de Maio de 2007, não sendo, provavelmente, uma rica entrevista – porque nem terá sido paga – é, sem margem para dúvidas, uma entrevista rica…

Entrevista rica (dir-se-ia talhada a compasso e esquadro), porquanto bastante recheada de páginas, de fotografias e de dicas interessantes, reveladoras ou confirmativas da maneira de ser maçónica. Também, dicas repetitivas e contraditórias. Sem trazerem nada de novo ao público.

No entanto, lida com atenção e relida nas entrelinhas, depreende-se que a entrevista em causa terá sido trabalhosa e complexa… apesar de razoavelmente entretecida. Deu para perceber que o grande maçon estava radiante. E teria motivos para isso. Não é frequente que um entrevistado tenha a sorte de deparar com uma entrevistadora que lhe proporciona, com invulgar facilidade e acerto no alvo: a fluência, a oportunidade das declarações e, até, a subtil impressão da espontaneidade ou do improviso… Fosse por intuição nata, inspiração do Grande Arquitecto do Universo, dom preternatural ou outro indeterminado mecanismo de elaboração mental, o certo é que a jornalista demonstrou saber pormenores da vida pessoal do entrevistado que deixam alguns leitores surpresos e a cogitar sobre tão misterioso conhecimento. Todavia, para quem não anda a leste do "paraíso maçónico" e se arroga a obrigação de ser objectivo, o caso de tamanha vidência da jornalista apresenta-se bem definido nos seus verdadeiros vectores funcionais. Sem necessidade de aqui ser esmiuçado.

Citámos as fotos. Que beleza! Grão-mestre e seus adjuntos, ostensivamente, garbosos; envergando, radiantes, os aventais pirosos; exibindo, ufanos, os colares bordados; mostrando, calçadas ou pegando, as luvas brancas; adornados dos punhos de renda; sentados e em pé, a posarem para a objectiva do fotógrafo, sem se rirem… de si próprios. Deixando aos leitores essa descontraída reacção… Sem dúvida, desperta pelas encenações ridículas.

A jornalista destacada para o serviço à fraterna associação inicia a entrevista anotando que ao entrar no Palácio Maçónico e o mero facto "de pisar solo quase proibido, mete respeito". Diz ela: é "a aura de mistério". Esta, uma imagem esotérica, feliz, irresistível, a condizer… A simpática jornalista, a esta hora, se calhar já está apanhada da doença maçónica… Mal terrível, sem cura… Que o "Grande Arquitecto do Universo" a tome à sua guarda e protecção…

Naquele conjunto de fotografias e do relato da jornalista que serve de introdução à entrevista ressalta o ambiente sombrio, carregado de tons escuros. Uma atmosfera soturna. Parece uma antecâmara funerária. Não se vislumbra uma nota de vida, Nada sugere momentos de alegria. Tão-pouco espaços de claridade. Tudo aquilo é tétrico! Doentio! Bafiento! Medonho! Quiçá, um lugar onde se cantam maus fados

E já que fizemos referência ao conhecimento de particularidades da vida pessoal do grão-mestre, demonstrado pela entrevistadora, vale a pena mencionar algumas delas.

Surpreendentemente, a jornalista sabia que: a) - o grão-mestre António Reis entrou para a Maçonaria há dez anos; b) - há dois anos foi eleito grão-mestre; c) - adoptou um nome simbólico; d) - era católico. E supremo requinte de conhecimento sobre a personalidade em foco: e) - que ela "tinha chegado a querer ser cardeal".

"Não fazia a coisa por menos" – respondeu o Dr. António Reis. Quer dizer: já nessa época ele sentia a propensão das grandezas. Começava a revelar-se o embrionário espírito maçónico do futuro grande maçon. Facilitado pela avaliação de ser demasiado complicado subir ao patamar de cardeal da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. Acabou em grão-mestre do Grande Oriente Lusitano. Pelos vistos, supremo posto hierárquico de fácil acesso a quem for bem apadrinhado por um grau superior e muitíssimo assíduo às liturgias do templo…

Quanto aos conteúdos das questões abordadas na entrevista é notória a utilização pelo entrevistado de uma linguagem melíflua com o frequente recurso aos subterfúgios. Evidente a preocupação de exaltar as regras maçónicas e negar as evidências do secretismo e do poderio exercido na sombra sobre todos os sectores da sociedade.

Digamos: É predilecção comum dos "irmãos" a exaltação, incessante, do papel da Maçonaria na sociedade portuguesa (segundo a sua interesseira visão) e da apetecida superioridade ética do pretenso escol em si configurado, que se bateria pelos valores da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade. Com o maior voluntarismo elogiam-se excessivamente, sem reservas de pudor; "esquecendo" que o elogio em boca própria é vitupério. Deliberadamente, refugiam-se no eufemismo da discrição nas actividades e na ocultação da identidade maçónica, em contraposição ao mistério, secretismo e efectivos fins obscuros que prosseguem. Assim, demonstram fingimento de qualidades para ocultar os defeitos e minimizar consequências embaraçosas ou cominativas – o que é facilmente apercebido pelos cidadãos dotados com um mínimo de formação cultural.

Expressões como as que constam na entrevista: "Não é uma sociedade fechada nem secreta"; "Senão, também a sua capacidade de influência seria diminuta, estaria ao nível de uma pequena seita – e não há nada de mais contrário à maçonaria do que o espírito de seita".; relevam uma inqualificável hipocrisia e grande descaramento. Também, é uma afirmação de humor negro. Engraçada… Daria para rir se não fosse uma tirada de péssimo gosto, de profunda ofensa à inteligência do vulgar cidadão e de nula veracidade.

Sejamos claros e directos: Em Portugal, está instalado um regime maçónico. Todas as estruturas do Estado (incluindo o Governo) e da sociedade civil estão dominadas pela Maçonaria. Relata-nos a História que a Maçonaria e a Opus Dei prosseguem objectivos inconfessáveis. Sempre escondidos ou iludidos com recurso a retóricas inconsistentes. Aliás, anote-se que as políticas aplicadas, com as sentidas e gravíssimas consequências no dia-a-dia para a maioria dos portugueses, estão em consonância com a doutrina maçónica. Por isso os portugueses quando responsabilizam os políticos e os partidos deviam, sobretudo, responsabilizarem a grande preceptora de uns e outros: a Maçonaria.

3 - Terminamos com uma observação: É preciso ter uma grande lata para o grão-mestre do Grande Oriente Lusitano afirmar que os maçons "se entreajudam no respeito pelas regras legais e sem prejudicar ninguém" (o sublinhado é nosso).

Interrogamo-nos: O grande maçon terá dito esta frase sem esboçar um sorriso cínico?

Mais comentários?

A realidade sendo, infelizmente, aquilo que é, dispensa-os!

Fim

sexta-feira, maio 11, 2007

Estimados/as leitores/as

A pedido de alguns leitores e porque o tema conserva interesse e actualidade republicamos, neste blog, uma nossa “CARTA ABERTA” escrita a 12/7/2006.

CARTA ABERTA

PARA D. EULÁLIA MORENO

De: Brasilino Godinho

Há dias, a estimada senhora D. Eulália Moreno, jornalista portuguesa, residente algures no Brasil, inseriu no conhecido portal do Portugal Club, cujos conteúdos são distribuídos para todo o Mundo através do correio via Internet, uma breve nota que me foi endereçada com simpática citação pessoal. Nela manifestava a sua perplexidade sobre os verdadeiros desígnios da Maçonaria e as misteriosas actividades que ela e os seus membros, “homens livres e de bons costumes”, desenvolvem na clandestinidade sob o pretexto da discrição. (Compreenda-se a subtil alusão da linguagem maçónica: cidadãos como nós, seremos homens sujeitos à escravidão e de maus costumes…).

Se aqui me detivesse longamente a escrever sobre a Maçonaria decerto que ocuparia muito tempo e grande espaço; ambos incompatíveis com a natureza e disponibilidade do referido portal. Porventura, abusando da paciência de D. Eulália e de si, leitor, sem esquecer a disposição do coordenador do Portugal Club.

Todavia, julgo interessante aduzir algumas indicações que, talvez, não sejam novidades para a D. Eulália mas que, certamente, o serão para a maioria dos leitores que lerem o presente texto.

Desde logo, o facto indesmentível de, actualmente, a Maçonaria (na globalidade dos seus clãs, em que se inclui a Opus Dei - esta, ligada à Igreja Católica) dominar, de forma avassaladora, todos os sectores de actividade e todas as estruturas do Estado, em Portugal.

D. Eulália,

pergunto-lhe: consegue imaginar que nos governos portugueses é frequente haver casos em que os ministros em vez de mandarem e dirigirem seus subalternos são, pelo contrário, tutelados e orientados por alguns deles? Porquê? Pelo facto de os funcionários, nessas condições de ascendência, serem detentores, na hierarquia maçónica, de graus superiores aos dos seus ministros. Acredite: mesmo no extremo limite de um grão-mestre ser um desses funcionários.

Assim, cada ministro, assumindo o papel de palhaço – e nele se contemplando com aprazimento - se transforma em pau-mandado ou testa-de-ferro da seita.

Daí, pôr à consideração dos portugueses as seguintes questões: Isto não é a subversão do Estado? Quem manda em Portugal? Qual é a força que determina as políticas da governança e tem definitiva palavra sobre as escolhas dos governantes e dos dirigentes das mais importantes instituições da sociedade portuguesa?

Sem hesitação, respondo: A Maçonaria! Atento e com pertinência, observo: que consciência pode ter o Zé-Povinho deste estado de coisas?

Durante bastante tempo a profunda ligação da Maçonaria ao Poder era iludida, às vezes negada. De há quase dois anos a esta parte (curiosamente, desde o lançamento da minha obra “A QUINTA LUSITANA”) três altos responsáveis investidos no grau de grão-mestre, dos três clãs maçónicos mais influentes no nosso país, não só confirmam as ligações como admitem que a Maçonaria sempre teve elementos nos governos de Portugal. E neste ponto, os portugueses se confrontam com aquilo que designo como o grande mistério do século vinte ocorrido na vigência do Estado Novo, de Oliveira Salazar. As ligações da Maçonaria com Oliveira Salazar ou vice-versa. Deveras surpreendente que, focado este mistério na minha obra “A QUINTA LUSITANA”, ninguém se deu ao cuidado de o comentar ou dar-lhe a devida importância. Sequer pesquisar. Muito menos, negá-lo. Porquê?

E lanço outra interrogação:

Em vista disso, como se justifica que o general António Óscar de Fragoso Carmona tenha sido Presidente da República Portuguesa desde 29 de Novembro de 1926, até à data da sua morte em 18 de Abril de 1951? Precisamente, um mação que teve nas suas casas civil e militar vários membros da Maçonaria. Enquanto o regime do Estado Novo, de Oliveira Salazar, fazia uma publicitada repressão sobre as associações maçónicas. Inclusive, obrigando os candidatos a concursos para preenchimento de funções públicas a declararem, em papel selado, sob compromisso de honra, que não pertenciam a qualquer sociedade secreta. Outra circunstância intrigante foi a de nas eleições de 1949 ter havido dois candidatos filiados na Maçonaria: o general António Óscar de Fragoso Carmona e o general José Maria Mendes Norton de Matos – o qual veio a desistir da corrida eleitoral dias antes do acto eleitoral. Até se deu a particularidade da União Nacional (partido único, de suporte ao governo de Salazar) ter distribuído, profusamente, cartazes com a fotografia do grão-mestre da Maçonaria, general Norton de Matos, envergando o avental, o colar e outras insígnias maçónicas. Disso, a situação se aproveitou para denegrir a imagem do distinto general que prestou relevantes serviços à Pátria, tendo sido justamente promovido a general por distinção.

(Um parêntesis - Arrisco esta afirmação: jamais, em qualquer órgão de comunicação social, se mencionou a coincidência das duas candidaturas, Óscar Carmona e Norton de Matos, serem da mesma matriz maçónica. Um enigmático tabu… que ora é quebrado.).

A propósito:

A D. Eulália e os leitores saberão que o general Norton de Matos, como Alto-Comissário de Portugal em Angola, desenvolveu uma notabilíssima obra naquela colónia? Mais: que foi ele, ainda no final da década dos anos quarenta (1946 ou 1947), o autor da ideia – que explanou no decorrer de uma entrevista à revista “VIDA MUNDIAL” – de transformar a república corporativa vigente na época, num Estado unificado de nações lusíadas (as colónias) no seio do qual a Metrópole perdia o seu estatuto de preponderância e tutela. Estado, Portugal, que teria a capital numa cidade de Angola, por nesta colónia, Norton de Matos, considerar localizado o seu centro geográfico. Oliveira Salazar fez orelhas moucas a tal sugestão. Ocorre questionarmo-nos: Como teria evoluído esse Portugal se Salazar tivesse aceitado a ideia? Qual seria, na actualidade, o quadro político em que encaixariam Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Goa, Damão, Diu, S. Tomé e Príncipe e Timor?

Retomando o fio à meada, anoto que também os governos de António Oliveira Salazar e de Marcelo Caetano integraram membros da Maçonaria. Entre eles os mais destacados terão sido o contra-almirante Sarmento Rodrigues e o professor universitário Veiga Simão. Por conseguinte, algo permanece obscuro neste quadro de relações entre o Estado Novo, Oliveira Salazar, Marcelo Caetano e a Maçonaria.

O que isto, de especial, da Maçonaria, nos lembra? Aquela situação de família precavida face a todas eventualidades, que distribui filiações de pai, mãe e filhos, pelos maiores partidos, de maneira que (graças a Deus… e com dispensa de indulgências da Nossa Senhora de Fátima) está sempre usufruindo relação privilegiada com o Poder, qualquer que seja a cor política preponderante.

Caríssima D. Eulália,

já que estou numa onda de revelações aqui vai mais uma relacionada com o antecessor do actual presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Os leitores recordam-se do espanto que causou o lançamento da candidatura de Jorge Sampaio à presidência da Câmara Municipal de Lisboa? Pois quem fez a opção entre Jorge Sampaio e João Soares foi o Grande Oriente Lusitano. Ao tempo, este clã maçónico decidiu, de forma imperativa, avançar os nomes do fraternal Jorge para presidente e do fraterno João como vice-presidente, com a promessa de o filho de Mário Soares substituir, na presidência da autarquia, o autarca Jorge Sampaio quando este se candidatasse à Presidência da República, como veio a acontecer. Na altura, muito se especulou sobre a “lembrança” de Sampaio de ir para a presidência da câmara lisboeta. Porém, nem uma palavra de referência ou comentário sobre este processo maçónico de sucessão de currículos presidenciais foi dita ou escrita nos meios de comunicação social. Uma omissão que não surpreende gente bem informada, visto que os mais importantes jornais, rádios e televisões, estão rigorosamente controlados pelas maçonarias; as quais, dispõem de peões colocados estrategicamente nas direcções e redacções com a missão de zelarem pelo uso e abuso do crivo de uma rígida censura posta ao serviço dos interesses das respectivas seitas maçónicas. O mesmo aconteceu com a candidatura de Mário Soares na última eleição para a Presidência da República. Outrossim, com a candidatura de Manuel Alegre igualmente beneficiada com a “compreensão” e o “discreto” apoio da Maçonaria. Esta, espertalhona, a jogar em dois tabuleiros…

Face à perspectiva de desfecho triunfal da corrida, de doze anos, de Cavaco Silva para a meta do palácio de Belém, orientada e apoiada pela Opus Dei, o Grande Oriente Lusitano tomou a arrojada opção de arrastar Mário Soares para a candidatura presidencial. E as coisas se foram ajeitando meticulosamente para alcançar esse objectivo. Realce para a série de entrevistas de Mário Soares na SIC com o jornalista António José Teixeira e as suas crónicas semanais no “Expresso”; umas e outras, destinadas a manter o fundador do PS na ribalta e a conservar a chama viva da popularidade até à data do lançamento oficial da candidatura. Do mesmo modo que sucedera com Jorge Sampaio - no meio do alarido suscitado e das mil considerações que se teceram sobra a insólita atitude de Mário Soares de dar o dito de basta para o exercício de cargos políticos, por não dito – nem a mais singela e tímida observação se leu ou ouviu sobre o motivo determinante da iniciativa, que parecendo pessoal teve, de facto, origem no ambiente do grande templo do triângulo, do compasso, das pranchas e de outras grandes coisas e loisas. Depois, todo o processo eleitoral se desenrolou a mando da sociedade secreta. Sobre esta matéria fez-se silêncio absoluto. Em evidência, mais uma vez, a famosa discrição maçónica. Sempre ela, sorrateira, omnipresente, a manejar os cordelinhos por baixo da mesa da República…

Depois, importa não esquecer que hoje, em Portugal, prevalece um clima de medo. Os cidadãos têm receio das represálias dos detentores dos poderes central e local. As pessoas são avaliadas segundo a premissa dualista: É dos nossos? Tudo bem! Não é dos nossos! Portanto, fora com ele! Que vá para os infernos! Para todos os efeitos, sujeito caído nas más graças da fraternidade: Está “lixado”! No mínimo, insultado. Garantido que sujeito a processos de intenção. E muita gente julga que tal dicotomia somente se põe relativamente aos partidos. Incorre num terrível engano! Porquê? Pela razão de os partidos estarem dominados pelas seitas maçónicas. O que mais complica as coisas.

Agora, em Portugal, o maior tabu é a Maçonaria. À semelhança dos tempos da PIDE as pessoas antes de pronunciarem tal palavra olham, receosas, em redor. Também, de imediato, surge a interpor-se na conversa a recomendação em voz baixa: Cuidado! Não se meta com essa gente. E se até alguns maçãos, amigos (que nem já o são tanto como eram antes do lançamento de “A QUINTA LUSITANA”), sentem constrangimento e balbuciam a condição da obediência, tenho de me interrogar e colocar as maiores reservas sobre os verdadeiros fins e a utilidade cívica de uma organização que inspira tanto temor e se reserva tamanhos disfarces e secretismos. Além de se conhecerem, da parte da Maçonaria, casos de acintosas intolerâncias, de torpes proteccionismos, de indecentes promoções, de incríveis actos de desforço, de inadmissíveis perseguições.

Para terminar, insisto numa questão pertinente. Perpassa pelo País um clamor de contestação às acções governativas. Aliás, numa continuidade que vem de longe. Porque os tempos sempre foram de vacas magras e de promessas nunca cumpridas por gente desqualificada. Um dado é comum a todas as épocas governativas: os governantes recrutados nos diversos partidos, os políticos, os deputados, todos são as almas danadas das nossas desgraças. Certo! Igualmente, “todo o mundo” distraído, confuso, absorto no demasiado óbvio e primário, bate neles. Não poupa nenhum dos vários grémios partidários.

Mas, caramba! Se a Maçonaria confessa que detém o Poder em Portugal e isso nós sentimos a toda a hora e nas mais diversificadas circunstâncias, por que demoníaca razão não há em Portugal alguém que levante a voz e grite: Alto lá! Sejamos directos e precisos! Peguemos o touro pelos cornos!

Pois a Maçonaria, sendo ela o Poder, e estando sempre nos governos de qualquer cor política, tem – inegavelmente - enormes responsabilidades, que se vêm acumulando ao longo das sucessivas legislaturas, em tudo aquilo que concerne às deploráveis condições de vida dos cidadãos e à degradada situação político-social que estamos suportando.

Então, por que é, a Maçonaria, estranhamente, poupada às críticas? A ela não se lhe pedem responsabilidades? Continuamos a aceitar, displicentemente, que ela actue e se esconda, sem responder pelos seus actos? Por que não condená-la no tribunal da opinião pública?

Aqui há gato! Ou um grande animal parecido - o temível leopardo?!...que andará por aí, na nossa selva urbana, sem o rabo de fora, incólume, disfarçado…

Estimada D. Eulália

Associado às presentes considerações deixo-lhe o retrato de um País, de um Estado e de uma Nação, nossa amada Pátria, “colonizada” e subjugada por duas organizações internacionais: a Franco-Maçonaria Universal e a Opus Dei (“Maçonaria Branca” ou a "Santa Mafia) – que, neste escrito, englobei na designação genérica de Maçonaria.

Ou seja: o retrato da triste e preocupante realidade de Portugal!

Envio-lhe um abraço.

Brasilino Godinho

quinta-feira, maio 10, 2007

Estimadas senhoras
Caros senhores

Junto as SARAIVADAS da semana.
Estas, referem-se à importante questão do ciúme...
Sobretudo, fiquem cientes que o ciúme não é "uma criação dos humanos".
Se Saraiva o diz... Como vamos contrariá-lo?
Saudações cordiais.
Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

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Tema: Saraiva às voltas com o ciúme…

José António Saraiva, conhecido arquitecto, jornalista e escritor da praça lisboeta, persistindo sem desfalecimento no seu “viver para contar”, veio agora exprimir-se sobre o ciúme.

E abre a crónica com uma afirmação bombástica que nos deixou atordoados: “Ao contrário do que normalmente se pensa, o ciúme não é uma criação dos humanos”.

Escrita esta afirmação em tom tão peremptório o articulista dá-se ao repouso das ideias criadoras e ao desdém dos entes que, considerando-se superiores, não ligam à malta. Igualmente, se permite o desfrute de não nos esclarecer sobre quem teria criado o ciúme.

Temos de convir que se trata de uma partida de duvidoso gosto por obrigar qualquer leitor mais atento às subtilezas de linguagem do famoso arquitecto-jornalista a dar voltas à imaginação na vã tentativa de decifrar o enigma.

Pela nossa parte e talvez por deficiência própria não atinamos com a solução do intrigante problema suscitado pelas lucubrações de Saraiva. Mas, haverá?

Se "não é uma criação dos humanos", então de quem é?

Interrogamo-nos: se normalmente e antes da “descoberta” de Saraiva se pensava que o ciúme era próprio dos seres humanos e naturalmente neles germinava e se reflectia nos seus comportamentos, o que de objectivo determinou a surpreendente conclusão de Saraiva? Em que dados, circunstâncias e raciocínios, se baseou o arquitecto-jornalista para tal conclusão?

Será que o Arq.º Saraiva nos quis induzir que teria sido criação do Supremo Arquitecto do Universo? E aqui teria falado mais alto uma certa ideia corporativa e o espírito de classe? Todavia, cremos que o facto de Saraiva se tentar por esta via trará preocupações aos seus amigos; pois é correr o risco de penetrar num campo pantanoso onde não há corpo e alma que fiquem incólumes ao sufoco que atingirá as duas componentes do ser…

E aí, até o ciúme se afunda…

Além disso como não admitir que Saraiva obteve um “furo” jornalístico? E bafejado pela sorte, que nunca abandona os audazes, provavelmente vieram ao seu encontro indicações precisas, a título de exclusividade, dadas por um ilustre extraterrestre, passageiro de OVNI, que ocasionalmente tenha pousado algures em Lisboa, no jardim da sua propriedade e lhe tenha confidenciado ter sido ele o criador do malfadado ciúme? Mais embaraçosa se torna a questão posta por Saraiva quando deparamos com a preciosa lembrança, às vezes passada despercebida, que “além de não ser um exclusivo da “natureza humana”, o ciúme não se verifica apenas entre os amantes”.

Deste modo estabelecida a confusão certo é que - como evocava Saraiva - se ao compasso do tempo normalmente se pensava que o ciúme era criação dos humanos, a partir de agora e com a “descoberta” do inspirado arquitecto-jornalista, vai anormalmente pensar-se que o ciúme não é criação dos humanos. Porém, gaita! Votamos ao princípio. Então quem criou o ciúme?

José António Saraiva deve, sem perda de tempo, transmitir aos indígenas a preciosa informação sobre a identidade de quem criou o ciúme. Trata-se de um assunto sério e perturbador…

E deste importantíssimo aspecto Saraiva nos dá conta ao relatar-nos a sua experiência na matéria. Ele, compenetrado, perspicaz e objectivo, explica-se: “Se estamos apaixonados (E logo Saraiva, na sua idade… Quem diria?), o receio de perdermos o objecto (Uma mulher é um objecto?) da nossa paixão é enorme – e qualquer ameaça que surja no horizonte, por mais remota que se apresente, ganha uma exagerada dimensão”. E acrescenta: “É por isso que se mata por ciúme”. Nossa dúvida: O objecto?

Nós, com aquele espírito que cultivamos, no qual se entrelaça o contraditório, a boa harmonia, a não-violência e a magnanimidade, contrapomos: É por isso que se vive por ciúme.

Depois, distanciando-se, num ápice, da questão que aflorou e, talvez, sem se dar conta da perplexidade que iria causar nos seus leitores, o Arq.º Saraiva desenvolveu considerações interessantes sobre o tema em apreço.

Além disso, no contexto do escrito sobressai o relacionamento de Saraiva com o Paco. Dá a impressão que existe uma situação ambígua de atracção e repulsa que não está convenientemente resolvida. Nota-se que entre ambos há ciúmes recíprocos e latentes hostilidades. Saraiva ainda nem se apercebeu que o Paco demarcou territórios e é muito zeloso na preservação dos seus espaços. Por outro lado, deve precaver-se contra as reacções intempestivas de Paco porque, como nos informa, ele “é terrivelmente ciumento”. Assim, o alerta está lançado. Com o acento tónico no “terrivelmente”.

E parecendo haver uma relação de amor-ódio muito intensa entre os dois, não se descarta a hipótese de, a qualquer momento, acontecer uma grave arremetida do cão Paco sobre o dono Saraiva. Impõe-se que os dois amigos se entendam. Não descurem a gravidade da situação. Façam uma profunda análise em paz e sossego. Certamente que cabe a Saraiva o maior encargo e a suprema responsabilidade pelo desejável e feliz relacionamento que se augura por muitos dilatados anos. Com mútuas festas e carinhos, de causar invejas (por que não, ciúmes?) a criaturas racionais e irracionais que estejam próximas ou integrantes nas suas respectivas órbitas…

Fim

segunda-feira, maio 07, 2007

Um texto sem tabus…

DÉFICE DEMOCRÁTICO NA MADEIRA?...

E NO CONTINENTE?...

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

1 - Quando esta crónica for publicada já se conhecerão os resultados das eleições na Região Autónoma da Madeira. Não se esperam novidades. Decerto, ficará “tudo como dantes, quartel-general em Abrantes”. Igualmente, vamos conservar a recordação do tempo perdido com querelas partidárias. Também, a memória e as consequências dos gastos de milhões de euros que deveriam ser aproveitados em real benefício da sociedade madeirense.

Tratou-se de um invulgar desatino que teve um responsável: Alberto João Jardim.

O caudilho madeirense quis mostrar que possui força, prestígio e poder de decisão pessoal, dispondo da faculdade de arrastar atrás de si tudo e todos: amigos, companheiros, lacaios subservientes, devedores de atenções, beneficiários de mordomias e adversários. Outrossim, obter o reconhecimento do povo da Madeira pela onda de progresso registado nos últimos decénios.

E se isto parece linear, no entanto tudo aquilo que caracterizou o desenrolar da campanha eleitoral configura uma prática inqualificável de desvirtuamento do exercício democrático por parte da força política instalada no Poder, com relevância especial para o chefe da secção regional do Partido Social Democrático, o inconfundível Alberto João Jardim.

Com o expediente autoritário que se lhe conhece o presidente do Governo Regional não regateia meios para atingir os seus fins eleitoralistas e de apropriação legal do Poder.

Contrariado pelos estrangulamentos orçamentais impostos pela política do governo nacional, Alberto João Jardim alegando exagerada limitação de meios financeiros para continuar implementando o desenvolvimento da Madeira, demitiu-se para provocar novas eleições. Às quais se candidatou com o propósito de alcançar uma esmagadora vitória. Na sua perspectiva, uma vez ela alcançada, ficaria com mais espaço de manobra e maior autoridade para se opor aos “cubanos” de Lisboa.

Uma grande contradição de Alberto João Jardim resulta do facto, revelado na imprensa, de ter gasto milhões de euros com a propaganda da sua candidatura a uma eleição provocada sob pretexto de falta de recursos financeiros na Madeira. Este aspecto não passou despercebido a Paulo Portas durante a sua estadia no Funchal, em pleno período da campanha eleitoral.

Para além dos espectáculos de folclore, das diárias inaugurações de obras em que o governante se confundia com o candidato segundo um registo de transgressão do princípio ético de separação de funções e dos excessos de linguagem ofensivos para os adversários locais e políticos de Lisboa, houve um episódio bastante elucidativo da forma como Alberto João Jardim entende o exercício da chefia do governo regional. A modos de: Quero! Posso! Mando! A vontade dele é soberana. Aliás, ilustrada com a provocação das eleições.

Foi o caso reportado pelas televisões em que, sem qualquer embaraço, informou os circunstantes de estar no momento e naquele lugar a inaugurar “o caminho da Maria”. Uma via rodoviária com duzentos metros de extensão. Para servir de acesso à residência da Maria que fora sua empregada doméstica e que lhe ajudara a criar os filhos. Ela pedira-lhe a construção do caminho e ele, em gesto de reconhecimento, acedera ao pedido e… portanto, ali estava a obra. Vejam só: o governante Alberto João Jardim paga as dívidas de gratidão e os laços afectivos com os dinheiros do Erário. No antes, durante e depois do inusitado evento, ninguém fez reparo ao aspecto insólito do facto relatado. Também nenhuma entidade objectou. Dir-se-ia a coisa mais natural do Mundo. O Zé-Povinho da Madeira já interiorizou (e as autoridades regionais e do Estado aceitam passivamente) que Alberto João é o dono da Quinta Madeirense. Se esta lhe pertence, pois faça dela o uso que bem lhe aprouver. Bonito de observar a olho nu… Reconfortante de ouvir… Lição magnífica de uma coisa que evidencia o ilimitado patamar até onde pode chegar a desfaçatez…

O que aquela inauguração representou? Que Alberto João Jardim confunde as funções oficiais de chefe do governo regional com os interesses afectivos e familiares. Perante as câmaras de TV o disse. Sem papas na língua. E a segurança de quem é dono e senhor da administração pública. Podendo, até, utilizar discricionariamente os dinheiros dos contribuintes em aplicações do género: “caminho da Maria”.

Ora por gestos destes e pela intempestiva realização do sufrágio directo se pode concluir que há um défice democrático na Madeira. Exibido pelos detentores da governação. À vista de toda a gente. Sem receio de nada, nem de ninguém. Sem pudor. Com muita falta de ética. Associado a bastantes abusos de autoridade. Reflexo de inúmeros usos de exploração de situações de dependência económica. Nem esquecendo as constantes prepotências. Quase tudo visto, lido, comentado. Referido nos jornais, nas rádios e nas televisões.

Com uma surpreendente ressalva citada na Televisão. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, veio agora dizer que não há défice democrático na Madeira. Porquê? Porque o Partido Comunista Português está obtendo mais votos dos eleitores madeirenses à medida que vão sucedendo as eleições. Conclusão brilhante… A nota de pluralidade em falta na Madeira, há muito tempo… Que terá cativado o Alberto João Jardim…

2 - É assim na Madeira. E aqui, no continente, como é?

Sejamos objectivos. Neste território que abarca a grande Lisboa e o resto da paisagem para aquém da região alfacinha, sucede algo semelhante em todo o vasto sector político-administrativo.

Certamente, com algumas diferenças, outros desencontros e manifestos desencantos da malta sofredora.

Enquanto na Região Autónoma da Madeira há um senhor todo-poderoso que tudo se permite porque é ele que, na prática, detém o Poder e é, de facto, que não de direito, o dono da Quinta Madeirense; neste nosso rincão pátrio existem várias entidades que, igualmente, recolhidas nos templos das suas devoções, escolhem, mandam e impõem o modus faciendi de fazer política, gerir o Estado e regular a Nação. Precisamente, formulam orientações e implementam práticas em harmonia com os seus obscuros interesses.

Porém, de cada um dos demoníacos mentores e de muitas personalidades envolvidas na dramática política da governação em curso, não há notícias, nem se lhes conhece o rosto e a identidade. Embora, proliferem os testas-de-ferro, os capatazes e os jagunços… por demais conhecidos e badalados os primeiros e incógnitos os últimos referidos.

Mas se o Jardim da Madeira é truculento, exibicionista, demagogo, obstinado, incontinente na linguagem, esbanjador no exercício das funções oficiais, praticante de nepotismo, abusador do clientelismo e será responsável pelo famigerado défice da vida democrática na região; os “Jardins” continentais andam por aí escondidos, disfarçados e incólumes. Assim procedendo, mostram-se cobardes – uma falha de carácter que não cola na imagem pública de Alberto João Jardim. Esses imitadores envergonhados do madeirense Jardim são responsáveis por idêntico défice democrático no continente. Só que manhosos e discretos fazem o mesmo e pior, com recurso a refinadas e complexas artes de censura, de encobrimento, de hipocrisia e dissimulação. No contexto da sociedade portuguesa são mais perigosos e causam mais danos à Democracia e à Nação. Porque agem sem espalhafato e acutilam pela calada com extrema agressividade. O povoléu apanha pancadas a torto e a direito sem perceber de onde elas caem e sem conseguir identificar os agressores. O Jardim da Madeira leva-lhes vantagem no protagonismo. É frontal. Não se refugia no anonimato. E apesar da barafunda em que se tem envolvido… fez obra. Verdade que com muitas lacunas na qualidade de vida das gentes mais humildes da Madeira.

Por isso, é que clamando contra Aberto João Jardim os políticos da praça alfacinha vão disfarçando o incómodo de aturarem o “rei da Madeira” e assobiam para o lado sempre que ele aponta os “tiros” de pólvora seca sobre a rapaziada de Lisboa.

Enfim, lá e cá os fados do desconforto e do infortúnio são análogos e… convergentes nos consabidos resultados.

Todavia, aqui, neste pequeno rectângulo da península ibérica, as desgraças e os estragos, para além de diversificados, acumulam-se… como os resíduos nas lixeiras - tornando-se muitíssimo mais incómodos e complicados…

3 - No quadro das relações entre o continente português (talvez melhor considerar Lisboa) e a Madeira está latente a velha questão da autonomia ou independência, suscitada pelos madeirenses. É uma realidade. Não vale a pena ignorá-la. Tão-pouco, fingir que não existe. Sequer, adiar indefinidamente a solução do problema. Urge encará-la de frente. Com rigor e determinação.

É imprescindível que a população do arquipélago tome uma decisão. E faça a opção que julgar melhor servir os seus legítimos interesses: manutenção do fraterno laço a Portugal como região autónoma ou a independência.

Os governos central e regional que se entendam quanto à realização de um referendo. Este, exclusivamente aberto ao eleitorado madeirense.

Acabe-se com este jogo de acusações, disputas mesquinhas, recriminações e ressentimentos. Chega de confusões, de balbúrdias e hostilidades mais ou menos abertas ou encapotadas.

Vive-se uma situação dúbia que mina a coesão nacional e é, a todos os títulos, prejudicial às respectivas populações.

Por uma vez, em definitivo, neste sensível domínio da maturidade cívica, os madeirenses façam livre escolha.

Fim

quinta-feira, maio 03, 2007

Caríssimas senhoras

Caros senhores,

Agora, que a Câmara Municipal de Lisboa”colapsou” - aqui aplicando o verbo “colapsar”, criado em momento de refinada inspiração() pelo jornal “Público” (vede primeira página da edição digital de 01 de Maio p.p.) e assim dando aquele jornal forte contributo para a adulteração da Língua - vale a pena recordar os esbanjamentos e desperdícios orçamentais que ocorrem noutras autarquias deste país. Como na Câmara Municipal de Viana de Castelo que programou gastar milhões com a demolição do “Prédio do Coutinho”.

Por isso, voltamos a publicar a nossa crónica de Julho de 2006 sobre o famigerado caso que releva de insensatez.

Para que não se apague a memória…

Com os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

Um texto sem tabus…

“PRÉDIO DO COUTINHO”

UM PARADIGMA DE IRRESPONSABILIDADE…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana,blogspot.com

1 - O “prédio do Coutinho” está situado à entrada da cidade de Viana do Castelo, na margem direita do Rio Lima, logo à esquerda da extremidade norte da antiga ponte de ferro, conhecida pela ponte Gustave Eiffel. *

Quem, vindo do sul, entra na bela cidade minhota fica desagradavelmente surpreendido com aquele bloco de apartamentos de 13 pisos que destoa na panorâmica e se fixa como uma excrescência do tecido urbano. Demasiada volumetria do edifício, sua inadequada localização, dificuldades de estacionamento e embaraços nas circulações viárias, são alguns dos inconvenientes que ressaltam à vista ou se apreendem das sensações colhidas por quem acede ao local.

Determinada pela desagradável impressão, naturalmente surge a interrogação: Como isto foi possível? Pessoalmente não conhecemos os pormenores do licenciamento da obra. Mas não cometeremos graves erros de avaliação e omissão se avançarmos que a obra deve ter sido antecedida de um pedido de viabilidade acompanhado de um estudo-prévio, no qual estariam definidas as características essenciais do projecto e do seu programa condicionante e justificativo. Ultrapassadas estas etapas com as respectivas aprovações das entidades competentes(?) chamadas a pronunciar-se, ter-se-á seguido a apresentação do ante-projecto, quiçá mesmo o projecto de execução com dispensa daquela fase intermédia. Sem dúvida que, depois de analisado e apreciado o projecto em todas as suas componentes arquitectónicas, construtivas, funcionais, de enquadramento urbanístico e adequação paisagística, obtidos os pareceres e as aprovações das entidades envolvidas na apreciação do respectivo processo, com relevância para os serviços técnicos da Câmara Municipal de Viana do Castelo e obtidas as licenças de construção, terá sido iniciada a obra, sem entraves burocráticos, á vista de toda a gente, de forma legal e sem recurso a expedientes clandestinos. Decorrido o tempo da construção, talvez dois anos e obtida a licença de habitabilidade, o edifício foi vendido em regime de propriedade horizontal e outorgadas as escrituras das várias fracções, passando a constituir um condomínio que integra dezenas de condóminos. A edificação tem uma existência que se conta por dezenas de anos.

2 - Quer dizer: a obra foi gerada, nascida, desenvolvida, e utilizada, ao longo de muitos anos e ninguém responsável se deu conta do aborto que estava sendo concebido, alimentado e aproveitado e com o qual a população e os turistas se habituaram a compartilhar desconforto, convivência e fealdade – ou não fossem os homens animais de hábitos. Até, um dia… O dia em que apareceu alguém, tipo chico-esperto, o Dr. Defensor Moura, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo e o Engº. José Sócrates, ao tempo ministro do Ambiente que, em convergência de pontos de vista e num ápice, decidiram a demolição do imóvel.

Há dias, a Câmara Municipal de Viana de Castelo anunciou a adjudicação dos trabalhos de demolição, andar por andar, do “prédio do Coutinho”, apesar de não haver decisão final dos recursos interpostos em Tribunal pela associação de condóminos - o que não deixa de ser uma aberração de natureza judicial. Mais um aborto (este, político) em desrespeito pela Justiça…

3 – Abortos construtivos e atentados urbanísticos acontecem em todos os lugares de Portugal. As cidades, vilas e aldeias deste país têm muito para mostrar nesta matéria.

Atendendo às presentes circunstâncias, ocorre-nos perguntar: E se o governo e as autarquias se deixassem tomar pela fúria de exterminar as excrescências e os inúmeros abortos disseminados pelo território? Logo, ao espírito, em resposta, nos vem o sobressalto, o grito incontido: Acuda-nos, Deus Misericordioso! Há por aí gente bem intencionada que… aflita, temeria pela existência do próprio órgão de soberania e pela sobrevivência de afamadas câmaras municipais. Decerto, que o Estado iria à falência total e a Nação, eventualmente, nem ficava a pão e água porque lhe iria faltar o vil metal para adquirir esses produtos indispensáveis à vida.

E depois, há abortos que parecem ser mais abortos que outros, dependendo das pessoas que os praticam e da subjectividade com que são contemplados. E sabe-se a que extremos de irregularidades, de confusões e de arbitrariedades, levam os factores mesquinhos que comandam as vontades e as escolhas…

4 - Também releva nesta história mal contada do “prédio do Coutinho” os elevadíssimos custos da demolição e das indemnizações aos condóminos e ao arquitecto, autor do projecto. A verba estimada atinge uma cifra astronómica de muitos e muitos milhões de euros. E assim sucedendo, não é admissível que se gastem milhões de euros num trabalho de destruição de um edifício há muito habitado por dezenas de famílias. O dinheiro não seria melhor empregue a construir qualquer coisa de útil ou a dar-lhe melhor aplicação em tantas áreas de enormes faltas deste estado, cuja imagem de marca é a pelintrice?

Num tempo de extremas dificuldades e de grandes carências, em que o Governo fecha escolas, hospitais, maternidades, creches, prisões, serviços; não paga atempadamente aos seus fornecedores; não põe o sector público a funcionar melhor, alegando falta de verbas; remunera mal os funcionários; diminui as pensões; ameaça todo o mundo com o papão do colapso das instituições de Previdência e Segurança Social; em que, a toda a hora, massacra os cidadãos com a exigência de contenção das despesas; permite-se o obsceno luxo e a inacreditável extravagância do dispêndio de muitos milhões gastos na destruição de um imóvel. Que especial prioridade é esta no contexto nacional? Ela, vai ajudar, por aplicação de irreconhecíveis artes mágicas, a equilibrar o Orçamento?... Como assim?

Aqui, neste ponto, importa reconhecer que o Governo não tem o sentido da coerência entre os dois pólos da acção política: o dizer e o fazer.

5 - Ainda no p.p. dia 11 de Julho o ministro das Finanças declarava que “as medidas para reduzir o défice são para continuar”. Mais disse: “Que o país tem de fazer sacrifícios e esses sacrifícios são para todos”. Só que nem serão todos a apertar o cinto; a começar pelo Governo que, neste domínio, não dá o bom e indispensável exemplo. Pois que não se empenha na contenção dos gastos supérfluos (ou dispensáveis no presente) que exige dos cidadãos, enquanto emprega toda a diligência no esbanjamento com despesas inadmissíveis numa época de crise como a actual. Abrindo mão dos poucos (para a sua avidez) recursos financeiros que vai buscar às depauperadas bolsas dos contribuintes que cumprem os deveres fiscais.

No fim de contas, pretende-se corrigir um mal praticado por entidades que nem foram chamadas à responsabilidade com um mal pior; dadas as condições de penúria das finanças públicas e os estrangulamentos dela decorrentes a repercutirem-se na sociedade portuguesa.

6 - Por serem estas as facetas, sucintamente descritas, da situação que estamos suportando em Portugal, faz todo o sentido apresentar o caso do “prédio do Coutinho” como paradigmático da irresponsabilidade da classe dirigente que nos desgoverna. No geral, classe formada por gente apática e negligente no estudo dos problemas, habituada a tomar decisões inconsistentes que, às vezes, dão azo a situações irreversíveis; mais tarde contempladas com soluções intempestivas do tipo fuga para a frente e seja o que Deus quiser… Igualmente, um núcleo de pessoas com vistas curtas, que não querem perceber que, sendo administradoras transitórias do Estado, não são deste proprietárias para dele e dos seus recursos financeiros (estes, na verdade, dos contribuintes) disporem a seu bel-prazer.

Terminando, permitam-nos a seguinte interrogação: não ficaria mais barato ao país e aos contribuintes deitar abaixo o governo e remover o “defensor” da coisa demolida, com o especial cuidado de não molestar fisicamente os seus membros e a (aparentemente) insuperável criatura autárquica?...

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* Segundo foi noticiado a ponte Eiffel vai ser encerrada ao tráfego. Ameaça ruína. É irrecuperável. Sendo um corpo estranho, “agressivo” do ambiente, prestes a tornar-se inútil, perguntamos: também vão desmantelá-la? E gastar milhões de euros na sua remoção? Já que a Câmara Municipal de Viana do Castelo e o Governo estão na onda de recuperação do ambiente em Viana do Castelo, a qualquer custo, por que não?...

Aproveitem a lembrança e a oportunidade. Uma vez que “trazem o Diabo no ventre”…

(Escrito em Julho de 2006)