Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, julho 28, 2009

Ao compasso do tempo…

ELES ANUNCIARAM:

-“NUNCA BAIXAMOS OS BRAÇOS”.

PUDERA! NUNCA OS LEVANTAM…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

01. Negando no cravo… mas, por descuido, afirmando na ferradura.

Ao que se depreende terá sido o órgão directivo do PSD que tomou a iniciativa de ornamentar as paisagens urbanas das cidades e vilas deste país com grandes painéis publicitários; nos quais se destaca a picaresca nota de que, em sede do partido social-democrata e nos seus frequentadores, há a presunção (esta e água benta cada qual toma a que quer…) do zeloso empenho de não baixarem os membros superiores; enquanto, surpreendentemente, nada se diz sobre as ocorrências relacionadas com os actos correlativos aos abaixamentos das pernas… Vulgo: porem-se de cócoras…

Repare-se que não é despicienda esta referência aos membros inferiores. Porquanto é conhecido de toda a gente que se, de facto, nunca baixam os braços, isso é devido à inércia de jamais os levantarem. Em contraposição, erguem, com frequência, os pés e saracoteiam persistentemente, sem desfalecimentos, nos díspares lugares e desempenhos a que acedem por seus invulgares deméritos, suas festivas e obscenas predilecções e mui despertas, soberanas, intencionalidades.

A este ponto chegados é altura de se esclarecer que estes casos e circunstâncias não são plantações exclusivas do campo social-democrata.

Trata-se de uma prática cultural generalizada a toda a classe política que, alegremente e desvairadamente, tagarela muito e vai desgovernando o país, arrastando-o para o repulsivo lamaçal onde nos movimentamos com extremas dificuldades e sentindo grandes aversões por tantas perversões.

Fica subentendido que a maior parte dos políticos participantes da feira das vaidades e dos mercados bolsistas dos oportunismos de largo espectro e melhores conveniências individuais, nunca erguem os braços para coisa nenhuma de útil para o povoléu, mas com desenvoltura e arreganho levantam as pernas e, claro, dão coices (a pianista Maria João Pires, há dias, no Brasil, confirmou esse peculiar hábito e disse que tem sido muito escoiceada pelos políticos e governantes portugueses). Por vezes, alguns dos inexplicáveis seres da espécie protagonista do circo político, vão mais longe na desfaçatez: erguem as cabeças e apontam os cornos nos sítios mais inconcebíveis, como ainda recentemente se viu no palácio beneditino de Lisboa, sito no Largo de S. Bento, agora convertido em reles teatro de marionetas destituídas do mais elementar sentido artístico

02. E assim, com coices e cornadas…

Sem barreiras e trincheiras de resguardo, nem contando com os pampilhos dos campinos que atemorizassem e contivessem nos seus redutos, os violentos animais que nos infernizam a vida; mais, ainda, sem recurso ao “inteligente” que pusesse ordem na lide - milhões de portugueses vão sendo vítimas indefesas das acometidas dos carnívoros que galopam desvairadamente em campos largos, abertos a todas as tropelias e desvarios e, loucamente, avançam pelos caminhos de perdição da grei.

terça-feira, julho 14, 2009

Ao compasso do tempo…

ISALTINO VOLTOU A ‘ISALTINAR-SE’… (*)

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Da primeira vez, aconteceu quando ele, ufano, arrogante, sorridente, se contemplava na condição de ministro do charuto, assentado no Ambiente; e num tempo em que este já era mau e muito malcheiroso. Desta vez, há dias, foi em pleno tribunal, onde estava a ser julgado sob a acusação de vários crimes, que Isaltino ficou deveras ‘isaltinado’. Também, ali, naquela ocasião, o ambiente estava a tornar-se bastante incómodo para Isaltino Morais, que é pessoa dotada de grande susceptibilidade auditiva Sobretudo o delegado do Ministério Público mostrava-se um pouco distraído e não se dava conta de que na sua frente tinha um homem de ‘Morais’. Ou seja: detentor de um conjunto de normas de conduta admitidas - pelas mal-ajambradas e incompreensíveis sociedades de irresponsabilidade total existentes em Portugal - como válidas e prestimosas, desde que praticadas por quem, sendo ‘compadre’, ‘amigo’ ou ‘fraterno’, delas faça inapropriado uso e afortunado aproveitamento

Dantes, dizia-se que fulano era pessoa de moral – considerada no singular. Tal atributo ou qualidade perdeu-se nas ruas das nossas muitas amarguras e gente há por aí que se irrita sempre que, abusivamente (…), por malquerença, alguém a taxa de moralista. No tempo actual, sê-lo é pecado social (não virtude religiosa ou exercício de sujeição ao divino, ao sublime) já que, nos tempos que correm, nem as religiões, nem os sacerdotes dos templos, vão muito à bola com essa história da moralidade. Porque assim estamos num estádio permanente de triunfante obscenidade é que, para felicidade e gáudio dos atrevidos espertalhões e como contrapartida da ultrapassada moral, vão existindo tais criaturas de várias ‘morais’. Neste enquadramento, entenda-se a moral na pluralidade dos tais conjuntos de comportamentos dúbios que dão fulgor a muitos endiabrados seres deste gigantesco pântano das maravilhosas estâncias do parasitismo político-social dispersas pelo país (embora, em maior número localizadas em Lisboa e arredores).

Mas uma vantagem das ‘morais’ correlativas aos ‘Morais’ - aqui, atenda-se à particularidade de a palavra tanto se aplicar no masculino como no feminino, o que, também, sobreleva de indecente supremacia sobre a moral (no singular) - é que proporcionam um vasto leque de solidariedades e protecções rasteiras e simplistas de geral aceitação nos mais diversos, influentes e poderosos espaços mercantis, nos soturnos templos de esquisitas devoções e malvistas liturgias, nos sujos pátios das insonsas cantigas e nas sombrias praças das mais tristes paródias e dos mais nefastos e insuportáveis embustes.

Por isso, sem espanto dos selectos membros das obscuras sociedades que nos desgovernam com grande cupidez e desvergonha, foi possível – segundo os relatos que vieram a público - que o astuto Isaltino se ‘isaltinasse’ e se permitisse abandonar a sala de audiência (com permissão do tribunal e sem registo de falta), em sinal de protesto e de repúdio pelas acusações que lhe estavam a ser dirigidas pelo representante do Ministério Público. Claro que se este fosse o Ministério Privado outro galo cantaria e o Isaltino, de moral não unívoca mas, sim, multiplicada em intrínsecas ‘morais’ (bastantes, com certeza), nunca seria forçado a isaltinar-se e a virar - deselegantemente, com acinte - as costas ao intrépido magistrado. Outrossim, assumindo tal atitude, destoante do respeito exigível face ao tribunal. Apesar de… Ao que parece, este, na circunstância, ter-se-á alheado dessa norma, usualmente exigida ao Zé-Povinho.

Quanto ao desfecho do julgamento de Isaltino fica no ar a ideia de que o ‘isaltinado’ autarca de Oeiras será absolvido, com direito a balúrdios de indemnização do Estado por elevadas perdas na cotação do mercado do bom nome e melhor apelido e pelos enormes danos morais causados às ‘morais’ dele, Morais. Pelo contrário, presume-se que o delegado do Ministério Público irá ‘dentro’, devidamente preso em estabelecimento prisional – e, eventualmente, julgado e condenado por má conduta social e inconveniente atrevimento judicial. Também, para aprender a ter respeitinho pelos “bons cidadãos” e tomar nota (e cuidados) que não se molestam ‘morais’ de tão fina estirpe

Igualmente, para servir de lição à malta; a qual, deve tratar os Morais das veneráveis sociedades com o devido apreço, submissão e temor. Isto é: ela deve amochar e mostrar-se contente por isso mesmo. Sobremodo, agradecida

(*) ‘Isaltinar-se’ é um novo verbo da Língua Portuguesa, ora criado, com origem no nome e personalidade de Isaltino Morais, conhecido autarca de Oeiras. Um verbo que tende a tornar-se frequentativo nos procedimentos de sua excelência.

‘Isaltinar-se’ quere dizer irritar-se excessivamente e lançar mão de atitudes insólitas.

P.S. – Na minha crónica, publicada na edição deste jornal do p. p. dia 28 de Abril, informei os leitores que iria estar ausente até hoje, dia 14 de Julho de 2009.

Cumprindo o prometido, aqui estou, satisfeito por retomar o vosso contacto.

No entanto, devo prevenir que - devido às minhas absorventes actividades - as futuras crónicas vão ter o intervalo de quinze dias; eventualmente, de um mês, conforme a minha disponibilidade. Mas, por manifesta conveniência dos fiéis leitores, sempre publicadas às terças; mercê do assentimento da direcção do jornal.

segunda-feira, julho 13, 2009

Estimadas leitoras,
Caros leitores,

De momento, mais liberto das minhas absorventes actividades, retomo os vossos contactos com a maior satisfação.

Apresento-vos mais um texto das SARAIVADAS.
Espero que apreciem a inspiração de Saraiva, sobrelevando o nosso estafante trabalho de compilação e apreciação que, apesar de voluntário e sendo gracioso, se pauta pelo desejo de compartilhar sensações inesperadas sempre ao alcance de quem se debruça sobre as produções arquitectadas pelo famoso arquitecto-jornalista.

Grato pela atenção dispensada.

Com os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema I - O arquitecto Saraiva, que um dia escreveu que sentia prazer em ser enganado, terá, agora, a predilecção de enganar os leitores?

Desde o p. p. mês de Abril que não comprava, nem lia, o semanário SOL da era de José António Saraiva. Neste fim-de-semana comprei um exemplar. Exactamente exemplar das surpresas que, inopinadamente, se nos deparam e são reveladoras de alguma incoerência entre o que se apregoa num dado tempo e que, depois, se contradiz numa prática que aparenta ser de leviano e oportunista expediente.

A surpresa surgiu ao pegar no jornal e ler no cabeçalho: DVD OFERTA e a nota de referência assim expressa: “O Grilo Feliz é o título do filme que hoje distribuímos. O SOL oferece todas as semanas um novo DVD para crianças”. Bonito!... E era este semanário que desde o primeiro número e durante largo período ostentava no cabeçalho a indicação de que não distribuía brindes pelos compradores, exactamente para estabelecer a diferença com os outros periódicos da concorrência. Assinalo o facto como paradigmático de imprudência na afirmação do propósito e de ligeireza no seu abandono – assim se negando e subvertendo a palavra anteriormente dada e confirmada em edições sucessivas. Uma lástima!

Tema IIChifres

Virando a página, quedo-me na rubrica POLÍTICA A SÉRIO, assinada por José António Saraiva, que enferma do pecado original de atribuir seriedade à POLÍTICA A BRINCAR que se pratica em Portugal. Lemo-la com atenção.

Em dado passo, um parágrafo deixou-me estupefacto pela ousadia da afirmação do autor, que transcrevo: “Defendo há muito tempo de que os grandes responsáveis pela falta de credibilidade dos políticos são os próprios políticos”. Onde é que eu já li isto? Perdão! Interrogo-me: Quantas vezes eu escrevi isto? Ademais, “há muito tempo” que acompanho com interesse, certo agrado e algum sentido de humor, as crónicas de José António Saraiva e nunca li algo da sua lavra que corresponda ao que acima transcrevo. O que sempre li, semana após semana, no Expresso e no SOL, foi Saraiva a defender os políticos, especialmente a rapaziada da social-democracia.

Mas outra surpresa estava para surgir mais adiante no corpo do artigo. Essa hilariante. Divertiu-me imenso. Saraiva, escreveu: “As pessoas não podem dispensá-los (os políticos) – mas não depositam a menor confiança neles”. (Fim de citação). Esta ideia de que as pessoas não podem dispensar os políticos merece figurar na antologia do anedotário nacional. Porque é um achado de extraordinária perspicácia, associado a uma profunda, cínica e irónica conclusão analítica. Repare-se no que nela releva de superior visão da escaldante conformação político-social: “mas (as pessoas) não depositam a menor confiança neles”. Bem visto… Mas – desculpe lá, Saraiva - muito mal amanhado…

Mais adiante, num outro parágrafo, o autor aventa a hipótese de que “os políticos estarão a cavar a sepultura da classe a que pertencem”. Aqui, nesta passagem, Saraiva socorre-se de uma figura de estilo, sem qualquer nexo com a realidade previsível – até porque nem haveria cemitério apropriado para o enterramento de tão pestilenta espécie

Quase a terminar a crónica chifruda, o arquitecto-jornalista Saraiva em jeito de apoteose numa praça de touros, remata com uma estocada monumental que levantaria o público numa estrondosa vaia: “Os chifres feitos pelo ministro da Economia não tinham importância nenhuma”. Exactamente por o ministro ser mau fabricante de chifres é que ele teve de dar o fora do ministério. Não obstante, os chifres, mesmo de má configuração, tiveram enorme importância – ao contrário do que pensa Saraiva que, nestas coisas relacionadas com chifres e políticos tem, por via de regra, a visão distorcida

Uma última nota dos ‘descuidos’ de Saraiva: na fotografia que encima o texto a respectiva legenda começa com uma infeliz expressão: “Os chifres do ministro (…)” que se presta à confusão entre “chifres feitos pelo ministro” e os “chifres do ministro”. Convenhamos, que são coisas diferentes; como diferentes serão os respectivos sentidos. Um deles, por sinal, muitíssimo melindroso