Leitor,
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Leia!
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, julho 14, 2009

Ao compasso do tempo…

ISALTINO VOLTOU A ‘ISALTINAR-SE’… (*)

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Da primeira vez, aconteceu quando ele, ufano, arrogante, sorridente, se contemplava na condição de ministro do charuto, assentado no Ambiente; e num tempo em que este já era mau e muito malcheiroso. Desta vez, há dias, foi em pleno tribunal, onde estava a ser julgado sob a acusação de vários crimes, que Isaltino ficou deveras ‘isaltinado’. Também, ali, naquela ocasião, o ambiente estava a tornar-se bastante incómodo para Isaltino Morais, que é pessoa dotada de grande susceptibilidade auditiva Sobretudo o delegado do Ministério Público mostrava-se um pouco distraído e não se dava conta de que na sua frente tinha um homem de ‘Morais’. Ou seja: detentor de um conjunto de normas de conduta admitidas - pelas mal-ajambradas e incompreensíveis sociedades de irresponsabilidade total existentes em Portugal - como válidas e prestimosas, desde que praticadas por quem, sendo ‘compadre’, ‘amigo’ ou ‘fraterno’, delas faça inapropriado uso e afortunado aproveitamento

Dantes, dizia-se que fulano era pessoa de moral – considerada no singular. Tal atributo ou qualidade perdeu-se nas ruas das nossas muitas amarguras e gente há por aí que se irrita sempre que, abusivamente (…), por malquerença, alguém a taxa de moralista. No tempo actual, sê-lo é pecado social (não virtude religiosa ou exercício de sujeição ao divino, ao sublime) já que, nos tempos que correm, nem as religiões, nem os sacerdotes dos templos, vão muito à bola com essa história da moralidade. Porque assim estamos num estádio permanente de triunfante obscenidade é que, para felicidade e gáudio dos atrevidos espertalhões e como contrapartida da ultrapassada moral, vão existindo tais criaturas de várias ‘morais’. Neste enquadramento, entenda-se a moral na pluralidade dos tais conjuntos de comportamentos dúbios que dão fulgor a muitos endiabrados seres deste gigantesco pântano das maravilhosas estâncias do parasitismo político-social dispersas pelo país (embora, em maior número localizadas em Lisboa e arredores).

Mas uma vantagem das ‘morais’ correlativas aos ‘Morais’ - aqui, atenda-se à particularidade de a palavra tanto se aplicar no masculino como no feminino, o que, também, sobreleva de indecente supremacia sobre a moral (no singular) - é que proporcionam um vasto leque de solidariedades e protecções rasteiras e simplistas de geral aceitação nos mais diversos, influentes e poderosos espaços mercantis, nos soturnos templos de esquisitas devoções e malvistas liturgias, nos sujos pátios das insonsas cantigas e nas sombrias praças das mais tristes paródias e dos mais nefastos e insuportáveis embustes.

Por isso, sem espanto dos selectos membros das obscuras sociedades que nos desgovernam com grande cupidez e desvergonha, foi possível – segundo os relatos que vieram a público - que o astuto Isaltino se ‘isaltinasse’ e se permitisse abandonar a sala de audiência (com permissão do tribunal e sem registo de falta), em sinal de protesto e de repúdio pelas acusações que lhe estavam a ser dirigidas pelo representante do Ministério Público. Claro que se este fosse o Ministério Privado outro galo cantaria e o Isaltino, de moral não unívoca mas, sim, multiplicada em intrínsecas ‘morais’ (bastantes, com certeza), nunca seria forçado a isaltinar-se e a virar - deselegantemente, com acinte - as costas ao intrépido magistrado. Outrossim, assumindo tal atitude, destoante do respeito exigível face ao tribunal. Apesar de… Ao que parece, este, na circunstância, ter-se-á alheado dessa norma, usualmente exigida ao Zé-Povinho.

Quanto ao desfecho do julgamento de Isaltino fica no ar a ideia de que o ‘isaltinado’ autarca de Oeiras será absolvido, com direito a balúrdios de indemnização do Estado por elevadas perdas na cotação do mercado do bom nome e melhor apelido e pelos enormes danos morais causados às ‘morais’ dele, Morais. Pelo contrário, presume-se que o delegado do Ministério Público irá ‘dentro’, devidamente preso em estabelecimento prisional – e, eventualmente, julgado e condenado por má conduta social e inconveniente atrevimento judicial. Também, para aprender a ter respeitinho pelos “bons cidadãos” e tomar nota (e cuidados) que não se molestam ‘morais’ de tão fina estirpe

Igualmente, para servir de lição à malta; a qual, deve tratar os Morais das veneráveis sociedades com o devido apreço, submissão e temor. Isto é: ela deve amochar e mostrar-se contente por isso mesmo. Sobremodo, agradecida

(*) ‘Isaltinar-se’ é um novo verbo da Língua Portuguesa, ora criado, com origem no nome e personalidade de Isaltino Morais, conhecido autarca de Oeiras. Um verbo que tende a tornar-se frequentativo nos procedimentos de sua excelência.

‘Isaltinar-se’ quere dizer irritar-se excessivamente e lançar mão de atitudes insólitas.

P.S. – Na minha crónica, publicada na edição deste jornal do p. p. dia 28 de Abril, informei os leitores que iria estar ausente até hoje, dia 14 de Julho de 2009.

Cumprindo o prometido, aqui estou, satisfeito por retomar o vosso contacto.

No entanto, devo prevenir que - devido às minhas absorventes actividades - as futuras crónicas vão ter o intervalo de quinze dias; eventualmente, de um mês, conforme a minha disponibilidade. Mas, por manifesta conveniência dos fiéis leitores, sempre publicadas às terças; mercê do assentimento da direcção do jornal.