Leitor,
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Leia!
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, março 07, 2009

Ao compasso do tempo…

O IMPORTANTE TEMA-DILEMA

DO CONGRESSO PS, EM ESPINHO

Se alegre, sem o Alegre ou se triste, com o Alegre…

Brasilino Godinho

Para começar nosso escrito e se nos queremos entender numa base objectiva e séria, assentemos numa verdade: o “Congresso do PS” realizado em Espinho - e tal como outros encontros partidários com designações semelhantes - não foi um congresso. O que aconteceu foi uma aparatosa reunião da família socialista com o fito de os seus membros se contemplarem embevecidos e se festejarem mutuamente; que, às tantas, se transformou num espectáculo folclórico, de cor, de exibicionismo, de fantasia – decerto, enquadrado no espírito do Carnaval. Fantasia, bem combinada com o ilusionismo, a acrobacia e o pedantismo. Foram três dias de actuações por parte de artistas que já têm longas práticas cénicas. Um espectáculo em grande estilo. Luxuoso. Extravagante. Num tempo de profunda crise, com a Nação em estado paupérrimo e muita gente desempregada a viver em precaríssimas condições de sobrevivência. Em que país de ricaços estamos?

Aliás, o partido róseo - situando-se nesse tom colorido: quer na expressão formal, quer na presumida impressão subjectiva do seu exercício governamental - até nem começou o espectáculo em falso acto que o tivesse deixado em transe desconfortável. É que por acaso da sorte ou porque tivesse havido acordo prévio de acerto de datas, deu-se a circunstância agradável e fantástica de o socialista Mota, autarca municipal anfitrião, estar disponível para fazer as honras da casa (visto que, naquele momento, não se encontrava ausente no Brasil…).

Os portugueses deram-se conta que o designado congresso só teve um tema. Precisamente, baseado num dilacerante problema interno que concitou as atenções gerais até ao último dia da geral encenação. O qual estava subjacente no espírito dos “congressistas” e dos dirigentes máximos do grémio socialista e consistia na magna questão de se saber se o “congresso” iria ser alegre sem o Alegre ou se, pelo contrário, se tornaria triste com a sugestiva presença do Alegre… Tratou-se de uma incógnita que permaneceu viva e incomodativa até ao terceiro dia de sessões da assembleia socialista - a data em que foi anunciada a não comparência do vate natural de Águeda. Nessa altura, o ambiente ficou desanuviado e a assembleia tomou novo ânimo. Daí em diante manteve-se esfusiante. Alegre… O “congresso” constituiu-se exposição de sorrisos: já não amarelos, mas de cor rosada. Nota marcante e simbólica dessa invulgar transformação foi dada pelo frontal socrático que se tornou mais reluzente…

A dúvida referente a Alegre, elevada a tema central do “congresso”, foi a questão que prendeu as atenções dos intervenientes, dos órgãos da comunicação social e dos pasmados cidadãos que ainda dispensam alguma curiosidade a tais manifestações pacóvias de atraso cívico-social – os famigerados “congressos” sem quaisquer préstimos para a sociedade portuguesa.

Exactamente, sem sofismas e ambiguidades, desta maneira objectiva, classificamos tais eventos partidários. Estes, mais não representam que reflexos de menoridade democrática; mas que visam, somente, a descomedida exibição da imagem do partido e a publicidade dos seleccionados palradores que se revezam ao microfone, na tribuna. Geralmente, os habituais entrevistados que abocam prazer, fama e proveito, sempre que abancam nas mesas rechonchudas e nas áreas enviesadas dos telejornais.

Se bem ponderarmos tudo o que se desenrolou naquele espectáculo chega-se à conclusão da sua total vacuidade e do enorme desperdício de dinheiros (públicos?).

Deslocaram-se centenas de pessoas de várias localidades do país e do estrangeiro para quê?

Uma pequena multidão de circunstantes ouviu discursos repetitivos, enfadonhos, sem essência O que de novo transpareceu deles? Que matérias de interesse nacional foram apreciadas? Que alterações de estatutos, linhas de orientação partidária ou de estruturação interna do partido, foram apresentadas, discutidas e aprovadas? Qual reformulação de doutrina do partido? Que estudos e análises da grave situação socio-económica do país foram presentes à discussão? Que linha de rumo a seguir pelo Governo para a saída da crise? NADA! Absolutamente, NADA!

Aliás, o “pessoal” compareceu munido de um programa que havia de cumprir: estar presente, ver, ouvir, ovacionar, lembrar-se do “casamento” de pessoas do mesmo sexo, iludir-se com a inexplicável regionalização, destemer a eutanásia e… colocar papelinhos nas urnas no derradeiro dia do festival.

Diga-se que a prévia escolha dos participantes é feita consoante a simplória e redutora perspectiva da arregimentação que assegure o cumprimento, sem fífias, do ritual litúrgico consagrado pelas rotinas e conveniências definidas e pranchadas pelo directório do partido. Atendendo ao aspecto circunstancial do evento, nem seria aceitável que aos participantes se lhes exigisse o estudo, a análise e qualquer contribuição intelectual. Cruzes, canhoto!... Está-se mesmo a ver que tudo isso se julgaria ofensivo da comodidade, da liberdade e da euforia de cada filiado… Atentaria contra a igualdade entre todos que se nivelam no plano rasteiro da claque dos apoiantes e idólatras do Chefe. Além de que a falta de cuidados de prevenção poderia comprometer a unanimidade ou o brilho das celebrações festivas; as quais, se querem efectuadas em absoluta fraternidade. E que, sem sombra de dúvida, elas mesmas se tornam presentes como imprescindíveis homenagens aos ilustres chefes maiores, aos esforçados senhores deputados, às esbeltas senhoras secretárias, aos atentos ajudantes, às influentes damas (quais rutilantes estrelas) e, sobretudo e acima de todos, ao grande Chefe do clã partidário.

Segundo o que foi relatado e conforme rezam as ordenações socialistas, no último dia do encontro de Espinho, os “congressistas” elegeram listas dos candidatos a diversos cargos que, escolhidos pelo Chefe e seus colaboradores mais íntimos, já estavam, ipso facto, destacados para a nomeação definitiva. Também, aqui radica a faceta folclórica e grotesca do aberrante expediente, dito democrático, para ingénuo português ver Por esta via de plano inclinado, desconforme aos recomendáveis procedimentos e face à crescente dissolução dos costumes, qualquer dia assistir-se-á, em semelhantes acontecimentos, à exibição, ao vivo, da antiga prova do congresso

Feita esta anotação, vem a propósito referir que congresso é, segundo os dicionários, uma reunião de pessoas para comunicação de trabalhos e troca de ideias; colóquio. Igualmente, reunião de chefes de Estado ou dos seus representantes para tratar de assuntos de carácter internacional ou, ainda, conferência. Em Espinho, naquela assembleia, nada disto se verificou. Chamar congresso a um espectáculo de circo político, mesmo que de grande aparato visual, é inadequado, senão abusivo. Igualmente, desvirtua o sentido democrático que aparenta ter. Pelo menos, revela presunção e mania das grandezas.

O “Congresso do PS” foi, simplesmente, um encontro de pessoas, mais ou menos obcecadas pela obediência ao clã partidário, em que se utilizaram diversas formas de exagerada devoção ao Chefe e várias modalidades de acção louvaminha à socrática figura. Esta, a insofismável realidade factual.

Concluindo, já nem há pachorra para ver nas televisões as maçadoras reportagens de jornalistas machos e fêmeas ávidos de visibilidade pública; para ouvir os pataqueiros eleitorais empenhados em vender a banha de cobra; e para ler as abusivas, hilariantes, obscenas, impertinentes, opiniões dos aletrados basbaques que assentam às mesas dos orçamentos das televisões e de certos órgãos da imprensa nacional.

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Claro que por ali e acolá, nos lugares e nas vias que conhecemos, se vão ouvir os irresponsáveis pregoeiros de serviço a gritarem: SIGA A RUSGA!

Pela nossa parte, impõe-se a interrogação: ATÉ QUANDO?