Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema I - Saraiva ao defender Sócrates estatelou-se… e logo, azarento, no chão…

01 – Presunção e água benta…

É facto conhecido. Ditado antigo e de generalizada aplicação. “Presunção e água benta, cada um toma a que quer” em dosagens variáveis e com natural ou preconcebida disposição. O semanário SOL pretende convencer-se, mais que convencer os leitores, de que não há sábado sem SOL. Inteiro engano. Sou disso testemunho. Passaram várias luas e alguns sábados com total ausência do famigerado semanário no meu espaço…

Daí propormos que a direcção do jornal mude o slogan inscrito no saco plástico que serve de embalagem ao semanário para: Não há SOL sem sábado. Estava mais conforme à realidade, uma vez que ele só desponta naquele dia da semana.

02 – A delicada problemática da imprensa controlada pelos grupos discretos…

Mas já que estamos falando do SOL vem a propósito lembrar a relevante importância dos três órgãos da imprensa que, nas áreas da informação e formação da opinião pública, mais influência exercem junto da sociedade portuguesa. Dois deles, os semanários SOL e Expresso, nas referidas áreas. O terceiro, quinzenário Jornal de Letras, no campo cultural.

E tratando-se de uma actividade jornalística de imenso melindre, potenciadora de consequências várias, benéficas e úteis umas; prejudiciais e lesivas de múltiplos interesses de ordem geral, outras; não é despiciendo enquadrá-la no âmbito da grave conjuntura político-social que atinge Portugal na actualidade.

Nesta perspectiva é preocupante a revelação de José António Saraiva na edição do SOL, de 31 de Janeiro de 2009, que transcrevemos: “Numa reunião com responsáveis do jornal que me questionavam pela diminuta importância que o SOL estava a dar ao tema (*), assumi com tal calor a defesa do primeiro-ministro que a cadeira escorregou e me estatelei no chão” - (o sublinhado é nosso e o tema(*) era o caso do título de engenheiro do cidadão José Sócrates).

Vejamos.

Primeira referência importante que Saraiva deixa escapar e devemos reter: que acima dele estão os responsáveis do jornal que não são mencionados e cujas identidades nem são do conhecimento público. Segunda, que eles o questionam quanto às matérias focadas ou ignoradas pelo jornal. Terceira, que - conforme se subentende - ter-se-á visto de tal modo “apertado” que teve de fazer uma acalorada defesa do primeiro-ministro.

Claro que esta anotação de Saraiva sobre a margem de manobra dos directores dos jornais é escassa e deprimente. Igualmente elucidativa a insinuada amplitude dos graus de dependência a que os directores, as outras chefias e os jornalistas estão submetidos. Assim, José António Saraiva, num desabafo, confirma aquilo que a opinião pública sente relativamente às faltas de liberdade, de isenção, de seriedade e de fiabilidade, perceptíveis nas informações, análises e crónicas de opinião, inseridas nos órgãos da comunicação social com distribuição por todo o país.

Mais sobressai o domínio do poder económico que tudo condiciona, quando não subverte, em benefício dos seus interesses.

Claro que este “deslize” de linguagem em nada constitui novidade para quem conhece a realidade da imprensa portuguesa. Porém, oferece a vantagem de vinda de uma figura de proa da “melhor sociedade” jornalística lisboeta melhor servir a intenção de quantos procuram esclarecer os mais distraídos ou renitentes em aceitar verdades que, pela sua natureza, são indiscutíveis para gente de boa formação moral e de razoável capacidade intelectual.

Atrás, dizíamos que, considerando a gravíssima situação político-social vigente neste país, era preocupante a revelação de José António Saraiva. Pois se pensarmos que não temos em Portugal nenhum periódico - de âmbito nacional - independente e que os dois mais importantes semanários mantém relacionamentos equívocos com as duas poderosas organizações secretas que disputam entre si o domínio do Poder, decerto que, facilmente, notaremos influências perturbadoras no dia-a-dia colectivo. Também se podem conjecturar grandes complicações no devir da nação portuguesa.

Precisando melhor e reportando-nos especificamente a cada um dos jornais antes mencionados, anotamos que o Expresso mais parece um receptáculo das “pranchas” que são trazidas por mãos hábeis de notáveis obreiros desde as lojas até às instalações do palacete S. Francisco de Sales, em Paço d’Arcos. O SOL, com piedoso regalo, situa-se na área da Opus Dei. O Jornal de Letras, prossegue actuações promocionais dos proventos das gentes que praticam os cultos evocatórios de Salomão. Com terríveis consequências para a cultura portuguesa, visto que esta é, pelo jornal, encarada como reserva de caça onde se passeiam os ilustres confrades, com repugnante exclusão dos não aderentes à fraternidade. Um caso para nos interrogarmos: Quantos valores não se terão perdido nos últimos decénios, em desfavor da Cultura devido às obstruções e aos ostracismos impostos pelo quinzenário, cuja imagem de marca é o sectarismo arrogante com que se enfeita a sua política editorial? Arrogando-se a prerrogativa de servir a cultura portuguesa serve-se dela e incentiva, protege e promove a mediocridade, as “capelinhas”, os amigos e os confrades. Eventualmente, disso vai colhendo satisfação fraternal. Quiçá, os factores de subsistência da publicação.

03 – Os calores de Saraiva…

Outro aspecto a referir é que o conceituado director do SOL de vez em quando toma calores a defender políticos. No caso, aqui referido, o primeiro-ministro. O pior é que, nessas ocasiões, se excede nas temperaturas a tal ponto que as cadeiras resvalam e o seu respeitável traseiro fica desguarnecido e zás: Saraiva estatela-se. E como se isso não fosse, per si, um desastre pouco natural dá-se a circunstância que, podendo estatelar-se no ar, ele se estatela… onde? Imaginem que é mesmo no chão que ele fica estendido. São muitos azares juntos. Grande gaita! Quem diria?

A anteceder a revelação, aqui apontada, escrevia Saraiva: Conto a propósito um episódio caricato.

E logo a seguir à narração do episódio acima transcrito, Saraiva acrescentava: “Quando me levantei, comentei para os meus colegas: “Se o Sócrates visse esta cena não acreditava”. Pela nossa parte consideramos a hipótese colocada pelo arquitecto-jornalista (ela, sim!) verdadeiramente caricata e desinfeliz. É que admitir como provável que Sócrates não acreditava naquilo que decorria á sua frente é o mesmo que considerá-lo “cegueta” ou mentecapto. E para quem se esforçara tanto na defesa do governante é, pelo menos, surpreendente desconsiderá-lo desta maneira… Sem deixar de ser grotesco… Ou, então Saraiva bateu com a cabeça no indevido sítio e ficou zonzo… Uma coisa que pode acontecer a qualquer Saraiva do insólito mundo alfacinha

Tema II - Saraiva, “O casal perfeito” e o perfeito escrito

José António Saraiva na revista Tabu, de 31 de Janeiro de 2009, publicou uma crónica titulada pela expressão “O casal perfeito”. Das melhores que lhe conhecemos.

Trata-se de um texto escorreito, bem entretecido e escrito com estilo literário. Realce para a ponderação e sensatez nele expendidas. Considerações bem formuladas, pertinentes e didácticas – com largo alcance social. Leitura mui cativante. Impecável! Bem-haja!

Francamente, gostei! Parabéns!