Leitor,
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Leia!
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SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, março 24, 2009

Ao compasso do tempo…

LOUREIRO, GENERAL, DOS SANTOS

E, TAMBÉM, DOS CANTOS GUERREIROS…

Brasilino Godinho

Há pouco tempo escrevemos uma crónica a chamar a atenção para certa espécie de loureiros. Advertíamos que temos de estar com olho neles. A seguir-lhes as inclinações consoante as variações dos ventos superficiais que sopram entre as máximas e as mínimas pressões nas altas e baixas atmosferas…

Hoje, destacamos um loureiro de outra estirpe que não vai muito acomodado às bonanças climatéricas. É um ser que, por condição formal e tendência informal, se mostra propenso a ir ao encontro dos violentos climas intempestivos geralmente associados às grandes borrascas que deixam os indígenas em transe.

Estamos assim chegando à inquietante conclusão que Portugal se está transformando num perigoso loureiral – um sítio onde abundam loureiros de variadíssimas espécies que não se recomendam à bondade dos nossos corações. Se já tínhamos a praga das folhas dos loureiros, excessivamente utilizadas como condimentos na arte culinária que, segundo afamados médicos nutricionistas, fazem muito mal à saúde, vemo-nos, agora, ameaçados na nossa paz podre e no nosso arrepiante desassossego quotidiano, pelas intervenções de alguns prósperos loureiros que se apresentam desenvoltos e com arreganho no mercado de todas as vaidades e desorientações organotácticas. De facto, do loureiral português transparece uma tremenda confusão de ideias, muitas maldades e uma grande desorganização, focalizadas no domínio das relações nada íntimas de certos loureiros com a comunidade dos seres pensantes, vulgarmente designados por indígenas.

E se há certos exemplares de configuração humanoide que ora falam pelos cotovelos, ora se remetem ao silêncio para não espantarem a caça, outros há que, atrevidotes, um pouco exibicionistas e bem pagos para o serem, não perdem pitada para aparecerem nas televisões e conseguirem duas coisas: a primeira, consiste em se contemplarem a si próprios, mirando, enlevados, o umbigo e divertindo-se com largos sorrisos estampados nos rostos – certamente, antevendo os bons proveitos remuneratórios que depois vão colher à boca das respectivas tesourarias; a segunda, é a de à conta de tudo isso nos chagarem e moerem a paciência.

Vejamos o caso do loureiro de condição militar, bastante famoso, detentor da prerrogativa de, frequentemente, assentar às mesas quadradas, redondas e enviesadas dos telejornais e onde se obstina em debater (se bem compreendemos…) a estratégia que devia ser feita e que alguns agora não apoiam sem ele saber que argumento vão arranjar. Assim, a modos da quadratura do círculo… Afinal, uma dilacerante questão que desimbui a convicção da famosa criatura militar tão afeita à guerra.

Há dias o loureiro de general envergadura, pondo-se na pele de inspirado tratadista de Geometria, foi ao Instituo de Defesa Nacional fazer uma conferência. Melhor seria classificá-la como o lançamento de uma circunferência. Ou, optimizando, a apresentação virtual de um novo processo geométrico, talvez intermédio entre as geometrias analítica, descritiva e euclidiana; o qual, extraordinariamente, admite três círculos que, por artes mágicas e sem recurso às regras científicas, se condensam e transformam na estruturação de um círculo inserido num espaço englobando Portugal, Angola, Brasil e toda a banheira (perdão, bacia) do Atlântico Sul.

Em dada altura repercutiram, pela sala onde teve lugar o sensacional evento, as sonoras palavras do general condizentes a cantos guerreiros, que fustigaram as mentes dos circunstantes e, a posteriori, perturbaram os espíritos de milhentos ausentes.

Loureiro, segundo a versão publicada na imprensa, disse:

“Eu não sei o que vai ser feito, mas espero que Portugal olhe também no ângulo das relações bilaterais e reforce a contribuição no Afeganistão, julgo que nós temos condições para o fazer e estes não são investimentos sem resposta”.

Que tirada grandiloquente! Toda a assistência deve ter estremecido…

Pela nossa parte, começamos por realçar que o general estava com queda para a Geometria. Nesta passagem ele concentrava a sua visão no alvo do ângulo. Intrigante que tenha esquecido o triângulo. Não o das Bermudas, subentenda-se…

Depois, Loureiro não sabe o que vai ser feito. Pesar dele. Satisfação nossa e de milhões de portugueses. No pressuposto que nada se faça em tal sentido.

Ele, criatura muito preocupada com estratégias e tácticas, espera que Portugal olhe no ângulo (…). Era o que nos faltava ouvir. Pois, o general que vá esperando… Sentado, para não se cansar. E para distrair e não morrer de tédio, entretenha-se com boas leituras de peças alheadas das beligerâncias…

Falando de ângulo das relações bilaterais e reforço e contribuição no Afeganistão, porquê a indicação? O general julga que temos condições para o fazer e estes (ou estas?) não são investimentos sem resposta. Está profundamente enganado! Que condições tem Portugal num estado de enorme e crescente endividamento externo e enfrentando uma das maiores crises mundiais jamais sentidas na sua milenária história, para se poder permitir a loucura, o luxo de novo rico e o disparate, de dar contribuições para o Afeganistão ou para qualquer outro país? Em que galáxia vive o general dos santos (sejam eles quais forem e estejam lá onde estiverem) e dos cantos que, não sendo de sereia cativante estão, de certeza, associados aos fantasiosos cantos guerreiros? Estes, nitidamente fora de moda e, de todo, arredados dos superiores interesses de Portugal e das suas gentes. Gentes, assaz oprimidas e exaustas. E, sobretudo, sofredoras e desiludidas com tantas faltas de sensibilidade para com os dolorosos problemas que as afligem, manifestadas por muitos que seria suposto terem maior poder de análise e compreensão.

Para finalizar um reparo: Que investimentos nas guerras dos outros e em distantes paragens têm resposta (útil e não onerosa)? Quais?

LOUREIRO, GENERAL DOS SANTOS E, TAMBÉM, DOS CANTOS GUERREIROS, FECHOU-SE EM COPAS… CLARO!... E ÀS CLARAS…