Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, julho 13, 2009

Estimadas leitoras,
Caros leitores,

De momento, mais liberto das minhas absorventes actividades, retomo os vossos contactos com a maior satisfação.

Apresento-vos mais um texto das SARAIVADAS.
Espero que apreciem a inspiração de Saraiva, sobrelevando o nosso estafante trabalho de compilação e apreciação que, apesar de voluntário e sendo gracioso, se pauta pelo desejo de compartilhar sensações inesperadas sempre ao alcance de quem se debruça sobre as produções arquitectadas pelo famoso arquitecto-jornalista.

Grato pela atenção dispensada.

Com os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema I - O arquitecto Saraiva, que um dia escreveu que sentia prazer em ser enganado, terá, agora, a predilecção de enganar os leitores?

Desde o p. p. mês de Abril que não comprava, nem lia, o semanário SOL da era de José António Saraiva. Neste fim-de-semana comprei um exemplar. Exactamente exemplar das surpresas que, inopinadamente, se nos deparam e são reveladoras de alguma incoerência entre o que se apregoa num dado tempo e que, depois, se contradiz numa prática que aparenta ser de leviano e oportunista expediente.

A surpresa surgiu ao pegar no jornal e ler no cabeçalho: DVD OFERTA e a nota de referência assim expressa: “O Grilo Feliz é o título do filme que hoje distribuímos. O SOL oferece todas as semanas um novo DVD para crianças”. Bonito!... E era este semanário que desde o primeiro número e durante largo período ostentava no cabeçalho a indicação de que não distribuía brindes pelos compradores, exactamente para estabelecer a diferença com os outros periódicos da concorrência. Assinalo o facto como paradigmático de imprudência na afirmação do propósito e de ligeireza no seu abandono – assim se negando e subvertendo a palavra anteriormente dada e confirmada em edições sucessivas. Uma lástima!

Tema IIChifres

Virando a página, quedo-me na rubrica POLÍTICA A SÉRIO, assinada por José António Saraiva, que enferma do pecado original de atribuir seriedade à POLÍTICA A BRINCAR que se pratica em Portugal. Lemo-la com atenção.

Em dado passo, um parágrafo deixou-me estupefacto pela ousadia da afirmação do autor, que transcrevo: “Defendo há muito tempo de que os grandes responsáveis pela falta de credibilidade dos políticos são os próprios políticos”. Onde é que eu já li isto? Perdão! Interrogo-me: Quantas vezes eu escrevi isto? Ademais, “há muito tempo” que acompanho com interesse, certo agrado e algum sentido de humor, as crónicas de José António Saraiva e nunca li algo da sua lavra que corresponda ao que acima transcrevo. O que sempre li, semana após semana, no Expresso e no SOL, foi Saraiva a defender os políticos, especialmente a rapaziada da social-democracia.

Mas outra surpresa estava para surgir mais adiante no corpo do artigo. Essa hilariante. Divertiu-me imenso. Saraiva, escreveu: “As pessoas não podem dispensá-los (os políticos) – mas não depositam a menor confiança neles”. (Fim de citação). Esta ideia de que as pessoas não podem dispensar os políticos merece figurar na antologia do anedotário nacional. Porque é um achado de extraordinária perspicácia, associado a uma profunda, cínica e irónica conclusão analítica. Repare-se no que nela releva de superior visão da escaldante conformação político-social: “mas (as pessoas) não depositam a menor confiança neles”. Bem visto… Mas – desculpe lá, Saraiva - muito mal amanhado…

Mais adiante, num outro parágrafo, o autor aventa a hipótese de que “os políticos estarão a cavar a sepultura da classe a que pertencem”. Aqui, nesta passagem, Saraiva socorre-se de uma figura de estilo, sem qualquer nexo com a realidade previsível – até porque nem haveria cemitério apropriado para o enterramento de tão pestilenta espécie

Quase a terminar a crónica chifruda, o arquitecto-jornalista Saraiva em jeito de apoteose numa praça de touros, remata com uma estocada monumental que levantaria o público numa estrondosa vaia: “Os chifres feitos pelo ministro da Economia não tinham importância nenhuma”. Exactamente por o ministro ser mau fabricante de chifres é que ele teve de dar o fora do ministério. Não obstante, os chifres, mesmo de má configuração, tiveram enorme importância – ao contrário do que pensa Saraiva que, nestas coisas relacionadas com chifres e políticos tem, por via de regra, a visão distorcida

Uma última nota dos ‘descuidos’ de Saraiva: na fotografia que encima o texto a respectiva legenda começa com uma infeliz expressão: “Os chifres do ministro (…)” que se presta à confusão entre “chifres feitos pelo ministro” e os “chifres do ministro”. Convenhamos, que são coisas diferentes; como diferentes serão os respectivos sentidos. Um deles, por sinal, muitíssimo melindroso