Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, junho 27, 2012


A LÍNGUA PORTUGUESA
ESTÁ EM PERIGO!
Prossegue a sanha contra ela!
Quem lhe acode?

A escritora  Teolinda Gersão  escreveu e publicou, recentemente, um texto de oportuna condenação da política de abandono e destruição da Língua Portuguesa; a qual, vem sendo prosseguida por irresponsáveis governantes.
A crítica está focada num aspecto maquiavélico: o da criação, pelos ilustres autores da nova gramática, com a aquiescência e manifesto apoio do ministério da tutela, de mecanismos, metodologias e complicações morfosintácticas, tendentes a provocar nos estudantes a repulsa pelo estudo e uso da língua pátria. Estamos vendo os diabólicos e substantivos resultados a que conduz este preconcebido atentado á Língua Portuguesa.
Há que tomar urgentes providências contra esta calamidade nacional.
A seguir, com a devida vénia, transcrevemos a referida peça escrita.
(Esta precedente nota foi escrita sem aplicação do novo Acordo Ortográfico)
Brasilino Godinho

Introdução e texto de Teolinda Gersão
«Tempo de exames no secundário, os meus netos pedem-me ajuda para estudar português. Divertimo-nos imenso, confesso. E eu acabei por escrever a redacção que eles gostariam de escrever. As palavras são minhas, mas as ideias são todas deles. Aqui ficam, e espero que vocês também se divirtam. E depois de rirmos espero que nós, adultos, façamos alguma coisa para libertar as crianças disto.

 
Redacção
Declaração de Amor à Língua Portuguesa

Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito.”O Quim está na retrete” : “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.

No ano passado havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”. Julgávamos que era o simplex a funcionar: Pronto, é tudo “complemento oblíquo”, já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum,o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo, há verbos de estado e verbos de evento,e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados, almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser: Algumas árvores secaram, ”algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.

No ano passado se disséssemos “O Zé não foi ao Porto”, era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa.

No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela”, o sujeito de “abriu a janela” era ela, subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?

A professora também anda aflita. Pelo vistos no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português,que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo, o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer, dão um trabalhão e depois não servem para nada, é sempre a mesma tralha, para não dizer outra palavra (a começar por t, com 6 letras e a acabar em “ampa”, isso mesmo, claro.)

Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no jardim. Ou : a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens,ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero. E pronto, que se lixe, acabei a redacção - agora parece que se escreve redação.O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.

E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.

João Abelhudo, 8º ano, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática.»

 

sábado, junho 23, 2012


Prezadas leitoras,
Caros leitores,
Em anexo, vai o retrato do País feito pelo consagrado industrial e respeitado político Henrique Neto.
Pelos vistos, não sou o único retratista. Todavia, o retrato da minha autoria está feito há muito tempo. E tem tido edições e retoques sucessivos ao longo dos últimos anos.
Leiam! Porque é uma peça séria e elucidativa.
Com um abraço do
Brasilino Godinho

O retrato do País
Produzido com lucidez e invulgar precisão e rigor.
Através do correio electrónico recebemos o notável documento publicado na edição de hoje (23 de Junho de 2012) do diário i; o qual, transcrevemos na íntegra.
Brasilino Godinho

Henrique Neto:
“A maçonaria corrompe o PS e a democracia com alianças secretas”
Diz que Salazar dá por certo voltas no caixão quando hoje fazemos concessões à estratégia de Madrid. E revolta-se quando recorda que aceitámos destruir a nossa pesca e a nossa agricultura. Acusa a maçonaria de corromper o PS e a democracia com alianças secretas e planos de poder que atropelam os interesses do país. Deste governo, Henrique Neto diz que mantém aquilo que caracterizou os anteriores, a falta de estratégia e a defesa dos interesses das grandes empresas de serviços e bens não transaccionáveis, contra os interesses das empresas que poderiam tornar Portugal competitivo na economia moderna se houvesse incentivo à exportação.
Qual é a sua opinião sobre o novo Código do Trabalho?
Sempre considerei desnecessária a preocupação permanente dos empresários e das associações empresariais com o Código do Trabalho. O código não é o problema principal da economia portuguesa. Os problemas da economia portuguesa são outros e a obsessão excessiva com o Código do Trabalho acaba por desviar os empresários daquilo que é essencial. O distrito de Leiria, que nunca se preocupou muito com isso, tem hoje uma economia que está em muito melhor estado que a média do país, uma economia em que o crescimento da exportação é o dobro da média nacional, o desemprego é muito menor, o saldo da balança comercial é positivo, é um dos poucos distritos do país – o outro é Aveiro – que têm há já muitos anos um saldo da balança comercial positivo, o que corresponde ao grande objectivo nacional, e regista um número superior de empresas criadas que de empresas a fechar. O distrito de Leiria tem portanto na economia do país uma posição de liderança e o Código do Trabalho nunca foi ali uma obsessão dos empresários.
Que problemas são essenciais?
Por exemplo: os custos dos serviços que os empresários compram, nomeadamente ao sector de bens não transaccionáveis, que são os grupos económicos que estão no mercado interno, sejam serviços financeiros, sejam telecomunicações, energia, etc. – um sector que tem sido privilegiado pelo Estado. Esses custos são para os empresários, nomeadamente os exportadores, mais pesados e mais importantes que os problemas ligados ao Código do Trabalho. O banco de horas, que é uma das ferramentas agora introduzidas, já era praticado por algumas empresas do distrito de Leiria, nomeadamente na minha, há uns dez ou doze anos.
Porquê?
Porque havia diálogo com os trabalhadores, que perceberam que aquilo era bom para a empresa e não era mau para eles, porque lhes permitia juntar fins- -de-semana maiores, ter umas férias ou receber o dinheiro no caso de trabalharem horas que depois não eram compensadas com horas num prazo de três meses. As leis do trabalho nunca foram aquele papão que muita gente – políticos e associações empresariais – aponta.
Essa obsessão é contraproducente?
Ao fixarem-se muito nessa questão das leis do trabalho, os governos acabam por menosprezar os factores mais relevantes, que podiam fazer crescer e dinamizar a economia portuguesa.
Que factores?
Por exemplo, a formação dos recursos humanos, mas também a exportação, o financiamento adequado das empresas, a organização judicial, a atracção de investimento estrangeiro – que é mal feita ou não é sequer feita, a promoção dos produtos portugueses no estrangeiro – com uma estratégia que defina onde promover, que é uma questão muito importante. Quando se fixam nas leis do trabalho, os governos acabam por menosprezar coisas muito mais importantes. Ou até a logística, que é um dos grandes problemas da economia portuguesa. Os governos têm ignorado aquilo que realmente poderia empurrar a economia portuguesa para o crescimento.
Dificultando assim a vida aos empresários dos sectores mais dinâmicos e mais modernos da economia, sim?
A insistência do governo nas leis do trabalho acaba por reforçar a parte da economia mais tradicional, mais conservadora, aquela que provavelmente vai desaparecer, aquela que vê na mão-de-obra a única salvação, sem perceber que não conduz a nada.
Voltemos aos problemas da economia portuguesa. Quais são?
O problema maior são os custos dos transportes, da burocracia, da energia e das telecomunicações – aquilo que se chamou “custos de contexto”, na versão de Miguel Cadilhe. Em segundo lugar, a logística – fizemos auto-estradas, gastámos dinheiro que não tínhamos em auto--estradas, e esquecemos o transporte marítimo e ferroviário. Ora seria o transporte marítimo e ferroviário que poderia cortar muitos dos custos e pôr Portugal numa melhor situação, aumentando a rapidez na exportação. Em terceiro lugar, a justiça – ter uma justiça rápida é essencial. E ter financiamento, nomeadamente um financiamento às encomendas que as empresas têm, porque acontece as empresas terem encomendas e não terem dinheiro para lhes dar resposta – um financiamento que já foi feito por Miguel Cadilhe, quando foi ministro, com grandes resultados.
Não seria de desejar uma articulação mais profunda entre as empresas e a universidade?
Claro que a ligação à universidade deveria ter sido muito mais promovida. Tem havido uma insistência nos doutoramentos feitos à revelia das empresas, nomeadamente, mais uma vez, das empresas dos sectores de bens transaccionáveis. No período do governo do professor Cavaco Silva desprezaram-se as pescas e a agricultura, foram promovidos processos de desindustrialização – nomeadamente na área da metalomecânica pesada. Tudo isto são erros, pois uma economia para se desenvolver tem de ser forte em todos os seus sectores, não apenas nos serviços. Deveríamos ter aberto o leque da oferta portuguesa, nomeadamente no sector alimentar – reduzir a dependência do exterior, que tem efeitos mortais, em especial num período como o actual.
Sem que tenha sido incentivada a exportação, sim?
Esse é outro grande problema. Portugal é o único pequeno e médio país da União Europeia que tem uma estrutura económica própria dos grandes países. Os grandes países como a Alemanha, a Espanha, a Polónia, a França, a Itália, têm uma economia em que as exportações representam cerca de 30% a 40% do PIB. Os países pequenos, como a Irlanda, a Holanda, a Dinamarca, a Áustria, a República Checa, a Eslováquia, têm exportações que se situam entre 55% e 85% do PIB. E é natural que assim seja, visto que têm pequenos mercados internos e, para rentabilizar aquilo que fazem, têm de conquistar mercados maiores, e portanto têm de exportar, senão não têm desenvolvimento. As exportações de Portugal representam 32% do PIB – ou seja, temos um nível de exportações semelhante ao da Espanha ou da Alemanha, como se tivéssemos um grande mercado interno. Há que ter consciência de que menos de 60% não vai permitir que haja emprego em Portugal.
Como conseguir isso, na situação em que estamos?
Há que dialogar com os empresários. Em Portugal não existe um diálogo dos governos com os empresários portugueses. O governo privilegia aquelas grandes empresas que precisamente fazem os custos mais elevados – a EDP, a GALP, a PT, etc. –, que são os sectores parasitas da economia portuguesa, os sectores de bens não transaccionáveis, quando os governos deveriam ter, já há muitos anos, dado prioridade absoluta aos bens transaccionáveis. E há que ter uma logística eficiente – só o porto de Sines, se fosse bem capacitado, poderia ser um grande factor de atracção do investimento estrangeiro e de grandes empresas, que chamo integradoras – a Autoeuropa é uma empresa integradora, pois compra componentes que vêm dos EUA, da China, de Portugal, da Espanha, da Alemanha, que são montados ali em Palmela, exportando em seguida os carros para a China, os EUA, etc. A forma, a rapidez e os custos do que chega e a rapidez com que isso chega aos mercados de destino nos outros continentes e ao centro da Europa é essencial hoje, numa economia moderna. A Autoeuropa está a exportar bem para a China e os EUA porque tem um porto quase privativo e os navios chegam ali quando eles querem.
Não está assegurado o escoamento da produção das empresas portuguesas?
Os navios não param cá. Só param quando têm uma carga inteira e isso só acontece uma vez por mês para os EUA, uma ou duas vezes por mês para a China, e as pessoas não podem ficar à espera um mês que o barco pare aqui. O porto de Sines não foi feito com a dimensão necessária. Os barcos na última década cresceram e transportam agora 12 mil contentores, estão em construção barcos para transportar 18 mil contentores, barcos que precisam, para descarregar, de portos muito especiais, que têm de ser muito rápidos e têm de dispor de um espaço muito grande de armazenamento. Descarregam tudo e outros navios pequenos encarregam-se de distribuir as mercadorias por outros pontos da Europa. Os espanhóis desenvolveram isso em Algeciras, os marroquinos criaram um porto em Tânger, e hoje esses grandes navios, que podiam vir aqui descarregar e carregar, vão para Valência, Algeciras e Tânger-Med. Portugal tem a melhor posição, eles levam mais meio dia de viagem para lá chegar, mas Portugal não tem um porto à altura. Se tivéssemos esses navios a parar aqui regularmente, isso seria uma grande fonte de atracção de investimento estrangeiro.
O actual governo tem uma estratégia?
O principal problema é que os governos não têm tido uma estratégia. E este governo não tem uma estratégia. Podemos dizer que os governos de Mário Soares tinham uma estratégia, se chamarmos estratégia à decisão de entrar na União Europeia e aderir ao euro. Depois disso nunca mais houve nenhuma estratégia. Muito bem, entrámos na UE. E depois? Transformámos Portugal naquilo a que chamamos o “bom aluno”. Tínhamos tido um certo êxito económico nos anos 60 e 70, com a entrada de Portugal na EFTA, o que levou muitas empresas internacionais a fixarem-se em Portugal. Na altura tinham um incentivo, que eram os baixos custos de mão-de-obra. A partir da entrada da China no mercado mundial, teríamos de ter encontrado novas vantagens.
E que tipo de vantagem devia ter sido procurada?
Aquilo a que chamo uma estratégia euro-atlântica: estarmos em Portugal, sermos um país europeu, interessado nos mercados europeus, mas ao mesmo tempo um país atlântico, virado para o mar. Daí Sines, daí os portos. E seria essa a nossa vantagem competitiva – sermos um país europeu, mas termos a melhor posição geográfica e logística para nos relacionarmos com os outros continentes. Um porto de dimensão moderna daria continuidade e razão de ser ao investimento estrangeiro que foi a nossa safa nos anos 60 e 70. À medida que a China ia ganhando mercado na Europa e no mundo inteiro, era evidente que o factor mão--de-obra teria de ser substituído por outro. Faltou a estratégia de ligação aos outros continentes.
O que no fundo fora a nossa estratégia durante séculos, não?
Pelos menos ao longo de seis séculos. Éramos um país europeu, mas já tínhamos problemas nos séculos xiv, xv e xvi, porque tínhamos uma economia menos agrária e menos desenvolvida que os outros países. Virámo-nos para o Atlântico porque era uma vocação natural – para África, o Oriente, a América do Sul, os Estados Unidos.
Vê neste governo essa falta de estratégia?
O actual governo mantém a falta de visão estratégica. O maior erro estratégico português do pós-25 de Abril foi cometido por Durão Barroso, então primeiro-ministro, com o acordo que assinou em 2003 com os espanhóis na Figueira da Foz, que sancionava a construção do TGV. Uma decisão trágica, pois foi contra séculos de história portuguesa. Recentemente o primeiro-ministro anunciou ao país a intenção de fazer uma linha ferroviária de bitola europeia de Sines até Badajoz. No dia seguinte o “Público” escrevia que isto é impossível, pois em Espanha só há bitola europeia de mercadorias a partir de Barcelona. Entre Badajoz e Barcelona não há nenhuma linha férrea.
Ou seja, estamos a aceitar que Lisboa entregue a Madrid a nossa ligação à Europa?
Isto é tão estúpido e tão absurdo que revela a falta de estratégia de qualquer governo. Durante oito séculos, os nossos dirigentes tudo fizeram para não reforçar o poder de Madrid, tirando até partido da dificuldade de Castela em amarrar as autonomias ao poder central de Madrid. Nunca negociámos com Espanha, fora raras excepções, como Tordesilhas. Negociávamos com o Vaticano, a Inglaterra, a França, a Holanda, mas nunca com a Espanha. O que era compreensível, pois queríamos estar defendidos com alianças com outros mais fortes que nós. E os nossos antepassados mantiveram essa coerência quando chegou a hora do caminho-de-ferro – fizeram uma linha entre o Porto e Lisboa, de Lisboa para o Sul, e a linha para Irún e depois Paris. Nunca por Castela. Espanha utiliza a logística para dominar as autonomias: através das ligações a Sevilha, Barcelona, Bilbao, Vigo – nem todas terminadas. E nós, em vez de furar isto e fugir a esta estratégia espanhola de centralização logística, aceitámos. E agora vem Passos Coelho e defende uma linha ferroviária de bitola europeia para mercadorias para Madrid.
E há a electricidade francesa, mais barata que a espanhola, que poderíamos ir buscar.
Embarcámos no Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL). Os espanhóis insistiram, na Figueira da Foz e depois disso, que ligássemos a nossa rede eléctrica à Espanha. E a REN anda a gastar milhões a fazer linhas para a fronteira, quando não devia fazê-las. Mas está a gastar milhões para ligar a Espanha, para os espanhóis nos venderem electricidade. Mas os espanhóis não fizeram nem uma linha de ligação a França, pois a electricidade em França é mais barata e a partir do momento em que a electricidade francesa pudesse entrar em Espanha também entrava em Portugal mais barata. Os espanhóis têm uma estratégia clara e coerente, nós não temos estratégia e em tudo vamos atrás daquilo que nos impingem.
A inércia e o seguidismo é consequência do provincianismo a que nos remeteu o salazarismo?
Um provincianismo não seguidista – Salazar nunca seguiu ninguém, o salazarismo não pecou por falta de estratégia. Salazar usava uns contra os outros. Ajudou Franco a chegar ao poder para travar a Alemanha nazi – tendo aqui ao lado um governo amigo dos alemães, estávamos protegidos. Mas nunca deixou de atender aos ingleses e junto dos ingleses defendeu os espanhóis, pois os ingleses tinham--se batido contra o regime de Franco. Vendia volfrâmio aos alemães e aos ingleses, em quantidades que combinou com as duas partes. Depois quando os americanos entraram na guerra, para conter os espanhóis, cedeu os Açores e aliou-se aos EUA. Acabada a guerra, entrou na NATO e fez tudo, junto da Inglaterra e dos EUA, para que a Espanha entrasse, pois a Espanha dentro da NATO era menos perigosa. Hoje não é com exércitos que se defendem interesses e se conquista poder – é economicamente, através da logística, do acesso às fontes de energia. Salazar dá voltas no caixão quando hoje fazemos concessões à estratégia de Madrid.
Durante o governo de José Sócrates denunciou técnicas da maçonaria que, no seu entender, abafavam, no PS, os processos democráticos. O PS mudou desde então?
Técnicas maçónicas, usadas por maçónicos. A maçonaria tem uma grande importância no PS. A maçonaria tem essa diferença em relação ao país – a maçonaria tem e sempre teve uma estratégia, uma estratégia de poder. Não o poder como instituição, mas o poder para os membros da maçonaria. Hoje o poder é poder económico. E como o secretismo é uma vantagem, é fácil aos maçons controlarem deliberações, grupos de decisão. Tenho experiência de quando estava no parlamento. Numa comissão de inquérito, se quatro ou cinco das 20 pessoas são da maçonaria, os outros votam de acordo com a sua visão e eles decidem todos juntos a nomeação de alguém, numa instituição, num concurso público, e a maçonaria tem vantagem.
E quando estão em partidos diferentes?
Agora nesta polémica recente com as secretas, verificou-se que três dos cinco líderes parlamentares são da maçonaria. Quando foram escolhidos, não foi a maçonaria que enviou uma carta a mandar que fosse escolhido aquele senhor, mas foram as pessoas da maçonaria que estavam no grupo parlamentar que foram empurrando os seus correligionários.
Se os temos em diferentes partidos, há maior risco de serem tomadas decisões contra os interesses do Estado?
Estes problemas da energia, os custos da energia, uma pessoa como o António Mexia, ou o Jorge Coelho, ou o Relvas – têm todos ligações à maçonaria. Sabemos que há grupos de interesses. A Ongoing estava a organizar o seu grupo de interesses, de certo modo estava a copiar o grupo BES, que tem isso já mais organizado na parte mais privada da economia, tem uma organização muito eficiente. Manuel Pinho é um homem do BES, o Durão Barroso era um homem próximo do BES, que lhe pagou os estudos nos EUA. Ao Manuel Pinho não pagaram os estudos, mas pagou a EDP, que o Manuel Pinho tinha apoiado e onde o BES tem bastante poder, como na PT – o presidente da PT é um protegido do grupo BES há 30 ou 40 anos. É louvável proteger e dar educação a uma família pobre, mas tudo isto cria uma malha que depois desvirtua o método democrático. Miguel Frasquilho, vice-presidente da área de Economia do grupo parlamentar do PSD, é um homem do BES. Sócrates foi muito apoiado pelo BES, disseram bem do governo, Ricardo Salgado nunca negou elogios a Sócrates. Mais – os banqueiros, no seu conjunto, BCP, BPI, Santander, não foram mais cedo apontar a faca ao peito de Sócrates para ele pedir ajuda porque Ricardo Salgado lhes pediu, na sede da associação dos bancos, que não o fizessem. A Ongoing saiu do nada e sabia que tinha de criar a sua rede de influências. Eles ajudavam Sócrates com a TVI e o governo ajudava-os nos créditos do BES e da CGD. A nenhum português um banco emprestaria 500 milhões de euros como emprestaram à Ongoing.
Com resultados perversos para a democracia, não?
Um é perfeitamente evidente: o enfraquecimento daquilo que nas sociedades modernas é muito importante – a sociedade civil e as lideranças da sociedade civil. Os líderes da sociedade civil são capturados por esses interesses. Veja o exemplo do actual presidente da EDP, Eduardo Catroga. É um homem com qualidade, é um líder de opinião, e não temos tantos como isso. Antes de o governo actual ter sido eleito e mesmo depois, antes de ter sido nomeado para presidente da EDP, Catroga era dos críticos mais ferozes e mais contundentes da questão das rendas excessivas – na energia, PPP. A partir do momento em que passa a ser presidente da EDP, justifica, das maneiras mais absurdas, as rendas excessivas. Se pensarmos que isto acontece com um, dois, três, dez destes líderes – e acontece com as pessoas que estão nos mais diversos cargos na CGD, na GALP, na EDP, na REN, etc. –, há muito poucas que permanecem independentes, que não se vendem.
Nota de rodapé de Brasilino Godinho: “Se pensarmos que isto acontece com(…)  rapaziada de tão fino quilate… pensamos que se nos apresenta uma pescadinha de rabo na boca… - demasiado intragável para o paladar e nutrição do desgraçado, esfomeado e exânime Zé-Povinho.

segunda-feira, junho 11, 2012



Incrível!
Diabólico!
O abuso e a perversão
a que o governo
e eles chegaram…
Até já exploram a beneficência
e as ajudas aos aflitos e carenciados.
Através da Internet recebemos a informação com o  seguinte título: “Quem não sabe ser caixeiro, fecha a loja”.  
Nossa observação: Mas o Governo e eles “sabem”; porém, não fecham a loja… do descaramento.
Nossas sugestões: O governo que se redima da maldade praticada fazendo reverter a totalidade do IVA cobrado para as instituições de assistência social. Os hipermercados que repartam partes das margens de lucros em benefício das instituições que fornecem abrigo e refeições gratuitas a muitas pessoas que a elas recorrem para conseguir algum agasalho e para mitigar a fome.
A seguir, transcrevemos na íntegra a peça recebida na nossa caixa de correio electrónico.
Brasilino Godinho

Programa de luta contra a fome.
Nada é o que parece.
Ora vê:
Decorreu este fim de semana mais uma ação, louvável, do programa da luta contra a fome, mas....façam o vosso juízo!
A Recolha em hipermercados, segundo os telejornais,cifrou-se em 2.644 toneladas !
Ou seja 2.644.000 Kilos.
Se cada pessoa adquiriu no hipermercado 1 produto para doar e se esse produto custou, digamos, € 0.50 (cinquenta cêntimos), repara que:
2.644.000 kg x 0,50 € dá 1.322.000 € (1 milhão, trezentos e vinte e dois mil euros), total do que as pessoas pagaram nas caixas dos hipermercados.
Quanto ganham???:
o estado 304.000 €(23% iva)
o hipermercado 396.600 € (margem de lucro de cerca de 30%).
Nunca tinhas reparado, tal como eu, quem mais engorda com estas campanhas...
Devo dizer que não deixo de louvar a ação da recolha e o meu respeito pelos milhares de voluntários.
MAIS....
É triste, mas é bom saber...
-Porque é que os madeirenses receberam 2 milhões de Euros da solidariedade nacional, quando o que foi doado eram 2 milhões e 880 mil?
Querem saber para onde foi esta "pequena" parcela de 880.000 € ?
A campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira através de chamadas telefónicas é um insulto à boa-fé da gente generosa e um assalto à mão-armada.
Pelas televisões a promoção rezava assim:
Preço da chamada 0,60 + IVA.
São 0,72 no total.
O que por má-fé não se diz é que o donativo que deverá chegar (?) ao
beneficiário madeirense é de apenas 0,50.
Assim oferecemos € 0,50 a quem carece, mas cobram-nos € 0,72, mais €0,22 ou seja 30 %.
Quem ficou com esta diferença?
1º - a PT com € 0,10 (17 %) isto é a diferença dos 50 para os 60.
2º - o Estado € 0,12 (20 %) referente ao IVA sobre 0,60.
Numa campanha de solidariedade, a aplicação de uma margem de lucro pela PT e da incidência do IVA pelo Estado são o retrato da baixa moral a que tudo isto chegou.
A RTP anunciou com imensa satisfação que o montante doado já atingiu os 2.000.000 de euros.Esqueceu-se de dizer que os generosos pagaram mais 44 % ou seja mais
880.000 euros divididos entre a PT (400.000 para a ajuda dos salários dos administradores) e o Estado (480.000 para ajuda ao reequilíbrio das contas públicas e aos trafulhas que por lá andam).A PT cobra comissão de quase 20 % num acto de solidariedade!!! O Estado faz incidir IVA sobre um produto da mais pura generosidade!!!
ISTO É UMA TOTAL FALTA DE VERGONHA, SOB A CAPA DA SOLIDARIEDADE. É BOM QUE O POVO SAIBA QUE ATÉ NA CONFIANÇA SOMOS ROUBADOS.
ISTO É UM TRISTE ESBULHO À BOLSA E AO ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE DO POVO PORTUGUÊS!!!

Pelo menos. DENUNCIA!"

domingo, junho 10, 2012



AVISO 
À NAVEGAÇÃO INTERNAUTA

Brasilino Godinho informa, com carácter definitivo, os leitores do seguinte: na elaboração de qualquer das suas peças escritas não é aplicado o normativo estabelecido pelo recente, desadequado, apócrifo, disparatado, inconveniente, desvalorizador, Acordo Ortográfico.


Cuidado com os coelhos domésticos
da lusa subespécie política…

Por: Brasilino Godinho

Quando falamos dos coelhos devemos lembrar-nos do que aconteceu na Austrália.
No século passado alguém teve a ideia de levar para aquele país da Oceânia um casal de coelhos. O que parecia ser uma decisão com restrito benefício económico para um agregado familiar, transformou-se numa praga maldita; visto que houve uma extraordinária multiplicação dos mamíferos roedores que, num ápice, se espalharam por todo o vasto território australiano ao ponto de constituírem um sério problema ambiental e uma ameaça para a estabilidade económica.
Em Portugal, apesar da confrangedora penitência de termos de conviver com alguns espécimes que são demasiado intervenientes nos diversos sectores mais sensíveis da nação e, que por isso, se tornam inconvenientes ou danosos para o meio ambiente em que se movimenta o vulgar indígena, não temos uma situação idêntica à da Austrália, embora corramos o risco de, a qualquer momento, se dar uma incontrolável propagação dos coelhos de específicos e malquistos matizes e de pouco recomendáveis naturezas organolépticas.
Mas para já e nesta pior emergência nacional, temo-nos defrontado com graves crises e situações provocadas pelo predomínio de coelhos domésticos, da subespécie política, que, a largos passos, vêm provocando grandes razias no tecido social do país.
Ainda hoje tivemos um reflexo disso ao lermos as declarações do senhor bispo D. Januário Torgal que disse ser vítima de um linchamento de proveniência coelhal.
E a propósito, é oportuno trazer à colação a referência a dois coelhos da nossa subespécie política: o coelho de cor rosa (Jorge) e o coelho de cor laranja (Pedro de Passos) que, não obstante a diferença das cores, mas, certamente, por igual conformação genética, têm reacções semelhantes. Enquanto o coelho rosa fez o pré-aviso de que “quem se mete com o PS leva…” (porrada, subentenda-se); o coelho alaranjado, já se expressando num superior estádio de intrínseca evolução negativa, caracterizado por uma maior regressão civilizacional, é mais imprevisível, muito repentista, bastante contumaz e excessivamente destrutivo. Daí que agrida, violente, empobreça e encaminhe para a morte - não lenta, mas acelerada - toda a classe média, o maior número dos funcionários públicos e todos os pensionistas a quem vai retirando os meios de subsistência e de tratamento das doenças próprias da terceira idade. O que ainda não sabíamos era que a referida criatura que se acomoda na requintada lura do Palácio de S. Bento, sito em Lisboa, também, se levava ao extremo de até linchar os príncipes da Igreja, que não seguem devotamente a cartilha doutrinal da coelhal figura…
Deste dramático quadro de fraquezas animais há que extrair a conclusão seguinte: devemos estar em guarda face à mui terrível, à muito tétrica e à imensamente tóxica, coelhada política que, descontrolada, sem rei nem roque, anda por aí à solta…
Nota: Neste texto não foram aplicadas as regras estabelecidas pelo recente Acordo Ortográfico.


Brasilino Godinho, com a devida vénia,

transcreve o texto que recebeu através da Internet

 

D. Januário Torgal:

“Estou a ser vítima

de um linchamento”

Por Rosa Ramos, publicado em 9 Jun 2012 - 03:10
O Bispo das Forças Armadas diz--se vítima de um “linchamento público” devido a ter criticado, na última quarta-feira, o primeiro-ministro.
Em declarações ao i, D. Januário Torgal garante serem “falsas” as notícias de ontem, que deram conta de que ganha quase 4500 euros por mês – ordenado superior ao de um deputado e o equivalente a nove salários mínimos nacionais. “É totalmente falso. Ganho pouco mais de 2500 euros”, garante o bispo, acrescentando que “metade” da sua reforma vai para o Estado. “Depois de uma vida inteira a trabalhar, praticamente metade do que ganho vai para o Estado, que depois não sabe gerir esse dinheiro: vai para espiões e para empresas privadas”, critica.
O bispo garante ainda que uma reforma de 2500 euros “depois de décadas de trabalho” não “é nenhuma fortuna” e que a maior parte da pensão que aufere diz respeito aos anos em que foi professor assistente e regente na Faculdade de Letras do Porto. “Fui professor desde Fevereiro de 1971 e até 1989. Saí quando entrei para as Forças Armadas”, explica. Ontem, o “Correio da Manhã” adiantava que, além da reforma, D. Januário Torgal tem também direito a um conjunto de regalias – como um gabinete de apoio, carro, motorista, secretária e telemóvel. “O que também é completamente falso”, assegura o bispo. “Quando pedi a reforma, há quatro anos, abdiquei de tudo isso e nunca tive, sequer, secretária ou motorista”, diz, acrescentando: “E não sou nenhum herói por abdicar dessas regalias. Fiz aquilo que qualquer cidadão deve fazer.”
“Linchamento” O bispo das Forças Armadas atribui a polémica aos comentários que fez, na passada quarta-feira, às declarações de Passos Coelho – que, no balanço de um ano de governo, agradeceu a paciência dos portugueses em tempos de austeridade. “É evidente que não posso deixar de associar uma coisa à outra. É uma tentativa de linchamento da minha vida privada”, considera o bispo. “Só lamento que o governo não me tenha respondido às críticas, que eram dirigidas não ao salário do primeiro-ministro ou à sua vida pessoal, mas sim à sua atitude perante os portugueses”, remata.
Na quarta-feira, o bispo das Forças Armadas disse, em entrevista à TSF, que Portugal, neste momento, “não tem governo”. “E no fim ainda aparece um senhor, que pelos vistos ocupa as funções de primeiro-ministro, dizendo um obrigado à profunda resignação de um povo dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico. Conclusão: parecia que estava a ouvir o discurso de uma certa pessoa há 50 anos”, referiu. E acrescentou: “Apetecia-me dizer: vamos todos para a rua. Não vamos fazer tumultos, vamos fazer democracia.”

sexta-feira, junho 08, 2012


.Um despudorado abuso de confiança
Comentado por Brasilino Godinho

Transmitida por via da Internet recebemos a notícia que, com a devida vénia, transcrevemos:

Declaração  de Gaspar: Portugal está "grato" pela ajuda externa
Económico  
08/06/12 12:47
O ministro das Finanças português disse hoje em Copenhaga que o País está agradecido por beneficiar do resgate externo.
Ao falar num evento no Institute of International Finance, em Copenhaga, Vítor Gaspar disse que Portugal está "grato" por beneficiar de um programa de ajustamento que ajudará o País a recuperar credibilidade e confiança em relação à sua economia.

Face a tão insólita afirmação de Victor Gaspar, ministro das Finanças do governo português, surge-nos a inevitável pergunta: que autoridade tem ou quem passou procuração a sua excelência para falar em nome de Portugal e, assim, envolver abusivamente o sentir de milhões de portugueses?
Não lhe bastaria atribuir a si próprio e ao executivo que integra o benefício (?) desse agradecimento?
Para além disso, que mínimo crédito conceder a uma hipotética ideia de “credibilidade e confiança em relação à economia”? A qual é, todos os dias, desmentida pela deprimente situação da esmagadora maioria de portugueses decorrente da evolução dos nefastos resultados da política governamental. E sendo uma simplista e inacreditável conjectura é, também, persistentemente contraditada, a nível externo, pelas indesmentíveis reservas e negativas apreciações dos mercados internacionais.
Portanto, definitivamente, assentemos nos fundamentais dados de rigor, de exigência, de transparência, de objectividade, de ética e de competência, inerentes à administração pública.
Exige-se aos governantes que tenham tento na língua e seriedade nas atitudes que assumem quando no exercício das suas funções.
Haja sentido de responsabilidade e… pudor.
E por aqui, ora ficamos…



A GRANDE REVELAÇÃO:
ISALTINO QUER COMBATER,
DISCRETAMENTE, A CORRUPÇÃO…
Por: Brasilino Godinho

A notícia:
O Diário Digital, edição de hoje, quinta-feira, dia 7 de Junho de 2012, traz-nos a informação de que o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, dr. Isaltino Morais, em discurso proferido no decorrer da solene cerimónia comemorativa do dia da cidade - e para além de criticar o Governo pelo «ataque» que desenvolve ao poder local - acusou a Associação Nacional de Municípios de ser «domesticada» e de não corar de vergonha pelos sacrifícios que são impostos às autarquias.

Mas foi mais longe e, desenvolto, não esteve com meias medidas ao colocar a cereja sobre o bolo: condenou o combate à corrupção na praça pública.

Nota importante a referir é que “no mês passado, o Ministério Público de Oeiras considerou prescrito o procedimento criminal contra o presidente da Câmara de Oeiras pelo crime de corrupção passiva para acto ilícito, pelo que arquivou o inquérito”.

 

O comentário de Brasilino Godinho


Isaltino - o famoso político de levar água ao moinho autárquico da terra oeirense; o intocável condenado em sede de tribunal de Oeiras, que acumula no acervo das suas ignotas riquezas a invulgar condição de extraordinário especialista na complicada arte de arrancamento de sucessivas prescrições das sentenças judiciais a que é sujeito; modalidade artística só acessível a verdadeiros e bem nutridos artistas – sem dizer água vai, e logo deixando a malta aparvalhada, a que se lhe seguiu um patético estado de choque (mas conservando-se impávido e algo nervoso), proclamou urbi et orbi, como se fora um papa caseiro, que reprova, censura e até condena, o combate à corrupção em «praça pública».

Este é um insólito caso isaltinado. No entanto a justificar que, com alguma contenção verbal, simplesmente observemos: quem diria?

Se bem compreendemos a mensagem do autarca Isaltino, o combate à corrupção deve ser feito em praça privada; por certo, num recatado cenáculo de bons costumes, ali, na Lisboa de todos os pessoalíssimos encantos… e das maiores facilidades processuais… sobretudo beneficiando, de preferência, da prestimosa colaboração de respeitáveis damas e cavalheiros corruptos.

Se assim é, a coisa está mui bem vista… Até podemos classificar tal propósito como um raro achado arqueológico no complexo campo minado da justiça, de incalculável valor. Certamente um vir mesmo a calhar devido à extraordinária perspicácia da isaltinada figura, ora revelada na avaliação da matéria factual; a qual (apreciação), é expressa em adequada correspondência ao desejável e não menor proveito festivo do pessoal mais interessado na aludida problemática… O que é, sempre, importante factor a ter em conta…

É impressionante como temos andado distraídos, sem nos lembrarmos ou nos apercebermos do largo alcance de tão óbvio e singular expediente. Pior e confrangedor é antevermos que algum indivíduo domesticado, mais susceptível, amigo de Isaltino, vá corar de vergonha por tão censurável descuido…

Confrontados com este percalço cívico não podemos deixar de expressar o seguinte lamento: é pena que a mais alta autoridade do Estado não aproveite este 10 de Junho - consagrado à pomposa distribuição de muitas cruzes, vários grandes oficialatos e bastante atractivas comendas, por tão bons cidadãos de emblemáticas associações; por outros não menores personagens que são os delicados e fiéis amigos-de-peito; por tantos dedicados compadres; pelos numerosos, classificados melhores acompanhantes de alegres convívios; e pelos inúmeros devotos confrades - para galardoar com a Grã-Cruz de uma Ordem consagradora do mérito de fazer,  do saber estar, do bom viver, do melhor desfrutar, do muito politicar à portuguesa usança, tão ilustre criatura de isaltina qualidade que, nem sendo domesticada é, segundo as aparências, um conceituado irmão da fraternidade alaranjada que, neste reino da parvónia nacional,  usufrui do privilégio de ter a profunda estima presidencial; a qual, personalidade oeirense, outrossim, está no pleno gozo da sua exigente reputação e tem a distinta particularidade de nunca corar de vergonha… o que até é facilitado pela beleza do colorido sui generis do seu fácies e pelo calor que, irradiado pela combustão do inseparável charuto havano, nele se fixa com o nítido efeito da cor daquele impetuoso fogo, que, provavelmente, lhe envolve o irrequieto espírito…

E assim, sem a aparência falsa e enganadora da dispendiosa prescrição e por mercê da republicana presidência cavaquista, se faria justiça bem isaltinada…

quarta-feira, junho 06, 2012


ONTEM, A COELHAL FIGURA
CELEBROU A FESTA…
HOJE, DEITOU OS FOGUETES…

Um comentário de Brasilino Godinho
Pois é!...
Cá estamos em terra lusitana como se nos encontrássemos localizados no reino da Dinamarca… e proclamando: “O Rei vai nú”… E o povo fingindo não se aperceber da tristonha e desenxabida figura de Sua Alteza…
Entendamo-nos:
Ontem, a coelhal figura da ornamentação ficcional da alfacinha cidade, esta situada na região saloia, à beira do Rio Tejo plantada, celebrou a festa do malfadado “sucesso” da (des)governação nacional; o qual foi abençoado pelo trio internacional que tutela o executivo português.
Hoje, a mesma criatura do grémio governamental deitou os foguetes em comemoração de um ano de actuação da sua equipa que, diga-se em abono da verdade, prossegue numa arrepiante e desvairada corrida para o abismo e nela, de forma displicente, arrasta uma multidão de gentes bem-intencionadas e indefesas.
Estes eventos maquiavélicos constituem-se per se factos insólitos, algo tenebrosos, mui patéticos, assaz bacocos, difíceis de aceitar numa época de profunda crise e quando a realidade contradiz a natureza e motivação de tais desacreditados espectáculos, montados para iludir gente mentecapta. Aliás, anote-se que sendo acontecimentos dispensáveis e estranhos, eles, neste tempo de privações e de contenção, não se entendem, não têm claridade, sequer algum brilho.   
Claro que todos sabemos quanto os artistas em exercício de funções político-circenses são obstinados e insensíveis ao interesse público e daí antevermos que vão continuar os espalhafatosos, tristonhos e parolos espectáculos do circo político instalado nos paços da República.
E, também, assim vai decorrer a paródia nacional; a qual, suscita a indiferença de muitos indígenas; dá azo aos obscenos aplausos das claques partidárias; e provoca os lamentos e as cenas lancinantes de quantos, contados por milhões de indivíduos de ambos os sexos e de nacionalidade portuguesa, se sentem humilhados, sofredores e deprimidos, face à asfixiante atmosfera que paira no soturno ambiente oficial e perante os chocantes cenários e os indecorosos desempenhos dos medíocres artistas circenses que tomaram conta do palco, dos camarins e dos bastidores (uns e outros colocados fora do alcance da vista do respeitável público), instalados na decadente estrutura da corporação empresarial do Estado a que chegámos.
Tudo isto acontecendo, até chegar um dia em que - vaticinamos – a nação portuguesa dá um estouro com grande estardalhaço…
Aí, nessa altura, vamos ver os ardorosos coelhos, espavoridos, já não caminhando a passos de marcha olímpica, mas sim a correr à solta, com arrebatamento, que nem lebres…

segunda-feira, junho 04, 2012


A euforia do senhor
de Passos de Coelho

Um comentário de Brasilino Godinho

Passos de Coelho (ou Coelho de passos ziguezagueantes?), coelhal figura da super ministerial hierarquia governamental, dirigiu-se hoje, através da imprensa, ao Zé-Povinho, numa linguagem que vamos tentar traduzir por miúdos (e com desvelo pelas miúdas, superiores criaturas da nossa maior veneração…).
Mais ou menos, com relativa aproximação ao que o senhor de Passos de Coelho quis informar e, ainda, com a preocupação de sintetizar, reproduzimos com a devida circunspecção a implícita mensagem coelhal seguinte:
- Olha Zé:
- As três comissionadas entidades internacionais e a singular germânica, senhora Merkel, que tutelam o governo português, estão muito contentes connosco; reconhecem a nossa devotada e entusiástica aplicação à tarefa que nos incumbiram; e, como manifestação de agrado e recompensa, aprovaram as medidas de austeridade que decretámos, tendo em conta os correspondentes e magníficos resultados obtidos. Posso, alegremente (segundo nos apercebemos pelo tom efusivo do informante…), dizer-vos que “a avaliação foi um sucesso”.
Agora, com alguma calma e não pequena resignação(…) atenta Zé: 
Deves sentir-te o grande felizardo da última apanha do nosso consolo pessoal e da colectiva glória deste governo… É que sobre o teu cadáver erguerei o meu sucesso!!!
Até porque vêm aí a prometida paz e a derradeira felicidade dos indígenas portuguesas. Ou seja: a redentora tranquilidade e o enternecedor silêncio dos cemitérios…

- E quem disser o contrário, mente!!!



Quem, para além de D. Jorge Ortiga,
for atreito aos engasgos que se cuide…
Hoje, é mais uma comissão!!!
Também uma Comissão
que dará comichão ao Zé-Povinho…
Amanhã, o que será?...
Estas são observações com origem no nervoso miudinho(…) que está sentindo o cidadão Brasilino Godinho

Da autoria de uma jornalista do semanário SOL e com a devida vénia, transcrevemos o texto referente a mais uma preciosidade factual da lavra do governo (da nossa desdita colectiva) que temos em sobranceiro, insólito e continuado, exercício de progressão despesista:

Comissão de luxo na função pública
3 de Junho, 2012
por Helena Pereira

A equipa que vai liderar a escolha de dirigentes da administração pública receberá 25.345 euros por mês.
O presidente da Comissão de Recrutamento e Selecção da Administração Pública (CRSAP), João Bilhim, tem direito a receber o mesmo que o primeiro-ministro porque é equiparado a gestor público de empresa de grupo A, de acordo com o regime remuneratório publicado recentemente em Diário da República. Isto significa que tem um salário base de 4.892 euros a que acrescem despesas de representação de 1.957 euros. Os três vogais permanentes da comissão recebem 90% deste salário. Todos os membros da direcção têm ainda direito a viatura de serviço a despesas pagas de telecomunicações.
Actualmente, a comissão tem apenas três vogais permanentes, mas de acordo com a lei pode ter até cinco vogais. Numa recente entrevista ao Diário Económico, João Bilhim revelou que irá ter ainda 11 vogais não-permanentes e uma bolsa de 44 peritos. A portaria publicada não fixa, contudo, o salário dos restantes membros da comissão.
A CRSAP recentemente empossada vai servir de júri para todos os concursos públicos que passarão a existir, na função pública, para o preenchimento de cargos de direcção superior. Para cada cargo, a comissão escolherá três nomes que serão apresentados à tutela, que fará a escolha final.