Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, agosto 28, 2006

Um texto sem tabus…

A RENÚNCIA, OS EQUÍVOCOS, O EXEMPLO E… A SUJEIÇÃO!

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

A renúncia – Carlos Sousa, presidente da Câmara Municipal de Setúbal, acaba de renunciar ao mandato por imposição do Partido Comunista Português; partido a que pertence e em cuja lista concorrera às últimas eleições autárquicas.

Antes de se propor à presidência da edilidade setubalense cumprira mandatos de funções idênticas em Palmela. E foi exactamente por nelas haver evidenciado qualidades de bom gestor e ter exercido o cargo a contento da população e do PCP que este partido o escolheu para encabeçar a sua lista de candidatos à autarquia de Setúbal.

Nos pretéritos meses ter-se-ão gerado situações de descoordenação e desentendimento entre a vereação comunista, com reflexos negativos na gestão corrente do município de Setúbal. Mas de forma imprevista ter-se-á dado a quebra de confiança da direcção partidária no seu camarada. Daí, segundo o que a direcção do PCP informou, foi solicitado a Carlos de Sousa que abandonasse o lugar. E o presidente veio, de facto, a anunciar publicamente que aceitava a vontade do seu partido e renunciava ao cargo de presidente da Câmara Municipal de Setúbal.

Os equívocos – neste caso assinalam-se alguns equívocos. Desde logo, avulta o facto consumado da renúncia de Carlos de Sousa representar o embuste e a hipocrisia do fingimento com que se enfeita o exercício da Democracia em Portugal.

Diz-se aos eleitores que são eles que elegem os seus representantes nos órgãos do Poder e que os eleitos exercem os mandatos que lhes foram outorgados pela soberana escolha dos concidadãos e que é perante estes que eles são responsáveis pelos actos e pelos resultados das suas gerências. Mais: que a sua legitimidade advém de terem sido sufragados pelo voto popular. E que entre eleitos e eleitores devem existir relacionamentos de proximidade com total transparência e subentendida lealdade e franqueza.

Ora tal quadro político, apesar de regulado pela Constituição da República Portuguesa, é simplesmente formal, sem correspondência no efectivo funcionamento do sistema democrático vigente em Portugal.

Geralmente, os partidos preenchem as listas das candidaturas por critérios estritamente partidários sem se empenharem na escolha dos cidadãos mais capacitados. Os eleitores são constrangidos a sancionarem com o voto as preferências das direcções dos partidos. Os munícipes nem dispõem de alternativas de opção. Ressalvando algumas excepções, os eleitos desempenham as funções mais preocupados com a vigilância dos respectivos partidos no sentido de evitarem as censuras e represálias dos aparelhos, do que com o interesse público. Desta sorte, estamos perante tipos de comportamento e de actuação a fazerem lembrar os tempos e os métodos da Ditadura do Estado Novo. Aqui radica um dos vícios mais perniciosos do figurino político-administrativo em uso.

Urge encarar o problema. Temos de nos questionar quanto ao monopólio dos partidos na estrutura da administração autárquica. Há que ponderar a hipótese de se encontrar um outro mecanismo político enquadrando as vertentes eleitoral e o funcionamento dos órgãos do poder local. Parece acentuar-se o inconveniente de o Poder Local ser condicionado pelo sistema partidário, visto que, neste nível, é prejudicial e não têm cabimento a lógica e o combate político pela adopção das ideologias e das políticas adstritas à governação do País. Os partidos têm aí na convergência ao Poder Central a sua específica actividade e razão de existência. Terá sido um erro extrapolar tal esquema e formas de intervenção para o sector da Administração Local.

A demissão de Carlos de Sousa da presidência da Câmara Municipal de Setúbal realçou a faceta negativa da legislação para as eleições e administrações autárquicas. È inadmissível que os partidos se permitam tutelar os presidentes e os vereadores e as juntas de freguesia. Igualmente, afastarem dos lugares da administração pública os eleitos pelo povo. Os autarcas foram empossados nos seus cargos para gerir os destinos das comunidades na perspectiva do Bem Comum e não ali postos para servirem as conveniências dos seus partidos.

Mas como, na realidade, as orientações dos partidos são as que servem de base de actuação dos autarcas vamos aceitar ad perpetuam que nos venham impingir a conversa da treta que os presidentes e vereadores foram escolhidos pelo povo e que dele dependem para a aceitação ou rejeição dos seus mandatos? O que aconteceu em Setúbal é elucidativo. É condenável! Ajudará – como se impõe – a abrirmos os olhos para aquilo que se passa à nossa volta e a sermos mais rigorosos e exigentes para com a classe política.

Outro equívoco decorre não só da formação ideológica de Carlos Sousa mas, sobretudo, da essência da doutrina comunista que privilegia o colectivo em detrimento do indivíduo. O cidadão Carlos Sousa ao admitir a supremacia do partido sobre a função presidente da câmara terá violado o princípio da confiança do eleitorado na sua autonomia e sentido de responsabilidade. Mas nem só. Também caiu no logro da aceitabilidade e da crença na simbiose de duas valências incompatíveis: a condição pessoal de militante subordinado ao partido, com a de personalidade investida em autoridade pública obrigada a cultivar procedimentos de independência e isenção. Um equívoco que gerou a conflituosidade que prosseguida, evoluiu e se tornou insanável. Aliás, estas situações ambíguas de desencontros ente a Causa Pública e as orientações de grupos, de seitas e de partidos são absolutamente intoleráveis: Não obstante, repetem-se em várias autarquias e com todas as associações partidárias ou cultoras do secretismo.

O exemplo – Embora, necessariamente, prevalecendo-nos da reserva já exposta quanto ao processo da ocorrência e ao facto em si, consideramos elementar obrigação cívica destacar, nesta deplorável história, a dignidade assumida por Carlos Sousa e a coerência que manifestou; visto que, ao longo dos anos, foi dizendo que o seu lugar estava à disposição do partido (um erro crasso de perversão do espírito democrático). Certamente, sob o crivo de apreciação da idiossincrasia de Carlos Sousa, terá sido um caso de verticalidade extremamente raro na nossa vida política.

Neste ponto, importa sublinhar que as precedentes considerações não implicam qualquer juízo de avaliação sobre a actuação politico-administrativa de Carlos de Sousa e de toda a edilidade setubalense.

A sujeição - Para terminar e contrariando a posição do demitido presidente da Câmara Municipal de Setúbal, acentuamos que os cargos públicos nunca devem estar sujeitos às intervenções dos partidos. Tutelas das autarquias? Somente as determinadas pela Lei e exercitadas pelos órgãos competentes do Estado.

Neste aspecto, Carlos Sousa, sem glória, pagou a exemplar coerência com língua de palmo enrolada na detestável capitulação perante um prepotente, obsceno e promíscuo expediente de intromissão partidária (no caso vertente, do PCP) que devia, de todo, estar arredado do exercício da administração autárquica e da governação do País.

terça-feira, agosto 22, 2006

Estou de pleno acordo com vossas palavras. Aqui no Brasil não é diferente a juventude abrevia tudo e usa X em lugar do CH é uma tortura para quem le coisas do tipo. O inglês tomou conta pela internet e as gírias são formadas a partir de línguas alienígenas. Temos que combater com força essa situação e ficarmos em alerta em defesa de nossa lusitanidade ou nosso mundo lusófono. Um abraço e me tenha como aliado nessa batalha.
David Vidal, historiador.

Um texto sem tabus…

É ISSO! FALTA-LHES O CONHECIMENTO OFICIAL…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

1 – As duras realidades do Estado e da Nação são conhecidas, muito mal suportadas e bastante sofridas. Os portugueses têm a noção de o Estado estar desacreditado e a percepção de ele nem ser pessoa de bem. A culpa assenta inteirinha sobre a classe política. Por sua vez, a Nação está enferma, desiludida, pesarosa. E os cidadãos que a constituem agrupam-se por categorias e núcleos que sentem de modos diferentes a crise que, reforce-se, atinge mais o numeroso grupo dos desfavorecidos e a classe média. O Zé-Povinho, coitado, anda à vela. Mas, duma forma aguda ou doutra mais suave, todos estão insatisfeitos. O crucial problema centra-se no sistema político, aprisionado entre faixas partidárias obcecadas pelo Poder; nas quais, pontifica gente imatura e muito mal preparada para exercitar a acção política. Também lhes falta saber, competência, seriedade, determinação e, muitas vezes, uma sincera dedicação à Pátria e aos valores democráticos. O País não progride; retrocede. A população não vislumbra melhores condições de vida. Inexistente uma salutar, autêntica, tolerante convivência entre os cidadãos. Os políticos e os governantes empenham-se em jogos de promoção pessoal e do respectivo partido, de disfarces e de confusões, para iludirem os problemas e mais facilmente baralharem os indígenas. Até recorrem a destrambelhados expedientes para alijarem responsabilidades. Nisso são imitados em todos os sectores da Administração Pública. Quando os maus exemplos partem dos escalões cimeiros da hierarquia não se estranhem as imitações que se entranham nos patamares inferiores…

2 – O “Diário de Aveiro”, edição de 17 de Agosto corrente, insere uma notícia sob o título de “Cheiro a esgoto indigna utente”, reportada ao novo Serviço de Urgência do Hospital de Aveiro. Consta da reportagem: que houve entupimento de esgotos; que durante algum tempo se sentiu um cheiro insuportável; que após reclamação de uma senhora e da ordem para se calar veio um indivíduo que procedeu ao desentupimento da câmara de visita num espaço contíguo à sala de espera. Igualmente, dá-se nota que tais trabalhos incomodaram os utentes não só pelo cheiro nauseabundo mas porque efectuados à vista de todos os presentes. A referida senhora, bastante agastada, terá manifestado estranheza pela ocorrência num serviço de urgência inaugurado há pouco tempo. Depois, o administrador do hospital interpelado pela jornalista admitiuter conhecimento não oficial do episódio” e informou que, a ter havido “despejo de bidons com dejectos naquele momento, frente aos utentes que aguardavam na sala de espera, não seria muito cordial isso acontecer” (os sublinhados são nossos).

Esta notícia, na sua aparente singeleza e oportuna referência a delgado acto de produção linguística, envolve aspectos de considerável importância e de surpreendente revelação de um segredo bem guardado no território nacional, que devem ser comentados.

3 – Primeiro aspecto - o seu objecto.

De realçar o facto de uma obra recentíssima efectuada no hospital de Aveiro já apresentar a deplorável mazela do mau funcionamento dos esgotos. Causas: fraca qualidade do projecto ou falta dele? Incorrecto dimensionamento da rede? Má execução da obra? Inexistência ou deficiência de fiscalização? Lacuna da aprovação dos trabalhos? Negligência ou facilidades na recepção provisória da empreitada? Quanto à apreciação de cordial para o despejo dos bidons, decerto que nem afectuoso; tão-pouco amistoso… Se o administrador queria dizer curial, mesmo nesta hipótese, temos de convir que a acção nem própria; muito menos conveniente…

4 - Segundo aspecto - o administrador “admite ter conhecimento não oficial do episódio”.

Vejamos. É facilmente suposto por gente bem intencionada que o administrador exerça, num enquadramento oficial, as respectivas funções intramuros do hospital. O episódio ocorreu nas instalações do estabelecimento. Estando ele, responsável executivo, no exercício do cargo, não lhe bastava o seu conhecimento obtido através da informação dos serviços ou pela verificação pessoal, para o caso ser considerado oficial? Há sentido de oportunidade, perguntar: o que é isso do “conhecimento oficial”? Como se processa? Pela apresentação de uma queixa de algum utente? Em papel timbrado com assinatura reconhecida pelo notário? Pela declaração formalizada em auto lavrado perante o senhor administrador, devidamente testemunhada por pessoas idóneas credenciadas por informação confidencial do presidente da Junta de Freguesia ou por agentes da autoridade policial convenientemente uniformizados e quando em serviço feito por turnos ou escala? Então não é pela observação pessoal, pelo conhecimento directo dos factos ou pelas informações dos serviços internos, que o administrador toma “conhecimento oficial” do que se passa no seu hospital? E considerando que o administrador tinha tido o designado “conhecimento oficial” em que consistiriam as consequências daí decorrentes? O que se alterava no quadro da situação, da sua incongruência e nos devidos efeitos das acções a desenvolver para que tais ocorrências não voltem a repetir-se? Será porque o senhor administrador não tomou “conhecimento oficial” tudo vai continuar como dantes? Como decorre a gestão normal do hospital se o senhor administrador não toma “conhecimento oficial” – seja lá isso o que for – dos acontecimentos, acidentes, transtornos, avarias, incidentes e quaisquer anomalias e irregularidades que afectem o normal funcionamento da unidade hospitalar sob sua administração? Vaticina-se que o administrador não age quando tem conhecimento não oficial dos acontecimentos, devido à desmotivação, à lógica do sistema, à falha da chancela e à falta do selo branco, no indispensável embrulho do famigerado “conhecimento oficial”. Dado por adquirido o facto de nem lhe chegar “o conhecimento oficial” – algo chato, incómodo, complicado, difícil de conseguir e perdível no emaranhado das vontades, no labirinto dos espaços do estabelecimento e no desconhecimento e na dispersão (presumida) dos meios de acesso – pondera-se que, eventualmente, os resultados, os benefícios e os êxitos da gerência, estão condenados a sumirem nas brumas da ineficácia e da displicência.

Todas estas interrogações são pertinentes com uma única ressalva que deixamos em fórmula interrogativa: e se o administrador tem o conhecimento não oficial das coisas porque, talvez, ele próprio exerce as funções de administrador na situação de desempenho não oficial, de praticante à experiência, de amador, interinamente provido no lugar, sem o adorno das dragonas, do anel inerente à dignidade do cargo, da capa flamejante, da chancela, do bastão de comando e do pergaminho onde constem as inerentes responsabilidades? Sendo esse o caso, está justificado que ele só disponha do “conhecimento não oficial” de qualquer ocorrência no hospital. Assim, igualmente, se compreendem as suas limitações de ordem funcional… – o que, diga-se, vai em desabono das respectivas tutelas.

5 - Terceiro aspecto extrapolado para o todo nacional.

Este, estupendo! Um segredo desvendado em Aveiro. Tal e qual à semelhança da atitude de uma falsa virgem que em determinado dia, num ajustado momento, decide levantar a vestidura e mostrar a nudez, para evidenciar o manifesto deslumbramento e… materializar os almejados efeitos.

Até agora todo o mundo da lusa gente se interrogava quanto às razões porque os nossos políticos e governantes persistiam nos erros, nos disparates e na desgovernação, apesar das constantes críticas de que são alvo e de se julgar que alguma coisa lhes devia chegar aos ouvidos, ser objecto de leitura ou de observação pessoal. E ninguém atinava na interpretação a dar a esta problemática. Também nós nos confrontávamos com as dúvidas, os embaraços das questões levantadas no enredado das confusões habilmente urdidas pelos grandes artistas da paródia nacional em que está convertida a política à portuguesa. Faltava-nos identificar o expediente, o artifício, a manha, o álibi - qual escudo protector - a que recorriam os governantes para tranquilizarem as próprias sobressaltadas consciências sempre que eram apanhados com o pé na poça, a boca na botija ou a mamar desalmadamente, às escondidas, nas tetas das vacas leiteiras dos pastios oficiais.

6 - Pois bem! Está encontrada a explicação. Da maneira mais simplória que se poderia conjecturar. Todavia, em conformidade com o mais atrevido e singular expediente só concebível por super dotadas mentes altamente evoluídas na matéria e deveras sofisticadas… E foi aqui, em Aveiro, precisamente no seu estabelecimento hospitalar de referência oficial, que alguém deu luz à escuridão que nos deixava atordoados e indecisos.

Os políticos e os governantes portugueses não acertam no rumo a dar ao País simplesmente porque, estando-se nas tintas para zelar o interesse nacional em detrimento das vantagens ou lucros pessoais, das conveniências dos partidos e dos objectivos prosseguidos pelas seitas do maior secretismo… são extremamente selectivos e precavidos: só tomam conhecimento não oficial das situações das coisas, das loisas e do estado da Nação.

É isso! Falta-lhes o conhecimento oficial. E, apropriadamente, dele se desinteressam…

7 - Querem exemplos? Eis alguns: O Alberto João Jardim todos os anos na festa do seu partido regional, no Chão da Lagoa, insulta com acinte desrespeitoso e verrina inaudita, os governantes de Portugal (incluindo presidentes da República). Nunca foi processado judicialmente. O Instituto de Meteorologia admitiu, para lugares de especialistas, indivíduos com o 9.º ano de escolaridade, quando as funções exigem consistente formação em Matemática e Física – o disparate vai em frente. Faltam verbas para os guardas-florestais, para a Educação, para a Saúde, para os equipamentos das Polícias, para combater os fogos eficazmente e para um rol imenso de necessidades – não há volta a dar. Há anos muitos deputados fartaram-se de viajar à volta do mundo sem saírem de Lisboa e, frequentemente, cometem outras tropelias não menos graves e desprestigiantes – nem há problemas de introspecção e os processos de averiguações perdem-se nos esconsos do Palácio de S. Bento. Há dias, Sócrates foi ao Brasil; levou, a reboque, sessenta jornalistas e numerosa comitiva, segundo o que foi noticiado. Uma grossa maquia do Orçamento, gasta na viagem, foi à vela. Como se Portugal pudesse comportar despesas com extravagantes jornadas turísticas. Inquirimos: esta peripécia luso-brasileira aconteceu porquê? Damos a resposta: porque, obviamente, Sócrates não tomou conhecimento oficial da sua viagem e em nenhum momento se apercebeu da companhia dos figurantes e dos gastos; estes, passaram-lhe ao lado em trânsito directo e apressado para as bolsas dos contribuintes... E penas que não se vêem, que não se sentem, nem se conhecem, é como se não existissem… Certo, engenheiro Sócrates?

Uma vez que assim vai sucedendo… temos de acrescentar: infelizmente, o primeiro-ministro, Sócrates, contempla-se no conhecimento não oficial de todos esses acontecimentos…

8 - Ficaríamos horas a elaborar a elucidativa lista dos desmandos da Administração Pública e outras mais coisas. Mas não vale a pena.

Importa reter a acabrunhante certeza: Tudo isto existe! Tudo isto é triste! Tudo isto é nosso incrível e molesto fado.

A suprema desgraça! Tudo acontece neste País porque os nossos distintos políticos e governantes disso não tomam conhecimento oficial. Ficam-se pelo conhecimento não oficial

Aí, está a gaita (coisa nenhuma)…

Notícia de última hora – Os diários de Lisboa, de 20 de Agosto p.p., relatam que o governo da marca Sócrates, seguindo na esteira dos anteriores de Durão Barroso e de Santana Lopes, está a contratar uns desenrascados “bons rapazes” - excelentemente cunhados com o selo de garantia das veneráveis sociedades que ”zelam pelos bons costumes” - através da “porta do cavalo”, com dispensa de publicação dos respectivos despachos de nomeação no “Diário da República”. O que, diga-se, representa uma providência cautelar… uma vez que ele está mais acessível, na Internet. Perguntará o leitor: Há problema? Respondemos: Para o governo deles, nenhum!

O grémio governamental tem do caso o reconfortante conhecimento não oficial,,.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Um texto sem tabus…

“OVO DE COLOMBO” TIRADO DA CARTOLA DE EDUARDO PRADO COELHO?

OU A “COISA” ESTÁ MESMO PRETA?...

Por: Brasilino Godinho

http//quintalusitana.blogspot.com

Bravo!

Finalmente, o famoso colunista Eduardo Prado Coelho, professor universitário, detentor de diversificados títulos, ajeitou os óculos de pequeno alcance, arregalou os olhos, mandou às urtigas a sonolência que, pelos vistos, lhe entorpecia o pensamento, sobreergueu-se, limpou algumas teias de aranha do sótão e… de mansinho, assim como quem não quer passar por raposa matreira da selva urbana da alfacinha cidade, entreabriu-se um pouquinho ao mundo da região saloia que o assedia. Certo que não foi um gesto fantástico, incisivo, largo, franco, completo, abrangente e objectivo quanto bastasse para satisfazer a curiosidade e completar a autognose dos indígenas; mas já foi alguma coisinha… Ao jeito de um prestidigitador que saca um coelho da cartola perante a plateia aparvalhada e seduzida pelo encanto pessoal e pelas falinhas mansas do artista. Só que, neste caso, a personagem em actuação no palco é, ela própria, um coelho a inverter os papéis da representação. Isto é: ela é o agente activo e não o sujeito passivo. De tal modo, que da cartola o coelho tira um ovo. Aqui, o fenómeno… Pois que, habitualmente, são as galinhas que põem os ditos. Dele, se julgará ser um “ovo de Colombo”. É sempre altura de nos surpreendermos com os fenómenos da Natureza. Adiante…

Numa recente mensagem à Nação, com aquela pompa que costuma imprimir às suas incursões nos jornais, o intelectual lisboeta informou os indígenas portugueses dos muitos defeitos que os caracterizam e… aparentemente, algo incomodado com isso resolveu “procurar o responsável pela matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos” e que constitui “empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação”. À cautela, não o Diabo tecê-las, foi-nos prevenindo que: “Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo (nossa observação: prudente… o doutor Eduardo), senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido”. Em seguida, conclui, num arroubo de pretensiosa grandura: “Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro que o encontrarei quando me olhar ao espelho”. (Um aparte de estupefacção: quem diria que o povo é “matéria-prima defeituosa” e… ainda por cima, gerada, parida e conservada sob a responsabilidade de Eduardo Prado Coelho… Fantástico! Ele reconhece ser o maior empecilho do desenvolvimento da Nação porque assume-se como o responsável pela famigerada “matéria-prima defeituosa” – embora, receoso, faça depender a responsabilização da consulta ao espelho…).

Porque, Eduardo Prado Coelho, usou o primário expediente de colar a todos os portugueses, não políticos, nem lacaios do Poder, o rótulo de “matéria-prima defeituosa”, importa tecer alguns comentários oportunos e apropriados.

Comecemos pela promessa de se olhar ao espelho.

Ninguém tem a certeza que o faça. É que Prado Coelho põe a condição de “quando” não sendo líquido que alguma vez se disponha a tal verificação. Por essa via corre-se o risco de lhe minguar a vontade e ficarmos sem o identificado responsável na pessoa de Eduardo Prado Coelho. Aliás, ele não estava muito convicto de concretizar o propósito ao sentir a necessidade de usar o termo “francamente” para nos informar que iria procurar o tal responsável; por sinal, ele próprio. O que releva alguma presunção e precipitação de julgamento – anota-se! De facto, se os portugueses têm tantos defeitos como os que enunciou, o Dr. Eduardo Prado Coelho não será o único responsável mesmo dando de barato o sentido metafórico da conversa fiada… Todavia, indo ao encontro do juízo que ele faz do seu posicionamento na sociedade, admitimos que tem grandes responsabilidades no actual estado da Nação.

Também um desprevenido cidadão ficará baralhado com a observação feita por Eduardo Prado Coelho de a “matéria-prima defeituosa” (o conjunto dos portugueses com todas as inúmeras imperfeições que apontou exaustivamente) ser “empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento”. Sabendo-se que possibilidade é qualidade do que é possível; ou pode significar: oportunidade; posses; rendimento; – ficamos sem perceber se a “matéria-prima defeituosa” interferirá na qualidade; se inviabiliza a oportunidade; se lesa os rendimentos; se bloqueia a posse do desenvolvimento. Ou se, “empecilho”, impossibilita ou prejudica o desenvolvimento. Porém, se afecta ou infecta a qualidade do desenvolvimento significará que, não obstante, vai havendo desenvolvimento; talvez mal cheiroso devido à, por Eduardo Prado Coelho, identificada “defeituosa matéria-prima”, propensa à degenerescência dos elementos que a constituem. Outrossim, supomos que “matéria-prima defeituosa” empecilho das possibilidades que não do desenvolvimento…

Eduardo Prado Coelho vai desculpar a nossa franqueza. Mas a mensagem que nos trouxe é bastante confusa e representa-se como uma charada. Desvirtua a realidade do país em múltiplos aspectos. Ademais, a análise do âmago da questão posta, é feita com total falta de rigor e de objectividade. E porque se baseia em premissas desajustadas ao quadro da situação e às condicionantes da nossa vida colectiva, o seu estudo também releva a preocupação de ilibar a classe política das grandes responsabilidades na decadência de Portugal. Nesta área, são confrangedores os esforços de natureza corporativa que Eduardo Prado Coelho, ex-adido cultural da Embaixada de Portugal em Paris, alardeia em poupar e desresponsabilizar os governantes, os políticos e o sistema que alimenta as enormidades conhecidas e… sofridas pela arraia-miúda. Até parece obra encomendada pelos donos da QUINTA LUSITANA.

E a este ponto chegados vem à verificação a olho nu o tal “ovo de Colombo” da lavra de Eduardo Prado Coelho. No seu exagerado entendimento, os portugueses têm imensos defeitos (o que é uma parcial verdade, dada a pecaminosa circunstância de humanos); apregoam a estúpida crença que o “trapalhão Santana Lopes”, Cavaco, Durão, Guterres não serviam e a “farsa Sócrates” não serve. Começa a suspeitar e mais adiante no texto, já tem a certeza que o problema não está neles mas, sim, em nós, como povo, “matéria-prima de um país”, que subentendemos ser o nosso… Lendo todo o extenso rol de defeitos dos portugueses percebe-se que para Eduardo Prado Coelho os governantes e os políticos (só por uma vez, num assento de insensibilidade, se escrevem, na mensagem, as palavras governantes e políticos) serão a emanação do povo e por tal condição deverão ser desculpabilizados; para além de no meio da maralha se constituírem como vítimas e não como fautores do descalabro nacional.

O “ovo de Colombo” está consubstanciado nas descobertas de Eduardo Prado Coelho a seguir discriminadas:

1 - o problema da governação é que Sócrates ou outro que vier (cuida-te, Sócrates!) “terá que continuar trabalhando com a mesma matéria-prima defeituosa”. (Azar de Sócrates! Porque anomalia genética do povo… Será maldição que nos caiu em cima?... Seguramente: aborrecimento e desespero de Prado Coelho… );

2 - que ele, Eduardo Prado Coelho, “não tem nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor”. (Que pena… E desperdício da subentendida boa-vontade de Prado Coelho);

3 - que o necessário “é que se faça cumprir a lei”. (Ó doce ilusão: homens de “havemos de fazer” nunca farão coisa nenhuma…);

4 - que, na sua opinião, “é muito bom ser português (Mesmo com tantos inerentes defeitos? - perguntamos);

5 – “mas quando essa portugalidade começa a ser empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda…”

Em vista disso, como nos entendemos? Se ser português “é muito bom”, será possível que essa qualidade se torne “empecilho” seja para o desenvolvimento ou para outra qualquer coisa de interesse nacional? Porquê essa redundância de “portugalidade autóctone”? Eduardo Prado Coelho poderá explicar-nos o que será a portugalidade – a dita qualidade de “muito bom ser português” se não for autóctone?

Depois, quando escreve “tudo muda…” o que deseja significar? Muda o quê? Como? Quando? Intrigante, esta expressão, logo acrescentada com a afirmação de “não esperar acender uma vela a todos os santos a ver se nos mandam um Messias”.

Igualmente, de imediato, surge expressa a suprema coisa que está acima de todas as descobertas de Eduardo Prado Coelho. Digamos, o corolário de toda a charada: “Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.”:

E esta!... Branco é, coelho o põe… Diz o ditado: “Para grandes males, grandes remédios”

Eduardo Prado Coelho encontrou a solução para a grave situação de Portugal. Vamos acabar com a mania de criticar os governantes e os políticos. Cessem os reparos idiotas à incompetência de uns e outros. Deixem-se os indígenas - estes portugueses tão viciosos e imperfeitos sob o ponto de vista moral, bastante destituídos da inteligência que é apanágio dos intelectuais das Avenidas Novas de Lisboa - das veleidades de julgarem que têm direitos de exigir seriedade, rigor, sapiência de governar e justiça aos detentores do Poder.

E uma vez que isso de críticas e exigências não é recomendável… mudem-se os indesejáveis portugueses. Fora com eles! Vão para as profundezas dos infernos! Deixem o País à mercê dos frenéticos políticos, dos “sacrificados” deputados, dos incompetentes governantes, dos desonestos assessores, das esculturais secretárias, dos seus discretos motoristas, do inefável professor doutor. Eduardo Prado Coelho (mesmo que ele não desista de se ver ao espelho), dos “inteligentes” figurões da capital, dos incríveis “amigos da onça” do Porto, de alguns seleccionados doutores da mula ruça de Coimbra, dos indispensáveis censuradores da comunicação social, dos grandes manhosos das televisões, dos “veneráveis” irmãos “de bons costumes” membros das várias irmandades e sociedades secretas espalhadas pelo país, de bastantes clérigos de apregoadas virtudes, das piedosas ratas de sacristia, dos emproados senhores nostálgicos do monarquismo, de uns tantos destemidos capitalistas da nossa excelente sociedade, das respectivas famílias, dos úteis amigos e das belas amigas de toda essa gente fixe. Que todos, comodamente instalados na QUINTA LUSITANA lhe chamem um figo. Divirtam-se! Sobretudo, governem-se! Certamente, mais à-vontade - porque não contrariados - para melhor se festejarem reciprocamente…

Entretanto… O Zé-Povinho, bonacheirão, crédulo, paz-de-alma, faminto, de tanga esfarrapada a cobrir-lhe a nudez, tornado irreflexivo, a designada “matéria-prima defeituosa” e infecta que suscita a repulsa de Eduardo Prado Coelho, que se lixe! Que vá à vida…

quarta-feira, agosto 02, 2006

Um texto sem tabus…

VENEZA – A AVEIRO ITALIANA

Alguma vez, da autoria de um italiano,

o leitor ouviu ou leu esta expressão?

Brasilino Godinho

(Colaborador,

brasilino.godinho@gmail.com)

Lemos na edição do “JORNAL DE NOTÍCIAS” do p.p. dia 23 de Julho, uma indesejável alusão a Aveiro que, não sendo inédita ou surpreendente, porque já ouvida de vez em quando, nos deixou um travo amargo de desilusão. Também, incómodo por experimentarmos a estranha sensação de que algo da alma aveirense se esvai numa descabida qualificação atribuída a Aveiro, sem as pessoas se darem conta de quanto isso é prejudicial para a imagem da cidade e quanto afecta a autolatria de cada aveirense amante da sua terra.

Em grande parangona (considere-se grande palavreado sem jeito) está escrita no JN esta nota de resignada e habitual inferioridade nacional perante o estrangeiro: Rota da Luz vai apostar na “Veneza portuguesa”.

Antes de outras pertinentes considerações pomos esta interrogação: alguém, admite que um organismo privado ou oficial de Veneza se proponha desenvolver uma campanha de promoção da sua cidade sob o slogan de: “Veneza – a Aveiro italiana”? Certamente, que não! Os italianos prezam o seu rico património, na globalidade de todas as suas componentes físicas e culturais. E respeitam-no… Não se lhes conhecem, neste domínio, desvios de rebaixamento…

Então, nós, aveirenses, já chegámos tão baixo na perda do sentido de dignidade que nos permitimos recorrer a um expediente de subserviência e de inferioridade ao ponto de, para valorizarmos alguma coisa que possuímos, temos de nos pôr de cócoras e servirmo-nos de algo semelhante e de pretensa maior qualidade do estrangeiro?

Esta infeliz evocação de Veneza é a pior mostra de recurso saloio e a mais ofensiva manifestação de tacanhez mental, que se estão a dar a Portugal e ao Mundo. Igualmente, uma rusticidade que deslustra Aveiro e que, inevitavelmente, associada aos aveirenses os sujeita ao ridículo e ao vexame de serem taxados de idiotas e pacóvios.

Veneza é uma cidade linda, monumental, com características muito próprias que bastante a valorizam. Aveiro é uma cidade que, não tendo monumentalidade, tem outra textura e atributos de beleza e qualidade que lhe garantem um importante lugar entre as principais urbes portuguesas e notória singularidade à escala mundial.

Aveiro é aquilo que é. Não deve colocar-se na estapafúrdica posição de usurpar uma identidade que não é a sua. Tão-pouco, oferecer-se à deplorável e humilhante condição de subalternidade relativamente a Veneza. A cidade aveirense não tem que se apropriar das riquezas e valores alheios para se afirmar no país e perante os turistas da estranja. E, sobretudo, atente-se que não sai diminuída num hipotético e, de todo, despropositado confronto com a referida cidade italiana.

Aveiro não deve, nem pode engalanar-se com o nome, a fama, o tecido urbano e as glórias de Veneza; quais predicados a servirem-lhe de muleta para se engrandecer e creditar perante o mercado turístico. Também não dar a ideia que o faria por inveja e complexo de inferioridade. Apreciando o caso, segundo o ângulo da sensatez e à face da lisura exigível, qualquer processo de promoção concebido em tais termos descambaria no resultado desastroso de Aveiro ficar desfocada e muitíssimo mal “na fotografia”.

Aliás, se por aberração inqualificável assim fizesse, os turistas mais depressa correriam para Veneza do que para Aveiro, visto que o maior chamariz vai sempre para o original e não para a suposta cópia.

Enfim, uma triste figura só ao alcance de quem tão impensadamente apregoa um tamanho disparate e assim, gratuitamente, se dispõe a publicitar a encantadora cidade capital da antiga República de Veneza.

AVEIRO É AVEIRO! TÃO SIMPLES E MAGNÍFICO QUANTO ESTA ESPLÊNDIDA REALIDADE!

Que nos deve orgulhar! E que devemos festejar!

UM VOTO: QUE POR FALTA DE BRIO, POR FORÇA DE BAIXA DO FERVOR BAIRRISTA E CONSEQUÊNCIA DA PERDA DO ORGULHO DE ALGUNS, NÃO SEJAM OS AVEIRENSES OBRIGADOS A SENTIR VERGONHA DESSA SUA QUALIDADE – O QUE SUCEDERÁ CASO PERSISTA O DISPARATE DE DESIGNAR AVEIRO COMO A VENEZA PORTUGUESA.