Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, outubro 29, 2006

Um texto sem tabus…

O ABERRANTE CONCURSO

PARA GÁUDIO DE MORCÕES…

Brasilino Godinho

Era uma vez uma senhora da televisão lisboeta. Maria Elisa, de sua graça. Um dia aconteceu-lhe uma encantadora gracinha… partiu para Londres. Bem relacionada no Ministério dos Negócios Estrangeiros (no qual, ao tempo, pontificava o Dr. Martins da Cruz), logo após o desembarque nas margens do Tamisa, fez-se conduzir à embaixada de Portugal. Uma vez chegada à sede da representação diplomática portuguesa, instalaram-na confortavelmente, como convinha a quem se dispunha a passar uma bela temporada de férias na capital britânica. Para se entreter, não se julgar desocupada e nem se sentir inútil, adornaram-na com o pomposo título e a tranquila função remunerada de adida cultural. Lá se manteve durante três anos. Recatadamente, sem visibilidade. Como se costuma dizer: muito senhora do seu nariz… Talvez fazendo trabalho de formiguinha. Pelos vistos, atenta ao que se fazia na televisão inglesa. Tudo indica com a preocupação de recolher ideias e modelos de programação para depois serem utilizados na televisão caseira. O que não admira num meio lisbonense que se vangloria de copiar o máximo das produções de alem fronteiras. E onde já se chegou ao cúmulo de elogiar e promover o plágio, desde que praticado por gente decorada com um título académico. É o velho hábito de muitos portugueses: Copiar! Copiar! Copiar! Um abuso que começa nos bancos da escola e onde, “in illo tempore”, tomou a designação de “copianço”. Coisa que decorre de: faltarem as ideias; ser fatigante estudar, pensar e criar - o que, também, requer conhecimentos que, às tantas, até faltam; exigir persistência; ser uma tentação própria de individualidades predestinadas ao sacrifício e risco de se assenhorearem dos labores alheios; ser recomendável a qualquer um que, fanático da comodidade e adepto entusiasta da facilidade, se refugie na cativante lei do menor esforço…

Acresce, que o acto de copiar está na moda. Além de bastantes sujeitos se julgarem muito chiques quando se põem de cócoras perante a estranja. O que dá azo a que ilustres cavalheiros e famosas damas se revejam e festejem, respectivamente, como vulgares macacos de pequenas e grandes imitações e atrevidas catatuas de estimação.

Voltando a D. Elisa. Há pouco, regressou à casa-mãe: a RTP - Rádio e Televisão de Portugal.

De imediato, se anunciou que trazia na bagagem um formato de concurso da BBC. Anúncio que não é inteiramente verdadeiro. Pois o dito já teria caído de pára-quedas na RTP. Na quarta-feira, dia 25 de Outubro de 2006, no debate sobre o concurso dos “Grandes Portugueses” ela, no calor da discussão, deixou escapar a seguinte dica: Há um ano foram efectuadas entrevistas de rua, aos populares, no sentido de serem escolhidos os nomes das personalidades incluídas na primeira lista das figuras elegíveis.

Tal “lapsus linguae” veio reforçar a impressão de o concurso “Grandes Portugueses” estar na mira da RTP há certo tempo e que vinha a ser preparado cuidadosamente. Daí, que a decisão de não incluir os nomes de António Oliveira Salazar e Marcelo Caetano no rol dos concorrentes terá sido propositada com vista a provocar a exagerada controvérsia. E aproveitando o ambiente de contestação ao poder político que se vive em Portugal, suscitar a intervenção do maior número de portugueses. Perguntar-se-á: Qual o objectivo? - Dar projecção ao espectáculo televisivo. Conjugar expedientes para alcançar o ambicionado êxito. Antevendo um final arrebatador. Nele, não faltarão as loas à iniciativa e a festa de consagração do grande triunfo da apresentadora: a insuperável D. Maria Elisa.

No entanto, o concurso “Grandes portugueses” é o paradigma da indigência mental que grassa em Portugal. A demonstração da vacuidade intelectual dos seus produtores e de quantos se deixam arrastar por manifestações de superficialidade e de estupidificação. Entreter as populações com programas ou espectáculos inconsequentes e idiotas, ludibriando as pessoas sob o ignóbil disfarce de se estar a promover eventos culturais e a divulgação da História de Portugal é uma atitude deplorável, ofensiva da inteligência do cidadão, indecente e irresponsável, da parte dos seus promotores e colaboradores mais chegados. Também, neste caso, não colhe a desculpa de idênticos concursos terem sido efectuados noutros países. Necessariamente, não devemos ser “marias que vão com as outras”. Se existem camadas das populações desses países que gostam de chafurdar na lama que disso tirem bom proveito. Os portugueses não têm que lhes seguir os passos do grotesco e do disparate. Sejamos lúcidos.

O ensino, o interesse e, até, a veneração pela História de Portugal, o conhecimento e o estudo das pessoas que se notabilizaram pelas suas qualidades, feitos e obras, devia cultivar-se e desenvolver-se nas escolas e nos meios de comunicação social com outros tipos de programas verdadeiramente aliciantes e superiormente elaborados.

Depois, pôr figuras marcantes da nação portuguesa, umas coevas, outras de tempos mais ou menos remotos, em disputa num plano virtual e numa vertigem de fantasia e delírio de imbecilidade, sem a elucidação decorrente do saber adquirido pela investigação e pelos ensinamentos dos compêndios, pela leitura dos tratados e das obras literárias e do conhecimento testemunhal das personalidades e dos factos ou dos relatos sérios ao dispor da comunidade no caso dos distinguidos estarem vivos, não faz nenhum sentido lógico e coerente; quaisquer que sejam as circunstâncias que a facilitem, a condicionem, a limitem ou, mesmo, que a impeçam de forma determinante.

E nesse preciso aspecto ressalta uma situação de suprema importância. Portugal tem uma população de milhões de analfabetos primários, funcionais e culturais. Sem dúvida, contam-se por milhões os indivíduos que não praticam a leitura e a escrita ou não percebem o que lêem ou ouvem. Se por aberração admitíssemos alguma utilidade a este tipo de consulta popular o seu alcance, à partida, cairia por terra. Inegavelmente, pelo impedimento resultante da grandeza desse quadro de crónico analfabetismo. Não é pela via de ruidosas e deslumbrantes sessões de circo mediático e pela prática de incríveis actos burlescos que elevamos o padrão cultural da população portuguesa. Ou que a aliciamos para os bons hábitos da leitura e da aquisição do saber.

Não é sério, nem dignificante, contemplar a ignorância das pessoas e ignorar a extrema dificuldade de cada qual se avaliar a si próprio, de julgar os outros e sopesar as atribuições das qualidades, das obras, das carências e defeitos das individualidades, de destrinçar os diferentes e complexos graus de importância relativa entre as díspares áreas de intervenção em que se notabilizaram os escolhidos.

Igualmente, neste concurso, se evidencia um grande desrespeito pela memória dos mortos. Se nem em suas vidas eles estiveram envolvidos à compita de apuramento de qual seria o mais notável nas suas respectivas épocas, é procedimento inqualificável da televisão estatal chamar à colação a memória dos seus nomes e envolvê-los num pleito descabido e idiota. Sem dúvida, um abuso inadmissível. Uma desonestidade intelectual! Digamos: Uma gratuita inutilidade. Um ultrajante atentado ao valor e à dignidade de muitos portugueses notáveis.

Aliás, pretender fazer uma classificação de grandes portugueses e entre eles designar o maior é estultícia. Uma absoluta impossibilidade. Que advém das variáveis atinentes ao objecto da inglória tarefa. E que são imensas. Todas elas de inatingível concretização à escala humana. Em traços largos, sobressaem: a temporalidade, a valorização e supremacia de áreas entre si mais ou menos correlacionantes, a indefinição das matérias e dos critérios de avaliação, a destrinça das qualidades, das aptidões, dos méritos das acções, dos defeitos e lacunas dos escolhidos, das insuficiências relacionadas à incomensurável falta de abrangência de saberes, de factores subjectivos, de predisposições mentais e faculdades de alma dos eleitos e dos eleitores. Algo jamais ao alcance dos agentes avaliadores, mesmo que se tratasse de um colégio de sábios. Igualmente, admitindo - com interesseira vontade - que existam sábios...

A Rádio e Televisão de Portugal se estivesse realmente empenhada em promover a divulgação da História de Portugal e em elevar o nível cultural dos cidadãos produziria uma consistente programação adequada ao propósito. Certamente que não teria acabado com as emissões de peças de teatro e programas de divulgação do regular uso da língua portuguesa e de tantos outros de natureza cultural. Também não relegaria os poucos tempos de antena do campo da Cultura existentes para horários da madrugada, de escassa audiência.

A RTP, estação de serviço público, está mais interessada nos medíocres espectáculos, nas paródias do circo político e nos índices das audiências.

Resumindo: O concurso “Grandes Portugueses” é um desprezível passatempo. De inconcebível ocupação do lazer. Uma brincadeira de mau gosto!... Para gáudio de morcões…

Mas, saliente-se: Existem outras maneiras de, com elevação e sentido de servir o público, entreter os telespectadores. Dessas, não cuida a RTP.

(http://quintalusitana.blogspot.com)

Post-scriptum – As considerações aqui expressas relativamente ao concurso “Os grandes Portugueses” também se aplicam ao concurso “Os piores portugueses”. Em qualquer deles assenta a mácula de se ir longe de mais no desrespeito para com vivos e mortos.

Brasilino Godinho

terça-feira, outubro 24, 2006

Um texto sem tabus…

A QUASE CERTEZA… ELES “HADEM”!...

Brasilino Godinho

Na faixa letrada da nossa sociedade e reportada à época da ocupação romana da Península Ibérica, está radicada a ideia que o povo lusitano seria insubmisso, não se saberia governar, nem aceitaria a governação de estranhos. Com a passagem dos séculos e a transição para a matriz portuguesa, algumas qualidades desses ancestrais foram perdidas; entre elas, a da insubmissão ao estrangeiro. Hoje, os portugueses das classes ditas superiores ou mais influentes, desvalorizam o País, não apreciam a História de Portugal, subestimam os valores pátrios, desprezam a sua língua e colocam-se de cócoras perante tudo o que venha da estranja.

Dadas as condições deploráveis em que nos encontramos, temos de nos preparar para o futuro que se aproxima avassaladoramente. E enquanto não somos anexados à Espanha, segundo as prioridades (“Espanha! Espanha! Espanha!”) do Engº. José Sócrates, consoante as formulações iberistas do ministro Mário Lino e conforme os desejos de alguns renegados da Pátria, nem é conseguida a solução de todas as milhentas crises que nos atormentam, nos empobrecem e chagam a paciência, talvez não fosse despiciendo confiarmos os destinos da Nação aos tecnocratas credenciados da União Europeia, que actuam em Bruxelas - com a natural exclusão do famigerado e inconsistente Durão Barroso… como é óbvio! - e que destacados, em comichão (desejo grande de actuar, entenda-se…) de serviço, tomariam conta do nosso aparelho de Estado…

Entretanto, há fortes indícios de que o actual governo tendo chegado à triste conclusão que, à semelhança dos muitos que o antecederam, não tem unhas para tocar a viola da governação e que os executantes de que dispõe estão inadaptados à usual pauta que consideram ultrapassada e que já deu o que tinha para dar, ensimesmou e após laboriosas sessões de debates, encontrou uma fórmula que só não é mágica porque é aparentada com o ideal anarquista de quanto pior, melhor…

Que esta é a nova política governamental já não há dúvidas. Ela expressa-se num programa que visa equilibrar o Orçamento. O qual, na sua aplicação, segue uma via sinuosa, invulgar e revolucionária. Nunca explorada em Portugal. Nada mais, nada menos, que criar, pela negativa dos bons propósitos e pela positiva dos indecentes resultados, uma situação de galopante desgaste físico e precipitada ruína mental dos cidadãos que, fatalmente, conduzirá à redução progressiva dos níveis populacionais – qualquer coisa que talvez se pudesse designar pela solução final…

Curioso, o leitor perguntará: Como isso é conseguido?

Respondo: O governo, apoiado nas ideias brilhantes de algumas das suas mais ilustres “cabeças pensadoras” serve-se de vários esquemas operativos que, paulatinamente, vai criando na Administração Pública e nos diversos sectores da sociedade.

Assim, o Governo considerando que a culpa do défice orçamental, dos sucessivos aumentos das tarifas de consumo de electricidade, dos telefones, das portagens, do elevado custo de vida e do descalabro social, cabe aos numerosos portugueses que teimam em engrossar o contingente dos que aspiram a longa existência, decidiu providenciar no sentido contrário: mentalizá-los - sobretudo os idosos; os inválidos; os deficientes; os desempregados; os portadores de Sida, despachados, cautelosamente, para as farmácias no intuito de lhes facilitar a evolução rápida da doença; os pais, as mães e os filhos de famílias na miséria por causa dos despedimentos selvagens; os imprestáveis empatas e os obstinados descontentes com as regaladas condições oferecidas pelos governantes - que devem desejar (ou conformarem-se a tê-la) uma curtíssima vida. Todos satisfeitos… Contemplando-se na radiante perspectiva de uma tripla vantagem: o Estado encurtava as despesas com a Previdência; os idosos, os doentes e outros enfraquecidos, libertavam-se dos achaques que lhes infernizam a vida; os restantes portugueses que preenchessem os exigentes requisitos da abastança e da conformação ao meio ambiente político-social, uma vez livres da companhia ou vizinhança da escumalha enferma e inútil, ficavam assépticos e seguros, usufruindo da garantia de folgada existência e da boa e compensatória santa aliança entre os que desgovernam e os desgovernados – isto, no pressuposto que tal estádio de aprimoramento da sociedade possibilita e recomenda um salutar desgoverno total…

Entretanto, o núcleo duro da governança, possuído da paciência de Job e detentor da manha do Chico Esperto, espera dos portugueses a devida resignação que os leve, descontraidamente, a colaborar com a dádiva das suas vidas na arrojada iniciativa do (des)Governo; esta, exposta sem reticências embaraçosas no conjunto de medidas atinentes ao desígnio apontado e cujas fases de concretização se querem a imediato e médio prazos. Para já, devem continuar os fogos florestais, as inundações, a insegurança nas ruas, as carências nos lares e o incremento de um clima de tensões sociais. Acima de todas as possíveis conveniências, haverá que prosseguir, sem quebras de interesse, falha de meios e desânimos dos governantes, a redução do poder de compra das camadas mais desfavorecidas da população com vista a acentuar o desnível de vida existente entre ricos, mal remediados e pobres. Porque, de acordo com a genial ideia, toda esta salada russa é desejável para abrir caminho ao desespero e ao sofrimento do maior número de portugueses… E daí, o correspondente desfecho de tiro e queda definitiva e irremediável - condição sine qua non para o ambicionado êxito governamental…

A título de ilustração do problemático quadro atrás descrito, importa sublinhar os aspectos do processo que está em curso. Sobressaem os seguintes procedimentos ultimamente tidos na “Quinta Lusitana”: a redução das pensões dos aposentados; os aumentos dos impostos indirectos (como a eliminação das SCUTS, os acrescentos dos preços das portagens, dos combustíveis, da água, da electricidade e dos telefones); a dilatação das percentagens de juros dos empréstimos e das comissões bancárias; os acrescentos dos custos da escolaridade; a instigação e favorecimento da inflação; os cortes nos subsídios aos pensionistas; as maneiras de dificultar a sobrevivência dos idosos (percebendo-se a intenção de pô-los a pão e água); a redução dos abonos de família; a criação das taxas dos internamentos e das cirurgias nos hospitais; o deslocamento das mulheres portuguesas, ocupadas em trabalhos de parto, para Espanha afim de parirem espanhóis, com a vantagem da reduzir o número de portugueses e facilitar a rápida integração de Portugal na Espanha; a cativante obrigação dos reformados abrirem os cordões das recheadas bolsas e com discrição pagarem impostos; a eliminação dos serviços de urgência nas unidades hospitalares e quejandas; a introdução do maior número de seringas nas prisões e outros expedientes que facilitem a propagação das doenças (Sida, hepatite, tuberculose, etc) para abreviar colapsos fatais dos detidos, imprescindíveis à baixa dos índices de lotação dos estabelecimentos prisionais; os aumentos dos preços dos alugueres das casas e dos transportes; as limitações do consumo dos medicamentos por parte da malta que está a mais neste vale de lágrimas – que o é para tantas criaturas que cometem a leviandade e o pecado mortal de se julgarem gente e que sobremodo convém despachar, em acelerada velocidade de cruzeiro, para os jardins das tabuletas…

De facto, é preciso diminuir a longevidade dos portugueses… Retirando-lhes os rendimentos. Ficando, eles, à fome e ao abandono, sem recursos financeiros, sem consultas médicas e sem meios de tratamento das doenças, de certeza que num curto espaço de tempo vão desta para melhor… Ou seja: batem a bota!

Aliás, se têm que morrer porquê a teimosia de se manterem vivos por mais uns tempos, aparentemente sem término? Tenham juízo! Facilitem a tarefa ao (des)Governo…

Pois! Ingratos e egoístas de uma figa: Morram o mais depressa possível…

Para chateação dos governantes, já chega de tantas presenças!... Sabiamente, o primeiro administrador da “Quinta Lusitana” e seus atilados rapazes e expeditas raparigas, mais ou menos distintas crianças – tal como o chefe, igualmente tocadas pelo amor e dedicação à Espanha - muito propensas a infantilidades de natureza económico-financeira, a jogos de corridas para as maternidades de Badajoz e à veneração pela língua inglesa, com activo repúdio do Português e profunda rejeição da Filosofia nas escolas, querem rever-se nas favoráveis ausências daquelas numerosas pessoas que são hoje as incómodas presenças…

Alcança-se pela inteligência… O (des)Governo, compenetrado que a maioria dos indígenas dispõe de rendimentos semelhantes aos auferidos por aqueles que integram o soberbo grupo dos privilegiados deste País, a saber: governantes; altos dirigentes da Administração Pública; presidente do Conselho de Administração do Banco de Portugal (o sacrificado, angélico, Victor Constâncio, célebre pela sua constância na mantença dos seus privilégios e atrevido no empenhado propósito de marcar a agenda da contenção dos vencimentos da Função Pública e dos salários dos cidadãos mais desfavorecidos); administradores dos bancos, das grandes empresas e dos institutos; deputados; autarcas (todos, membros de um escol que deve ser bem preservado das crises que estão por aí espalhadas) – entendeu, no seu alto critério, que urge reservar para a minoria configurada nesses indivíduos de primeiríssima classe o maior somatório de regalias, de fabulosos vencimentos, de grandes ajudas de custo e de avantajados ganhos e nulas perdas de poder de compra. Em contraposição, os indígenas - que somos todos os excluídos dessa casta superior - ficam obrigados aos sacrifícios que levem rapidamente à libertação redentora. Nossa e deles. Nós, passando para o lado de lá, no Além, livrávamo-nos deles. Eles, de modo fácil assumindo a condição terreal, felizes, requintados, mundanos, sentindo-se mais soltos, brincalhões como cabritos em prados verdejantes… Assim, entoando hossanas ao Criador e rasgados elogios ao clã socialista, se libertariam da incómoda companhia da malfadada plebe.

Sim, a quase certeza… Por este andar desconcertante eles “hadem”…

(“hadem” conseguir… como diria o finório laparoto instalado naquela lura, de conhecido largo do rato, que - aos ocupantes - oferece todas as facilidades e comodidades…).

Fim

sábado, outubro 21, 2006

Os termos em que se processou

o fim de uma polémica

Estimadas senhoras,

Caros senhores

Na presunção de que têm acompanhado a polémica entre Bernardo Lancastre e Brasilino Godinho travada através da Internet, abaixo transcrevo os termos do seu encerramento. Obviamente, sem comentários…

Com a maior consideração e os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

LIDO... VISTO... RESPIGADO...
De: Brasilino Godinho
Para: Coronel Bernardo Lancastre

Sim! Já lhe conhecia a patente, os tiques, os jeitos e o feitio.
Agora, veio mais uma confirmação.
O Sr. Coronel Bernardo Lancastre acaba de renovar a demonstração do seu visceral ódio à Cultura. Igualmente, dá ao público a ideia de com quanto fel menospreza os intelectuais.
Faz-me lembrar o general Millan Astray, do exército do general Francisco Franco Bahamonde que, em plena guerra civil espanhola, declarava: "sempre que me falam em Cultura, dá-me vontade de pegar na pistola".
Registo: por enquanto, o oficial das forças armadas portuguesas, Coronel Bernardo Lancastre, ainda não me ameaça com arma de fogo... Sorte? Ou mercê dos Deuses?
Por outro lado, infelizmente, o meu opositor revela uma deplorável incapacidade de identificar a linguagem metafórica e uma frustrante impossibilidade de se aperceber da ironia que utilizo frequentemente e delas compreender o sentido. Um assombro! Mas, pensando melhor, não muito de estranhar num cidadão que despreza a Cultura. Das consequências, disso decorrentes, se conclui, sem grande esforço mental, que é verdadeira a asserção de a "ignorância ser muito atrevida"...
Ou tratar-se-á de um seu peculiar expediente, intencional, de má-fé?
É confrangedor ler as interpretações que o Coronel Bernardo Lancastre faz dos meus textos. Mais ainda: parece daltónico. Se está preto diz que é branco e vice-versa. Se há cor, teima ser cinzento. Uma tristeza! Sem previsível remissão!
Enfim, atendendo à situação criada, eu vou ficar na minha trincheira onde cabem a educação, a seriedade, a isenção e o respeito; valores cumpridos mesmo em relação a quem não se orienta por idênticos padrões de conduta. Posição a que me remeto mui resignado - e se quer saber, também orgulhoso - com a insignificância que o Sr. Coronel Bernardo Lancastre atribui à minha pessoa e com a desvalorização da minha obra A QUINTA LUSITANA - O "ESTADO DE TANGA" E... ALGO DEMAIS! O que julgo ter acontecido num alarde de condescendência invulgar da parte de um militar empedernido, rigoroso, autoritário e pouco dado a essa coisa - outrossim, para ele insignificante... - chamada Literatura...
Em retribuição, deixo o Coronel Bernardo Lancastre à vontade, embevecido, a contemplar-se na sua elevada significância e com o campo livre para ir treinando os seus tiros, visto que bem precisa, uma vez que a pontaria desacerta, sempre, no alvo... O que, diga-se, num militar é uma chatice...
Assente: Não vou responder a mais provocações do Sr. Coronel Bernardo Lancastre!
PONTO FINAL!
Post Scriptum - Esquecia-me de referir que ainda há pouco tempo o Coronel Bernardo Lancastre classificou de insignificantes os consagrados escritores João Ubaldo Ribeiro e Eduardo Prado Coelho.
Reitero: estando tão bem acompanhado, sinto-me encantado com a classificação de insignificante que me foi concedida pelo Sr. Coronel Bernardo Lancastre - o que releva das componentes da sua personalidade: a inconfundível sabedoria e a indesmentível bondade...

Brasilino Godinho

CORONEL?!!!! ÓDIO À CULTURA ?!!! JÁ AGORA SR. GODINHO, O QUE O SR. GENERAL ASTRAY DISSE, NA REALIDADE, EM FEVEREIRO (NÃO ME RECORDO DO DIA) DE 1936 FOI : "SEMPRE QUE ME FALAM EM CULTURA MARXISTA.......

UM BOM FIM DE SEMANA, AÍ PELA RIA.

BERNARDO LANCASTRE

PS-VAI MAIS UM COPINHO DE 3 ?!!!

sexta-feira, outubro 20, 2006

NÃO SOU FREQUENTADOR DE TABERNAS…

Por: Brasilino Godinho

Não sou frequentador de tabernas. Porém, desta vez, caiu de pára-quedas na minha caixa de correio electrónico um “Balcão de Taberna”; no qual, estavam fixados dois pequenos escritos que mencionavam meu nome englobando coisas sem nexo. Também, sem ligação à realidade. Menos ainda, com qualquer correspondência à verdade...

Abaixo (incluindo o título), tal e qual as singulares redacções, reproduzimos os ditos.

Balcão de Taberna!...

Primeiro escrito. “Oh Sr. Godinho........Por amor de Deus...pare com esta coisa do plagiarismo, sobretudo tratando-se de pessoas sem o mínimo interesse!!! Não acha o facto do orçamento de 2007 vir cheio de mentiras e êrros mais importante ? Porquê que não escreve algo CONSTRUCTIVO sobre este assunto ou sobre a corrupção dos autarcas , etc., etc.!!!!”

Bernardo Lancastre

Meu comentário: As duas pessoas em causa são dois importantes escritores da língua portuguesa. Continuam a merecer-me respeito e consideração. O orçamento de 2007 ainda não chegara ao conhecimento do grande público e já o Sr. Lancastre conhecia “o facto” de ele “vir cheio de mentiras e erros mais importantes”. Surpreendente! O foco aponta à invulgar premonição…

Segundo escrito“Francamente, é preciso mesmo ter lata para mandar um e-mail destes para a cambada de corruptos e incompetentes que constituem a assembleia (com letra pequena !!!). Eles já não fazem nada e ainda por cima iam perder tempo a ler uma coisa do género !!

Este Sr. Godinho está a sair mesmo "uma pescadinha com o rabo na boca" !!

Diga-lhes mas é para ,ao menos, não faltarem ás sessões e tentarem saber um pouco mais sobre as regiões que, supostamente, representam, irra !!!”

Bernardo Lancastre

Meu comentário: Tomo de trespasse a palavra de indignação - sem me deixar dominar por esta - e exclamo: Irra! O Sr. Bernardo Lancastre não toma emenda…

Não conhece o cidadão Brasilino Godinho não folheou o ensaio

“A QUINTA LUSITANA, - O “ESTADO DE TANGA E… ALGO DEMAIS!”, provavelmente não visita o seu blog http://quintalusitana,blogspot.com e, pelos vistos, não lê ou não compreende as crónicas que ele subscreve - muitas delas, neste portal inseridas; nas quais, os temas da política (com minúscula) e da situação do País são matérias decorrentes.

Assim me exprimo porque não quero admitir que, lendo-as e apreendendo-lhe os sentidos, o Sr. Lancastre venha a público, de caso pensado, transmitir a ideia contrária.

Observo que, em qualquer dos casos, não deixa de ser deplorável falar sem o conhecimento das coisas.

A propósito, com repúdio da linguagem desrespeitadora, a título informativo e para elucidação dos leitores, transcrevo da minha obra “A QUINTA LUSITANA - O “ESTADO DE TANGA” E… ALGO DEMAIS!, editada em Novembro de 2004, os seguintes trechos.

“Os homens do 25 de Abril de 1974, militares dignos e valentes, cumpriram seus deveres cívicos. E foram bastante fundo nos meandros da coerência: não fizeram partilhas entre si do que restava do património da grande quinta nacional. Sem delongas, em 1975, puseram-na em leilão eleitoral e entregaram-na de mão beijada, dividida em lotes de exploração intensiva, aos grémios partidários – entretanto formados sob as chefias de conhecidas trutas da nossa ilustre sociedade democrática – que mais votos arrebanharam.

Assim, a “Quinta Lusitana”, gerada e absorvida no seio da ditadura do Estado Novo, passou em herança, disputada eleitoralmente, para a posse das formações democráticas emergentes à data de 25 de Abril de 1974. E de imediato, ela foi objecto de uma reformulação orgânico-administrativa, evolutiva que descambou no “estado de tanga” que hoje se lhe reconhece e, por demais, é sentido… e consentido!” (pág. 15)

“Esta assembleia de subsidiados da República que vem sendo eleita de quatro em quatro anos, cegamente submissa às vontades dos chefes dos grupos parlamentares, não será antes uma assembleia de comissionados, em representação das chefias partidárias, nada tendo a ver com os repúblicos que somos?

Como julgarmo-nos representados por uma garotada, autoconvencida, petulante, glutónica, desprovida de espírito de serviço público, arrogante, fanática, sem honorabilidade, desrespeitadora de si própria, sujeita aos jogos do seu partido, que com a maior desenvoltura e impunidade alardeia os maiores dislates, comete grandes atropelos à ética, menospreza princípios e valores básicos, que mente descaradamente, afirmando hoje o que desdiz amanhã, que engana o povo, que baralha os assuntos e que lança, deliberadamente, a confusão nas pessoas para mais facilmente extrair dividendos pessoais, benesses de classe e proveitos políticos? E não só…

Estaremos tão permissivos ao ponto de nos identificarmos com quantos parlamentares se manifestam a toda a hora empenhados em sacar do Erário o mais que a imaginação pode conceber e os alçapões das normas e das leis proporcionam aos menos escrupulosos?

Os portugueses que prezam os valores da cidadania poderão assistir com indiferença ao que se passa no Palácio de S. Bento no que se refere a tudo aquilo que traduz postergação e explícita negação de valores imprescindíveis?

Será possível revermo-nos nessa gente? – Jamais!

“Deputados: nossos dignos representantes”? Quem o disse convictamente? – Nem uma coisa! Não a outra! (pág. 265)

“Neste país, de gente amordaçada pelo sistema hermético da partidocracia, de cidadãos confundidos pelos fingimentos dos “políticos” e de pessoas molestadas pela inaptidão ou má-fé de governantes irresponsáveis, tem faltado o tempo, não houve espaço, não existiu o bom ambiente, nem surgiram as pessoas capazes, para se afirmarem os valores dos princípios, as mais-valias das competências, as riquezas dos saberes e as extremas autoridades advindas das experiências acumuladas“ (pág.76)

(…) a Revolução de 25 de Abril de 1974 terá sido uma revolução traída nas suas intenções básicas de alcançar o desenvolvimento do país e de introduzir melhorias substanciais nas condições de vida dos portugueses. (pág.17)

Para terminar apenas este apontamento: “A QUINTA LUSITANA – O “ESTADO DE TANGA” E… ALGO DEMAIS! foi só o livro mais censurado pós 25 de Abril de 1974. Tanto, que para além do boicote dos órgãos de comunicação ditos nacionais (televisões e jornais; destacando o Jornal de Notícias que noticiou o lançamento da obra e lhe fez crítica favorável), até em livrarias com dezenas de exemplares em depósito nas caves, se dizia aos interessados compradores que a obra não existia ou então que não a tinham à venda.

Isto, num país onde existem pessoas desavergonhadas que ousam declarar que não existe censura.

E o que fica descrito não dará para qualquer pessoa compreender o que se passou - e continua a ocorrer - com esta obra? E mesmo com outras minhas actividades literárias?

Brasilino Godinho

quarta-feira, outubro 18, 2006

ESCLARECIMENTO

DE BRASILINO GODINHO

(Plágio? Ou safadice?)

O conceituado escritor brasileiro Celito Medeiros acaba de publicar, hoje, 17 de Outubro, no Portugal Club uma importante apreciação sobre o triste e complicado caso relacionado com o presumido plágio do texto “Precisa-se de matéria-prima para construir um País”, que traz em alvoroço os meios intelectuais brasileiro e português.

A achega interessante de Celito Medeiros é a revelação de que a autoria da famigerada peça não caberia nem a João Ubaldo Ribeiro, nem a Eduardo Prado Coelho. A confirmar-se esta afirmação pelos próprios e pelo jornal Público, estaremos confrontados com uma grande safadice de alguém sem escrúpulos. Um ser desprezível.

A meritória intervenção de Celito Medeiros e o facto de o signatário deste esclarecimento se ver envolvido nesta recente fase da intricada história - tenha ela os contornos que tiver será indecorosa – leva-me a prestar as seguintes informações.

No princípio de Agosto chegou-me ao conhecimento a versão completa do artigo em questão, com as indicações de autoria de Eduardo Prado Coelho e “in Público”.

Na altura julguei – e mantenho a opinião – que a ideia e os termos do escrito eram inteiramente desajustados e desprovidos de senso e objectividade. Fui para o computador e redigi a crónica: “OVO DE COLOMBO” TIRADO DA CARTOLA DE EDUARDO PRADO COELHO? OU A “COISA” ESTÁ MESMO PRETA?....

Para melhor se perceber o meu papel nesta bizarra ocorrência que começa a 15 de Agosto do corrente ano, julgo haver interesse em transcrever, na íntegra (inclusa a “nota” final), aquela minha crónica.

É o que passo a fazer.

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Um texto sem tabus…

“OVO DE COLOMBO” TIRADO DA CARTOLA DE EDUARDO PRADO COELHO?

OU A “COISA” ESTÁ MESMO PRETA?...

Por: Brasilino Godinho

http//quintalusitana.blogspot.com

Bravo!

Finalmente, o famoso colunista Eduardo Prado Coelho, professor universitário, detentor de diversificados títulos, ajeitou os óculos de pequeno alcance, arregalou os olhos, mandou às urtigas a sonolência que, pelos vistos, lhe entorpecia o pensamento, sobreergueu-se, limpou algumas teias de aranha do sótão e… de mansinho, assim como quem não quer passar por raposa matreira da selva urbana da alfacinha cidade, entreabriu-se um pouquinho ao mundo da região saloia que o assedia. Certo que não foi um gesto fantástico, incisivo, largo, franco, completo, abrangente e objectivo quanto bastasse para satisfazer a curiosidade e completar a autognose dos indígenas; mas já foi alguma coisinha… Ao jeito de um prestidigitador que saca um coelho da cartola perante a plateia aparvalhada e seduzida pelo encanto pessoal e pelas falinhas mansas do artista. Só que, neste caso, a personagem em actuação no palco é, ela própria, um coelho a inverter os papéis da representação. Isto é: ela é o agente activo e não o sujeito passivo. De tal modo, que da cartola o coelho tira um ovo. Aqui, o fenómeno… Pois que, habitualmente, são as galinhas que põem os ditos. Dele, se julgará ser um “ovo de Colombo”. É sempre altura de nos surpreendermos com os fenómenos da Natureza. Adiante…

Numa recente mensagem à Nação, com aquela pompa que costuma imprimir às suas incursões nos jornais, o intelectual lisboeta informou os indígenas portugueses dos muitos defeitos que os caracterizam e… aparentemente, algo incomodado com isso resolveu “procurar o responsável pela matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos” e que constitui “empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação”. À cautela, não o Diabo tecê-las, foi-nos prevenindo que: “Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo (nossa observação: prudente… o doutor Eduardo), senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido”. Em seguida, conclui, num arroubo de pretensiosa grandura: “Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro que o encontrarei quando me olhar ao espelho”. (Um aparte de estupefacção: quem diria que o povo é “matéria-prima defeituosa” e… ainda por cima, gerada, parida e conservada sob a responsabilidade de Eduardo Prado Coelho… Fantástico! Ele reconhece ser o maior empecilho do desenvolvimento da Nação porque assume-se como o responsável pela famigerada “matéria-prima defeituosa” – embora, receoso, faça depender a responsabilização da consulta ao espelho…).

Porque, Eduardo Prado Coelho, usou o primário expediente de colar a todos os portugueses, não políticos, nem lacaios do Poder, o rótulo de “matéria-prima defeituosa”, importa tecer alguns comentários oportunos e apropriados.

Comecemos pela promessa de se olhar ao espelho.

Ninguém tem a certeza que o faça. É que Prado Coelho põe a condição de “quando” não sendo líquido que alguma vez se disponha a tal verificação. Por essa via corre-se o risco de lhe minguar a vontade e ficarmos sem o identificado responsável na pessoa de Eduardo Prado Coelho. Aliás, ele não estava muito convicto de concretizar o propósito ao sentir a necessidade de usar o termo “francamente” para nos informar que iria procurar o tal responsável; por sinal, ele próprio. O que releva alguma presunção e precipitação de julgamento – anota-se! De facto, se os portugueses têm tantos defeitos como os que enunciou, o Dr. Eduardo Prado Coelho não será o único responsável mesmo dando de barato o sentido metafórico da conversa fiada… Todavia, indo ao encontro do juízo que ele faz do seu posicionamento na sociedade, admitimos que tem grandes responsabilidades no actual estado da Nação.

Também um desprevenido cidadão ficará baralhado com a observação feita por Eduardo Prado Coelho de a “matéria-prima defeituosa” (o conjunto dos portugueses com todas as inúmeras imperfeições que apontou exaustivamente) ser “empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento”. Sabendo-se que possibilidade é qualidade do que é possível; ou pode significar: oportunidade; posses; rendimento; – ficamos sem perceber se a “matéria-prima defeituosa” interferirá na qualidade; se inviabiliza a oportunidade; se lesa os rendimentos; se bloqueia a posse do desenvolvimento. Ou se, “empecilho”, impossibilita ou prejudica o desenvolvimento. Porém, se afecta ou infecta a qualidade do desenvolvimento significará que, não obstante, vai havendo desenvolvimento; talvez mal cheiroso devido à, por Eduardo Prado Coelho, identificada “defeituosa matéria-prima”, propensa à degenerescência dos elementos que a constituem. Outrossim, supomos que “matéria-prima defeituosa” empecilho das possibilidades que não do desenvolvimento…

Eduardo Prado Coelho vai desculpar a nossa franqueza. Mas a mensagem que nos trouxe é bastante confusa e representa-se como uma charada. Desvirtua a realidade do país em múltiplos aspectos. Ademais, a análise do âmago da questão posta, é feita com total falta de rigor e de objectividade. E porque se baseia em premissas desajustadas ao quadro da situação e às condicionantes da nossa vida colectiva, o seu estudo também releva a preocupação de ilibar a classe política das grandes responsabilidades na decadência de Portugal. Nesta área, são confrangedores os esforços de natureza corporativa que Eduardo Prado Coelho, ex-adido cultural da Embaixada de Portugal em Paris, alardeia em poupar e desresponsabilizar os governantes, os políticos e o sistema que alimenta as enormidades conhecidas e… sofridas pela arraia-miúda. Até parece obra encomendada pelos donos da QUINTA LUSITANA.

E a este ponto chegados vem à verificação a olho nu o tal “ovo de Colombo” da lavra de Eduardo Prado Coelho. No seu exagerado entendimento, os portugueses têm imensos defeitos (o que é uma parcial verdade, dada a pecaminosa circunstância de humanos); apregoam a estúpida crença que o “trapalhão Santana Lopes”, Cavaco, Durão, Guterres não serviam e a “farsa Sócrates” não serve. Começa a suspeitar e mais adiante no texto, já tem a certeza que o problema não está neles mas, sim, em nós, como povo, “matéria-prima de um país”, que subentendemos ser o nosso… Lendo todo o extenso rol de defeitos dos portugueses percebe-se que para Eduardo Prado Coelho os governantes e os políticos (só por uma vez, num assento de insensibilidade, se escrevem, na mensagem, as palavras governantes e políticos) serão a emanação do povo e por tal condição deverão ser desculpabilizados; para além de no meio da maralha se constituírem como vítimas e não como fautores do descalabro nacional.

O “ovo de Colombo” está consubstanciado nas descobertas de Eduardo Prado Coelho a seguir discriminadas:

1 - o problema da governação é que Sócrates ou outro que vier (cuida-te, Sócrates!) “terá que continuar trabalhando com a mesma matéria-prima defeituosa”. (Azar de Sócrates! Porque anomalia genética do povo… Será maldição que nos caiu em cima?... Seguramente: aborrecimento e desespero de Prado Coelho… );

2 - que ele, Eduardo Prado Coelho, “não tem nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor”. (Que pena… E desperdício da subentendida boa-vontade de Prado Coelho);

3 - que o necessário “é que se faça cumprir a lei”. (Ó doce ilusão: homens de “havemos de fazer” nunca farão coisa nenhuma…);

4 - que, na sua opinião, “é muito bom ser português (Mesmo com tantos inerentes defeitos? - perguntamos);

5 – “mas quando essa portugalidade começa a ser empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda…”

Em vista disso, como nos entendemos? Se ser português “é muito bom”, será possível que essa qualidade se torne “empecilho” seja para o desenvolvimento ou para outra qualquer coisa de interesse nacional? Porquê essa redundância de “portugalidade autóctone”? Eduardo Prado Coelho poderá explicar-nos o que será a portugalidade – a dita qualidade de “muito bom ser português” se não for autóctone?

Depois, quando escreve “tudo muda…” o que deseja significar? Muda o quê? Como? Quando? Intrigante, esta expressão, logo acrescentada com a afirmação de “não esperar acender uma vela a todos os santos a ver se nos mandam um Messias”.

Igualmente, de imediato, surge expressa a suprema coisa que está acima de todas as descobertas de Eduardo Prado Coelho. Digamos, o corolário de toda a charada: “Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.”:

E esta!... Branco é, coelho o põe… Diz o ditado: “Para grandes males, grandes remédios”

Eduardo Prado Coelho encontrou a solução para a grave situação de Portugal. Vamos acabar com a mania de criticar os governantes e os políticos. Cessem os reparos idiotas à incompetência de uns e outros. Deixem-se os indígenas - estes portugueses tão viciosos e imperfeitos sob o ponto de vista moral, bastante destituídos da inteligência que é apanágio dos intelectuais das Avenidas Novas de Lisboa - das veleidades de julgarem que têm direitos de exigir seriedade, rigor, sapiência de governar e justiça aos detentores do Poder.

E uma vez que isso de críticas e exigências não é recomendável… mudem-se os indesejáveis portugueses. Fora com eles! Vão para as profundezas dos infernos! Deixem o País à mercê dos frenéticos políticos, dos “sacrificados” deputados, dos incompetentes governantes, dos desonestos assessores, das esculturais secretárias, dos seus discretos motoristas, do inefável professor doutor. Eduardo Prado Coelho (mesmo que ele não desista de se ver ao espelho), dos “inteligentes” figurões da capital, dos incríveis “amigos da onça” do Porto, de alguns seleccionados doutores da mula ruça de Coimbra, dos indispensáveis censuradores da comunicação social, dos grandes manhosos das televisões, dos “veneráveis” irmãos “de bons costumes” membros das várias irmandades e sociedades secretas espalhadas pelo país, de bastantes clérigos de apregoadas virtudes, das piedosas ratas de sacristia, dos emproados senhores nostálgicos do monarquismo, de uns tantos destemidos capitalistas da nossa excelente sociedade, das respectivas famílias, dos úteis amigos e das belas amigas de toda essa gente fixe. Que todos, comodamente instalados na QUINTA LUSITANA lhe chamem um figo. Divirtam-se! Sobretudo, governem-se! Certamente, mais à-vontade - porque não contrariados - para melhor se festejarem reciprocamente…

Entretanto… O Zé-Povinho, bonacheirão, crédulo, paz-de-alma, faminto, de tanga esfarrapada a cobrir-lhe a nudez, tornado irreflexivo, a designada “matéria-prima defeituosa” e infecta que suscita a repulsa de Eduardo Prado Coelho, que se lixe! Que vá à vida…

NOTA: Esta crónica já foi publicada no “Diário de Aveiro”, edição de terça-feira, 15 de Agosto de 2006, no http://quintalusitana.blogspot.com e está circulando pela Internet (sítios e endereços electrónicos).

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Chamo a atenção para o facto de a crónica terminar com a nota que ela estava circulando na Internet desde o dia 15 de Agosto. Distribuição feita pelos jornais de Lisboa, Porto e Província. Igualmente, em diferentes datas, por numeroso grupo de entidades públicas e privadas do País, com incidência especial na cidade de Lisboa.

E assim se passaram os dias e decorria a divulgação da minha crónica até ao dia 13 deste mês de Outubro. Nessa data, sou surpreendido com a publicação dos dois textos, brasileiro e português sobre o citado tema “Precisa-se de matéria-prima para construir um País”, atribuídos a João Ubaldo Ribeiro e Eduardo Prado Coelho. Fiquei estupefacto.

Em seguida, extravasando a minha perplexidade perante o insólito que me era apresentado, elaborei a “anotação” sobre o - agora (dia 13 de Agosto) evidente - plágio e encaminhei-a para vários destinos na esperança de a fazer chegar ao conhecimento dos visados e do jornal Público – não directamente, por manifesto desconhecimento dos endereços electrónicos e insuperável dificuldade de obter esse conhecimento.

Portanto, ficam narrados os episódios da minha participação no movimento desencadeado com o fim de se esclarecer a insólita situação. Também, de dar informação aos visados e de lhes proporcionar a justificação que entendessem, por bem, apresentar aos concidadãos.

Mas, fica suspenso um aspecto irresoluto que não devo omitir.

Passo a explicar. Então – 1) - surge em Portugal, antes de Agosto, um artigo de opinião que é apresentado como sendo de Eduardo Prado Coelho e como tendo sido publicado no jornal diário Público; 2) - o signatário deste esclarecimento (com base nele) elabora uma crítica algo incisiva sobre o artigo e o presumido articulista; 3) - é dada larga difusão dessa crónica de Brasilino Godinho em diferentes datas e com recurso a vários e-mails - e neste meio tempo, contado entre 15 de Agosto e o dia 13 de Outubro (dois meses), ninguém: Prado Coelho, jornal Público e outra qualquer pessoa se dá ao expediente de vir dizer: Alto aí! O Prado Coelho não escreveu. O Público não publicou.

Estranho, o silêncio.

Esta história é esquisita… Parece que está mal contada…

Fico na expectativa; aguardando os acontecimentos.

Brasilino Godinho

segunda-feira, outubro 16, 2006

Um texto sem tabus…

ELA, CRIATURA INDISCIPLINADA,

NÃO É FLOR QUE SE CHEIRE…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com)

Quem diria ao vê-lo nascer que o lindo bebé se tornaria um estafermo rejeitado por todos. Que dele querem distância…

E no entanto… a pequenita nasceu saudável, com boas cores, de rosa escarlate. Criança desinibida, mimada pelos seus progenitores, cresceu sempre bem adornada com os enfeites próprios do seu sexo e da sua privilegiada condição de parida no seio de uma família respeitável e com alta cotação na sociedade local. Deve realçar-se que foi crescendo rodeada de todos os carinhos e atenções de quantos lhe davam o pão que o diabo ia amassando e o demais nutritivo sustento. Igualmente, com mãos largas, lhe tratavam da regalada vida.

Até que, em dada altura, a pequerrucha começou a evidenciar preocupantes sinais de desconformidade física e alguma confusão de carácter sensorial quando a iniciaram na prática das operações aritméticas. Ela ficava baralhada e não se explicitava de forma audível e suficientemente compreensível para quem mais de perto a acompanhava na sua vivência diária. Por outro lado, incompreensivelmente, mostrava-se demasiado esquiva e pudica para muitos que, lhe conhecendo a existência, a espreitavam de longe com lânguida curiosidade… Para mais agravar a situação da criatura e não só dela, mas de quantos zelavam pelo seu comportamento e (ou) lhe sentiam a molesta presença, já espigadota, denotava uma irreversível tendência para se mostrar indisciplinada e rebelde, não se dando conta da realidade… das contas do orçamento caseiro que os seus mentores iam fazendo ao sabor da excitante, laureada, vida prosseguida pelo respectivo agregado familiar. Acentuavam-se as apreensões de alguns familiares confrontados com as dificuldades de lhe travar os ímpetos e as extravagâncias. Uma situação a fazer lembrar o que, geralmente, acontece ao cavalo quando toma o freio nos dentes: ninguém consegue detê-lo. Tal e qual ia sucedendo com a criatura em causa.

Eis senão quando se concretizaram as arreliadoras previsões. Ela, para além de ser crescentemente teimosa, irrequieta e desmiolada, sem respeito pela etiqueta, sem trejeitos de graciosidade feminina, sem pose de senhora prendada, talvez por tudo isso e pela gula insaciável a que não sabia resistir, transformou-se numa pessoa gordíssima, repelente, insuportável. Sobretudo, volúvel. Com a particularidade de quase todos os dias se contorcer e mudar a sua desmesurada anatomia. E chegou a um ponto limite, sem retorno. Ninguém a aceita. Muitos dos seus amigos de peito a abandonam ao deus-dará. O seu pai que naturalmente a gerou e carinhosamente a acompanhou nos seus primeiros anos de vida, em dada altura, devido a circunstâncias alheias à sua vontade, foi à vida por outras paragens e deixou-a desamparada no regaço da mãe que, divorciada do progenitor, manifestamente a renega. Veio depois o padrasto que - nem a sentindo como filha e não querendo tomá-la nos braços (apesar de ser pessoa corpulenta), nem se dispondo a consentir que ela se sente no sofá da chefia ou o acompanhe à mesa, com o receio de que aquele móvel ceda ao seu descomunal peso e que a indesejável companhia lhe afecte a pituitária, visto haver o consenso de ela ser flor que não se cheira – não hesita em a menosprezar a todos os instantes. A desgraçada, agora incrivelmente rejeitada pelos familiares, conhecidos de longa data, desconhecidos de relativas proximidades no tempo e nos espaços adjacentes ao seu habitat e por aqueles que são o pai e os tios adoptivos, vai arrastando uma vida dolorosa, de sobressaltos e de indefinições que a deixam num transe de não tugir, nem mugir. Uma crueldade inqualificável…

Ainda por cima, quantos lhe chegam perto para testar a sua capacidade de resistência física e espiritual, dão-lhe grandes safanões que a amolgam ou a dilatam de tal modo que nunca se sabe qual é a sua corpórea dimensão. Assim, por isso e conforme o lado de onde sopra o vento, ela se avantaja como o pavão quando corteja a fêmea ou se encolhe e disfarça como o ouriço-cacheiro e a avestruz se atacados ou receosos do perigo que ronda pela cercania.

Para além das contingências a que tem estado exposta a criatura, nos últimos anos, vem sendo cobaia de intricados estudos de especialistas convocados para estudarem o fenómeno; os quais se empenham em fazer o diagnóstico da sua excessiva envergadura física e intrínseca nulidade de espírito. Só que não têm dado meia para a caixa…

Ultimamente, veio a público que um departamento das Finanças (à revelia do Ministério da Saúde que, aliás, se está nas tintas para dar amplo jus ao seu nome), precedendo uma abordagem feita por técnicos à componente numérica do espólio financeiro da enferma, enviou um relatório preliminar ao patriarca da família adoptiva com uma pouco esclarecedora conjectura de passivos e activos; quais componentes da sua textura corporal. Aquele documento teve o condão de apalpar o terreno e suscitar reacções que, eventualmente, podem dar pistas para um apuro daquilo que será a verdadeira forma e o real conteúdo da entidade física do ser avaliado.

Entrementes, a vizinhança da casa senhorial e os citadinos, atónitos, a todos os momentos, interrogam-se: Sendo do conhecimento público que no palacete existe um numeroso e qualificado grupo de agentes operacionais das mais diversificadas disciplinas por que carga de água não se utiliza alguém competente desse núcleo para tratar da saúde da infeliz enferma. Os peritos que integram o quadro da casa não dispõem da confiança dos patrões? A malta não entende o desperdício das competências internas da referida mansão e os excessivos gastos com as intervenções e consultas externas. Aqui, para os indígenas, está presente uma charada, incompreensível, de obscura resolução…

No meio de todas estas desordenações de natureza clínica, reflexas de ineficácia da acção política segundo os usos e costumes ora em voga, à mistura com dados financeiros, vai se instalando o receio de a contabilidade das peritagens, consultas, relatórios, exames, atingir - daqui a uns anitos - números superiores aos da actual dívida da Câmara Municipal de Aveiro.

Pois, já perceberam… A dívida municipal é a criatura indisciplinada e malcheirosa, objecto desta crónica.

quinta-feira, outubro 12, 2006

NO P.P. MÊS DE AGOSTO ENVIÁMOS A PRESENTE MENSAGEM AOS DEPUTADOS, RESIDENTES NO PALÁCIO DE S. BENTO, ACOMPANHANDO A CRÓNICA É ISSO! FALTA-LHES O “CONHECIMENTO OFICIAL…”, INSERIDA NESTE BLOG. AGORA, ENDEREÇAMO-LA, TAMBÉM, AOS AUTARCAS, PORQUE MATÉRIA DO SEU INTERESSE.E PARA QUE NÃO SE ENTENDA QUE ESTEJAM A SER DISCRIMINADOS…

Estimadas senhoras deputadas,
Caros senhores deputados,
Prestimosas(os) autarcas

Prevalecendo-me da vossa reconhecida tolerância e do mui celebrado (e emblemático) espírito democrático que vos distingue da multidão dos indígenas, permito-me a iniciativa de vos enviar, em anexo, uma peça condimentada com vários ingredientes...Esperando recolher os vossos complacentes - e, eventualmente, desinteressantes… -aplausos para a essência da matéria exposta, apresento-vos os melhores cumprimentos.Brasilino Godinho

Post scriptum - Se os fantasmas que vagueiam por aí, no palácio de S. Bento e nas domus municipalis, não levarem a mal e porque todos somos filhos de Deus irmanados no apego à terra lusa que nos viu nascer, eu deixo às compenetradas damas e aos distintos cavalheiros que assentam nesses festejados espaços das vossas representações, uma recomendação: adquiram a obra "A QUINTA LUSITANA", da autoria do signatário.
Se o fizerem, garanto-vos que não ficam a ver navios...Uma surpresa aliciante vos espera. Vão conhecer um belo retrato de Portugal… E será com grande satisfação que ele se fixará nas vossas recordações...Acreditem! E nem me surpreenderia que, alguns de vós, mais susceptíveis, decidissem guardar religiosamente o livro sobre a mesinha de cabeceira, junto ao leito conjugal. Até porque talvez já haja quem faça isso… Brasilino Godinho
(Outubro de 2006)

Um texto sem tabus…
“SOL” ENCOBERTOUMA RECRIA APÓCRIFA E “MAL AMANHADA”…
Brasilino Godinho

O SOL foi um título criado pelo tenente-coronel Lello Portela, corria o ano de 1946.
No princípio do ano corrente, seis décadas depois, começaram a surgir notícias sobre o relançamento do SOL.
Confesso que perante o anúncio de recriação do SOL fiquei com grande interesse em lhe conhecer o novo formato e os conteúdos. Também, avaliar da orientação editorial. Igualmente, latente a curiosidade de saber se este SOL seria primaveril, se fiel ao espírito de independência e sentido de seriedade do seu antecessor. Outrossim, com vontade de saudar o seu reaparecimento.
Talvez por influência da enorme publicidade que precedeu o seu lançamento e pelo conhecimento da valia profissional das figuras marcantes do respectivo quadro editorial, tinha a esperança do que o produto fosse tudo aquilo que era o saudoso SOL e… mais qualquer coisa de excepcional.
Feita a primeira edição, postos os jornais nas bancas e adquirido um exemplar, logo senti uma profunda decepção. Afinal - depois das várias entrevistas do seu director, arquitecto José António Saraiva, dadas às televisões, de proferidas tantas declarações e escritas inúmeras laudas de exaltação do jornal que se dizia ir marcar uma posição de inegável superioridade sobre os semanários existentes e, sobretudo, “esmagar” o rival Expresso - o SOL outoniço, que segurava nas mãos, apresentava-se demasiado inexpressivo e com uma figuração tão vulgar, comum à espécie, que não resisti a comentar com um amigo, expressando-me com um apropriado lugar-comum: “a montanha pariu um rato”.
Entretanto, as edições que se têm sucedido conservam o mesmo padrão de banalidade.
Mas não é só este aspecto negativo que caracteriza o SOL como órgão de comunicação social.
Para doutros aspectos menos conseguidos dar referência, nada melhor que evidenciar o desencanto que senti ao folhear e ler o SOL de Outono que nos calhou em desacerto de sorte malvada. Assim, julgo dever expressar em letra de forma quais foram as sentidas desilusões.
A primeira, grande, cingida à ética e à deontologia jornalística, foi a circunstância de a nova versão do SOL não inserir qualquer referência ao SOL original; nem ao facto deste semanário ter sido concebido, fundado e dirigido pelo excepcional jornalista, distinto militar, tenente-coronel Lello Portela. Considero um "esquecimento" deplorável. Quer relativamente a uma coisa, quer à outra. Com uma agravante: os mentores do recriado SOL pretendem fazer passar a falsa ideia de que são os criadores de novo título. Claro que tudo isto é elucidativo da "alma" que orienta o actual SOL – insisto: um título recuperado sessenta anos depois da sua primeira aparição em 1946.
A segunda, por causa do grafismo da primeira página e do pequeníssimo destaque do logótipo SOL. Um e outro de uma pobreza franciscana. Sem esplendor. Insignificantes. Opacos. Cinzentos. Não irradiam brilho. Não despertam, nem cativam a atenção do eventual comprador. Não fascinam. Quase se tornam repulsivos quando este SOL (por sua natureza, "encoberto") está enquadrado com outros jornais expostos nas prateleiras dos quiosques. Tanto quanto consigo lembrar-me, muito abaixo do primor gráfico do semanário SOL, fundado por Lello Portela que, à época, foi um achado de modernidade, de independência e sageza política. Realço!
A terceira, porque o SOL, se apresenta contrafeito, dissimulado no manto diáfano da fantasia de, hipoteticamente, ser um jornal independente; e de tal forma determinado na omissão da realidade de ser, de facto, sob condição de dependência, o órgão da Opus Dei que a esta faltava para preencher lacunas de divulgação, influência e poder, que não inspira a confiança do leitor exigente naquilo tudo concernente a isenção, a liberdade de expressão, a independência, a rigor e a transparência. Demais, o SOL é financiado pela Opus Dei através dos seus instrumentos financeiros e por gente que lhe está associada De que resulta estar totalmente submetido às conveniências dessa associação secreta. Aliás, como ignorar as implicações de a quase totalidade da célula da Opus Dei, a operar no Expresso, se ter transferido com armas e bagagens para o SOL? Quem no actual SOL pontifica? Respondo: À vista de toda a gente - que não ignorante, nem esteja sonolenta ou emparvecida - está omnipresente a fina-flor do ramo português da referida "venerável" seita de confissão católica.
Tenho a impressão que vai ser interessante acompanhar as disputas entre os semanários mais empenhados na supremacia do mercado, travadas com punhos de renda no quadro da “guerra”, feita em silêncio, entre a Maçonaria e a Opus Dei. *
Quanto à "abertura" do SOL creio firmemente que jamais lerei nesse semanário quaisquer textos críticos e irónicos verberando a Opus Dei ou dando a imprescindível nota de independência.
E no que toca a considerações sobre a Opus Dei… estamos conversados. É um dos vários tabus do SOL – semanário que, admito, vai creditar-se como o jornal dos tabus.
Sob outro ângulo, faço uma chamada de atenção para a circunstância de não ser por acaso que a revista se designa por "Tabu". A escolha foi acertada! Feliz! Verdadeira! Não engana o leitor. Este, assim advertido, logo se escuda na indispensável reserva mental a ter em conta face às matérias nela contidas. Parabéns ao autor da ideia! Eles, tabus, estão subjacentes ao projecto e firmemente inculcados no espírito de cada um dos membros da equipa dirigente. A começar no subconsciente do director do SOL.
Aqui, também vale uma observação oportuna: é evidente que o mano Portas, do famigerado "bloco" à esquerda do espectro político, dá aquele tom de conveniente disfarce e aquela vaga e útil ideia da pluralidade…
A quarta, porque se intui que no SOL vai ter continuidade a prática da censura que o seu director, Arqº. José António Saraiva permitiu ou exerceu no "Expresso"; e, nessa vertente, o director do SOL, agora, conta com uma importante mais-valia: o inestimável contributo, alicerçado no saber e na superior experiência de mestre da matéria, do Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa.
Também, no SOL, se apresenta uma insinuante "abertura" proclamada pelo arquitecto Saraiva, nos seguintes termos: "A nossa perspectiva é ter em cada leitor um colaborador. Cada leitor do SOL será, potencialmente, um repórter do jornal". Bonito!... Quiçá, económico… E lá que tem graça… tem!
A este ponto chegado o leitor interrogar-se-á: Então se o semanário SOL enferma de tantas deficiências, aqui apontadas, como se explica que haja esgotado a primeira edição e, presumivelmente, continue a vender bastante? A explicação é muito simples, fácil de explanar e sem custo de entender. Ele foi objecto de imensa publicidade nas vias públicas, na imprensa e, principalmente, nas televisões. Estas, têm uma extraordinária influência sobre os cidadãos levando-os ao engodo. Até possuem o condão de dar a proveitosa vista aos cegos… de espírito. Dizia o Emídio Rangel: “Apresentem-me um vulgar cidadão e dele farei um presidente da república portuguesa”. E já houve um caso que confirma a afirmação do conhecido ex-director de programas da RTP e da SIC. Precisamente, o da ascensão de Collor de Melo à presidência da República do Brasil, devida à promoção da TV Globo junto das massas populares. E o actual presidente Lula só à terceira tentativa conseguiu a meta da presidência porque, finalmente, contou com o apoio e a intervenção da TV Globo. E mesmo aqui, em Portugal, a que se deveu o triunfo eleitoral de Cavaco Silva? Sem dúvida, às hábeis, sistemáticas e subtis promoções da cavacal figura, efectuadas nos canais televisivos. Sem esquecermos o papel da imprensa.
Mais a acrescentar que o factor novidade foi um estímulo à aquisição dos exemplares do SOL; que o mais baixo preço de venda ao público, tendente a arrasar a concorrência e a denotar o desafogo financeiro da empresa tutelada pela endinheirada Opus Dei, constituiu um importante e tentador aliciante; que os elevados meios financeiros postos à disposição da respectiva administração facilitam o alcance dos instrumentos e sustentáculos necessários para se atingirem os altaneiros patamares das festejadas vendas; e que muitas pessoas facilmente se acomodam à superficialidade e nem cultivam o rigor na análise e o bom gosto nas escolhas. Tão-pouco, os leitores privilegiam a exigência de qualidade do produto que lhes é fornecido. No conjunto, há a considerar que são factores que convergem na ilusão de um êxito jornalístico e sucesso editorial.
Apesar disso, quero mencionar o meu agrado por algumas secções e rubricas do caderno principal e notar que o suplemento "Confidencial" não desmerece no confronto com os similares dos outros jornais concorrentes. Pois, fiquemos cientes que nem tudo é medíocre ou lastimável no SOL…
Concluindo: aquela celebrada estrela que desponta aos sábados e que José António Saraiva previa ser o centro do nosso sistema de comunicação social, mais não é que o SOL frouxo, qual ser empalidecido, prestes a cair desmaiado.
Definitivamente, o SOL está encoberto, é apócrifo, pressente-se comprometido e apresenta-se “mal amanhado” - como diria o compadre açoriano, da linda cidade de Ponta Delgada, localizada na bela Ilha de S. Miguel…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com

Nota: O presente texto foi escrito no p.p. dia 5 de Outubro, distribuído na Internet a partir de sexta-feira, 6 de Outubro e hoje, sábado, dia 7 de Outubro, colocado neste blog.
· Relativamente ao que escrevi sobre a “guerra” entre a Opus Dei e a Maçonaria não tardou a confirmação do que pressentimos.
Ela aí está! Esta específica abertura de hostilidades entre as duas associações secretas, relacionada com o duelo entre o SOL e o EXPRESSO, concretizou-se através da publicação do artigo de fundo do director, José António Saraiva, na edição de hoje do SOL; no qual a Maçonaria é apontada com tendo participado activamente na luta contra o procurador-geral da República, Souto de Moura e interferido na evolução do processo da Casa Pia. Também, não terá sido desprovida de sentido procedente da realidade a inserção na edição do SOL, de 30 de Setembro p.p., de uma entrevista ao Dr. Souto de Moura.
Assinalo que compartilho da referida opinião, do director do SOL, sobre as intervenções da Maçonaria. Aliás, já várias vezes expressa nas minhas crónicas.

terça-feira, outubro 03, 2006

Um texto sem tabus…
ASSIM NÃO!
Umas, são filhas dilectas…
Outras, são enteadas tidas ao abandono…
Brasilino Godinho
A Domus Municipalis de Aveiro está atravessando um mau bocado…É a crise! Falta tudo: a confiança no futuro; a esperança em melhores dias; e, sobretudo, o “pilim” para liquidar as despesas correntes, para saldar os débitos atrasados e para custear as obras com que os edis costumam atirar às más caras de uns e às boas ventas de outros dos eleitores, com vista a arregalar-lhes os olhos de tal forma que eles bem enxerguem o quadrado do boletim de voto onde deverão riscar a cruzinha de todas as bênçãos eleitorais e das ansiadas garantias de vitória da rapaziada fixe no p.f. sufrágio directo.
Mas nem só de falta de recursos financeiros se pode queixar a edilidade aveirense. Ela está a consumir-se de melindres, palpites, cuidados, emoções, sobressaltos e prevenções, na disputa do Jogo da Glória das Dividas. Estas, pesadonas, disformes, de contornos pouco visíveis a olho nu, esticam e encolhem conforme variam os lados de onde sopram os agrestes ventos que serpenteiam pelo gabinetes e imediações da vetusta sede da autarquia. É uma terrível disputa entre duas correntes antagónicas. O temporal não amaina. Não se vislumbra arraial vencedor, nem campo derrotado. Aliás, supõe-se que o Divino Criador - acaso chamado a decidir o pleito - optaria por um empate técnico. Para já, tem-se como dado adquirido que o verdadeiro vencido foi, no devido tempo, apurado sem grandes dificuldades: o grupo de entidades que, perdido na expectativa e sofredor na amargura, precisa – urgentemente - de ser ressarcido dos famigerados débitos.
Igualmente, a Câmara Municipal de Aveiro, encontra-se a arder em lume brando nos seus dois sectores vitais: o espaço administrativo e a área feminina.
O escol dos responsáveis político-administrativos da autarquia, de tão absorvido com o referido Jogo da Glória das Dívidas, nem se apercebe da situação que se passa relativamente a certos elementos do sexo feminino que se encontram acomodados nos vários departamentos e nos particulares e reservados gabinetes do presidente e dos vereadores.
Do lado de cá, exterior ao palácio municipal, os munícipes desatentos e permissivos às distracções e escorregadelas dos gestores autárquicos ignoram os discretos sinais da turbulência que existe no interior da câmara e os fumos que dela emanam com frequência susceptível de causar calafrios nas mais frágeis criaturas que, descuidadas, não se preveniram com as vacinas adequadas.
Assim, nem se estranha que os aveirenses não façam a mínima ideia do mal-estar existente em certos elementos de natureza feminina residentes na câmara municipal. É algo que perturba os cidadãos e os leva a considerar que há dois pesos e duas medidas no tratamento das matérias que estão cativas das rotinas dos serviços da autarquia aveirense.
Ora é, precisamente, sobre as incandescentes matérias camarárias que estamos aqui a desenvolver esta intervenção cívica – que, provavelmente, alguns espertalhões mal intencionados e providos de língua viperina, apelidarão de conversa fiada…
E nada melhor para nos fazermos entender do que, aqui, recordar o que se passou numa sessão da Câmara Municipal de Aveiro, realizada no pretérito mês de Agosto.
Discutia-se um determinado assunto e em dada altura um vereador do PS (por que será que os políticos da oposição hão-de ser, permanentemente, curiosos, chatos e inoportunos?...) interpelou o senhor presidente com uma questão de crível pertinência. Então, a presidencial figura, soerguendo-se até ao píncaro do seu imponente porte atlético, agastada, mas desta vez, a título excepcional, resoluta, em tom imperativo, exclamou: “Essa matéria não tem resposta!”. Todos quantos assistiam, apanhados de surpresa, ficaram estupefactos. Fez-se confrangedor silêncio. E ninguém reagiu a tão insólita atitude. A “matéria”, visada e atingida no seu amor-próprio, quedou-se, apalermada, sem tugir, nem mugir. Coitada! O respeitinho à autoridade do chefe ainda é aquilo que foi... em tempos de triste memória.
Agora, à distância, com a cabeça fria e a perspectiva histórica do evento e das suas implicações no soturno meio ambiente municipal, importa fazer com isenção e objectividade a análise dessa triste ocorrência que terá afectado profundamente a “matéria” em causa. E não só. Decerto, registaram-se perniciosas interferências com os inegáveis direitos e idoneidades das outras matérias. Desde já se diga que das duas uma: ou a tal “matéria” tinha efectiva resposta e o presidente, autoritariamente, exorbitando os poderes da função presidencial, lhe cortou cerce a possibilidade de a dar e, desta forma, violou um elementar direito de expressão consagrado na Constituição da República Portuguesa; ou a “matéria”, não tendo resposta, foi ferida na sua própria dignidade ao ser, implicitamente, taxada de incapaz, de diminuída física e atrasada mental. Também, discriminada na sua dimensão social pelo presidente porquanto, quando ele disse “essa matéria”, estava a indiciar que outras matérias existirão na câmara e, nota a não desprezar, aptas a dar respostas. Outrossim, podemos intuir que estas matérias são devidamente instruídas, acompanhadas, acarinhadas, quiçá, especialmente distinguidas com o apreço e a consideração de cada uma das excelências que dirigem a autarquia. Enquanto a “desafortunada matéria”, que desmerece do presidente, não só é impedida de se exprimir - talvez, até (quem sabe?) por ter alguma resposta que não agradaria a Sua Excelência – como é desprezada e remetida à penumbra de todos os silêncios e omissões, onde não coabitam a instrução ministrada pelos edis e o desejável e simpático acompanhamento que a estes incumbe prestar com empenho de utilidade pública e… o desvelo sempre bem-vindo ao ego feminino. E, em vista do exposto, não esqueçamos que matéria é ser do género feminino…
Fixemos a óbvia conclusão: na Câmara Municipal de Aveiro há matérias que não têm respostas; ou tendo-as, o presidente não lhes consente voz e expressão. Mais preocupante: estas matérias desinfelizes, que bem merecem uma palavra de estímulo e de solidariedade, são as enteadas mal vistas e pior consideradas... As outras, felizes, instaladas no aconchego da simpatia do senhor presidente, são as encantadoras filhas bem instruídas e melhor apreciadas…
Enfim, dois pesos e duas medidas… E a malfadada sorte de uma “matéria” não cair no goto do presidente…