Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, abril 25, 2006

CARTA ABERTA

Para si,

amiga/o de peito do Zé-Povinho

Estimada concidadã

Prezado concidadão

Nestes conturbados tempos de desconsolo em que:

1 - todos andamos tristes, ressabiados, apáticos e vergados ao peso dos infortúnios que desabaram sobre as nossas atiladas e indefesas cabeças;

2 - todos enfrentamos os enormes fogos das mais variadas florestas do nosso desencanto e os correspondentes calores que atormentam e obrigam a pormos mais leve o corpo e a aligeirarmos a alma;

o signatário, atento e solidário, decidiu oferecer-lhe os limitados préstimos com que anseia servir a comunidade.

E deste modo considerando, proporciona-lhe a atractiva oportunidade de "aliviar" a carteira na importância de uns míseros 19 euros; o que - confidencia - sucederá no venturoso caso de se dignar adquirir um exemplar da segunda edição de "A QUINTA LUSITANA" *, da autoria do, ora atrevido, cidadão subscritor da presente missiva. Claro que, nestes termos, ambas as partes extraem manifestas vantagens: o autor vende a sua obra ("um retrato avassalador de Portugal") de flagrante actualidade; e o eventual comprador alcança - para além da confortável sensação de esvaziar da bolsa a carga do vil metal - o inefável prazer de se informar e divertir com uma leitura de indiscritível gozo espiritual.

Releve-me a ousadia e a imodéstia de lhe dizer que esta discreta iniciativa, apesar de se processar com reduzida economia de meios materiais dos participantes, é um muito válido contributo para o mais que provável restabelecimento da auto-estima do seu abalado ego.

Fico na expectativa da sua condescendente pessoa - no exercício, em plenitude, do seu alto critério - optar pela decisão mais consentânea com a mútua satisfação das partes agora envolvidas; afinal, traduzindo uma convergência de interesses que, seguramente, será a coroa de glória de todo este esforço cívico… Aliás - e com sua licença - um esforço deveras inusitado… Também, mui surpreendente… Decerto, auspicioso… porque dependente da rica e multifacetada personalidade a quem me estou dirigindo.

Entretanto, verdade seja dita: só desejo que tal abnegado esforço não seja inglório, perdido no tempo e desviado da nobre intenção que lhe está subjacente…

Finalmente, permita-me uma cativante sugestão. Se não for incómodo para si e não julgar abuso de confiança, recomende "A QUINTA LUSITANA" no seu círculo de relações: a familiares, amigos de peito, afeiçoados mais ou menos distantes e aqueloutras criaturas indiferenciadas (vulgarmente tidas por "conhecimentos de ocasião"). Se assim fizer - à semelhança dos escuteiros - praticará um rol de boas acções que lhe trarão uma alma nova e uma significativa e reconfortante tranquilidade de espírito… Antecipo: Bem-haja!

Atenção! Retenha na mente a seguinte observação: Tal rol de boas acções constituirá uma ajuda para sairmos da crise de angústia que nos aflige….

Apresento-lhe as melhores saudações brasilinas.

Brasilino Godinho

* Obra de 480 págs.; a qual: Informa! Analisa! Sugere! Critica! Diverte!

Contacto: Apartado 549. 3801-901 Aveiro. Tel.: 938 461 241.

E-mail: brasilino.godinho@gmail.com http://quintalusitana.blogspot.com

terça-feira, abril 18, 2006

Um texto sem tabus…

A CENSURA ESTÁ AÍ!

CLANDESTINA, PRATICADA SEM VERGONHA E COM O MAIOR CINISMO

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

1 - Portugal está mergulhado numa profunda trindade de crises.

A primeira, socioeconómica. De ordem material, que afecta o estado físico, o bem-estar e a comodidade do indivíduo. Conjuntamente, transtorna a sua estabilidade psíquica. E não só. A sociedade ressente-se, desestabiliza e, inevitavelmente, entra em convulsão.

Vejamos. A economia está de rastos. As indústrias vão sucumbindo numa cadência assustadora. O comércio sofre grandes constrangimentos que o asfixiam e, por causa disso, segue um percurso de morte lenta. O Estado está cada vez mais endividado. Departamentos oficiais e autarquias alardeando esbanjamentos e acumulando dívidas que se repercutem nas falências de fornecedores e empreiteiros. A balança de comércio externo em queda persistente. O défice orçamental agrava-se de ano para ano. A posição de Portugal no seio da Comunidade Europeia regride para a cauda da tabela anual dos vários índices europeus. A corrupção alastra. A justiça afunda-se num labirinto de confusões, de ineficiências e de assentos das autoridades judiciais desconformes com a virtude moral que inspira o direito do cidadão – anote-se o escandaloso processo da Casa Pia e o inexplicável caso recente da sentença do Supremo Tribunal de Justiça respeitante às agressões a uma criança deficiente mental. O ensino e a educação estão perdidos nas ruas da nossa amargura colectiva. As forças de segurança e de investigação criminal não dispõem de meios e de instalações condignas(1) para exercerem capazmente as suas funções. A língua portuguesa é desprezada e maltratada com incríveis requintes de desleixo e estupidez. A população que se enquadra nas classes mais desfavorecidas suporta imensos sacrifícios e sobrevive com as maiores privações. Os pobres vegetam aí pelos cantos. Abandonados e dependentes dos auxílios e assistências de grupos ou organizações filantrópicas. A classe média baixa e os aposentados de mais fracas pensões de reforma vivem penosamente a sua triste condição de pobreza envergonhada. Ainda agora, foram mais atingidos nos seus parcos subsídios de sobrevivência pelos escandalosos aumentos de descontos de IRS. São milhares de portugueses remetidos a um estado de miséria e de enormes carências. Em número avantajado existem famílias em situações de extrema dificuldade porque foram atingidas pelas falências das empresas e, consequentemente, os membros dos respectivos agregados, foram impiedosamente lançados no desemprego e ficaram sem meios de subsistência. As condições de vida da maioria dos idosos agravaram-se porque determinadas pelos baixos rendimentos e pelos agravamentos da carga fiscal (aumentos de impostos sempre negados nas últimas campanhas eleitorais), pelas restrições nos acessos aos cuidados de saúde e de assistência social, pelos aumentos dos encargos com a aquisição de medicamentos e as prestações de serviços médicos ou hospitalares. Os jovens chefes de família são atormentados pelos encarecimentos dos livros, dos materiais escolares e das propinas. Na generalidade, os portugueses são “contemplados”, como nenhuns outros cidadãos dos países da Comunidade Europeia, com o exagero das elevações constantes das tarifas de transportes e dos preços dos combustíveis; dos acrescentamentos dos preços dos géneros alimentícios e dos artigos de vestuário. Enfim, a progressiva degradação das condições de vida da maioria dos indígenas lusos conduziu este país à actual situação desesperada e sem horizonte de ultrapassagem. Por consequência: os aposentados, os idosos, todos os de fracos recursos, são cada vez mais sacrificados e mais desprezados; e vão ficando mais pobres.

Em contraposição, os enriquecimentos dos poderosos, os lucros exorbitantes dos bancos, os proventos e benesses dos políticos, avançam numa descomedida progressão. Assim, acentuando o fosso entre ricos e pobres. O que é uma circunstância bem elucidativa da bandalheira a que se chegou. Com carácter de infâmia; visto que todas essas gentes dos poderes económico e político, obscenamente bem instaladas na vida, fazem coro tonitruante a proclamar que os portugueses têm que suportar sacrifícios se todos queremos debelar a crise que nos aflige. Falam no plural, mas reservam-se regime singular para o desfrute das regalias e rendimentos de que não abdicam. Menos ainda admitem reduções nos seus acumulados proventos. Mais: impõem que seja imutável esse regime de excepção. Aos pobres e aos trabalhadores cabem os sofrimentos, os esforços, os sacrifícios e os desesperos. Pela vez deles, não lhes falte o espaço de afirmação das regaladas vidas, do fausto, do exibicionismo, da abundância e do regabofe. No apoio à retaguarda e no anteparo da frente de combate dessa cruzada em prol de um estatuto especial dessas gentes beneficiadas pelos costumes da nossa viciada democracia, aí estará atento e firme o regime corporativo dos políticos; o qual, solícito e obrigado não regateará empenho nem faltará com incentivos para a manutenção desse estado que é de graça para uma minoria e de desgraça para a esmagadora maioria dos portugueses. Ou não fosse a classe política parte interessada e sempre predisposta a sacar o máximo em seu benefício.

2 – A segunda crise que vivemos tem a ver com a Ética, com a Moral e com outros valores que lhes estão intimamente associados. Nela e em acumulação de factores negativos, igualmente radicam as grandes dificuldades que sentimos na vida quotidiana.

Se é facto que a classe política é medíocre e que muitos dos seus membros são incompetentes, oportunistas e, até, corruptos, também devemos reconhecer que se instalou na sociedade portuguesa um clima de relaxe, de egoísmo, de conformismo, de prevaricação fácil e abusiva das normas e de violação das leis e das regras morais; as quais, se respeitadas, são determinantes de um regular funcionamento da sociedade. Existe uma grande falta de civismo generalizada a vários estratos sociais. Não há uma cultura de cidadania. Também inexistente o sentido da análise objectiva dos problemas e das situações. Igualmente afastados do sentir dos portugueses os deveres e os direitos dos cidadãos. Daí, muitos eleitores terem alguma quota de responsabilidade por não exercerem em pleno os seus inalienáveis direitos de participação cívica e os necessários deveres de acompanhamento responsável, crítico e rigoroso, da actividade político-administrativa.

Aspecto importante: está esquecida ou desprezada a ideia basilar de que a Política não dispensa uma dimensão ética. Se esta componente não encaixar naquela ciência ou arte de governação consequente e eficaz, então estaremos confrontados com a baixa política – aqui, em Portugal exibida à vista de “todo o mundo”.

Devido a todas estas falhas de educação cívica em que se englobam as que constituem uma chaga social como sejam: as que decorrem dos analfabetismos primário, funcional e cultural há quem, pressurosamente, surja a agitar o espantalho de os políticos, os parlamentares e os governantes, bem vistas as coisas, serem emanações do povo que é suposto representarem e assim determinados por esse estigma deverão ser desculpados dos seus maus procedimentos. Percebe-se o intuito da desculpabilização. Não colhe aceitação. Trata-se de um argumento falacioso.

Desde logo, porque os políticos, os deputados e os governantes, regra geral, têm formação universitária, que, pela ordem natural das coisas, lhes proporciona outras capacidades de apreensão inacessíveis a certas camadas da população e, também, as visões mais correctas e abrangentes dos problemas e das respectivas soluções consentâneas ao interesse público. Para isso se habilitaram aos lugares, convencidos da própria sapiência e na pressuposta disponibilidade de bem servirem os seus representados. Depois, são detentores de poder e influência. O campo de actuação fica-lhes à mercê para imporem as suas orientações políticas.

Claro que muitos, providos das suas incompetências encartadas e apoiados numa grande falta de ética e de sentido de Estado, enveredam por tão maus caminhos que conduzem a nação para becos tenebrosos sem aparentes saídas. Precisamente o ponto onde nos encontramos.

3 – Terceira e mais importante - porque decisiva na formação do futuro da sociedade - a crise da cultura.

Já reconhecida a inoperância e o destrambelho das políticas culturais dos sucessivos governos valerá a pena debruçarmos sobre os seus reflexos nos meios de comunicação social que, neste particular domínio de mentalização dos indivíduos e formatação de uma opinião pública, têm uma influência extraordinária; seja para o bem, seja para o mal. Perante esta nossa tão complexa e angustiante situação seria natural que os meios de comunicação social: rádios, jornais e televisões, dessem informações verdadeiras e pormenorizadas. Do mesmo modo, que proporcionassem análises isentas e objectivas. Se exceptuarmos um apreciável número de jornais e rádios locais e regionais que privilegiam a seriedade e a liberdade de expressão dos seus colaboradores o que é que lemos e ouvimos nos periódicos e televisões ditos nacionais? Uns e outras omitem os grandes problemas e as razões objectivas de os mesmos subsistirem e de se agravarem com o decorrer do tempo. Eles entretém-se com os relatos de questões menores, de acontecimentos catastróficos, de tragédias e reservam a formulação dos comentários superficiais e coniventes aos indivíduos que, integrados nas corporações dos políticos e dos poderosos, se preocupam em defender os respectivos interesses corporativos e influenciarem a opinião pública no sentido de se manter indefinidamente o actual estado das coisas e das pessoas. Mais ainda, em baralharem as mentes e manipularem os leitores, os ouvintes e espectadores. Assim, temos instalado um sistema lesivo da cultura e distante de um real desenvolvimento do país.

Tão mau quanto isto, antes enunciado, ou pior, é a censura avulsa que os jornais e televisões de Lisboa e alguns escassos jornais da província ligados a grupos poderosos, exercem com a preocupação de não deixarem chegar ao conhecimento do público aquilo que realmente está acontecendo em Portugal e que bastante lhe pode interessar saber. É uma censura desavergonhada, indecente, cobarde e violadora do código deontológico do jornalismo, que dá cobertura à corrupção e resguardo a poderosíssimas entidades deste país, às inúmeras actividades criminosas e às imensas trafulhices que se praticam a torto e a direito em Portugal. É um expediente caliginoso, recheado de mistérios e de contornos terríveis, que a esmagadora maioria dos portugueses ignora. Porquê? Por razão simples: as denúncias dessa censuraescondida e pior que a dos tempos de Oliveira Salazar – estão completamente bloqueadas pelas redacções e direcções dos jornais diários, das revistas, dos semanários, dos quinzenários e das televisões da capital, Lisboa. Uma autêntica conspiração de natureza mafiosa. Andam por lá, na alfacinha cidade, grandes figurões e petulantes damas de cantos sedutores, que recheiam as crónicas nos periódicos e abrem muito a boca nas intervenções que fazem nos noticiários das televisões, a debitar as expressões de liberdade, de independência, de transparência, de seriedade, de tolerância e proclamando-se compenetrados democratas e, no entanto, são desavergonhados(as) praticantes da censura que exercem nas suas áreas de influência, de comando ou de orientação. O autor deste escrito faz estas afirmações com conhecimento de causa. E tem sentido os efeitos dessa censura abjecta.

Importa dizer que esta crónica foi suscitada pelo recente caso do editorial do jornal “Público” sobre o regime político vigente em Angola em que avultam as considerações sobre a falta de liberdade da imprensa e precárias condições de vida daquele jovem país africano. Diga-se que a altura do pronunciamento desta diatribe do director do “Público” foi suspeita de pretender abrir um contencioso entre os dois países, enquanto decorria a viagem a Luanda da comitiva de governantes e empresários, chefiada pelo chefe do Governo, engº. José Sócrates e, desta maneira, comprometer os efeitos dos acordos firmados. Curioso e intrigante é que a imprensa e televisões de Lisboa se abstiveram de comentar com seriedade o incidente. Face a este obscuro episódio, devemos reflectir e interrogarmo-nos quanto à honestidade intelectual de um jornalista em apontar faltas de liberdade, práticas de censura, estados de atraso, em Angola, quando esse profissional da imprensa vive num país que, contando muitos séculos de existência, se encontra em tão desoladora situação e é tão mal governado por uma classe medíocre, exploradora, incompetente; geralmente prevaricadora dos mais elementares deveres de cidadania, como sucedeu na p.p. quarta-feira, dia 12 de Abril, com as faltas de 100 deputados à sessão da tarde da Assembleia da República. Ele, tão lesto em atacar os outros, “esquece” tudo aquilo de mau que existe ao seu redor. Perguntamos: quais os motivos por que o director do “Público” cala ou não se manifesta com semelhante veemência sobre o que se passa de grave e condenável, aqui, nas suas barbas? Insistimos: que autoridade moral tem um jornalista e um jornal que não têm pejo em usar da censura para silenciar quem ousa informar o povo sobre a real situação de Portugal? Como foi aquilo que se passou com o autor desta crónica, relativamente à sua obra “A QUINTA LUSITANA”.

Enfim, há na região de Lisboa bastantes indivíduos sem vergonha. E que devemos considerar como cínicos incorrigíveis. A soldo de inconfessáveis interesses.

P.S. – Ponderemos: que Estado de opereta é este que se permite ter ao seu serviço o jovem chefe Melo, do grupo parlamentar do Partido Popular, com a distinta lata de informar que tinha autorizado as faltas de alguns deputados do seu partido à sessão do parlamento, na tarde do dia 12 de Abril corrente. Então o rapaz arroga-se o desplante de usurpar a autoridade e os poderes do presidente da Assembleia da República? E ninguém repara?

Que dizer de outra ousadia do chefe Guedes, do grupo do PSD ao afirmar: era aos 49 deputados do partido da maioria (PS) que cabia o dever de estarem presentes na sessão da assembleia (da tarde, do dia 12 de Abril).

Depreende-se desta surpreendente observação que os 50 deputados do PSD, faltosos, não estariam obrigados a cumprir os seus deveres de presença por… não serem da maioria.

Concluindo:

Bonitas figuras de agilidade mental! Elegantes maneiras de desempenho cívico! Edificantes manifestações de destreza política!...

Assim vai a política (com letra minúscula) em Portugal…

Que tristíssima e anojosa paródia lusa da Política!...

(1) - Notícia de última hora: As televisões acabam de informar que ruiu o tecto de um gabinete dos serviços operacionais da Divisão de Investigação Criminal, da Polícia de Segurança Pública do Porto. Não há vítimas. Por um feliz acaso o facto aconteceu de madrugada e, no momento, não havia ninguém naquela sala.

Citamos o acontecimento para os portugueses que nos lerem ajuizarem da pertinência da nossa referência às faltas de meios e condições, existentes nas forças de segurança. E não só.

Em vista disso, não há verbas no Orçamento para os gastos vitais. Mas gasta-se “à tripa-forra” com institutos de duvidosa utilidade; com pensões milionárias dos deputados, pretensamente afastados de outras rendosas actividades; com centenas de vencimentos fabulosos de assessores, secretárias de ministros e gestores públicos; com automóveis, viagens, mordomias e muitos mais luxos, extravagâncias, superficialidades, desperdícios e esbanjamentos. Sem esquecermos as importâncias exorbitantes que se dissipam nas corrupções.

Enfim, com tantos comilões a empanturrarem-se à mesa do Orçamento e tanta desgovernação, nem há tesouro público que se aguente…

APELO

Nos textos antecedentes estão contidas as “farpas” dos nossos desencantos e amarguras. “Farpas” que se justificam pela situação que aflige a maioria dos portugueses. Vamos lançá-las sobre os bestuntos de quantos nos chagam a paciência e nos atormentam a vida.

Ajuda preciosa, nesse sentido, poderá ser dada por si. Encaminhe a crónica (plena de “farpas”), o post scriptum e este apelo, para seus amigos e conhecidos.

Creio que o Zé-Povinho agradecerá!

Eu subscrevo o reconhecimento.

Brasilino Godinho

quarta-feira, abril 12, 2006

Um texto sem tabus…

FUTEBOL, UMA ESCOLA DE CIVISMO?...

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com)

1 - O futebol é desporto sadio. Suscita o interesse de muitos portugueses e de grande parte da juventude. A sua prática em moldes pedagógicos pode e deve revestir-se da maior utilidade para os jovens. Acompanhada com os necessários cuidados de treino sob orientação de técnicos competentes e vigilância de clínicos dos clubes ou dos estabelecimentos de ensino e desde que não esteja arredada a componente da ginástica, tudo funcionando numa harmoniosa conjugação de procedimentos, constituirá apreciável meio de formação física.

O exercício físico ou melhor dizendo, a educação física é um factor importante mas não suficiente para a formação integral do ser em evolução física e mental. Importa que os diferentes agentes monitores do desporto não descurem a atenção à componente moral e cívica do atleta; seja este encarado como futuro profissional ou amador da modalidade. Fará todo o sentido que os familiares e os vários agentes do ensino não se demitam de exercer o indispensável acompanhamento dos jovens postos sob sua guarda. Sem perda da perspectiva de que formar os homens de amanhã, segundo a sempre actual máxima latina: “mens sana in corpore sano”, é uma imposição de interesse da sociedade e do indivíduo mesmo que ele, devido à sua menoridade, disso não tenha percepção.

Há ainda a considerar que sendo os jovens, por natureza, bastante irrequietos (com tendência para se deixarem possuir dos ímpetos agressivos), indisciplinados e desobedientes aos superiores e refractários ao trabalho, ao esforço, ao método e ao cumprimento das regras e determinações dos pais e dos professores, se torna imprescindível corrigir em tempo útil tais propensões. Logo, a prática do desporto - seja ele futebol ou outro qualquer - pode ser um importante agente propulsor de iniciação à vida adulta; e de aproximação aos valores da fraternidade, da igualdade entre semelhantes e da liberdade responsável. Esta, contida nos precisos limites que não interfiram com a do próximo. Também, um meio de criar e desenvolver nos jovens automatismos de irrepreensíveis comportamentos. Igualmente, rotinas de regulares actividades. Outrossim, hábitos de tácita aceitação das exigências de natureza cívica e moral que todos enfrentamos no dia-a-dia. De modo que, sem grandes dificuldades de adaptação e correcção de atitudes mais ou menos reprováveis, a brincar e com prazer, os jovens façam a correcta aprendizagem da vida.

Por conseguinte, atendendo ao exposto e ao facto de o futebol ser - entre nós - o desporto mais conhecido e apreciado, estão reunidas potencialidades que o recomendam como escola de civismo. Urge expandi-la. Acarinhá-la. E reconhecer-lhe o importantíssimo papel que pode desempenhar na ocupação dos tempos livres da juventude e na boa formação das novas gerações.

2 - O futebol é um espectáculo. E como diversão que está incorporada dos perniciosos vírus identificados com os fanatismos clubistas, raramente proporciona celebrações agradáveis de fino recorte artístico e de razoável convivência entre os praticantes e os adeptos das equipas presentes na realização dos jogos. Nos estádios são frequentes as manifestações mais primárias do instinto da violência e da intolerância que radica na criatura humana. O futebol profissional, em Portugal, está conspurcado em todas as suas componentes. Anda tudo à deriva. Suspeitas de corrupção, adulterações dos resultados, processos vários de apitos dourados, de tramóias, de agressões dentro e fora dos recintos. É um desnorteamento que continua imparável. A qualidade dos jogos deixa muito a desejar. Hoje num campo de futebol a grande preocupação dos jogadores, muitas vezes, não é tocar na bola. É atingir as pernas dos adversários. Também, nestes aplicar grandes cotoveladas na cara, na cabeça, no estômago, com a maior arte do disfarce que for possível para que a falta passe despercebida ao árbitro. Anda por aí um treinador conhecido por recomendar aos jogadores da equipa que dirige que usem a maior violência e os golpes baixos sobre os colegas de ofício da equipa que ocasionalmente defrontem. Claro que com gente desta fibra não admira que o futebol de competição da primeira liga esteja reduzido às expressões mais baixas de indignidade, de negação da verdade desportiva e de franciscana pobreza da espectaculosidade. Daí, o afastamento das pessoas e as magras afluências do público aos estádios. O espectáculo perdeu beleza. Ganhou desmotivação dos adeptos não fanatizados pela cegueira do clubismo exacerbado.

3 - Vem a talho de foice dar uma sugestão ao leitor que não se deixa dominar pela paixão e pelo arrebatamento. Experimente instalar-se na bancada de um estádio, no meio da multidão. Alheie-se do espectáculo que se desenrola no rectângulo verde. Concentre o olhar e a sua atenção no que se passa em redor, nas bancadas. Se levar binóculos a visão será mais abrangente e objectiva a colher certos detalhes interessantes. Nem consegue imaginar aquilo a que vai assistir. Num amplo espaço e enquadradas num cenário colorido e agitado, acontecerão incríveis cenas protagonizadas por milhares de actores. Numa imensa confusão, espontaneamente criada, misturam-se as alegrias de uns com as tristezas de outros. Coincidem e multiplicam-se os esgares dos mais nervosos, os gestos obscenos e agressivos dos mais exaltados. Sucedem-se os cânticos de tom guerreiro, os batuques ensurdecedores, os gritos, os abraços, os pontapés perdidos no ar quando não atingem o vizinho do lado. Se tiver a sorte pelo seu lado até poderá divertir-se face aos saltos acrobáticos de alguns anónimos especialistas. Horrorizado, assistirá aos actos corriqueiros, de escusada agressividade: murros trocados entre antagonistas; insultos ao árbitro, à mãe do mesmo e aos jogadores, proferidos por muitos sujeitos que ali extravasam todos os recalcamentos das suas frustrações diárias. Decerto, que encontrará a seu lado pessoas de aparência calma, às tantas, transfiguradas em temíveis desordeiros. Talvez chegue a presenciar destrambelhadas provocações à polícia. Garantido: vai assistir a uma enorme manifestação de histerismo colectivo e de incivilidade, de má criação. Um tipo de acontecimentos que, tornados rotineiros no ambiente do futebol, já nem merecem uma simples censura das forças vivas da cidade, das respeitáveis instituições civis, religiosas, da segurança pública e dos profissionais da comunicação social. Muito menos, cuidados de análise e de correcção dos comportamentos individuais e das multidões, assumidos pelos governantes e pelo Ministério da Educação – o maior responsável pelo actual estado destas coisas. Também, procedimentos chocantes que são sistematicamente “ignorados” pelos cidadãos mais preocupados com a harmonia social e com a necessária aplicação das restrições impostas pela ética ao livre arbítrio daqueles que se comportam como ignaros assistentes dos espectáculos desportivos.

Por tudo isto, não se pode dizer do futebol praticado nas competições oficiais que seja uma escola de civismo. Infelizmente!

4 - No entanto, da Itália chega-nos um exemplo invulgar de dignidade e de civismo dado por um jogador italiano do futebol profissional. O caso sucedeu no p.p. domingo 19 de Março, no decorrer de um jogo do campeonato italiano. O jogador Di Rossi marcou com a mão um golo na baliza da equipa adversária. De imediato, o árbitro validou o golo por não se ter apercebido da irregularidade. Que fez Rossi? Dirigiu-se ao árbitro a informá-lo do que verdadeiramente sucedera. O árbitro invalidou o golo. O jogo prosseguiu. Um caso raro de honestidade e de ética desportiva. Exemplar! Nossa interrogação: e se isso tivesse acontecido em Portugal? Como reagiria a massa associativa do clube do jogador?

Há que enaltecer a atitude de Di Rossi. A merecer reflexão.

Di Rossi fez a demonstração de que igualmente nos nossos campeonatos futebolísticos poderia haver lugar à instauração de um ordenamento cívico. Desde que precedido de uma séria reformulação do sistema de Ensino e Educação. Também no futebol tudo começa pela Educação.

Outrossim aqui, neste domínio desportivo, uma escola de civismo? Seria, se acaso…

5 - Escrevendo estas linhas lembro-me dos desafios de futebol (assim chamados - ainda não tinha chegado a pacóvia moda ou, se quisermos, o estúpido chiquismo das palavras inglesas) dos tempos da minha adolescência, disputados em campos pelados. Os recintos desportivos estavam sempre repletos. As disputas faziam-se mais com a bola do que com o físico do adversário. Raramente havia evacuações dos jogadores por causa das lesões – o que seria de admitir acontecer frequentemente dadas as perigosas condições do terreno de jogo. Quais histórias de meniscos, de entorses, de contusões, de fracturas de narizes, de membros e quejandos. Os jogos faziam-se com mais lealdade; embora com o maior ardor e empenho dos intervenientes.

Também me lembro do mais belo dos espectáculos de futebol que vi em toda a minha vida. Desenrolado nos anos oitenta (salvo erro) num estádio de uma cidade dos Estados Unidos da América. Assisti pela televisão. Tratava-se da final do campeonato mundial de futebol feminino. Em campo estavam a equipa anfitriã e a turma da China. Um extraordinário espectáculo de arte futebolística. Sublime! Esteve patente o ardor posto na disputa da bola, a velocidade dos lances, a beleza das fintas, a perícia nas jogadas. De arregalar o olho. Impressionante!

Esta lembrança cria o ensejo para a seguinte observação: Temos de incentivar o futebol feminino e dar ânimo às suas praticantes.

Apontamento final: Oxalá que um dia ainda possamos ver em Portugal belas jornadas de futebol masculino, de futebol feminino e… de futebol praticado por equipas mistas. Por que não? E com públicos mais civilizados.

terça-feira, abril 04, 2006

Um texto sem tabus…

O MAL DA INVEJA DEU FRUTOS…

TAL COMO NA INDIA…

AÍ ESTÃO AS CASTAS DOS PODEROSOS E DOS POLÍTICOS!

Brasilino Godinho,

brasilino.godinho@gmail.com

1 - A Política (com letra maiúscula) é uma arte nobre. Necessariamente exercida por cidadãos de elevada craveira moral e com bastantes preocupações de natureza cívica. Se a estes predicados do indivíduo se juntar uma grande capacidade intelectual, um aprimorado sentido de fraternidade e grande empenho na aplicação dos princípios democráticos da liberdade e da igualdade, nele estarão reunidas condições objectivas propícias a valiosas manifestações da arte política de que a sociedade recolherá benéficos proventos.

Mas se considerarmos a “política” (com letra minúscula) estaremos a falar de uma arte trapaceira em que vale tudo: o embuste, a hipocrisia, o fingimento, o oportunismo, a manipulação, o compadrio, a corrupção, a acrobacia, o malabarismo, a incompetência, as palhaçadas e a profunda desconsideração pelo respeitável público do circo (infalivelmente político) em que ela se cultiva e desenvolve e a cujas funções acorre, muitas vezes, a malta crédula do profissionalismo, do pundonor e seriedade dos afamados artistas. Afinal, um circo que - aberto à generalidade das populações - nem recebendo os aplausos dos indivíduos mais exigentes e compenetrados dos deveres da cidadania e dos universais direitos do homem, ainda assim e apesar das conhecidas fragilidades e indecências, dispõe de um conjunto de patrocinadores, intervenientes, comparsas e espectadores. Fiéis. Interessados. Beneficiários. Adoradores do bezerro de ouro. Demasiado contemplativos dos próprios umbigos. Muitos, sofrendo de abulia generalizada. Todos, contribuindo para a manutenção e prosperidade de uma arte menor que não trazendo valores acrescentados à cultura, redunda no descrédito da índole bonacheirona da raça lusa, acarreta entraves ao progresso material da nação e dá origem a danos no património espiritual da sociedade portuguesa.

2 - É certo que esta arte politiqueira está em voga noutros países. Estamos a lembrar-nos dos Estados Unidos da América, da Itália, do Brasil, da Rússia. Males dessas nações que não nos deixando totalmente indiferentes ou descansados, nos são relativamente distantes. Certo que tais sistemas e operacionalidades nos deverão incentivar a estarmos precavidos sem veleidades de incorrermos nas imitações.

Mas deixemos os males dos outros aos seus cuidados e tratemos com a devida ponderação as maleitas que nos atormentam e chagam a nossa paciência.

De facto, temos em Portugal implantada e crescendo de forma avassaladora a arte da política menor; a qual, é exercida pelos partidos existentes e - com relevância efectiva e operacional - através da ditadura orgânica do partido que estiver no poleiro do Estado. Esta ditadura orgânica expressa-se mascarada de democracia parlamentar (sucessora da “democracia orgânica”, a ditadura do Estado Novo, assim rotulada por Oliveira Salazar) que não se recomenda a nenhum país do terceiro mundo em vias de desenvolvimento apontado aos patamares altaneiros das nações civilizadas.

Da continuada aplicação da “política à portuguesa” que vimos citando conhecem-se os péssimos resultados; os quais, nos conduziram a níveis de degradação e de atrasos, impressionantes.

3 - Todavia, no panorama de desgraças que afligem os portugueses e afectam a imagem de Portugal no seio da comunidade internacional, emerge um insólito factor que, não sendo consolador nem recomendável credencial para uso de publicidade externa, dá a nota de excepção do nosso viver colectivo: os específicos sinais e regalias da classe política no activo.

Uma classe formada pelos artistas do circo político, bastante conhecidos, habituados às vaias dos antagonistas e aos aplausos das respectivas claques. Suficientemente diligentes nos cuidados que dispensam às tarefas de aprovisionamento dos bens pessoais. Neste sentido, agem em roda livre, sem preocupações éticas e chegam alegremente aos limites da (im)perfeição abstrusa. O que fazem de maneira excessiva, mostrando-se exímios beneméritos deles mesmos. À custa dos contribuintes!

Talvez por influência do ambiente circense em que se movimentam os nossos artistas políticos têm contribuído decisivamente para o aumento dos efectivos do parque da bicharada. Em Portugal, espalhados a esmo, proliferam os carneiros de seleccionadas carneiradas; os papagaios maldosos, expostos em belas gaiolas; os macacos de imitação, livres, plagiadores, estimados; as sanguessugas, incansáveis nas ocupações de engorda com os sangues dos enfermos; os camelos de carga, conformados e submissos; as ratazanas e os ratos irrequietos, atrevidos invasores de respeitáveis casas e de recatadas intimidades; os pombos multicoloridos, infectados de vírus temíveis, apesar de discretos transmissores de misteriosos correios; as gaivotas porcalhonas e mal cheirosas dadas a altos voos; os melros de bico amarelo, manhosos e cantadores; os pardais de telhados de vidro, finórios e esquivos; os porcos de nojentos chiqueiros; as raposas matreiras, assaltantes obstinadas de muitas capoeiras; os lobos, ferozes atacantes de indefesas ovelhas; as cotovias, entretidas com os trinados insuportáveis aos ouvidos mais sensíveis; os tubarões, sempre evoluindo em redor das presas, à coca, prestes a desferir o ataque mortífero; as víboras, seres repelentes continuamente preparadas para instilar o veneno nas desprevenidas vítimas que lhe passem ao alcance da mortífera língua; os terríveis leões, águias, dragões, panteras da fauna futebolística que atacam nos estádios; as avestruzes, insossas, que só sabem dar pinotes quando em debandada e, nas ocasiões de maior aperto, meterem a cabeça na areia e… as moscas que multiplicando-se aos milhares estão, continuamente, a lambuzarem-se na trampa.

4 - Depois, demonstrando apurado sentido de oportunidade e de convergência com o sentimento de inveja radicado nas mentes dos portugueses, de que falava o filósofo Fernando Gil, os políticos desta terceira República, empenharam-se na imitação da organização social da Índia. Vai daí, criaram uma nova casta – a acrescentar à casta dos poderosos - com prerrogativas especiais na sociedade portuguesa: a casta dos políticos.

Uns e outros, solidários, interesseiros, concentram neles o poder, a riqueza, as regalias, a fuga aos impostos. Atribuem-se ordenados fabulosos, mordomias excepcionais, automóveis luxuosos, senhas de presenças (e… de ausências), subsídios, isenções de vária ordem. Dominam o território nacional e abusam do direito da força e da hegemonia com recurso aos mais variados meios de pressão e de repressão; incluindo a censura escondida e o medo inculcado nos cidadãos. Os rigores da lei e da justiça passam-lhes ao lado. Quase lhes está facultada a fuga aos castigos das transgressões. Suprema desvergonha e acintosa ofensa ao cidadão anónimo: os políticos vão ser contemplados com lei especial elaborada pelo ministro da Justiça em exercício, que – praticamente - lhes assegurará impunidade absoluta em diferentes e graves matérias de natureza criminal. Os órgãos de comunicação social, em recente data, deram a notícia. Até agora ela não foi desmentida.

5 - Poderosos e políticos têm sempre na boca as palavras de ordem de contenção salarial e da imperiosa necessidade de sacrifícios para superar a crise. Avisos e orientações nunca dirigidas a eles. Sim, exigidas e impostas aos trabalhadores e aos cidadãos dos escalões subalternos. Para a generalidade da população reservaram a miséria, o desemprego, a perda dos direitos de cidadania, o cumprimento rigoroso e implacável das leis e das obrigações fiscais, a opressão psicológica e o soberano desprezo e sobranceria pelas dificuldades de milhares de famílias mais desfavorecidas e atormentadas no seu viver quotidiano.

Aprofundando: são milhões de portugueses abandonados e sofredores. Enquanto poderosos e políticos se aproveitam do favorecimento das posições que ocupam em benefício pessoal. Sem vergonha! Com a maior desfaçatez transformaram Portugal na “quinta” deles. Sim, essa, que o leitor está a pensar: a designada “QUINTA LUSITANA”. Delimitaram-lhe os contornos. Plantaram-na e exploram-na em proveito próprio. É claro que pensam e agem segundo o critério: “Vamos aproveitar, enquanto é tempo. Os concidadãos que se lixem!”

Por ser esta a ilegal e deplorável realidade portuguesa e uma vez que, indecentemente, passámos a ter portugueses de várias categorias e classes urge que se faça uma revisão da Constituição da República Portuguesa; na qual, se inclua a eliminação dos seus termos vinculativos de respeito pela dignidade humana. Já!!! Desta sorte, acabava-se com a hipocrisia consagrada na lei fundamental. Igualmente, ficava a letra a condizer com a careta. Ou não fosse esta bastante repelente.

6 - E tendo a nação resvalado no abismo onde se dissiparam todas as esperanças alimentadas pelos portugueses, durante os últimos trinta e dois anos, de elevação do nível de vida, é altura de purificar o sistema e dar-lhe novo fôlego. Acabe-se com a irresponsável trapalhada em que estamos envolvidos.

Interrogamo-nos: Não estaremos a chegar à degeneração máxima de um pretenso Estado de Direito? Com esta classe politica, por demais abusadora, possessiva, incompetente, arrogante, que prossegue incólume um caminho de desgraça e desonra deste país, quais serão os meios ao alcance dos cidadãos para recuperarem a dignidade perdida da nação portuguesa?

Talvez a solução de emergência seja a do Estado encerrar temporariamente para remodelação da classe política. Entretanto, venha uma equipa de técnicos da União Europeia administrar a pequena região europeia que é Portugal. O que, convenhamos, seria deprimente. Porém, infortúnio maior é o actual descalabro e o lugar do fundo da tabela dos diferentes índices culturais, económicos e sociais dos 25 países da União Europeia.

7 - Nota derradeira - Atente-se nesta verdade inquestionável: a grave situação em que se encontra Portugal é consequência da incompetência, da ganância e do desleixo dos sucessivos governantes e actores da cena política que, desde 1974, têm passado displicentemente pelas várias instâncias do Poder. E que desbarataram as oportunidades de desenvolvimento advindas dos dinheiros recebidos da Comunidade Europeia. Eles são os responsáveis máximos. Agora, devem ser eles a suportar a maior fatia de sacrifícios. Cabe-lhes dar o exemplo e renunciarem aos excessos dos fabulosos rendimentos que, obscenamente, usufruem. Nem lhes faria grande mossa que abdicassem das sobras dos enormes bens materiais acumulados; nalguns casos, sem sombras de pecados e noutros com interpostas opacidades. Comecem por reduzir as mensalidades dos ordenados, das milionárias reformas e as importâncias das ajudas de custo, dos subsídios e das dispendiosas férias no estrangeiro. Pois, sacrifiquem-se!

Mais: Não voltemos as costas à terrível situação que aflige tanta gente portuguesa!