Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, julho 24, 2006

Um texto sem tabus…

ENQUANTO OS POLÍTICOS DESABAFAM…

O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO TEM UMA IDEIA…

Brasilino Godinho

1 - De vez em quando e sempre que a coisa dá para o torto, os políticos que estão no activo lamentam-se, sem sombra de humildade, da ingrata e sacrificada vida que levam. E, consternados, mostrando aquele ar sombrio de quem carrega grandes preocupações e atribuladas mágoas, lá vão dizendo: “É difícil viver em Democracia”.

Embora a expressão nada tenha de novo no que toca ao conhecimento, partilhado pela maioria dos cidadãos, do grau de dificuldades do curso da Democracia em Portugal; geralmente, quando atirada de chofre, desperta junto da malta agradecida – que, regularmente, confraterniza em almoços, jantaradas, “futebóis”, retiros do fado e nas celebrações dos templos e das capelinhas, com a rapaziada da política e os matreiros “donos” da nossa democracia - uma onda de simpatia e de apreço por essa classe especial, muito prestimosa, integrada de soberbos cavaleiros andantes; de requintadas damas de belos atributos físicos e superiores dotes de perspicácia; de vistosos meninos de tenra idade, imberbes, precoces especialistas das tácticas de combate partidário que dominam na perfeição a ciência ligada às moções de estratégia eleitoral; de irrequietas moças propensas ao saracoteio das eleições; e de grandes mestres da nossa melhor e altruística sociedade…

De imediato, as pessoas lembram-se que os nossos políticos têm um alto grau de compreensão do papel que desempenham na sua específica área de actividade e um apurado sentido de oportunidade e de apreensão dos valores da solidariedade que se devem a eles próprios e aos seus homólogos. A qual, é configurada na conhecida máxima que assevera ser a mais acertada distribuição dos bens materiais aquela que começa por beneficiar quem dispõe da prerrogativa de a fazer por sua conta e benefício, de forma tão exemplar quanto for possível. Ou seja: a mais proveitosa para o feliz contemplado. Mas, se esta prática não é exclusiva da Democracia e reveste aspectos herdados da Ditadura do Estado Novo temos de convir que, no regime actual, estão mais facilitadas as censuras provindas de muitos rostos pálidos que perderam o respeitinho pela gente importante que está por aí atenta ao seu bem-estar pessoal (de natureza, intransmissível e unidireccional – à semelhança da corrente eléctrica que tem sempre o mesmo sentido). E, por vezes, também, entretida e encantada a contemplar o próprio umbigo e a divertir-nos com espectáculos de circo e teatro burlesco que só não são gratuitos porque “fiados”, acabamos por os liquidar com língua de palmo, tarde e a más horas, através dos impostos que nos fazem o favor de sacar das nossas ricas bolsas…

Lamentavelmente(…) estamos confrontados com um traço amargo impresso na Constituição da República Portuguesa. O qual, faz tremer de repulsa alguns belos exemplares de criaturas expostas na montra da política à portuguesa. É uma provocação a individualidades de boa estirpe e uma grande chatice que a Democracia assegure a “gente desqualificada e invejosa” – forçosamente, tinha que ser uma coisa e a outra - o direito (talvez, a mania) de refilar e apontar o dedo aos políticos quando julgam que eles se estão marimbando ou abusando da boa vontade do “pagode”. Uma deslealdade absoluta que leva bastantes novos e magníficos democratas a suspirar pelos tempos da Ditadura… Reconheça-se que estes animais de estimação, de boas famílias, vertebrados (alguns com a coluna torta, afectada – e infectada - pelo exagero das mesuras), de sangue quente, de recomendados costumes e com a alma revestida de penas, integrantes da espécie de aves de arribação ao campo democrático, têm toda a razão… de nele se sentirem incomodados. Uma vez que… - é uma dor de alma observá-los a qualquer distância: de proximidade doentia ou de afastamento profiláctico. Sim! Se próximos, despertam enjoo e tédio; pelo que será preferível mantê-los à distância como elementar medida de profilaxia mental…

Igualmente, o Zé-Povinho, contemplativo de Fátima, entusiasta do Fado, adepto ferrenho do Futebol, sofrendo em silêncio as agruras da existência e angustiado com as rasteiras que os (des)governos lhe pregam, há muito chegou à triste conclusão que a sua vida não experimentou melhorias com o advento da Democracia. A sua sobrevivência continua penosa e extremamente dificultada. O que se traduz numa enorme frustração.

Daí, se concluir que a Democracia em Portugal é de difícil vivência. Para toda a gente. Sofre de mau-olhado… Ou de maldição salazarista…

E nela, Democracia da nossa esperança e com ela, Democracia dos nossos desesperos e frustrações, está complicado viver. Perdão!... Vegetar, na penúria e no sofrimento, o Zé-Povinho. Regalar e festejar na abundância e no desperdício, sob a mira dos atiradores especiais da crítica, a classe política e os seus associados dos volumosos capitais e das implacáveis multinacionais - que nos couberam em sorte malvada…

2 - Em plena época de provas escolares e no momento que se anunciavam os resultados dos exames dos cursos secundários, uma directora de serviços do Ministério da Educação respondendo à interpelação do jornalista sobre as causas atribuíveis a tão elevada percentagem de maus resultados nos exames de Português, Matemática e Físico-Química, respondeu que o ministério tinha “uma ideia”…

Do pouco que disse e daquilo muito que não disse ficou a ideia para o público que o ministério talvez tenha uma vaga ideia de que não possui quaisquer ideias para resolver a crise da educação e do ensino em Portugal

Parece óbvio concluir que o mal está no Ministério da Educação ter “uma ideia”… Porque se não fora o caso de existir a malfadada ideia de coisa nenhuma, poderíamos imaginar que os responsáveis do ministério se empenhassem na análise da situação do ensino em Portugal e, com esforço, competência e determinação, chegassem ao ponto de, naturalmente, se lhe depararem as ideias e as correlativas soluções.

Parecendo não ser o caso, tão desejado e necessário, resta-nos ver passar o TGV do desenvolvimento dos parceiros da Comunidade Europeia; enquanto o nosso comboio da região saloia nem chegará a partir da estação central de Lisboa – o que será devido a uma previsível sucessão de desgraças: imperícia do condutor, distracção do revisor, apatia do pessoal da estação e falta de dinheiro para custear o combustível da locomotiva…

E, assim, um Estado e uma Nação vão à vida…

terça-feira, julho 18, 2006

“PRÉDIO DO COUTINHO”

UM PARADIGMA DE IRRESPONSABILIDADE…

Brasilino Godinho

E-mail: brasilino.godinho@gmail.com

1 - O “prédio do Coutinho” está situado à entrada da cidade de Viana do Castelo, na margem direita do Rio Lima, logo à esquerda da extremidade norte da antiga ponte de ferro, conhecida pela ponte Gustave Eiffel. *

Quem, vindo do sul, entra na bela cidade minhota fica desagradavelmente surpreendido com aquele bloco de apartamentos de 13 pisos que destoa na panorâmica e se fixa como uma excrescência do tecido urbano. Demasiada volumetria do edifício, sua inadequada localização, dificuldades de estacionamento e embaraços nas circulações viárias, são alguns dos inconvenientes que ressaltam à vista ou se apreendem das sensações colhidas por quem acede ao local.

Determinada pela desagradável impressão, naturalmente surge a interrogação: Como isto foi possível? Pessoalmente não conhecemos os pormenores do licenciamento da obra. Mas não cometeremos graves erros de avaliação e omissão se avançarmos que a obra deve ter sido antecedida de um pedido de viabilidade acompanhado de um estudo-prévio, no qual estariam definidas as características essenciais do projecto e do seu programa condicionante e justificativo. Ultrapassadas estas etapas com as respectivas aprovações das entidades competentes(?) chamadas a pronunciar-se, ter-se-á seguido a apresentação do ante-projecto, quiçá mesmo o projecto de execução com dispensa daquela fase intermédia. Sem dúvida que, depois de analisado e apreciado o projecto em todas as suas componentes arquitectónicas, construtivas, funcionais, de enquadramento urbanístico e adequação paisagística, obtidos os pareceres e as aprovações das entidades envolvidas na apreciação do respectivo processo, com relevância para os serviços técnicos da Câmara Municipal de Viana do Castelo e obtidas as licenças de construção, terá sido iniciada a obra, sem entraves burocráticos, á vista de toda a gente, de forma legal e sem recurso a expedientes clandestinos. Decorrido o tempo da construção, talvez dois anos e obtida a licença de habitabilidade, o edifício foi vendido em regime de propriedade horizontal e outorgadas as escrituras das várias fracções, passando a constituir um condomínio que integra dezenas de condóminos. A edificação tem uma existência que se conta por dezenas de anos.

2 - Quer dizer: a obra foi gerada, nascida, desenvolvida, e utilizada, ao longo de muitos anos e ninguém responsável se deu conta do aborto que estava sendo concebido, alimentado e aproveitado e com o qual a população e os turistas se habituaram a compartilhar desconforto, convivência e fealdade – ou não fossem os homens animais de hábitos. Até, um dia… O dia em que apareceu alguém, tipo chico-esperto, o Dr. Defensor Moura, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo e o Engº. José Sócrates, ao tempo ministro do Ambiente que, em convergência de pontos de vista e num ápice, decidiram a demolição do imóvel.

Há dias, a Câmara Municipal de Viana de Castelo anunciou a adjudicação dos trabalhos de demolição, andar por andar, do “prédio do Coutinho”, apesar de não haver decisão final dos recursos interpostos em Tribunal pela associação de condóminos - o que não deixa de ser uma aberração de natureza judicial. Mais um aborto (este, político) em desrespeito pela Justiça…

3 – Abortos construtivos e atentados urbanísticos acontecem em todos os lugares de Portugal. As cidades, vilas e aldeias deste país têm muito para mostrar nesta matéria.

Atendendo às presentes circunstâncias, ocorre-nos perguntar: E se o governo e as autarquias se deixassem tomar pela fúria de exterminar as excrescências e os inúmeros abortos disseminados pelo território? Logo, ao espírito, em resposta, nos vem o sobressalto, o grito incontido: Acuda-nos, Deus Misericordioso! Há por aí gente bem intencionada que… aflita, temeria pela existência do próprio órgão de soberania e pela sobrevivência de afamadas câmaras municipais. Decerto, que o Estado iria à falência total e a Nação, eventualmente, nem ficava a pão e água porque lhe iria faltar o vil metal para adquirir esses produtos indispensáveis à vida.

E depois, há abortos que parecem ser mais abortos que outros, dependendo das pessoas que os praticam e da subjectividade com que são contemplados. E sabe-se a que extremos de irregularidades, de confusões e de arbitrariedades, levam os factores mesquinhos que comandam as vontades e as escolhas…

4 - Também releva nesta história mal contada do “prédio do Coutinho” os elevadíssimos custos da demolição e das indemnizações aos condóminos e ao arquitecto, autor do projecto. A verba estimada atinge uma cifra astronómica de muitos e muitos milhões de euros. E assim sucedendo, não é admissível que se gastem milhões de euros num trabalho de destruição de um edifício há muito habitado por dezenas de famílias. O dinheiro não seria melhor empregue a construir qualquer coisa de útil ou a dar-lhe melhor aplicação em tantas áreas de enormes faltas deste estado, cuja imagem de marca é a pelintrice?

Num tempo de extremas dificuldades e de grandes carências, em que o Governo fecha escolas, hospitais, maternidades, creches, prisões, serviços; não paga atempadamente aos seus fornecedores; não põe o sector público a funcionar melhor, alegando falta de verbas; remunera mal os funcionários; diminui as pensões; ameaça todo o mundo com o papão do colapso das instituições de Previdência e Segurança Social; em que, a toda a hora, massacra os cidadãos com a exigência de contenção das despesas; permite-se o obsceno luxo e a inacreditável extravagância do dispêndio de muitos milhões gastos na destruição de um imóvel. Que especial prioridade é esta no contexto nacional? Ela, vai ajudar, por aplicação de irreconhecíveis artes mágicas, a equilibrar o Orçamento?... Como assim?

Aqui, neste ponto, importa reconhecer que o Governo não tem o sentido da coerência entre os dois pólos da acção política: o dizer e o fazer.

5 - Ainda no p.p. dia 11 de Julho o ministro das Finanças declarava que “as medidas para reduzir o défice são para continuar”. Mais disse: “Que o país tem de fazer sacrifícios e esses sacrifícios são para todos”. Só que nem serão todos a apertar o cinto; a começar pelo Governo que, neste domínio, não dá o bom e indispensável exemplo. Pois que não se empenha na contenção dos gastos supérfluos (ou dispensáveis no presente) que exige dos cidadãos, enquanto emprega toda a diligência no esbanjamento com despesas inadmissíveis numa época de crise como a actual. Abrindo mão dos poucos (para a sua avidez) recursos financeiros que vai buscar às depauperadas bolsas dos contribuintes que cumprem os deveres fiscais.

No fim de contas, pretende-se corrigir um mal praticado por entidades que nem foram chamadas à responsabilidade com um mal pior; dadas as condições de penúria das finanças públicas e os estrangulamentos dela decorrentes a repercutirem-se na sociedade portuguesa.

6 - Por serem estas as facetas, sucintamente descritas, da situação que estamos suportando em Portugal, faz todo o sentido apresentar o caso do “prédio do Coutinho” como paradigmático da irresponsabilidade da classe dirigente que nos desgoverna. No geral, classe formada por gente apática e negligente no estudo dos problemas, habituada a tomar decisões inconsistentes que, às vezes, dão azo a situações irreversíveis; mais tarde contempladas com soluções intempestivas do tipo fuga para a frente e seja o que Deus quiser… Igualmente, um núcleo de pessoas com vistas curtas, que não querem perceber que, sendo administradoras transitórias do Estado, não são deste proprietárias para dele e dos seus recursos financeiros (estes, na verdade, dos contribuintes) disporem a seu bel-prazer.

Terminando, permitam-nos a seguinte interrogação: não ficaria mais barato ao país e aos contribuintes deitar abaixo o governo e remover o “defensor” da coisa demolida, com o especial cuidado de não molestar fisicamente os seus membros e a (aparentemente) insuperável criatura autárquica?...

* Segundo foi noticiado a ponte Eiffel vai ser encerrada ao tráfego. Ameaça ruína. É irrecuperável. Sendo um corpo estranho, “agressivo” do ambiente, prestes a tornar-se inútil, perguntamos: também vão desmantelá-la? E gastar milhões de euros na sua remoção? Já que a Câmara Municipal de Viana do Castelo e o Governo estão na onda de recuperação do ambiente em Viana do Castelo, a qualquer custo, por que não?...

Aproveitem a lembrança e a oportunidade. Uma vez que “trazem o Diabo no ventre”…

terça-feira, julho 11, 2006

O presente texto sobre a censura veio hoje publicado num jornal diário.

Trata-se de uma actualização. Necessária para manter as pessoas alertadas para a escandalosa censura que se faz em Portugal. A qual, atenta contra o direito de expressão e predetermina as obras literárias que serão ou não editadas. Logo, a natureza e composição do acervo da moderna literatura portuguesa.

Por isso, o que se indica sobre a censura nos órgãos de comunicação social deve considerar-se extensivo às administrações de muitas editoras.

FALAR DA CENSURA COM O MARCELO?

PARA QUÊ?

Brasilino Godinho

Há dias, através da Internet, o jornalista João Barata Ferreira trouxe algumas achegas ao tema “Censura em Portugal” e interpelou-me da seguinte maneira: “Quanto à censura nas redacções, olhe, fale com o Marcelo”.

A esse respeito quero dizer: não será caso disso… Nem adiantaria conveniência ou proveito à causa e à cidadania.

Vamos conversar.

O Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa é um mestre com cátedra na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa. É um artista dos sons vocais e um hábil pintor especializado nos tons mais ou menos coloridos de laranja que espalha sobre as telas com que embasbaca os apreciadores das suas maquiavélicas façanhas artísticas. Ousarei considerá-lo um extraordinário malabarista na arte de se exprimir pelas palavras, pelos gestos, pelas entoações de voz e pelos esgares com que vai dando vivacidade e realce às passagens do discurso. Sem dúvida, um excelente cultivador da oratória. Conhecido e recomendado “criador de factos políticos”.

Também, com a prática do jornalismo constante do seu currículo em que se inclui o exercício do cargo de director do “Expresso”, está perfeitamente habilitado para falar sobre a censura praticada nas redacções dos órgãos de comunicação social. E tão dotado neste domínio o considero que não tive dúvidas de lhe sugerir a criação e regência de um curso pós-graduação com a seguinte designação: NORMAS EM BOM DIREITO ATINENTES A UM “NOVO MÉTODO MARCELO REBELO DE SOUSA” DE UTILIZAR COM EFICÁCIA E À DISCRIÇÃO A LIBERDADE DE EXERCÍCIO DA CENSURA NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA.

Portanto, nesta específica área da Censura, ele, senhor da matéria e possuído da experiência assume, descontraidamente, uma autoridade incontestável. Igualmente, aqui, sem admissão do contraditório

E, exactamente, por se sentir confortavelmente instalado no sistema ele nem se dará ao desfrute da abordagem profunda e séria de um tema tão complexo que se lhe torna incómodo quando é interpelado. Isso acontecendo, dele ouviremos o óbvio e conveniente para disfarçar a realidade. Tenho disso prova. Por duas vezes (vai decorrido um ano) o contactei por escrito verberando seus procedimentos censórios tidos para com “A QUINTA LUSITANA” e nessas ocasiões me deixou mensagens gravadas no meu telemóvel a tentar justificar-se com argumentos falaciosos.

Daí, acreditar que o, também, mestre de Censura, Marcelo Rebelo de Sousa se um dia “abrisse o livro” nada acrescentaria sobre tudo quanto é do meu conhecimento acerca do assunto em debate. E, aqui chegado, ao entendimento “da essência dos jogos de bastidores”, estou em desacordo com o senhor Ferreira ao escrever que não os entendemos. Certamente que ambos não só os conhecemos, como entendemos. Ó, se os entendemos!

Mais: o jornalista J. B. Ferreira e o articulista Brasilino Godinho, não desconhecem o “conjunto de condicionalismos que obstam ao digno exercício da profissão de jornalista que tem vindo a contribuir para a decadência do jornalismo em Portugal”.

Quanto estar nas nossas mãos alterar este estado de coisas, admito que não esteja ao alcance ou tal conseguir-se na profundidade desejada nos próximos tempos. Todavia, pela minha parte, devo, quero e posso, na medida do possível, malhar no ferro frio na esperança de, com pessoal esforço e pertinácia, ele ir aquecendo até o pôr ao rubro em condições de ser moldado no formato do instrumento que todos necessitamos de utilizar na nossa vida quotidiana para varrermos definitivamente esse lixo abominável que é a censura praticada desavergonhadamente nas redacções de certos órgãos da comunicação social.

Completando esta “conversa” apresento uma primeira lista dos censuradores que mais se distinguiram na censura da obra “A QUINTA LUSITANA”. São os seguintes:

Jornais: “Correio da Manhã”, “JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias”, “Expresso”, “Público”.

Televisões: RTP, SIC, TVI.

Jornalistas: João Marcelino, José Carlos Vasconcelos, Rodrigues da Silva, José António Saraiva, Isabel Coutinho.

Director de Programação da TVI: José Eduardo Moniz.

Locutores: José Rodrigues dos Santos, Alberto Carvalho, Mário Crespo, Manuela Moura Guedes.

Presidente do Conselho de Administração da RTP: Almerindo Marques.

Escritor: Francisco José Viegas, no programa do Canal 2 sobre livros (destes: uns, mostrados abertos, repetidamente publicitados; outros, ignorados ou escondidos, seguramente fechados… por causa das moscas).

Professor catedrático de Direito, ex-chefe do PSD e comentador de Televisão: Marcelo Rebelo de Sousa.

UMA EXPLICAÇÃO,

POR RESPEITO AOS LEITORES

De: Brasilino Godinho

Para: Gabriel Cipriano

Há um ditado que diz: “Quem cala, consente”.

Na hora e falando sem reticências, explico: Não consinto desaforo. Rejeito a grosseria. Desprezo a deseducação.

Isto para anotar que, em princípio, não estava disposto a responder às provocações que regularmente e ao viés, o cidadão Gabriel Cipriano debita no portal Portugal Club, da Internet, a meu respeito. Não me conhece de lado nenhum, ignora a minha obra literária, pouco leu das minhas crónicas, tudo ignora acerca do meu pensamento e, no entanto, coloca rótulos, move processos de intenção idiotas e lança “pranchadas” sem nexo e bastante mal intencionadas. Contempla-se muito nisso. Supõe que tem imensa graça. Já deu para perceber que é pessoa conflituosa que se festeja nos muitos risos em si sempre despertos (o que não confere qualquer seriedade às suas intervenções, tão-pouco representa um aval para ser tomado a crédito das suas qualidades); que se realiza na vacuidade das atitudes; que se inebria na confrangedora falta de ideias; e que, sobremodo, rejubila na insensatez dos ataques a tudo e a todos até aos extremos limites a que o leva uma imaginação delirante. Sobretudo, Gabriel Cipriano está possuído de uma obsessão doentia pela malevolência relativamente a Brasilino Godinho que elevou à condição de inimigo. Em todo o caso devo confessar que prefiro tê-lo como inimigo em vez de falso amigo…

Todavia, os leitores, não suficientemente informados sobre esta temática e perante o meu silêncio, de modo precipitado e induzidos pelas aparências, poderiam extrair a conclusão que me estaria esquivando ao confronto ou ao esclarecimento. Só por estas razões aqui estou a colocar as coisas no seu devido lugar.

E procedo com aquela consciência, seriedade e precaução ética, que me são habituais Embora esta maneira de estar em sociedade pareça incomodar muita gente, não será Gabriel Cipriano e seus amigos que me farão mudar de conduta e alterar as minhas rotinas da cidadania.

Isto é, limito-me a respeitar o cidadão que me prezo de ser e a escrever daquela forma civilizada que, ainda há pouco tempo mereceu apreço de uma alta personalidade muito criticada no meu livro “A QUINTA LUSITANA”, a qual me endereçou uma missiva em que fazia a seguinte apreciação:”ser criticado como eu sou no seu livro é quase agradável”. Assiste-me o direito de me rever nestas palavras. Registo para que conste, a modos de farpa lançada sobre certas obscuras mentalidades.

Agora, sintetizando, reporto-me às recentíssimas considerações de Gabriel Cipriano.

O cidadão Gabriel Cipriano escreveu no último e-mail: “o tal de Brasilino, escritor, dramaturgo, poeta de sextilhas e crítico de costumes, já esbravejou, mas não se recupera mais”.

Eis os meus comentários distribuídos pelos seguintes pontos:

1 - “o tal de Brasilino” – reparem na deselegância da expressão: “o tal de Brasilino”. E não só…

2 – “dramaturgo” – o Brasilino desconhecia que era dramaturgo. Autor de peças de teatro? Gostaria de saber quais peças terei escrito sem me dar conta? Talvez o tenha feito em estado de hipnose? Quando? Onde? Um mistério… pelos vistos, desvendado por Gabriel Cipriano.

Entretanto, se alguma vez escrever uma peça dramática – quiçá designada de “O drama de Cipriano” - o cidadão Gabriel Cipriano pode ter a certeza que o avisarei antes de lançá-la nas bancas, à semelhança do que fiz com oitenta personalidades que são citadas na obra “A QUINTA LUSITANA “.

3 - “poeta de sextilhas” - De sextilhas? Gabriel Cipriano alguma vez leu a minha poesia?

4 – “crítico de costumes” – Nesta, Gabriel Cipriano acertou! Fez bingo. Tanto assim que aqui, neste texto, estou censurando asperamente o seu péssimo costume de criticar sem rei nem roque e com grande falta de respeito pelo próximo e – vejam só – de consideração pelo respeitável ser humano, Gabriel Cipriano. E, ainda, sem Gabriel Cipriano manifestar quaisquer preocupações de ser isento, recto, verdadeiro e justo.

5 – “já esbravejou mas não se recupera mais” – muito se engana quem de si tão mal cuida e tanto presume da sua pessoa e do próximo. Também, mais se desacredita ao fazer palpites destrambelhados como no caso vertente. Ademais, presunção e água benta Gabriel Cipriano toma a que quer… desmedidamente. Que lhe faça bom proveito…

Concluindo: falta referir uma faceta importante de Gabriel Cipriano. Assina todas as peças que publica. Não se esconde sob o anonimato dos pseudónimos e das siglas. Neste mundo desavergonhado, ele, algures no Rio de Janeiro, assume a fealdade da bílis que derrama naquilo que escreve. Não é cobarde. Aí, nesse aspecto da personalidade de Gabriel Cipriano, se fixa o meu aplauso.

Quanto ao resto… Sendo, como é incontestável e exposto à vista de todo o mundo: Lamento! Afinal, algo que está ao meu alcance.

Ponto final.

Brasilino Godinho

terça-feira, julho 04, 2006

Um texto sem tabus…

ESTRANHO NUM FILÓSOFO… NÃO PENSAR.

VULGAR NUM POLITICO LUSO… FINGIR.

Brasilino Godinho

Manuel Maria Carrilho, se bem presumo, é professor de Filosofia. Também político, membro do Partido Socialista. Foi ministro da Cultura do governo chefiado por António Oliveira Guterres. Nas últimas eleições autárquicas, candidatou-se à presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Desde o tempo quase imemorial… a perder-se da memória colectiva, do 25 de Abril de 1974, é parlamentar com assento na bancada do PS. E foi durante a campanha eleitoral para a escolha do novo presidente da edilidade lisbonense que Carrilho mais evidenciou as facetas negativas da sua personalidade: a arrogância, as faltas de tacto, a perca de discrição e o incrível aproveitamento dos membros da família em termos de publicidade eleiçoeira. Mas terá sido no final do debate na SIC, anterior à data do escrutínio, que ele deu nota inequívoca das suas fragilidades anímicas e educacionais ao recusar-se, ostensivamente, a apertar a mão do adversário, Carmona Rodrigues. Alguns dias passados, com um grande desplante, mostrou-se para as televisões muito sorridente e afável com o mesmo Carmona Rodrigues. Uma refinada fantochada a que ambos se prestaram. Que só serviu para desacreditar os dois protagonistas. Só que não foi novidade. Estamos habituados a estas deprimentes cenas.

Pior, ainda, quando mais tarde veio a público fazer esta afirmação que é um paradigma de insensatez: “Não pensei que estivesse a ser filmado, para gáudio de um espectáculo vergonhoso que a SIC NOTÍCIAS fez”.

Bem, vamos por partes.

Então, um “filósofo” que por inerência, habituação e ser suposto, deveria estar com o espírito alerta e mobilizado no exercício da mente, sem desfalecimentos e hiatos na concentração psíquica, distrai-se, perde inopinadamente a autoconsciência e esquece-se do lugar, do ambiente e do seu duplo estatuto de cidadão e político, em tudo aquilo que concerne à imagem e afirmação do seu ser e das responsabilidades cívicas que lhe incumbe em todas as circunstâncias? Como foi possível isso acontecer?

Claro que existe uma explicação. Ela assenta num padrão comportamental que se vem instalando no meio político. E Carrilho mostrou que o absorveu e, sem inibições, o exibe. Tal e qual a generalidade dos políticos portugueses. O fingimento. Hoje os deputados, os governantes e os membros dos grémios partidários, não têm pejo do disfarce, da hipocrisia e da insensatez, a que recorrem frequentemente na praça pública para iludir os cidadãos e os convencer de qualidades e aptidões que estão longe de possuir. É o próprio Manuel Maria Carrilho que ao proferir aquelas palavras veio insinuar que “se pensasse que estava a ser filmado” outro teria sido o seu comportamento. Talvez um sorriso rasgado e hipócrita acompanhado de um forte abraço ao seu rival para espectador ver. Apreciar. E elogiar...

Ademais, tratou-se de uma atitude que nem corresponde à verdade por duas ordens de razões a saber: a primeira razão porque - como os espectadores viram - ele, à saída do estúdio, foi acompanhado pelos jornalistas e os operadores de câmara (o que, igualmente, é procedimento habitual das televisões) e disso Carrilho se apercebeu ao fitar as câmaras de TV; a segunda razão porque não é nenhum mentecapto incapaz de ter a percepção do que se passa à sua volta.

Daqui se infere que Manuel Maria Carrilho tem duas personalidades e dois comportamentos antagónicos. Conforme ocorra a sua privacidade e a ausência de jornalistas ou aconteça a presença de circunstantes, assim Carrilho se desempenha das suas actividades e se mostra ou se esconde numa qualquer máscara de cinismo e desfaçatez.

Quanto ao “espectáculo vergonhoso” só pode haver um registo: quem o criou e desempenhou foi ele, Manuel Maria Carrilho. A SIC cumpriu a sua missão de o transmitir em directo como acontece normalmente em ocasiões semelhantes.

Para dar maior ênfase ao descrédito e à desorientação Manuel Maria Carrilho, recentemente, lançou um livro em que pretende salvar a face e atacar tudo e todos que o criticaram ou lhe negaram apoio. Um exercício de narcisismo inconsequente e lastimável. Muito delirantemente publicitado pela imprensa e pelas televisões que bastante se divertem e contemplam com estes tristes espectáculos.

Às vezes, interrogo-me: que espécie de filósofo é este famigerado senhor Carrilho? Qual é a sua cartilha? A fecundidade das suas lucubrações? E a raiz do seu pensamento?

Conclusão pertinente: são deste tipo e classe os ilustres políticos e governantes que representam medíocres papéis no nosso teatro político. Ou, se preferirem, no circo e na palhaçada em que se converteu a política à portuguesa.

Para terminar, reveste interesse - para todos - atermo-nos à pretensa ou real valia dos atributos de quem se apresenta ornado com a designação de cultor da Filosofia, inscrever precisos significados do termo e condição de filósofo. Ou seja: aquele que é versado em Filosofia; amigo da sabedoria, que se eleva acima das contingências e interesses do comum dos homens e se acha possuído de serenidade e fortaleza de ânimo. (Por acaso, lembram-se do saudoso professor Agostinho da Silva? Este português de rija têmpera preencheu requisitos inerentes à condição de filósofo).

E, assim considerando o que identifica e determina um cidadão a ser estudioso e praticante da ciência filosófica – aquela geral e insubstituível dos princípios e das causas - volto ao título da presente crónica para formular duas simples perguntas que deixo no ar:

Primeira, Manuel Maria Carrilho será um filósofo?... Qual o merecimento?!...

Segunda, como assim, filósofo, se ele nem sabe encarar os seus reveses com filosofia?...