Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, setembro 27, 2007

Prezadas senhoras,

Caros senhores,

Apresentamos as Marcelices da semana.

Dizemos: “SIGA A RUSGA!”.

Porque o “professor”, teimosamente, nos aponta o caminho

Cordiais saudações.

Brasilino Godinho

“Marcelices”…

Do Prof. Seixa *

*Às vezes, designado Prof. Sousa.

Para quem não saiba, informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.

Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

O Prof. Seixa é uma criatura inteligente. Porventura, essa qualidade até será um fardo. Mas deste não se desobriga, mesmo que faça traquinices e disparates. Outrossim, não se livra da unanimidade com que, no seio da sociedade portuguesa, são valorizadas as suas faculdades de alma. Mas por quaisquer factores que escapam ao entendimento das pessoas melhor informadas, manifesta uma natural inclinação para ser: fiel às rotinas; conservador em elevado grau, embora disfarçando ao máximo; sensível e apelativo aos aspectos folclóricos do meio onde se movimenta; tendencioso, redundante, contraditório e inconstante, nos pensamentos e nas análises políticas; persistente nas conversas da treta com que se entretém e alimenta a curiosidade e bisbilhotice dos amigalhaços e das tias da linha de Cascais; infatigável na acumulação de coisas fúteis que se lhe deparam e que, todas as semanas, expõe na montra da feira de vaidades pessoais e alheias em que se converteu o seu “BLOGUE” - este, encaixado no semanário dirigido pelo conhecido jornalista-arquitecto José António Saraiva. Igualmente, mas menos conhecida e não menos prejudicial à cultura nacional, a faceta de censurador das obras dos autores que menospreza ou que, sendo alheios aos interesses instalados, não participam das capelinhas frequentadas pelo irrequieto “professor” (qual pombo correio que também poisa nas noites domingueiras dos estúdios da RTP).

Sobejamente confirmada a instintiva tendência para a criação de factos políticos – o que releva da sua inquieta mente e fértil imaginação. Uma componente da personalidade do “professor” que, algumas vezes, tem causado inquietações na vida política da comunidade portuguesa.

Do exercício da cátedra na Faculdade de Direito, da Universidade de Lisboa, não são conhecidas indicações em desabono da qualidade do ensino que o Prof. Seixa ministra aos seus alunos.

Resumindo: O professor Seixa é um homem de múltiplas capacidades. Possui enorme ego. Tem o vício – qual deformação profissional - de estar constantemente a atribuir classificações a torto e a direito, por tudo que é sitio e a quaisquer indivíduos que, por isto ou aquilo, lhe tenham despertado a atenção e o controverso pendor classificativo.

Escrito isto, juntamos o reparo seguinte: É uma dor de alma vê-lo esbanjar o inegável talento, todas as semanas naquele estendal de notinhas (datadas dos sete dias) avulsas, nas quais sobressaem: pequeninos relatos, ridículas fofocas, indiscretas observações, descoloridas referências e absurdos apontamentos que configuram um tipo de escrita empobrecida, insensata, vazia de sentido, sem válido nível cultural. Convenhamos: É um desperdício enorme. Lamentável!

Porém, não haverá volta a dar-lhe. Assim parece. E se vai confirmando. Como, nesta crónica, se exemplifica. Foquemos a atenção nas seguintes pérolas:

“ESCARLATINA”A alegria da estreia do neto Francisco no Portugal-Sérvia teve o reverso da medalha: madrugada cheia de febre. Hoje, piorou. Imagine-se: segunda escarlatina no espaço de um ano! O médico pasma pela raridade. Eu atribuo a escarlatina à malapata daquela noite aziaga”. Imaginamos, sim senhor! Malapata? Olhe que não! Deve ter sido mau-olhado de alguma bruxa pior que estragada pelo uso e abuso No lugar do professor, teríamos chamado o “amigo de 40 anos”, o Melícias, para exorcismar. Um amigo padre franciscano quer-se para as ocasiões. O professor não se lembrou ou está esmorecendo na fé? Em todo o caso, da nossa parte, votos de melhoras do neto Francisco. Pela vossa banda, mais uma notinha de facto a constar nos anais da família Sousa que vão sendo levados ao conhecimento do vulgar indígena. Por sua vez, o jornal SOL cumpre a nobre missão de informar o respeitável público, trazendo-lhe os esplendores dos grandes eventos nacionais. Provavelmente, aqui ela concretizada com a preciosa ajuda voluntária do Prof. Seixa e a dramática, involuntária, contribuição do netinho Francisco Caso para exclamar: Oh, sorte madrasta! Tão novinho e já nas bocas do mundoPor obra e (des)graça do avô Sousa.

“SALGARI Quase à borla. Comprei a velha colecção Emílio Salgari. Para recordar a infância”. Quem diria semelhante coisa O Prof. Seixa, borlista. Quem foi o pato?

MONCARAPACHO Fiquei a saber que o grupo hoteleiro a que pertence a Quinta das Lágrimas já tem mais duas ou três unidades, está a crescer e uma das coqueluches fica em Moncarapacho. Grande dinamismo. O professor vai desculpar-nos o atrevimento da observação. Mas, desta vez, apesar da satisfação de saber, não teve dinamismo suficiente para se informar, com exactidão, do número das unidades a crescer. Já tem mais duas ou três unidades é algo que não faz sentido, nem objectiva a quantidade das unidades em que assenta o crescimento do grupo do amigalhaço José Miguel Júdice. Tão-pouco, a indispensável avaliação desse desenvolvimento. Se o “professor” tivesse sido mais diligente dava melhor sainete à importante comunicação. Para a próxima ocasião nem se precipite a dar tão grande, idêntica, novidade sem tomar as devidas e rigorosas notas informativas. Fica bem a precisão da linguagem num professor de Direito. Quanto mais não seja para evitar que algum atrevido, tipo Godinho, venha à ribalta proclamar que o “professor” vai torto por linhas aparentemente direitas.

“BANDEIRA Hoje bandeira vermelha na minha praia, por causa de análises, aliás, porventura não conclusivas. Dei 20 passos para a esquerda e tomei banho na praia ao lado… com bandeira verde. A corrente ia da minha praia para a outra. Vá lá perceber-se Portugal”. Tinha de acontecer. “Tantas vezes vai o cântaro à fonte que alguma vez lá fica a asa”. O “professor” tanto mergulhou e frequentou a praia que, naturalmente – supomos – adquiriu a sua posse por usucapião. A praia está no papo. Para desfazer quaisquer dúvidas, o professor Seixa, por duas vezes, usou a expressão: minha praia (como sublinhámos).

Deu dois passos à esquerda? Cuidado, “professor”! Está a expor-se demasiadoA malta da sua corda, começa a pensar que está a esticar a corda já no limite de resistência. Ponha-se a pau! Nessa área proliferam os amigos da onça, dados a reacções imprevisíveisNeste ponto, pegando nas palavras do indizível ”coelhone” – aquele bravo socialista celebrizado pela frase: ”Quem se meter com o PS leva”.

Prossegue bonita a brincadeira do Prof. SousaVá lá perceber-se o “professor”.

Para finalizar, demos realce à subtil informação que o “professor” deixou escapar referente ao jornal SOL. Escreveu sobre a festa do primeiro aniversário do semanário de Saraiva e comentou: “Agora, é saber gerir bem e ir apostando sempre na qualidade. E, quem sabe se, um dia, com novos parceiros estratégicos… (o sublinhado é nosso). Logo a seguir, acrescentou a sibilina “Curiosidade: Almerindo Marques preferiu a festa do SOL ao concerto da RTP na mesma noite”. Pois, “branco é, galinha o põe…”. Se os ovos vieram do cesto do amigo Paulo Teixeira Pinto - que o director José António Saraiva e seus companheiros tratavam com paninhos quentes - e se a capoeira tem outro tratador, tá-se mesmo a ver que mais ovos terão de ser adquiridos noutro fornecedor mais à mão, no mercado. Sem descartar a anterior proveniência, desde que com novas amizades e diferentes termos de contrato.

Professor Seixa, diga-nos: Certo ou errado?


quarta-feira, setembro 26, 2007

Estimadas senhoras,

Caros senhores,

Juntamos as SARAIVADAS.

O arquitecto-jornalista, José António Saraiva esta semana tomou uma alma nova.

Teve festa rija. Gostou. Divertiu-se.

Apareceu a discutir o sexo dos jornais.

E a “torcer” pela vitória de Marques Mendes na luta caseira, da família cor de laranja (PSD).

Com os melhores cumprimentos.

Brasilino Godinho

SARAIVADAS… Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: Saraiva deslumbrado. E enredado…

nas confusões e nos enganos.

1 – Saraiva deslumbrado

O arquitecto-jornalista José António Saraiva, na semana transacta, esteve nas suas “sete quintas”. O seu semanário e a respectiva revista dão nota de um exaltado estado de espírito a roçar o êxtase. Tudo é descrito como se nos quisessem convencer que o senhor director, no dia do aniversário do SOL, tivesse acordado muitíssimo bem disposto e logo, revendo-se ao espelho, fosse cogitando: Espelho meu, espelho meu, haverá alguém melhor e mais feliz que eu? Claro que não sabemos o teor da resposta. Mas intui-se que o malandrete do espelho, não se mostrando amigo da onça, terá sido complacente ao ponto de mais acentuar o entusiasmo da criatura Saraiva.

Daí, que tivesse havido festa rija na Tapada da Ajuda, com abraços, beijinhos, congratulações e copos, pelo primeiro aniversário do semanário ligado à Opus Dei. Tal e qual como titulava, sem tabus, a revista (ela própria um tabu): “Festa é festa”.

E assim tendo sido, a fotografia da capa é bastante sugestiva: com os dois amigos – arquitecto Saraiva e o professor Sousa - muito juntinhos; em que o primeiro, Saraiva, está em guarda e, desconfiado, temeroso, com os olhos esbugalhados, leva mão ao bolso em posição de sacar a pistola (mas, atrevidote, manhoso, aproveitando para encostar o cotovelo no braço (terá chegado ao altar?) da linda moça que lhe encosta o traseiro no seu posterior e notando-se os dois pés direitos entrecruzados como se iniciassem um passo de dança em movimento de rodopio) e, desse jeito, precatando-se contra a eventual investida do segundo; o qual, Sousa, de mão discretamente estendida, mas disfarçando a intenção com o olhar enviezado, parece aguardar que lhe cheguem uma taça de champanhe para a pespegar no cachaço do parceiro que lhe está ali à mão de semear Aliás, o professor Sousa também está bem encostado na quase totalidade da superfície oposta à fachada da sua estrutura física. Colhe-se a sensação que estão os dois pasmados, indecisos, a “empatarem-se” um ao outroFoto bem escolhida porque retrata Saraiva e Sousa com o aspecto de estarem com um grão na asa. Um arranjo gráfico a condizer com a natureza festiva do evento. Um achado de impressionante sentido jocoso.

2 – Saraiva enredado nas confusões e nos enganos…

No editorial da edição desta semana do jornal que dirige, Saraiva desenvolve considerações sobre a eleição do chefe do partido PSD. De destacar, a afirmação de, no partido, faltar constituir uma espécie de “guarda de honra” e uma pergunta a que o articulista atribui uma importância excepcional.

Quanto à falta de “uma espécie de guarda de honra” ficamos atónitos. O que será “uma espécie de guarda de honra”? Poderíamos imaginar várias conjecturas sob a natureza, a forma, o enquadramento espacial e as circunstâncias funcionais que lhe seriam adstritas, mas alongaríamos a nossa escrita e não chegaríamos a conclusão válida. Porque é indecifrável o pensamento de Saraiva no contexto da frase em foco. É a velha pecha de Saraiva em meter “buchas” que são autênticas e indecifráveis charadas

No que concerne à interrogação, Saraiva escreveu: “A pergunta que todos fazem e a que não vale pena fugir, é esta: quem vai ganhar as eleições no PSD – Marques Mendes ou Luís Filipe Menezes?

Aqui está o clamoroso engano de Saraiva. Como pode sentenciar que todos fazem a pergunta? Quem está interessado em fugir à pergunta? Alguém acha que vale ou deixa de valer a pena fugir a ela? A expressão todos não tem cabimento. Verdadeiramente trata-se de uma assunto que só interessa a Saraiva para preencher papel e aos filiados e simpatizantes do PSD. Na generalidade, os portugueses estão-se nas tintas para estes espectáculos. Pela razão que estão fartos das querelas partidárias e porque sabem que daquelas eleições nada advirá de diferente ou melhor nos domínios da política nacional.

O arquitecto, jornalista, escritor, director e animador do semanário SOL, ultimamente debruça-se muito sobre o sexo. Parece que vê sexo em tudo que paira à sua volta. Esta semana debateu o sexo dos jornais. Exactamente. Uma descoberta. Com aspectos pitorescos.

Vejamos a introdução da tese de Saraiva.

“Os jornais são, de uma forma geral, produtos masculinos. Ah, sim? Tem piada!

Por diversas razões.

Porque sujam as mãos. Enternecedora esta preocupação higiénica relativamente às senhoras.

Porque têm formatos incómodos. Quem diria E logo as mulheres que não apreciam os incómodos. Bem visto

Porque os temas que tratam interessam fundamentalmente aos homens”. Quem teria metido essa ideia na cabeça de Saraiva? Aqui há marosca Saraiva é mesmo machista. Subalterniza as mulheres.

No corpo do texto aparecem referências tais como: “era natural que tivessem formatos masculinos”. Formatos masculinos? Qual é a anatomia do formato feminino de um jornal? Se calhar, estamos confrontados com um segredo de Saraiva.

“Hoje já não é um escândalo ver-se uma senhora a comprar um jornal na banca”

Estaremos a ler bem? E a compreender melhor? Lisboa estava assim tão atrasada em relação à Província? Nós, por cá, na paisagem externa da capital, nunca nos demos conta disso. Os lisboetas nem apreciarão serem taxados de parolos. Parolice subentendida pela visão ofuscante de Saraiva.

“Primeiro, as mulheres passaram a casar muito mais tarde: enquanto há 30 anos casavam pouco depois dos vinte, hoje casam pouco antes dos trinta”.

Bem pensado e explicitado… antigamente casavam pouco depois dos vinte, hoje casam pouco antes dos trinta. Quer dizer: nada se alterou neste contexto de datas. Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes. Então as mulheres passaram a casar muito mais tarde? Bonita embrulhadaOu simples brincadeira? Brincadeira? Talvez seja isso. Saraiva, brincalhão e gozador, terá tido a ideia de pôr o leitor a fazer cálculo mental. É que extraindo a média apura-se os 25 anos. Assim, decorrendo o depois dos vinte, os casórios das mulheres são contraídos no meio do percurso do tempo, antes dos trinta

Saraiva tende para isto. Está, sempre, a pregar rasteiras e a obrigar-nos a puxar pelos miolos. Verdade seja dita: é o seu préstimo. Também, pessoal encanto Entenda-se, o da sua escrita.

Há vinte anos, quando se entrava numa livraria, era raríssimo encontrar uma mulher” Saraiva deverá esclarecer como aconteceram os sucessos de vendas das poetisas e escritoras Florbela Espanca, Sofia de Melo Breyner Andresen, Natália Correia, Fernanda Botelho, Maria Judite de Carvalho, Olga Gonçalves, Agustina Beça Luís, Alice Ogando, Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa, Maria Lamas, Irene Lisboa, Alice Vieira, Maria Gabriel Llansol, Lídia Jorge, etc,. Eram os machos latinos de cepa lusitana, maridos, amantes, amigos e companheiros, das mulheres deste país - feitos dóceis moços de recados - que, interpondo-se ou as impedindo, iam às bancas e às livrarias comprar os livros das poetisas e das escritoras portuguesas?

Hemos de concordar que as frases transcritas, das prosas de Saraiva, são boas “malhas” de um jogo de chinquilho “mal amanhado”, apontado à sedução de carecida leitora em transe de neurastenia

Fiquemos por aqui

terça-feira, setembro 25, 2007

Um texto sem tabus…

O ZÉ-POVINHO

SOFREU UM ATAQUE ASCOROSO

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http;//quintalusitana.blogspot.com

Sim! O Zé-Povinho foi alvo de um ataque repugnante, primário, violento, grosseiro, ofensivo. Em forma de escrito que circula na Internet; cuja autoria é atribuída a um conhecido intelectual de Lisboa. Omitimos o nome porque não conseguimos obter confirmação da identidade e a referência do jornal em que terá sido publicado.

Ao lermos a prosa ficamos com a impressão que o articulista terá querido escrever uma página de obra de ficção. Mas se não foi essa a ideia – e porque a peça teve divulgação pública - teremos de admitir que o indivíduo, agressor do Zé-Povinho, estava sofrendo de esquizofrenia enquanto escrevia todos aqueles dislates, tamanha é a desvirtuação da realidade e a doentia confusão das ideias.

O que aliás é reforçado logo na parte de introdução em que todo o fel é escorrido para o papel e condensado no seguinte período: “Eu odeio o Zé Povinho. Odeio a ilustração, o personagem e o que ele representa. As supostas qualidades inerentes à criatura de Bordalo Pinheiro são, de facto, responsáveis por cem anos de subserviência e subdesenvolvimento”. Francamente! Tanta agressividade! Tanto ódio até corta a respiração de qualquer ser humano normal…

A totalidade do escrito é preenchida com a sucessão de considerações absurdas e incongruentes que relevam de evidente perturbação mental que muito sobressai na manifestação exacerbada de ódio ao Zé-Povinho, que todos conhecemos como uma personagem simples, indefensa, bonacheirona e de brandos costumes. Só uma mente perversa decidiria ir tão longe na manifestação desrespeitosa para com o Zé-Povinho e para com mestre Bordalo Pinheiro e na expressão do mais profundo rancor. Afinal, um horror a que não devemos dar aceitação, nem conceder nenhum crédito. A que, não obstante, devemos estar atentos. Com repugnância e suficiente distanciamento.

Porém, cumpre-nos, como aparentados e admiradores do Zé-Povinho, reter e comentar aquela tontice do escrevente, autor do execrável texto acusatório, de lhe atribuir a responsabilidade “por cem anos de subserviência (A quê? A quem?) e subdesenvolvimento”. Poucas vezes em Portugal se terá escrito, em letra de forma, um tão grande disparate. Eventualmente, até poderá ter havido o deliberado propósito de achincalhar ao máximo a simpática criatura. O que não surpreende. No nosso tempo, geralmente, aqueles que despendem mais tempo a proclamar a devoção à Democracia são, simultaneamente, os que mais exploram e desprezam o Zé-Povinho.

Dissemos reter a tontice porque ela nos encaminha ao dito que se vai ouvindo: “O povo tem o governo que merece”. E para assinalar que esta asserção não merece credibilidade. Erra clamorosamente! Os indivíduos que a trazem à colação deixam-se levar pelas aparências e pela facilidade de aproximação ao que é primário e superficial. Desde logo, porque ainda hoje o Zé-Povinho não tem capacidade para analisar e ir ao fundo das questões ou poderio para inverter as situações a seu favor. O que é da suprema conveniência dos poderes que dominam Portugal. Outrossim, do conhecimento, proveito e inconfessável agrado, dos “inteligentes” que, na Capital, se comprazem nos ataques ao Zé-Povinho; assim se revelando indecentes cultores da desonestidade intelectual.

Por conseguinte, o Zé-Povinho não deve ser responsabilizado pelas consequências das políticas e procedimentos malévolos que o atingem e prejudicam. Era só o que faltava ser explorado na Comunicação Social, por parte das rapaziadas espertalhonas, sem escrúpulos, que gravitam nas órbitas das televisões, abancam nos partidos e se aconchegam nas várias capelinhas e “fraternidades” instaladas quer no grande oriente, quer nos abrigos das grandes lojas e nas dependências da Opus do espanhol Escrivá. Pensar ou exprimir o oposto, representa um extravio de espírito e põe em relevo a mentalidade obscurantista de quem ousa tal insulto à inteligência do ser pensante. Porém, o descaramento chegou a esse extremo.

Em vista disso, o Zé-Povinho não merece os maus governos que se vão sucedendo, nem aquilo porque estamos passando. Nem foi (também, no presente, não é) factor ou fautor do actual estado das coisas. Pelo contrário, ele é a grande vítima! Desprotegido, está isolado num estádio que impede o seu entendimento não só das subtilezas das linguagens politiqueiras, como das particularidades e condicionantes da vida comunitária e que, igualmente, delimita a sua, ainda, intransponível condição de subproduto cultural da nossa sociedade. O Zé-Povinho nada pode fazer para contrariar a situação. Que pode ele contra as poderosas forças (organizações secretas, partidos, alta finança, multinacionais, máfias, etc.) que o mantém confinado nos vários analfabetismos: primário, funcional e cultural e em precárias condições sociais.

Para concluir: Andam por aí figurões, mal-intencionados, atrevidos, falaciosos, manipuladores da opinião pública, que nem lhes basta desprezar e explorar o Zé-Povinho. Recorrendo a todos os meios mostram-se determinados a insultá-lo, a escarnecê-lo e a vexá-lo. E procedem sem resquícios de vergonha.

Urge não ficarmos indiferentes

sexta-feira, setembro 21, 2007

Amimou…

Anónimo, citando a Bíblia:

“Abençoados os ignorantes porque assim são felizes”

Zé da Burra, o Alentejano

Leva o troco…

O abaixo-assinado, por consideração à Burra que possui, acompanha e tutela o alentejano Zé da Burra, escudado na suficiência bastante e sem a “muleta” da Bíblia, proclama:

- Abençoados os “irmãos sábios” - praticantes de obscuros costumes - porque, desinfelizes, mal-educados, ocultos, não se reconhecem ignorantes, grosseiros, perniciosos, intolerantes e ridículos.

Brasilino Godinho

quinta-feira, setembro 20, 2007

A história que reproduzimos a seguir é conhecida há vários meses. Os jornais focaram-na e vai circulando pela Internet (o presente texto chegou-nos por e-mail).

Ela é tão expressiva do elevado grau de degradação a que chegou a prática corrente da desgovernação do País que dispensa comentários.

“Era uma vez um senhor chamado Vasconcelos…

“A história podia começar assim, como qualquer história de encanar crianças, se é que, às crianças de hoje, ainda se contam histórias de encantamento e final feliz. Parece que o que se usa agora é pô-las a ver desenhos animados mais ou menos imbecis – ou mais ou menos eivados de violência pretensamente cómica – se não puder ser uma daquelas coisas computadorizadas, as chamadas playstations, com jogos de guerra, onde as explosões, os disparos, a destruição e os massacres transmitem o "american way of life", que é como quem diz: destrói tudo o que te apetecer destruir.

Mas, era uma vez um senhor chamado Jorge Vasconcelos, que era presidente de uma coisa chamada ERSE, ou seja, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, organismo que praticamente ninguém conhece e, dos que conhecem, poucos devem saber para o que serve. Mas o que sabemos é que o senhor Vasconcelos pediu a demissão do seu cargo porque, segundo consta, queria que os aumentos da electricidade ainda fossem maiores.

Ora, quando alguém se demite do seu emprego, fá-lo por sua conta e risco, não lhe sendo devidos, pela entidade empregadora, quaisquer reparos, subsídios ou outros quaisquer benefícios. Porém, com o senhor Vasconcelos não foi assim. Na verdade, ele vai para casa com 12 mil euros por mês – ou seja, 2.400 contos – durante o máximo de dois anos, até encontrar um novo emprego.

Aqui, quem me ouve ou lê pergunta, ligeiramente confuso ou perplexo:

«Mas você não disse que o senhor Vasconcelos se despediu?». E eu respondo:

«Pois disse. Ele demitiu-se, isto é, despediu-se por vontade própria!». E você volta a questionar-me:
«Então, porque fica o homem a receber os tais 2.400 contos por mês, durante dois anos? Qual é, neste país, o trabalhador que se despede e fica a receber seja o que for?».

Se fizermos esta pergunta ao ministério da Economia, ele responderá, como já respondeu, que «o regime aplicado aos membros do conselho de administração da ERSE foi aprovado pela própria ERSE». E que, «de acordo com artigo 28 dos Estatutos da ERSE, os membros do conselho de administração estão sujeitos ao estatuto do gestor público em tudo o que não resultar desses estatutos». Ou seja: sempre que os estatutos da ERSE foram mais vantajosos para os seus gestores, o estatuto de gestor público não se aplica.

Dizendo ainda melhor: o senhor Vasconcelos (que era presidente da ERSE desde a sua fundação) e os seus amiguinhos do conselho de administração, apesar de terem o estatuto de gestores públicos, criaram um esquema ainda mais vantajoso para si próprios, como seja, por exemplo, ficarem com um ordenado milionário quando resolverem demitir-se dos seus cargos. Com a bênção avalizadora, é claro, dos nossos excelsos e (in)competentes governantes.

Trata-se, obviamente, de um escândalo, de uma imoralidade sem limites, de uma afronta a milhões de portugueses que sobrevivem com ordenados baixíssimos e subsídios de desemprego miseráveis. Trata-se, em suma, de um desenfreado, abusivo e desavergonhado abocanhar do erário público.

Mas voltemos à nossa história. O senhor Vasconcelos recebia 18 mil euros mensais, mais subsídio de férias, subsídio de Natal e ajudas de custo. 18 mil euros seriam mais de 3.600 contos, ou seja, mais de 120 contos por dia, sem incluir os subsídios de férias e Natal e ajudas de custo.

Aqui, uma pergunta se impõe: Afinal, o que é – e para que serve – a ERSE? A missão da ERSE consiste em fazer cumprir as disposições legislativas para o sector energético. E pergunta você, que não é trouxa: «Mas para fazer cumprir a lei não bastam os governos, os tribunais, a polícia, etc.?».

Parece que não. A coisa funciona assim: após receber uma reclamação, a ERSE intervém através da mediação e da tentativa de conciliação das partes envolvidas. Antes, o consumidor tem de reclamar junto do prestador de serviço. Ou seja, a ERSE não serve para nada. Ou serve apenas para gastar somas astronómicas com os seus administradores.

Aliás, antes da questão dos aumentos da electricidade, quem é que sabia que existia uma coisa chamada ERSE?

Até quando o povo português, cumprindo o seu papel de pachorrento bovino, aguentará tão pesada canga? E descarado gozo?”

quarta-feira, setembro 19, 2007

Prezadas senhoras,

Caros senhores,

Apresentamos as Marcelices da semana.

O caldo de cultura é o da ementa habitual.

Cordiais saudações.

Brasilino Godinho

“Marcelices”…

Do Prof. Seixa *

*Às vezes, designado Prof. Sousa.

Para quem não saiba, informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.

Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Para não fugir à regra que a si próprio se terá imposto, o Prof. Seixa neste fim-de-semana, nas duas páginas da rubrica “BLOGUE”, do semanário alinhado com a Opus Dei, trouxe-nos mais algumas pérolas de fino recorte cultural.

Destacamos as seguintes:

“AVANTE Acabou por só ir a filha Sofia. Garante-me que encontrou mais gente do que na Festa do ano passado”. E é insuspeita. Nunca votou no PCP!”.

Que grande chatice! A filha sem o pai a acompanhá-la… Valeu a informação sobre a afluência do público e a qualidade da jovem, não suspeita. Mas faz-se o reparo: Ela nunca votou no PCP? O voto não é secreto? Porquê o preciosismo do registo feito pelo papá?

“EMPATE Meio tristonho, o de Portugal, na Luz, contra a Polónia. Lá fomos, filho Nuno, nora Rita e eu. Jornada emotiva.”

Lá foram eles a caminho da Luz – como se fossem três Reis Magos atraídos pela estrelaAli, pelos voos da águia?

“EMPREGO Partiu ontem para o centro da Europa o filho da minha funcionária”.

Duas novidades: Uma, com interesse para a Estatística. Outra, anunciando que o professor tem funcionária. Esta, talvez susceptível de despertar a curiosidade dos fiscais da Segurança Social… que andam por aí à espreita, com segundas, terceiras e quartas intenções…

“FÁTIMA Adoro ir a Fátima fora dos dias de grandes peregrinações”.

Adora ir a Fátima? Ora bolas, para a fofoca... Como se não fosse previsível num fiel à Casa de Deus.

Em todo o caso, uma anotação com relevância documental para a Torre do Tombo… E reveladora de um certo receio dos carteiristas que costumam afluir a Fátima naquelas dias de grandes aglomerações. Fervoroso crente, sábio e precavido, o professor Seixa.

“CAVACO Boa a entrevista do Presidente da República à Euronews, hoje. Seguro, claro, convincente. Um sucesso para Portugal.

Cavaco Silva, claro? Nem por isso! O Homem é moreno, pendendo para o cinzento. Um sucesso para Portugal? Como, assim? Quem, para além do professor Seixa, se deu conta disso? O que é essa coisa de sucesso para Portugal? E para ele teria sido? Por que há-de o professor estar sempre a ater-se a essas presunções descabidas e sem sentido prático?

“OEIRAS Antes do jogo, tarde de sábado. A RTP pede-me que vá até ao Hotel onde está a selecção (Alagoas, em Porto Salvo) e entre em programa de mobilização.

Já sabíamos: o Prof. Seixa está permanentemente disponível para atender a todas as solicitações das televisões. Nem é por questões de dinheiros e retribuições… Bem merece o Prémio de Dedicação que, inevitavelmente, lhe será atribuído numa próxima Gala da SIC do amigo Balsemão. Até porque guardada está a prenda para quem dela não desmerecer…

“DESCOBRI (…) Gelados? Então, é isso! Descobri, finalmente, a razão de me acharem hiperactivo: os gelados que ingiro em catadupas”.

E passaram-se tantas luas e - como diria o arquitecto Saraiva – habitaram-se longos tempos, contados por décadas de vida mais ou menos agitada e só agora o professor descobriu os efeitos dos gelados. Por quais nuvens etéreas andou girando essa mente, professor? Ou terá existido uma inalterável distracção, quiçá doentia?

“VIVA O Festival Música Viva 2007. Começa depois de amanhã e vai até ao dia 14”.

Pois, viva! Mas aqui, como noutras passagens do dito BLOGUE, ficamos a interrogar-nos: a que data reporta o amanhã? Também, quando escreve hoje, ontem, não nos indica o dia de referência. Mais um lapso do professor.

“VIDA NOVA Começaram os netos Francisco e Teresa, ao entrarem na velha escola que nos tem acolhido desde 1950, sucessivamente, a mim e a meus irmãos António e Pedro”.

Devagarinho, como quem não quer a coisa, o professor vai juntando achegas para os anais da família Sousa. Com um senão: os indígenas comentam que se estão marimbando para tais historietas de lana-caprina. Caso para reclamar: Tenha dó, professor! Não seja mauzinho…

“2 ANOS Avô zeloso envia-me foto do neto Dinis, de dois anos, a olhar para o meu programa na RTP. O meu espectador mais novo Ironia: como a carta nem tem apelido fico curioso”.

Para quantos leitores que têm o sentido da fraternidade esta informação deixa-os preocupados.

Uma criança a olhar para o programa do professor? Uma desgraça previsível! De temer que cedo o pequerrucho comece a ficar baralhado com tanta gesticulação e verbosidade do professor; além de correr o risco de contrair o estrabismo. Pior ainda: em vez de olhar para o ecrã, a criança olha para o programa… Vejam só: Os perigos a que está sujeito um inocente; desde logo, vítima da “cegueira” do avô…

Espere aí, professor! O que leva o professor a classificar de zeloso o avô da criança? Porque lhe escreveu uma carta a dizer-lhe que o netinho olha para o seu programa? Essa é forte… e feia.

Quanto à ironia onde está ela? Ter ficado curioso? Ou, simplesmente, porque a carta nem tem apelido. Esta anotação é estupenda. Desconhecíamos que as cartas tivessem apelidos. Aqui prevalece a sapiência do professor Sousa; sobrepondo-se à ignorância do crítico Godinho…

“ESTREIA O neto Francisco, 4 anos, estreou-se em desafios da Selecção, contra a Sérvia. Equipado a rigor, da camisola às meias. Foi mesmo o único dos 50 mil espectadores. Porque, nos últimos cinco minutos, distraiu-se e saiu convencido de que Portugal tinha ganho por 1-0!

O “único” em quê? No equipamento? O professor conseguiu apurar que entre 50 000 espectadores só o seu neto é que estava equipado com tanto esmero? Isso é uma ocorrência extraordinária nos domínios da acuidade visual e do selectivo apuramento estatístico. Um golpe de vista de longo alcance… Tiramos o chapéu ao Prof. em preito de homenagem a tamanha capacidade e à inerente glória atingida com o fantástico feito.

Ainda uma última observação: O neto distraiu-se porque estava trajado a rigor? Ou por ser o “único” entre os 50 000 espectadores? É que não percebemos o sentido a dar àquele “Porque”.

Enfim, receamos que o professor já esteja contagiado pelos tiques do palavreado do arquitecto Saraiva, visto que abancam no mesmo espaço jornalístico…

Nota de rodapé

Para assinalar que o semanário dirigido pelo arquitecto-jornalista José António Saraiva está em maré de sorte. No curto período de quinze dias registaram-se dois acontecimentos invulgares que deixaram radiantes os dois felizes contemplados. Primeiramente, o director Saraiva recebeu uma missiva altamente elogiosa de uma simpática admiradora. Depois, ao Prof. Sousa chegou-lhe uma carta de um avô babado porque o netinho olha para o seu programa na RTP - o que demonstra como são imprevisíveis certas coincidências que deixam a malta boquiaberta.

Face a estes eventos, gerou-se a expectativa sobre o que virá a seguir em apoio das figuras mais distintas do jornal; como, por exemplo, o inefável Paulo Portas que de incentivos está bastante carecido para recuperar os entusiasmos perdidos numa noite de nevoeiro eleitoral…

terça-feira, setembro 18, 2007

SARAIVADAS… Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: Saraiva regressa de umas férias em que terá trabalhado à matroca…

José António Saraiva regressou de férias. E tal como as iniciou, também voltou sem prévio aviso. Espera-se que, agora, sem as complicações que decorreram da ida. Estamos recordados que o arquitecto-jornalista se obrigou a interromper o período de descanso para acorrer solícito e, efusivamente, agradecido a uma admiradora que escrevera para a redacção a informar que entrara em estado de depressão por lhe terem faltado, abruptamente, as prosas de Saraiva que para ela, coitadinha da moça, era um alimento especial; do qual, afirmava não poder abdicar. Não obstante o cativante gesto da menina ter contribuído para alentar o ego de Saraiva, não deixou de ser um inesperado contratempo. Sugira-se que terá sido um hiato nas férias, que lhe soube a pouco. Certamente que Saraiva se sentiu muito lisonjeado com a devoção da leitora. Claro que acorrendo, pressuroso, salvou a honra do seu convento e prestou um inestimável serviço de assistência que, sensibilizando a desolada enferma, igualmente deixou enternecidas as admiradoras do invulgar jornalista da praça lisboeta. Até nós, pouco dados a sentimentalismos piegas, ficámos impressionados com as peripécias insolitamente motivadas pela falta do anúncio do interregno das laudas do director do semanário ligado à Opus Dei.

Porém, julgamos que Saraiva, em vez de dar descanso ao cérebro, se dedicou afanosamente a preparar a retoma das actividades jornalísticas em grande estilo – o famoso “estilo saraiva”.

Apresentou-se ao serviço com dois estudos. O primeiro: uma relação de factos estranhos a que deu o título “Uma família inglesa”. Inexplicavelmente inserida na rubrica “POLÍTICA A SÉRIO”. Interrogamo-nos: O que no rol se relaciona com a política a sério? Mistério… Aqui a letra não condiz com a careta. É mais uma das confusões de Saraiva. Pouco atento à forma, ao conteúdo e à interdependência entre uma e outro.

Atendendo àquilo que Saraiva nos informou sobre o elevado esforço que despende na escrita é de prever que o período de repouso foi desaproveitado no capítulo do descanso. Daí, que Saraiva tenha ficado exausto com tantas evoluções à deriva nesse tempo de presumida pausa orientada à recuperação da força física e ao rejuvenescimento da capacidade cerebral. A normalidade do período de descanso foi quebrada com o intempestivo atendimento de socorro à leitora em transe. Ter-se-á seguido a compilação dos factos estranhos da família inglesa de Madeleine McCann agora relatados; e, ainda, a cansativa tarefa de elaboração da complexa teoria sobre “A riqueza da Europa” que veio publicada na revista cujo título induz haver coisas que não podem ser discutidas ou tocadas

A extensa explanação da teoria sobre a riqueza da Europa é feita com muita confusão de ideias. Estas, associadas a situações colectivas e individuais, formando uma teia difícil de entender. Decerto, não assimilável pelos indígenas, no grupo dos quais nos integramos. Faz-se a leitura e pergunta-se: Onde quer o autor chegar?

Logo de início, José António Saraiva concentra-se nos meandros do futebol. Começa por asseverar que “todos os anos os preços e os ordenados dos futebolistas sobem”. Depois, parte ao encontro dos jogadores portugueses mais conhecidos que estão dispersos pela Europa ao serviço de equipas melhor cotadas no mundo do futebol. Divaga sobre uns e outros, refere aspectos correlativos como as vendas de camisolas, os milhões ganhos pelos atletas, o mundo de ilusões criado à volta do futebol. Refere que “os espectáculos são caprichosos como os deuses: exigem sacrifícios humanos”diga-se que esta novidade de os deuses serem caprichosos e exigirem sacrifícios humanos, nos deixou estupefactos; mas que relevará de Saraiva estar bem relacionado com eles, nomeadamente através das ligações do semanário à Casa de Deus (Opus Dei). Anota o articulista Saraiva que os actores ou atletas vão vivendo na Lua, embriagados pelo esplendor do luxo e o fascínio da fortuna e que muitos deles voltam à Terra desgraçados, prosseguindo “um triste destino”.

Em dado passo, o arquitecto-jornalista, perspicaz quanto baste, cai na dura e preocupante verificação: o tempo é habitado. Precisamente, “habitado em grande parte por ídolos artificiais, que vivem efémeros sucessos artificiais, que criam uma realidade artificial que movimenta milhões que circulam artificialmente”. E com tanta artificialidade (à que não escapará o tempo…) ocupando-lhe a mente, Saraiva, às tantas, observa com ênfase: “A população da Europa rica parece a nobreza de outrora: diverte-se com o espectáculo mas perdeu o sentido da produção”.

A finalizar o estudo, Saraiva “agarra-se” a Cristiano Ronaldo para o apresentar como demonstração sintomática e expressiva da sua tese sobre “A riqueza da Europa”. Escreveu: “Cristiano Ronaldo valorizou-se muitos milhões, foi comprado por x e agora vale y, mas a que corresponde isso em termos de criação de riqueza?”. O autor lançou a pergunta, para de imediato, responder: “A nada: é exactamente a mesma pessoa. Evoluiu um bocadinho em termos tácticos ou físicos, mas é a mesma pessoa. Os preços dos jogadores aumentam todos os anos, o seu valor cresce em espiral, mas o produto basicamente é o mesmo”.

O trecho transcrito é uma charada que deixa atónito qualquer desprevenido cidadão. Põe várias questões, qual delas a mais intrigante.

Primeira: Cristiano Ronaldo não corresponde “em termos de criação de riqueza”. Fica-se sem perceber a que título: Pessoal? Nacional? Europeu? E quais os termos?

Segunda: Cristiano Ronaldo “é exactamente a mesma pessoa”. Pelos vistos, azar dele. Porém, aqui entre nós, arquitecto Saraiva, diga-nos em que pessoa se deveria transformar o Cristiano Ronaldo, segundo a sua opinião?

Terceira: Mas que raio de produto deveria ser o Cristiano Ronaldo, para não ser “basicamente o mesmo” que, por sinal, parece ser do desagrado de Saraiva?

Para concluir: Esclareçam-nos o que todo aquele palavreado de Saraiva à volta do futebol e dos seus praticantes nacionais mais famosos tem a ver com “A riqueza da Europa Mais: a temática da riqueza da Europa é determinada pelas questões futebolísticas?

Por favor e se não der muito incómodo, os leitores revejam-se na pele de escuteiros e façam a boa acção de nos abrir os olhos, a fim de podermos contemplar em todo o seu esplendor a claridade que, eventualmente, na peça em causa, emane da pena brilhante de Saraiva. Resplandecência, que nos passou despercebida – o que, inevitavelmente, será tomado em conta de nosso descrédito

Fim

segunda-feira, setembro 17, 2007

Um texto sem tabus…

A RTP EM HARMONIOSA PARCERIA

COM A “REAL ARTE”…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Quando na noite da p.p. segunda-feira, dia 10 de Setembro, liguei a televisão para acompanhar a emissão do programa “PRÓS E CONTRAS” fiquei surpreendido com aquele cenário em que avultavam quatro “veneráveis mestres” das potências regular e irregular da “Real Arte” que detêm o poder efectivo em Portugal.

Parecia que naquela área central do teatro Armando Cortez, na Casa do Artista, localizada na extremidade superior do amplo conjunto espacial, se fixava o “quadrilátero oblongo”. Nas bancadas dispostas nas duas faixas laterais estavam quatro cadeirões nos quais se sentavam os quatro “veneráveis mestres” dispondo cada um, sobre o tampo, das respectivas “pranchas” que iam regularmente consultando para não perderem o fio à meada. Ao centro, na extremidade superior estava fixada uma mesa e à frente desta uma cadeira na qual a celebrante Fátima Campos Ferreira se sentava nos momentos adequados ao concebido encadeamento do ritual. Apesar de não sobressaírem as duas colunas, não se notar o grande candelabro, nem os símbolos do compasso do esquadro e de outros artefactos das “oficinas”, logo me apercebi que estava sendo transmitido uma sessão de trabalho conjunto de obreiros da Grande Loja e do Grande Oriente Lusitano. Lá estavam, muito senhores dos seus respectivos narizes, o Anes (grão-mestre da Grande Loja), o Flores (frequentador assíduo das televisões e autarca de Santarém), o Júdice (advogado em rota de convívio no PS) e o Monteiro (director do “Expresso” - o conhecido semanário que é uma das bandeiras desfraldadas da maçonaria portuguesa). De notar, que os quatro “veneráveis mestres” se apresentaram com aparência de profanos; dado que não envergavam os coloridos aventais e os colares da ordem. Foi pena. A cena teria ficado mais colorida e enriquecida com o aspecto de refinado folclore… Mas, compreende-se o recato de quem, normalmente, se reserva discrição, esconderijo, atalaia e anonimato.

O tema em debate incidia no caso do desaparecimento da menina inglesa Madeleine McCann.

Sobre o espectáculo televisivo em foco anote-se o particular interesse em apreciá-lo à luz da sua intrínseca realização. A qual teve lugar, certamente, por iniciativa e organização da RTP e da Maçonaria. Da concertação de esforços das duas partes, há muito tempo irmanadas, resultou aquela sessão de trabalhos; praticamente circunscrita aos irmãos da “Fraternidade”. Dela foram excluídos, nos termos das regras da secretíssima ordem, os membros da Opus Dei e os profanos. Pode conjecturar-se que, mesmo na assistência, os profanos ou infiéis não estavam em maioria. Até porque convinha evitar as intervenções espúrias

Claro que o acontecimento não foi excepção daquilo que é a prática das televisões, a reflectir a influência, a vigilância e a supervisão a que os órgãos de comunicação social estão sujeitos por parte dos esforçados obreiros.

Por isso, no caso vertente, não se estranha a seleccionada escolha dos participantes. Mas faz-se o registo para que as duas entidades promotoras não tenham a veleidade de nos julgarem uns lorpas que não percebemos a jogada encapotada numa mediática e presumida análise sobre a temática dos acontecimentos relacionados com a Madeleine McCann.

Certamente, a sessão foi determinada pelos interesses dos “irmãos” pretenderem passar algumas mensagens. De imediato, mostrarem que dominam a Comunicação Social e que esta permanece à sua mercê e ao serviço dos seus interesses. Que sempre que o entenderem tomam iniciativas, fazem as escolhas dos temas e dos intervenientes, condicionam as emissões dos programas informativos e que barram as veleidades que possam existir de se estabelecer o contraditório ou a possibilidade de abertura às intervenções dos profanos.

Na emergência, havia a premente obcecação de atirar algumas farpas sobre alvos bem determinados. À cabeça desacreditar as autoridades judiciais que se afastem dos preceitos da “Real Arte”. Sobretudo, fazer passar, muito subtilmente, a mensagem de os “irmãos” arguidos ou mencionados no processo da Casa Pia serem uns desgraçadinhos vítimas das odiosas escutas telefónicas, dos “julgamentos populares” e da sanha de inspectores desatentos ou incompetentes. Esta, a altura conveniente uma vez que o julgamento do processo da Casa Pia vai entrar numa fase crucial e é imprescindível ir intoxicando a opinião pública e criar um clima favorável para o desfecho que se avizinha favorável à causa dos “bons cidadãos” dos “melhores costumes” atinentes aos preceitos da “venerável” instituição maçónica

Nesta cruzada, viu-se, mais uma vez, tenazmente empenhado o Júdice. Motivo para observar que ele não vai a nenhuma festança em que não meta, com nervosismo e irritação, a Maria Constança – esta, configurada nas “histórias” em que surgem referenciados os seus novos amigos socialistas “beliscados” no processo dos jovens da Casa Pia. E como já vai sendo hábito saiu-se com algumas tiradas descabidas a suscitarem a maior reserva de quantos não vão à bola com a retórica dos frequentadores das “lojas” – os “irmãos”, também designados obreiros.

Daquilo que concerniu ao tema nada de novo se deparou no debate, Somente há que destacar as declarações do director da Polícia Judiaria a repor alguma contenção na abordagem do assunto, dando nota que a investigação é complexa e não permite avaliações desconexas à realidade dos resultados da investigação em curso.

Também sobressaiu a visível satisfação do grão-mestre, sempre com um sorriso enigmático, mesmo quando falando sobre assunto trágico.

Aliás, as prestações dos interventores balizaram-se pela explanação de banalidades, pela apresentação de escusados, falíveis, juízos interpretativos de ocorrências reais ou aventadas e pela formulação de conjecturas e comentários sobre as informações apresentadas nos órgãos de comunicação social. Bem considerando, foi uma troca de impressões desgarradas da verdade processual que, permanecendo ignorada, determinaria prudência, seriedade intelectual e, decididamente, a não realização daquela sessão de troca de conversas da treta. Uma reunião de diz tu, direi eu - não importa sobre o quê. Aquilo que habitualmente se classifica como “chover no molhado”.

Como apontamento faço uma observação sobre um cientista que, interrogado sobre a interpretação das expressões faciais dos pais da menor desaparecida, se obstinou em repetir incessantemente que isso é uma tarefa científica, na qual se aplicam normas científicas, usando equipamentos de laboratório e métodos científicos e que as conclusões são obtidas de forma científica no cumprimento das mais exigentes regras científicas. E com tanta embrulhada científica o cientista não foi capaz de dar uma capaz resposta científica Deu para rir. Foi um momento bem expressivo da vacuidade e inutilidade de semelhante debate.

Um debate absurdo que só serviu para os quatros “veneráveis mestres” se contemplarem no protagonismo balofo, sem brilho e falho de nexo de objectividade.

Enfim, igualmente ali exposto o retrato deste país, atrasado, amordaçado, bloqueado, em decadênciaregido sob a batuta de “veneráveis mestres”, sábios iluminados, que alegremente nos vão desgovernando, explorando e prejudicando. Até quando?

Fim