Um texto sem tabus…
O ZÉ-POVINHO
SOFREU UM ATAQUE ASCOROSO
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Ao lermos a prosa ficamos com a impressão que o articulista terá querido escrever uma página de obra de ficção. Mas se não foi essa a ideia – e porque a peça teve divulgação pública - teremos de admitir que o indivíduo, agressor do Zé-Povinho, estava sofrendo de esquizofrenia enquanto escrevia todos aqueles dislates, tamanha é a desvirtuação da realidade e a doentia confusão das ideias.
O que aliás é reforçado logo na parte de introdução em que todo o fel é escorrido para o papel e condensado no seguinte período: “Eu odeio o Zé Povinho. Odeio a ilustração, o personagem e o que ele representa. As supostas qualidades inerentes à criatura de Bordalo Pinheiro são, de facto, responsáveis por cem anos de subserviência e subdesenvolvimento”. Francamente! Tanta agressividade! Tanto ódio até corta a respiração de qualquer ser humano normal…
A totalidade do escrito é preenchida com a sucessão de considerações absurdas e incongruentes que relevam de evidente perturbação mental que muito sobressai na manifestação exacerbada de ódio ao Zé-Povinho, que todos conhecemos como uma personagem simples, indefensa, bonacheirona e de brandos costumes. Só uma mente perversa decidiria ir tão longe na manifestação desrespeitosa para com o Zé-Povinho e para com mestre Bordalo Pinheiro e na expressão do mais profundo rancor. Afinal, um horror a que não devemos dar aceitação, nem conceder nenhum crédito. A que, não obstante, devemos estar atentos. Com repugnância e suficiente distanciamento.
Porém, cumpre-nos, como aparentados e admiradores do Zé-Povinho, reter e comentar aquela tontice do escrevente, autor do execrável texto acusatório, de lhe atribuir a responsabilidade “por cem anos de subserviência (A quê? A quem?) e subdesenvolvimento”. Poucas vezes em Portugal se terá escrito, em letra de forma, um tão grande disparate. Eventualmente, até poderá ter havido o deliberado propósito de achincalhar ao máximo a simpática criatura. O que não surpreende. No nosso tempo, geralmente, aqueles que despendem mais tempo a proclamar a devoção à Democracia são, simultaneamente, os que mais exploram e desprezam o Zé-Povinho.
Dissemos reter a tontice porque ela nos encaminha ao dito que se vai ouvindo: “O povo tem o governo que merece”. E para assinalar que esta asserção não merece credibilidade. Erra clamorosamente! Os indivíduos que a trazem à colação deixam-se levar pelas aparências e pela facilidade de aproximação ao que é primário e superficial. Desde logo, porque ainda hoje o Zé-Povinho não tem capacidade para analisar e ir ao fundo das questões ou poderio para inverter as situações a seu favor. O que é da suprema conveniência dos poderes que dominam Portugal. Outrossim, do conhecimento, proveito e inconfessável agrado, dos “inteligentes” que, na Capital, se comprazem nos ataques ao Zé-Povinho; assim se revelando indecentes cultores da desonestidade intelectual.
Por conseguinte, o Zé-Povinho não deve ser responsabilizado pelas consequências das políticas e procedimentos malévolos que o atingem e prejudicam. Era só o que faltava ser explorado na Comunicação Social, por parte das rapaziadas espertalhonas, sem escrúpulos, que gravitam nas órbitas das televisões, abancam nos partidos e se aconchegam nas várias capelinhas e “fraternidades” instaladas quer no grande oriente, quer nos abrigos das grandes lojas e nas dependências da Opus do espanhol Escrivá. Pensar ou exprimir o oposto, representa um extravio de espírito e põe em relevo a mentalidade obscurantista de quem ousa tal insulto à inteligência do ser pensante. Porém, o descaramento chegou a esse extremo.
Em vista disso, o Zé-Povinho não merece os maus governos que se vão sucedendo, nem aquilo porque estamos passando. Nem foi (também, no presente, não é) factor ou fautor do actual estado das coisas. Pelo contrário, ele é a grande vítima! Desprotegido, está isolado num estádio que impede o seu entendimento não só das subtilezas das linguagens politiqueiras, como das particularidades e condicionantes da vida comunitária e que, igualmente, delimita a sua, ainda, intransponível condição de subproduto cultural da nossa sociedade. O Zé-Povinho nada pode fazer para contrariar a situação. Que pode ele contra as poderosas forças (organizações secretas, partidos, alta finança, multinacionais, máfias, etc.) que o mantém confinado nos vários analfabetismos: primário, funcional e cultural e em precárias condições sociais.
Para concluir: Andam por aí figurões, mal-intencionados, atrevidos, falaciosos, manipuladores da opinião pública, que nem lhes basta desprezar e explorar o Zé-Povinho. Recorrendo a todos os meios mostram-se determinados a insultá-lo, a escarnecê-lo e a vexá-lo. E procedem sem resquícios de vergonha.
Urge não ficarmos indiferentes…
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