Prezadas senhoras,
Caros senhores,
Apresentamos as Marcelices da semana.
O caldo de cultura é o da ementa habitual.
Cordiais saudações.
Brasilino Godinho
“Marcelices”…
Do Prof. Seixa *
*Às vezes, designado Prof. Sousa.
Para quem não saiba, informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.
Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Para não fugir à regra que a si próprio se terá imposto, o Prof. Seixa neste fim-de-semana, nas duas páginas da rubrica “BLOGUE”, do semanário alinhado com a Opus Dei, trouxe-nos mais algumas pérolas de fino recorte cultural.
Destacamos as seguintes:
“AVANTE Acabou por só ir a filha Sofia. Garante-me que encontrou mais gente do que na Festa do ano passado”. E é insuspeita. Nunca votou no PCP!”.
Que grande chatice! A filha sem o pai a acompanhá-la… Valeu a informação sobre a afluência do público e a qualidade da jovem, não suspeita. Mas faz-se o reparo: Ela nunca votou no PCP? O voto não é secreto? Porquê o preciosismo do registo feito pelo papá?
“EMPATE Meio tristonho, o de Portugal, na Luz, contra a Polónia. Lá fomos, filho Nuno, nora Rita e eu. Jornada emotiva.”
Lá foram eles a caminho da Luz – como se fossem três Reis Magos atraídos pela estrela… Ali, pelos voos da águia?
“EMPREGO Partiu ontem para o centro da Europa o filho da minha funcionária”.
Duas novidades: Uma, com interesse para a Estatística. Outra, anunciando que o professor tem funcionária. Esta, talvez susceptível de despertar a curiosidade dos fiscais da Segurança Social… que andam por aí à espreita, com segundas, terceiras e quartas intenções…
“FÁTIMA Adoro ir a Fátima fora dos dias de grandes peregrinações”.
Adora ir a Fátima? Ora bolas, para a fofoca... Como se não fosse previsível num fiel à Casa de Deus.
Em todo o caso, uma anotação com relevância documental para a Torre do Tombo… E reveladora de um certo receio dos carteiristas que costumam afluir a Fátima naquelas dias de grandes aglomerações. Fervoroso crente, sábio e precavido, o professor Seixa.
“CAVACO Boa a entrevista do Presidente da República à Euronews, hoje. Seguro, claro, convincente. Um sucesso para Portugal.
Cavaco Silva, claro? Nem por isso! O Homem é moreno, pendendo para o cinzento. Um sucesso para Portugal? Como, assim? Quem, para além do professor Seixa, se deu conta disso? O que é essa coisa de sucesso para Portugal? E para ele teria sido? Por que há-de o professor estar sempre a ater-se a essas presunções descabidas e sem sentido prático?
“OEIRAS Antes do jogo, tarde de sábado. A RTP pede-me que vá até ao Hotel onde está a selecção (Alagoas,
Já sabíamos: o Prof. Seixa está permanentemente disponível para atender a todas as solicitações das televisões. Nem é por questões de dinheiros e retribuições… Bem merece o Prémio de Dedicação que, inevitavelmente, lhe será atribuído numa próxima Gala da SIC do amigo Balsemão. Até porque guardada está a prenda para quem dela não desmerecer…
“DESCOBRI (…) Gelados? Então, é isso! Descobri, finalmente, a razão de me acharem hiperactivo: os gelados que ingiro em catadupas”.
E passaram-se tantas luas e - como diria o arquitecto Saraiva – habitaram-se longos tempos, contados por décadas de vida mais ou menos agitada e só agora o professor descobriu os efeitos dos gelados. Por quais nuvens etéreas andou girando essa mente, professor? Ou terá existido uma inalterável distracção, quiçá doentia?
“VIVA O Festival Música Viva 2007. Começa depois de amanhã e vai até ao dia
Pois, viva! Mas aqui, como noutras passagens do dito BLOGUE, ficamos a interrogar-nos: a que data reporta o amanhã? Também, quando escreve hoje, ontem, não nos indica o dia de referência. Mais um lapso do professor.
“VIDA NOVA Começaram os netos Francisco e Teresa, ao entrarem na velha escola que nos tem acolhido desde 1950, sucessivamente, a mim e a meus irmãos António e Pedro”.
Devagarinho, como quem não quer a coisa, o professor vai juntando achegas para os anais da família Sousa. Com um senão: os indígenas comentam que se estão marimbando para tais historietas de lana-caprina. Caso para reclamar: Tenha dó, professor! Não seja mauzinho…
“2 ANOS Avô zeloso envia-me foto do neto Dinis, de dois anos, a olhar para o meu programa na RTP. O meu espectador mais novo Ironia: como a carta nem tem apelido fico curioso”.
Para quantos leitores que têm o sentido da fraternidade esta informação deixa-os preocupados.
Uma criança a olhar para o programa do professor? Uma desgraça previsível! De temer que cedo o pequerrucho comece a ficar baralhado com tanta gesticulação e verbosidade do professor; além de correr o risco de contrair o estrabismo. Pior ainda: em vez de olhar para o ecrã, a criança olha para o programa… Vejam só: Os perigos a que está sujeito um inocente; desde logo, vítima da “cegueira” do avô…
Espere aí, professor! O que leva o professor a classificar de zeloso o avô da criança? Porque lhe escreveu uma carta a dizer-lhe que o netinho olha para o seu programa? Essa é forte… e feia.
Quanto à ironia onde está ela? Ter ficado curioso? Ou, simplesmente, porque a carta nem tem apelido. Esta anotação é estupenda. Desconhecíamos que as cartas tivessem apelidos. Aqui prevalece a sapiência do professor Sousa; sobrepondo-se à ignorância do crítico Godinho…
“ESTREIA O neto Francisco, 4 anos, estreou-se em desafios da Selecção, contra a Sérvia. Equipado a rigor, da camisola às meias. Foi mesmo o único dos 50 mil espectadores. Porque, nos últimos cinco minutos, distraiu-se e saiu convencido de que Portugal tinha ganho por 1-0!
O “único” em quê? No equipamento? O professor conseguiu apurar que entre 50 000 espectadores só o seu neto é que estava equipado com tanto esmero? Isso é uma ocorrência extraordinária nos domínios da acuidade visual e do selectivo apuramento estatístico. Um golpe de vista de longo alcance… Tiramos o chapéu ao Prof. em preito de homenagem a tamanha capacidade e à inerente glória atingida com o fantástico feito.
Ainda uma última observação: O neto distraiu-se porque estava trajado a rigor? Ou por ser o “único” entre os 50 000 espectadores? É que não percebemos o sentido a dar àquele “Porque”.
Enfim, receamos que o professor já esteja contagiado pelos tiques do palavreado do arquitecto Saraiva, visto que abancam no mesmo espaço jornalístico…
Nota de rodapé
Para assinalar que o semanário dirigido pelo arquitecto-jornalista José António Saraiva está em maré de sorte. No curto período de quinze dias registaram-se dois acontecimentos invulgares que deixaram radiantes os dois felizes contemplados. Primeiramente, o director Saraiva recebeu uma missiva altamente elogiosa de uma simpática admiradora. Depois, ao Prof. Sousa chegou-lhe uma carta de um avô babado porque o netinho olha para o seu programa na RTP - o que demonstra como são imprevisíveis certas coincidências que deixam a malta boquiaberta.
Face a estes eventos, gerou-se a expectativa sobre o que virá a seguir em apoio das figuras mais distintas do jornal; como, por exemplo, o inefável Paulo Portas que de incentivos está bastante carecido para recuperar os entusiasmos perdidos numa noite de nevoeiro eleitoral…
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