Um texto sem tabus…
A RTP
COM A “REAL ARTE”…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Quando na noite da p.p. segunda-feira, dia 10 de Setembro, liguei a televisão para acompanhar a emissão do programa “PRÓS E CONTRAS” fiquei surpreendido com aquele cenário em que avultavam quatro “veneráveis mestres” das potências regular e irregular da “Real Arte” que detêm o poder efectivo em Portugal.
Parecia que naquela área central do teatro Armando Cortez, na Casa do Artista, localizada na extremidade superior do amplo conjunto espacial, se fixava o “quadrilátero oblongo”. Nas bancadas dispostas nas duas faixas laterais estavam quatro cadeirões nos quais se sentavam os quatro “veneráveis mestres” dispondo cada um, sobre o tampo, das respectivas “pranchas” que iam regularmente consultando para não perderem o fio à meada. Ao centro, na extremidade superior estava fixada uma mesa e à frente desta uma cadeira na qual a celebrante Fátima Campos Ferreira se sentava nos momentos adequados ao concebido encadeamento do ritual. Apesar de não sobressaírem as duas colunas, não se notar o grande candelabro, nem os símbolos do compasso do esquadro e de outros artefactos das “oficinas”, logo me apercebi que estava sendo transmitido uma sessão de trabalho conjunto de obreiros da Grande Loja e do Grande Oriente Lusitano. Lá estavam, muito senhores dos seus respectivos narizes, o Anes (grão-mestre da Grande Loja), o Flores (frequentador assíduo das televisões e autarca de Santarém), o Júdice (advogado em rota de convívio no PS) e o Monteiro (director do “Expresso” - o conhecido semanário que é uma das bandeiras desfraldadas da maçonaria portuguesa). De notar, que os quatro “veneráveis mestres” se apresentaram com aparência de profanos; dado que não envergavam os coloridos aventais e os colares da ordem. Foi pena. A cena teria ficado mais colorida e enriquecida com o aspecto de refinado folclore… Mas, compreende-se o recato de quem, normalmente, se reserva discrição, esconderijo, atalaia e anonimato.
O tema em debate incidia no caso do desaparecimento da menina inglesa Madeleine McCann.
Sobre o espectáculo televisivo em foco anote-se o particular interesse em apreciá-lo à luz da sua intrínseca realização. A qual teve lugar, certamente, por iniciativa e organização da RTP e da Maçonaria. Da concertação de esforços das duas partes, há muito tempo irmanadas, resultou aquela sessão de trabalhos; praticamente circunscrita aos irmãos da “Fraternidade”. Dela foram excluídos, nos termos das regras da secretíssima ordem, os membros da Opus Dei e os profanos. Pode conjecturar-se que, mesmo na assistência, os profanos ou infiéis não estavam
Claro que o acontecimento não foi excepção daquilo que é a prática das televisões, a reflectir a influência, a vigilância e a supervisão a que os órgãos de comunicação social estão sujeitos por parte dos esforçados obreiros.
Por isso, no caso vertente, não se estranha a seleccionada escolha dos participantes. Mas faz-se o registo para que as duas entidades promotoras não tenham a veleidade de nos julgarem uns lorpas que não percebemos a jogada encapotada numa mediática e presumida análise sobre a temática dos acontecimentos relacionados com a Madeleine McCann.
Certamente, a sessão foi determinada pelos interesses dos “irmãos” pretenderem passar algumas mensagens. De imediato, mostrarem que dominam a Comunicação Social e que esta permanece à sua mercê e ao serviço dos seus interesses. Que sempre que o entenderem tomam iniciativas, fazem as escolhas dos temas e dos intervenientes, condicionam as emissões dos programas informativos e que barram as veleidades que possam existir de se estabelecer o contraditório ou a possibilidade de abertura às intervenções dos profanos.
Na emergência, havia a premente obcecação de atirar algumas farpas sobre alvos bem determinados. À cabeça desacreditar as autoridades judiciais que se afastem dos preceitos da “Real Arte”. Sobretudo, fazer passar, muito subtilmente, a mensagem de os “irmãos” arguidos ou mencionados no processo da Casa Pia serem uns desgraçadinhos vítimas das odiosas escutas telefónicas, dos “julgamentos populares” e da sanha de inspectores desatentos ou incompetentes. Esta, a altura conveniente uma vez que o julgamento do processo da Casa Pia vai entrar numa fase crucial e é imprescindível ir intoxicando a opinião pública e criar um clima favorável para o desfecho que se avizinha favorável à causa dos “bons cidadãos” dos “melhores costumes” atinentes aos preceitos da “venerável” instituição maçónica…
Nesta cruzada, viu-se, mais uma vez, tenazmente empenhado o Júdice. Motivo para observar que ele não vai a nenhuma festança em que não meta, com nervosismo e irritação, a Maria Constança – esta, configurada nas “histórias” em que surgem referenciados os seus novos amigos socialistas “beliscados” no processo dos jovens da Casa Pia. E como já vai sendo hábito saiu-se com algumas tiradas descabidas a suscitarem a maior reserva de quantos não vão à bola com a retórica dos frequentadores das “lojas” – os “irmãos”, também designados obreiros.
Daquilo que concerniu ao tema nada de novo se deparou no debate, Somente há que destacar as declarações do director da Polícia Judiaria a repor alguma contenção na abordagem do assunto, dando nota que a investigação é complexa e não permite avaliações desconexas à realidade dos resultados da investigação em curso.
Também sobressaiu a visível satisfação do grão-mestre, sempre com um sorriso enigmático, mesmo quando falando sobre assunto trágico.
Aliás, as prestações dos interventores balizaram-se pela explanação de banalidades, pela apresentação de escusados, falíveis, juízos interpretativos de ocorrências reais ou aventadas e pela formulação de conjecturas e comentários sobre as informações apresentadas nos órgãos de comunicação social. Bem considerando, foi uma troca de impressões desgarradas da verdade processual que, permanecendo ignorada, determinaria prudência, seriedade intelectual e, decididamente, a não realização daquela sessão de troca de conversas da treta. Uma reunião de diz tu, direi eu - não importa sobre o quê. Aquilo que habitualmente se classifica como “chover no molhado”.
Como apontamento faço uma observação sobre um cientista que, interrogado sobre a interpretação das expressões faciais dos pais da menor desaparecida, se obstinou em repetir incessantemente que isso é uma tarefa científica, na qual se aplicam normas científicas, usando equipamentos de laboratório e métodos científicos e que as conclusões são obtidas de forma científica no cumprimento das mais exigentes regras científicas. E com tanta embrulhada científica o cientista não foi capaz de dar uma capaz resposta científica… Deu para rir. Foi um momento bem expressivo da vacuidade e inutilidade de semelhante debate.
Um debate absurdo que só serviu para os quatros “veneráveis mestres” se contemplarem no protagonismo balofo, sem brilho e falho de nexo de objectividade.
Enfim, igualmente ali exposto o retrato deste país, atrasado, amordaçado, bloqueado, em decadência… regido sob a batuta de “veneráveis mestres”, sábios iluminados, que alegremente nos vão desgovernando, explorando e prejudicando. Até quando?
Fim
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