Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

domingo, março 04, 2012

Ao compasso do tempo..


ELES, TEMIDOS, ODIADOS, DE PERSEGUIDOS

PASSARAM A SER TOLERADOS E APROVEITADOS...

Brasilino Godinho


Os terríveis seres suscitaram sempre a repulsa dos cidadãos. O que naturalmente decorre de um peculiar sentido de auto-defesa das humanas criaturas; que sentindo-se ameaçadas na sua integridade física recorrem a todos os meios ao seu alcance para neutralizar os intentos dos perigosos inimigos e, se possível, exterminá-los.

Nessa luta sem quartel utilizaram-se, ao longo dos tempos, várias armas e nela se empenharam os especialistas vocacionados para os incansáveis trabalhos de limpeza profiláctica e de natureza terapêutica, desenvolvidos no campo humanitário; enquanto, simultaneamente, se intentava exterminar os temíveis adversários; quais invasores de fortalezas representadas pelos seres humanos.

Com êxitos e fracassos se desenrolavam as batalhas travadas no solo pátrio, em que os primeiros sobrelevavam os segundos – o que se reflectia na confiança das populações; as quais se sentiam relativamente protegidas.

Como já perceberam estamos falando dos vírus, das bactérias e dos micróbios, que são exércitos aguerridos e mui perigosos para a sobrevivência da espécie humana.

A guerra entre os microrganismos e os homens travada em Portugal, durante as últimas décadas, saldou-se por bons resultados assinaláveis, conseguidos no âmbito de várias patologias. Por exemplo: a excelente recuperação obtida com a quase erradicação da mortalidade infantil.

Bem! Era assim. No tempo presente o quadro da luta inverteu-se por força das famigeradas políticas de austeridade de má presença e dos piores resultados para a conservação da espécie humana de condição portuguesa. Isto porque os vírus, as bactérias e os micróbios, enfrentavam ambientes devidamente tratados que lhes complicavam a existência e os exterminavam. Agora, segundo é voz corrente, nos estabelecimentos hospitalares oficiais não se faz a necessária higienização das instalações por manifestas determinações de poupança e pelas imperativas reduções de despesas que impedem a aquisição dos produtos ou serviços habitualmente utilizados nessa básica e imprescindível tarefa sanitária.

Daí resulta que existam inúmeras colónias de milhões de vírus, bactérias e micróbios, instaladas nos estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde.

Dir-se-á que foi uma medida de poupança. Só que a apreciação não pode ser tão primária e imediatista.

Pelo contrário, trata-se de uma providência de longo alcance que se ajusta ao sentido implícito na política de austeridade.

Em primeiro lugar, cortam-se os gastos com os encargos das limpezas e higienizações – o que favorece a criação de fortalecidas colónias de microrganismos Depois, em contacto com tão propício ambiente, os doentes ficam sujeitos aos contágios e como também não há dinheiro para suportar os meios de diagnóstico e de terapêutica, nem vantagem de internamento nos cuidados intensivos, rapidamente morrem. O que dá azo a que os técnicos de saúde não sejam compelidos a fazer horas extraordinárias. Ou seja: mais uma poupança.

Além disto, haverá uma inversão de sentido na procura dos hospitais e centros de saúde por parte dos enfermos carenciados: em vez de procurarem o tratamento dos males, vão compenetradamente ao encontro da morte, porque ela já está antes anunciada e consagrada pela rotina que se vai instalando.

Igualmente, o governo, sem dar nas vistas e sem causar ondas de turbulência cria um modus faciendi de se desenvencilhar do Serviço Nacional de Saúde, porque atingido o descrédito total as pessoas mais desfavorecidas tenderão a fenecer nas suas casas ou nas vias públicas. E como vão ficando os ricos e poderosos tal serviço torna-se ipso facto desnecessário.

Tal quadro de ocorrências e situações que todos vamos testemunhando ou tendo notícias, leva a felicitar os governantes. Oportunistas, nem precisarão de decretar a eutanásia. Desta forma, evitam o confronto com a Igreja. Instituição muito susceptível e actuante nas questões de vida e morte quando encaradas em processos mediáticos de aborto e eutanásia... Infelizmente algo distanciada na avaliação da gravidade da problemática em causa. Contemplando-se demasiado na ocasional caridade eclesiástica...

Outrossim, reconheça-se as vantagens de ordem prática adquiridas pelo governo ao recorrer à valiosa contribuição dos vírus, conhecidos uns e indeterminados outros (segundo a recente comunicação dos serviços de saúde...), que vão proporcionando as mortes de milhares de pessoas (só nas duas últimas semanas foram mais de seis mil).

Finalmente e sintetizando, repare-se na vanglória do Poder: faz o governo muitas economias com a cega política em curso; ainda por cima, sem gastar um chavo com a sustentação de tão numerosas, úteis e desembaraçadas colónias de invisíveis, silenciosos, abnegados, seres colaboracionistas da opulenta família governamental, sita ali para as bandas de Lisboa...

Fim

sábado, março 03, 2012

Ao compasso do tempo...

UM EUFEMISMO IMAGINATIVO...

MAS SIMPLISTA E SIGNIFICATIVO...

Brasilino Godinho

Das notícias de hoje, editadas pelo SAPO, transcrevemos a informação seguinte: “Mortes em excesso por todas as causas ultrapassaram as seis mil nas duas últimas semanas” (o sublinhado é nosso). Em Portugal, anotamos.

Quer isto dizer que a sucessão das mortes dos portugueses prossegue à cadência de mais de 3000 por semana. É um número impressionante! Igualmente, uma calamidade!

Em paralelo, as entidades governamentais também vão evoluindo na explicação do fenómeno, que trazem ao público.

E se ontem para elas, as zelosas agentes de acompanhamento dos casos e das pessoas em rápido passamento, as mortes eram provocadas pela mistura do traiçoeiro frio, da esquiva gripe e de uns tantos maliciosos vírus, hoje emana da mesma procedência outro diagnóstico que, simplesmente, se reduz a quatro palavras: “Por todas as causas” - houve em Portugal mais de seis mil mortes nos últimos 15 dias.

Só que, se bem ponderarmos, tal expressão não é um diagnóstico mas sim um eufemismo que, relevando imaginação do(s) seu(s) autor(es), não deixa de ser simplista na formulação. Com a agravante de ela se apresentar distorcida da realidade. Também significativa: quer quanto à incapacidade do governo em definir correctamente o quadro da situação; quer quanto ao manifesto propósito de iludir as razões determinantes que, em grande parte, justificam a sucessão dos óbitos – os quais, certamente, não ocorrem no grupo das classes dominantes deste país. Tome-se a devida nota desta peculiar circunstância. Porque, muito elucidativa da dramática realidade da nação portuguesa.

Para além das precedentes e apropriadas caracterizações, a referida expressão pode considerar-se uma charada. Porquanto, não identifica as causas que serão todas. Quais? Muitas? Poucas?

Todavia, não tem qualquer sentido falar em mortes por todas as causas”. A menos que, mais uma vez, os governantes tenham procedido como se todos os portugueses fossem idiotas, prontos a absorver todas as patacoadas que a suas excelências lhes dá na real gana remeter ao público.

Aliás, há uma suprema razão para acontecerem as mortes: as pessoas estarem vivas…

O que, tratando-se de funcionários públicos, idosos, pensionistas do Estado, doentes e desempregados (adultos e jovens), é suficiente causa de incómodo para os governantes.

De modo que se o movimento obituário está em marcha acelerada, isso representa um alívio para quantos governantes almejam assim conseguir o reequilíbrio das contas públicas, a diminuição dos encargos sociais. a rentabilidade económica dos hospitais e a liquidação das dívidas do Ministério da Saúde às farmácias.

“Mata-se o bicho; acaba a peçonha”…

Afinal, são os malfadados indígenas que, teimando viver em precárias ou miseráveis condições de subsistência, se constituem as bastantes e objectivas causas das chamadas todas, omitidas na informação governamental…

Claro que o governo, estando (como dizem os ministros) atento e operoso, faz o conveniente acompanhamento do processo revolucionário em curso de empobrecimento geral. E os bons resultados vão surgindo…

Fim