Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, julho 25, 2014





De Salgado passar, num piscar de olhos, a Insonso?
A química estará assim tão avançada?
Não acredito!
Por Brasilino Godinho

Segundo o que hoje foi noticiado pelos jornais, esta manhã agentes especializados em actividades de investigação, também em acções de profilaxia social e, ainda, em procedimentos de terapêutica cívica, no âmbito das competências atribuidas ao ministério rotulado de Justiça, foram recolher numa moradia de Cascais um sólido corporal de três dimensões (comprimento, largura e altura) de grande envergadura e avantajado peso, designado Salgado e o conduziram, com todos os cuidados e requintes de segurança, a um estabelecimento oficial (vulgo tribunal) de Lisboa onde se supõe funcionar um laboratório devidamente apetrechado de meios humanos e materiais para proceder à delicada, difícil e complexa tarefa de execução da notoriamente invulgar transformação química de um sólido salgado num amorfo (entenda-se de estrutura não cristalina) composto insonso.
A mim, por intuir um dever cívico e uma vez que estou lançado no rumo da clarificação do insólito acontecimento, cabe a obrigação de completar a informação com mais alguns dados.
Desde logo, indicar que o sólido Salgado para além de ter conformação humana, como antes assinalei, tem como identidade de baptismo o nome de Ricardo Salgado.
Perguntará o leitor: Quem é Ricardo Salgado?
Respondo:
- Ricardo Salgado, que até há poucos dias foi o presidente do Conselho de Admistração do Banco Espírito Santo é e continuará a ser o poderoso DDT – leia-se DONO DISTO TUDO.
Repare-se no pormenor dos tempos verbais que empreguei e sublinhei no antecedente  parágrafo. E mantenho-os em letra de forma.
Decisão de que me prevaleço por uma pessoal razão simples: com as passadas décadas, inclusas no meu historial de vida, adquiri saberes de Física, Química, Engenharia (civil e financeira); colhi experiências de outras ciências como as naturais e sociais; obtive conhecimentos profundos nuns casos, superficiais noutros, por vezes alguns revelados ou intuídos, outrossim por contactos ocasionais, de artes múltiplas como: Arquitectura, Política, Teatro, Circo, Pintura, Música, Folclore, Pantomina, Prestidigitação, Malabarismo (verbal e circence), Embuste. Também em memória figura o registo de tudo que imenso comporta o meio ambiente pátrio e as condições climatéricas que dão carácter peculiar à irrespirável atmosfera do território que me serviu de berço e onde me mantenho fixado. E talvez, outrossim - devendo ser considerada em cúmulo de predicados da singular criatura que sou entre os meus concidadãos - a importante circunstância de que no subentendido lugar e à semelhança dos vulgares macacos (não confundir com os tais bacocos, de imitação) concentrei muitos calos que estão bastante endurecidos, certamente devido ao prolongado tempo de criação e consolidação...
Tudo isto exaustivamente descrito, para dar alguma credibilidade à profissão de fé que aqui e agora vou fazer solenemente: Não creio que se dei o milagre químico de Salgado ser transformado em Insonso...
Atendendo à extrema dificuldade e grande perigosidade de que se reveste o respectivo processo científico (em curso), estou propenso a dizer que nem o Grande Arquitecto/Engenheiro do Universo se permitiria dar permissão a tão milagrosa operação química.
Concluindo: espero ter convencido as minhas leitoras e os meus leitores dos bons argumentos de que disponho nas minhas faculdades de alma para afirmar convictamente que o famoso Salgado é e continuará a ser o poderoso DDT – DONO DISTO TUDO e da nossa glória nacional...
Pelo menos e pelo mais, enquanto tiver vida e saúde.

quinta-feira, julho 24, 2014

Em Timor-Leste,
*chefe Cavaco e *presidente Coelho livraram-se de boa...
Brasilino Godinho

Na reunião ora celebrada em Dili, capital de Timor-Leste, esteve prestes a acontecer uma bronca das grandes. Há a percepção de nela terem estado representantes de alguns estados membros da CPLP dispostos a não suportarem mais a hipocrisia dos governantes portugueses de se oporem à admissão da Guiné Equatorial na Comunidade de Países de Língua Portuguesa, por este Estado ter legislação penal de aplicação da pena de morte. (Um parêntesis para anotar que o uso da Língua Portuguesa devia ser a condição essencial para o ingresso na Comunidade. Ainda que se tenha em conta que a Guiné Equatorial foi território português e que, em determinada zona daquele país africano, existe uma população que fala um dialecto aportuguesado).
Mas passada a nuvem que ameaçava escurecer o palácio governamental de Dili e indispor as entidades nele presentes, é preciso dizer o seguinte:
- Em primeiro lugar, acontece que o Estado português mantém profundas relações amistosas, comerciais, políticas, e culturais, com países que aplicam a pena de morte; tais como os Estados Unidos da América e a China. A própria Guiné-Bissau é persistente violadora dos direitos humanos. Além de que Portugal também integra organismos internacionais nos quais os respectivos governos daqueles Estados participam activamente: casos da ONU, da UNESCO e da ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE COMÉRCIO (OIC) - o que não incomoda minimamente os nossos governantes. Acresce que o governo português, sendo um obstinado desrespeitador da Constituição Portuguesa, no que concerne aos direitos dos cidadãos, é um mau exemplo para a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Portanto, ressalta - no âmbito da política externa - a falta de coerência política dos governantes portugueses.
- Em segundo lugar, dado o conhecimento que existe em certos sectores do estrangeiro, nomeadamente no mundo da lusofonia, acerca da verdadeira situação político/social existente em Portugal, esteve, em Dili, iminente a repetição, em versão portuguesa, da admoestação do rei Juan Carlos a Hugo Chávez, feita durante a Conferência Ibero-Americana, realizada em 2007, em Santiago do Chile: «Por qué no te callas?».
E a seguir viria a observação quanto à falta de autoridade moral dos representantes oficiais portugueses neste campo da mortandade de humanas criaturas; visto que o governo português prossegue um sofisticado método de extermínio de cidadãos, sobretudo da terceira idade. Decerto seria dado realce à existência em Portugal de crianças esfomeadas, precocemente encaminhadas para a morte e à situação de inúmeros velhos a viverem em estado de pobreza envergonhada e aguardando a hora da morte por fome e faltas de assistência médica e de apoio social (quantos casos - não têm sido revelados nos jornais - de pessoas que aparecem mortas em suas casas, muitos dias, semanas e até meses, após as datas dos respectivos óbitos?).
Hemos de reconhecer que, a ter acontecido, a bronca faria sentido.
É verdade que a pena de morte tem sido de uso corrente na Guiné Equatorial. Com recurso a instrumentos de agressão e de execução sumária - um procedimento ditatorial que deve suscitar generalizada repulsa de gente civilizada.
Em Portugal, a pena de morte foi abolida nos anos de 1852 e 1867 e não se verificam execuções sumárias através de contundentes instrumentos, nem as pessoas são enviadas para campos de concentração; embora bastantes sejam vítimas das mais diversas retaliações do poder político instalado.
Porém, o governo recorre a expedientes legislativos que impõem condições de vivência propiciadoras de um genocídio que incide em seleccionadas faixas etárias e que se vai processando com expressivos resultados, geralmente a curto e médio prazos, sem alarido e convenientemente resguardado por cortinas publicitárias. Ou seja: configurando uma jornada mortal que se desenvolve a regular cadência de tempo. E que permite aos governantes virem ciclicamente perante o público: apresentar extraordinários(...) índices de baixa natalidade; ocultar os números da maior mortalidade existente pós 1974; enaltecer as entusiasmantes(...) percentagens decrescentes do desemprego; e, sobretudo, contemplarem-se embevecidos com os deslumbrantes(...) números de milhares e milhares de portugueses (na maioria jovens) que emigram e que, afinal, são os festejados provocadores de tão magníficos(...) apuramentos estatísticos. Aliás, estes, bem reflectidos nas excessivas ocupações dos cemitérios e das camas dos hospitais (daqueles que ainda funcionam); as quais, já são insuficientes para quantos se encontram em fase terminal das suas debilitadas vidas.
Um quadro de marginalidade funcional que o governo sistematicamente propagandeia ser da responsabilidade do Tribunal Constitucional. Tal desculpa de 'mau pagador de promessas' é absolutamente condenável.
Mas fique, também, bem claro que assim, atrevidamente, na insofismável condição de sujeito que será passivo de processo penal, o governo arvora-se à abusiva e inconcebivel prerrogativa de juiz em causa própria.
- Em terceiro lugar, atente-se no paradoxo e infelicidade traduzíveis na circunstância a seguir exposta: Portugal tendo sido dos primeiros países a abolir a pena de morte é hoje um Estado modelo de bem cultivar a morte em determinados grupos de cidadãos; a ponto tal de excelência que o habilita a ser inspirador de políticas de morticínio de outros Estados - como já houve, em data recente, exemplo de seguidismo por parte do governo japonês; o qual, abstendo-se de sofismas e subtilezas de linguagem ardilosa, admitiu sem quaisquer pretensões de salvar aparências humanitárias, que iria aplicar idênticos procedimentos de incentivar a morte dos idosos do país do sol-nascente.
Neste preciso domínio (aquele aqui posto em foco) e a partir de agora a Guiné Equatorial poderá salvar a face se aprender com os governantes portugueses como se fazem as coisas com a maior das limpezas étnicas; embora com atropelo da Ética, ao arrepio da Moral, sem a sombra embaraçosa da Fraternidade, afastando o empecilho da Liberdade, esquecendo a inquietante Igualdade e subjugando o estorvo abominável do Direito...
Para concluir, fica a nota de que o venerando chefe de Estado, Cavaco Silva, e o presidente do Conselho, Passos Coelho, certamente prevenidos do propósito que estava antevisto, desta vez resolveram acomodar-se e não repetirem as posições de bloqueio à admissão da Guiné Equatorial na CPLP que vinham mantendo há anos.
Prevalece a opinião de que quiseram não correr o risco da humilhação; esta, decorrente da previsível concretização da ameaça que pairava no horizonte de Timor. Lá diz o ditado: 'Homem prevenido, vale por dois'.
Outra impressão a fixar: A esfarrapada desculpa de chefe Cavaco e presidente Coelho de que, agora, não queriam ficar isolados, não cola. Tal e qual: NÃO COLA!
É que «a letra não condiz com a careta!»
Fim
* Chefe de Estado
* Presidente do Conselho de Ministros

quarta-feira, julho 23, 2014


UM NOVO EXPEDIENTE GOVERNAMENTAL DE
LIQUIDAÇÃO DE MILHARES DE PORTUGUESES
Brasilino Godinho

Dir-se-ia que dia após dia o governo, sob a orientação do presidente do Conselho, Pedro Passos Coelho, intensifica as políticas de agressão aos funcionários públicos e de morticínio dos idosos reformados e pensionistas. Talvez mais ajustado à realidade seja dizer que: de hora-a-hora tudo piora! E presidente do Conselho, Pedro Passos Coelho, serve-se de todos os expedientes para, rapidamente e em força bruta, atingir tal objectivo de ignobilidade.
Temos escrito que está em curso uma política de genocídio de uma faixa etária da população que, indefesa, está inteiramente desprotegida face a tal sanha persecutória de uma coelhal figura que sempre manifesta total aversão aos funcionários públicos e profundo ódio aos idosos mais carenciados da sociedade portuguesa.
Veio agora a público pela voz do ex-ministro Bagão Félix a informação da recente promulgação silenciosa de uma lei que tem como alvo impossibilitar os aposentados de desempenharem funções remuneradas ou a título gracioso. Todavia, contempla a hipótese de isentar da sua aplicação, por arbítrio da ministra das Finanças, quem, por esta, seja considerado prestador de serviços de relevante interesse público. Assim, de forma ardilosa e procedimento desavergonhado, fica aberto o alçapão para se protegerem os amigos, os correligionários e os parentes da actual senhora ministra e dos seus sucessores no cargo ministerial. E, também, todas aquelas soberbas figuras do Estado, dos partidos (indigitados para inquilinos da sede governamental) e da sociedade elegante (compositiva da parvónia nacional), que acumulam várias e milionárias reformas e subsídios de diversas naturezas - cuja enumeração em lista ocuparia muitas páginas em formato A4.
Digamos que esta lei iníqua e indecente é a malcheirosa cereja obscena sobre o bolo putrefacto da actual governação.
A situação do povo português é uma calamidade. Os funcionários públicos com ordenados sistematicamente cortados, muitíssimos reformados com pensões de miséria, o custo de vida sempre em crescente aumento, as prestações sociais eliminadas ou substancialmente reduzidas, os cuidados de saúde fora do alcance de milhares de adultos, o persistente desemprego, a degradação do Ensino, o encerramento de escolas, o descredibilizar os professores - tudo se conjuga no sentido apontado pelo presidente do Conselho, Passos Coelho: o do empobrecimento continuo da população portuguesa, a degradação de Portugal e o rápido passamento dos adultos mal remunerados.
Até agora havia para alguns aposentados a vaga perspectiva de arranjar um biscate ou ocupação profissional que lhes trouxesse alguns meios materiais de atenuação das suas miseráveis condições de vida e de reforço da periclitante sobrevivência dual: física e psíquica.
Pois a Passos Coelho não bastava fustigar continuamente os cidadãos mais desprotegidos, Tinha que ir mais longe no sádico intuito; ademais, actuando à sorrelfa, sem alarido público. E com a referida lei, joga mais um trunfo nesse jogo sujo e impõe um novo expediente de liquidação dos portugueses de maior idade.
Isto é repugnante! Configura um crime inominável!
Outro importante aspecto a salientar é o inumerável prejuízo advindo para a sociedade e o enorme desperdício que é o facto de não ser permitido o aproveitamento do imenso capital da massa cinzenta mais valiosa e enriquecedora de Portugal. A acumulada experiência de vida, os grandes conhecimentos e os fecundos saberes culturais e profissionais de cada cidadão são partes valiosas de um património nacional. Proibir o seu contributo para o Bem-Comum, se nem lembraria ao Diabo é, seguramente, um crime de lesa Pátria.
Outrossim, uma ostensiva e ultrajante violação dos princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa.
Tal peça legislativa de vergonhosa e emblemática representatividade da (des)governação portuguesa devia ser presente à apreciação do Tribunal Constitucional.
Também se impõe, com urgência, que os actuais governantes, subscritores de tão hedionda lei, sejam presentes à Justiça e severamente punidos. E declarados inaptos para o exercício de cargos governamentais. A bem do maltratado povo português!

terça-feira, julho 22, 2014


Simplesmente aturdido!
Brasilino Godinho
Não sou professor. Mas tenho grande consideração e o maior respeito pelos professores.
Pergunto:
- Os professores foram hoje avaliados por que suspeitos de serem detentores de licenciaturas arrelvadas?
- Eles não têm licenciaturas legais, verdadeiras e suficientes, que os habilitam para a função?
Se as licenciaturas são arrelvadas, então acabem com as universidades que foram criadas para facultarem, às rapaziadas das jotas partidárias, licenciaturas tipo daqueloutra emblemática de Miguel Relvas – que, por acaso e provável divina protecção do Grande Arquitecto do Universo, ainda (precedendo investigação judicial sem fim à vista) não foi anulada.
Tudo isto traduz o estado de podridão em que o país está mergulhado.
A atmosfera está ficando irrespirável!

sábado, julho 12, 2014

Mensagem

Prezadas senhoras,
Caros senhores,

Quero dizer-vos que estarei impedido do vosso agradável convívio nos próximos tempos.
Durante o ano em curso e no ano de 2015 reduzirei bastante as minhas actividades de cronista.
Vou conceder-me umas 'férias sabáticas' para me dedicar inteiramente às absorventes tarefas de pesquisa e de estudo que venho desenvolvendo com alguma morosidade e que pretendo incrementar - se não houver falhas de saúde e não me faltar ou escassear o engenho e a arte (dois termos substantivos aqui citados com devida e respeitosa vénia ao grande épico e glória nacional: Luís Vaz de Camões).

Cumprido este dever de cortesia, expresso-vos o maior apreço e apresento-vos os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho

PIOR A EMENDA (da personagem coelhal )

QUE O SONETO (a complexa crise do BES)

Brasilino Godinho

 

Passos diz:

- depositantes podem confiar no BES

Lusa



Cala-te, boca...
Motivo: o azar de mosca só entrar «quando o rei faz anos...»


O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, disse hoje, dia 11 de Julho de 2014, que os depositantes do Banco Espírito Santo (BES) têm razões para confiar no banco e afirmou não ter dúvidas quanto à tranquilidade do sistema financeiro português.”
"Os depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças, disse Pedro Passos Coelho.”


Por Brasilino Godinho
A banca nacional está a passar um mau bocado face ao temporal que se levantou no campo do BES. A origem e a situação vigente têm a ver com uma grave crise financeira que afecta o banco BES, o grupo da famíia Espírito Santo e a economia portuguesa. Também com repercussões internacionais.
O chefe do governo tem vindo a proclamar que ele e o governo nada têm a ver com os problemas da instituição bancária.
Porém, hoje, talvez reagindo à vaga internacional de alarmes e às oscilações dos mercados bolsistas, em várias capitais financeiras, Passos Coelho veio fazer o pronunciamento acima citado em título de referência.
Mais uma vez se contradisse. E como se costuma dizer: perdeu oportunidade de estar calado. A outra entidade, Banco de Portugal, cumpria desempenhar-se dessa tarefa, com mais competência e melhor aceitação pelo público e pelos mercados internacionais.
Se é admissível que haja o cuidado de sossegar os depositantes do banco BES e evitar que se instale o pânico, nunca esse objectivo estará ao alcance do actual chefe do governo. Pela simples razão que não se encontra credenciado para isso.
O pior é que com a sua atitude concitou mais dificuldades às entidades bancárias nacionais, visto que os efeitos decorrentes das suas declarações contrariam o propósito implícito na iniciativa. Iniciativa que não facilita a instauração de um clima de serenidade e de confiança no sistema bancário nacional. Decerto a declaração de Passos Coelho aviva a desconfiança na banca e a suspeita de insegurança dos depósitos confiados à guarda e gestão das entidades bancárias. Aliás, reflexos vários e dispersos por diferentes latitudes, que justificarão os dois comunicados que o Banco de Portugal endereçou aos órgãos da comunicação social no espaço das últimas 24 horas, tendentes a tranquilizar os depositantes do BES, os clientes dos estabelecimentos bancários de Portugal e o mundo da alta finança internacional.
Para melhor se ajuizar o papel de Pedro Passos Coelho na actual situação, tenha-se presente o filme-documentário da vida política de Pedro Passos Coelho.
Desde há três anos que o chefe do governo anda envolvido num permanente conflito, quase diário, entre a verdade do que faz mal e a mentira do que promete fazer bem. Conflito insanável, como está amplamente demonstrado, acontece que quase sempre a mentira do prometido se evidencia e se sobrepõe à verdade da negativa prática descumpridora do compromisso assumido.
Cremos que nos meios indígenas prevalece a opinião de que, em sede coelhal, à verdade dos procedimentos transgressores da palavra dada, corresponde uma outra verdade anterior: a mentira das promessas. Estas, dir-se-ia que por norma, são posteriormente ignoradas ou subvertidas. Ou seja: em primeira fase, o chefe do governo, promete ou garante; na segunda fase, conclusiva, esquece o prometido e quanto a garantias foi um ar que lhes deu.
Com este historial o chefe do governo não deveria ter intervido na latente questão bancária por não reunir condições de credibilidade junto dos portugueses.
E sem irmos mais longe nos considerandos, atente-se no teor de nula objectividade da declaração de Passos Coelho citada no início desta crónica:
"Os depositantes têm razões para ter toda a confiança quanto à segurança que o Banco Espirito Santo oferece às suas poupanças".
Então ele que vinha dizendo que não tinha nada a ver com a situação do BES, diz agora o que os leitores acabam de ler.
Claro que devemos lançar a seguintes interrogações: Quais são as razões que os depositantes têm? De ciência certa quem as conhece? Como ele sabe que os depositantes têm razões para ter confiança? E logo (imagine-se!) toda – repare-se no tom peremptório. Que conhecimento ele tem ou quem lhe falou da suposta segurança que o BES oferece às poupanças?
Mais observando: se por absurdo aceitássemos como válida a afirmação do chefe do governo faria sentido perguntar-lhe: Passos Coelho também tem razões para confiar na oferecida segurança às poupanças? Serão as mesmas dos depositantes? Ou, por acaso, diferentes?
Verdade seja dita: a situação geral de Portugal e de suas gentes descambou num insuportável pântano mal-cheiroso onde proliferam as mais destrambelhadas aberrações político/administrativas e as avassaladoras corrupções que tudo subvertem. E que também aniquilam o que de melhor, de mais útil e de benéfico, vai restando ou resistindo à calamidade a que estamos sujeitos.
A questão aqui tratada é mais um episódio da mesma via de destruição do país.
Fim

sexta-feira, julho 11, 2014


OS DOIS GRANDES E PERIGOSOS
EQUIVOCOS DE MÁRIO SOARES...


QUE DEFESA DO FUTURO?...
Brasilino Godinho

Hoje, dia 10 de Julho de 2014, em Lisboa, durante a sessão de lançamento do seu livro “EM DEFESA DO FUTURO”, o Dr. Mário Soares, ex-presidente da República de Portugal, afirmou:
"Acredito em Portugal, profundamente. No povo português. Mas nós fizemos tudo e estamos a fazer tudo para arrasar o nosso próprio país e isso é inaceitável, de maneira nenhuma aceitável"

De cravo ao peito, Soares apresentou o seu novo livro.
Foto: António Cotrim/Lusa

Numa curtíssima frase Mário Soares cometeu dois grandes e perigosos equívocos.
Vejamos:
Primeiro equívoco – Reporta à sua confiança em Portugal e nos portugueses. Ela é a sua. Ainda por cima com firme assento no termo profundamente.
Mário Soares não fundamenta a opinião favorável sobre o futuro do país e dos portugueses. Entenda-se a formulação de Soares como uma abstracção, sem sustentação factual, programática, social, doutrinária e científica. Quiçá uma pretensa expressão lisonjeira para com os cidadãos portugueses.
Infelizmente uma crença pessoal não susceptivel de acolhimento pela maioria dos portugueses.
Atente-se no factor básico inteiramente olvidado por Mário Soares: Portugal é uma entidade abstracta que em si não comporta acção ou actividade redentora do Estado e da Nação. Se é «espaço demarcado por fronteiras geográficas e dotado de soberania” tem simplesmente representatividade física e populacional e está limitado a um papel de receptor dos circunstancialismos ocasionais advindos de pessoas, instrumentos ou meios que não domina ou influencia de modo concreto.
E são precisamente os factores que não controla por força da sua própria inoperacionalidade, que acabam por definir seu status quo e se reflectir, em cada momento, na sua imagem e lugar entre os demais países.
Porque assim é no que se refere a Portugal, a confiança de Mário Soares teria forçosamente e com sentido prático cingir-se aos portugueses e deles esperar o esforço de regeneração do Estado – se isso fosse credível ou susceptível de efectivação.
Só que a realidade não se compatibiliza com sonhos ou anseios difusamente expostos na praça pública.
Ponto assente adquirido pelo conhecimento abrangente do humanismo, da sociologia, da história pátria, da política (sobretudo a dos últimos decénios), é que os portugueses não dispõem da capacidade de intervenção e de gerirem os seus destinos.
Os portugueses estão à mercê dos grupos económico-financeiros, dos partidos políticos e de entidades mais ou menos encobertas que dominam todos os sectores de actividade da sociedade portuguesa e que são os grandes responsáveis pelo caos em que estamos mergulhados. Eles e só eles é que definem, perspectivam, delimitam e concretizam, o futuro dos cidadãos portugueses.
Portugueses forçados a prosseguir um rumo que, de todo, lhes escapa à fiscalização, orientação e domínio. Acções ou meios interventivos na vida político/administrativa que nem se devem julgar como adquiridos através das eleições; as quais, estão inteiramente armadilhadas para assegurar a continuidade da situação quo tão proveitosa tem sido para os exploradores da Quinta Lusitana em que se transformou o país.
Daí não ser possível acreditar em quem, mesmo que tivesse vontade e coragem, não tem poder de intervenção: quer se trate de pessoas singulares (os portugueses); quer do ser abstracto (Portugal).
Portugal e os portugueses estão cativos de poderosos grupos que nem estão minimamente interessados em respeitar o país que somos e em proporcionar melhores condições de vida aos portugueses.


Segundo equívoco – Que nos merece imediata repulsa: nós fizemos tudo e estamos a fazer tudo para arrasar o nosso próprio país(...).
Alto ai! Se Mário Soares admite as suas responsabilidades, fica-lhe bem a atitude - embora se deva considerar tardia e condenável.
Porém, Mário Soares tome nota: Nós não fizemos, nem estamos a fazer esse execrável tudo. Quem o fez e está fazendo foram e são alguns portugueses (conhecidos uns e desconhecidos outros que se acoitam em sombrios recantos).
Este tipo de generalizações é demasiado inconveniente, retundamente falso, abusivamente deturpador da realidade e muitíssimo perigoso, na medida que insinua nos espíritos a culpabilização do colectivo dos cidadãos e por demais a mais ser branqueador dos condenáveis procedimentos de vários agentes da destruição em curso em Portugal.
Sintetizando: estes equívocos de Mário Soares são perigosos porque baralham as consciências dos cidadãos mais influenciáveis, dando-lhes a errónea ideia de que são eles que conseguirão ser os heróis da libertação do jugo a que estão submetidos - em muitos casos, sem disso terem consciência.
Concluindo:
Num ponto estamos de acordo com Mário Soares: «É inaceitável arrasar o nosso próprio país.»
Preciso será dar consistência e objectividade a esse posicionamento de espírito.
Para já fixemos uma certeza: Estes equívocos do Dr. Mário Soares não facultam A DEFESA DO FUTURO...
Fim

quarta-feira, julho 09, 2014

Cavaco está à coca? Treinando para usar o cochicho?

Parafraseando Cavaco...
Brasilino Godinho

Na segunda-feira, dia 07 de Julho de 2014, Cavaco Silva transmitiu aos portugueses a surpreendente novidade que trazia escondida na manga direita da sua fatiota alaranjada: «Portugal tem carinho e simpatia para com a família real espanhola».
Se isso fosse verdade e recorrendo a termos comparativos, estaríamos todos a carpir com mais intensidade e mágoa a deprimente situação decorrente do sentir da maioria da população portuguesa, tendo como referente o próprio cidadão Cavaco Silva.
É que, nesta altura, e parafraseando o presidente da República, Portugal não tem carinho e simpatia para com a família estatal/cavacal portuguesa.
O aspecto singular de toda esta embrulhada de carinhos e simpatias trazido à apreciação pública pelo venerando chefe de Estado português, decorre dele não se aperceber que sobre si esteve erguendo gratuitamente um embaraçoso anátema; qual fantasma que fica a pairar intra-muros do palácio de Belém. Acrescido do incómodo de o expor ao público e de mais acentuar o desvalimento do actual adorno espectral da presidencial mansão.
O que vale e prevalece é que os cidadãos portugueses, não alinhando por estes inconsistentes considerandos políticos e linguagens desprovidas de sentido concreto, estão-se nas tintas para estas amizades equívocas e para todas as manifestações mais ou menos folclóricas, que lhes estão associadas.
E nisso, felizmente, ainda no povo, se nota discernimento, alguma valia de natureza cívica, e reconfortante apego civilizacional.
Fim

terça-feira, julho 08, 2014

A decisiva certeza:
Felipe VI amigo, Cavaco Silva está contigo...

A insólita novidade transmitida por Cavaco Silva:

Portugal tem carinho e simpatia para com a família real espanhola”



Visita oficial dos novos Reis de Espanha a Portugal (LUSA)
FOTOGALERIA

Em visita muito rápida tivemos, na p.p. segunda-feira, dia 07/7/2014, em Lisboa, o novo Rei FelipeVI de Espanha e a sua esposa Rainha Letícia.
Foi tempo suficiente para mais uns brilharetes do presidente Cavaco Silva...
Primeiro facto a registar é que o nosso presidente virou historiador de Espanha.
Com a particularidade interessante de ofertar à Espanha um registo que vai ficar indelevelmente gravado nos anais da monarquia espanhola.
Muito compenetrado e fazendo jus ao seu dom de nunca se enganar, Cavaco Silva disse a Felipe VI que: «A proclamação de vossa majestade como rei é um momento determinante para o seu país e constitui uma renovação geracional que marcará certamente a história de Espanha» (por se tratar de um Felipe, até se estranha que embalado pelo entusiasmo e pela pompa do cerimonial, não tivesse associado a evocação dos reinados dos Filipes I, II e III, de Portugal...).
Para sua majestade Felipe VI deve ter sido gratificante ter vindo a Lisboa para ouvir esta tirada, dando-lhe a entender algo de que talvez ainda não se tivesse apercebido. Depois, Felipe VI terá ficado sensibilizado com aquele tom peremptório do presidente português; por demais acentuado com o determinante certamente”, assim afastando em absoluto quaisquer dúvidas que pudessem surgir a espíritos menos esclarecidos.
Mais de realçar na grandiloquente tirada de Cavaco Silva é que ela se constitui como um registo histórico que um português deixa consignado na própria História de Espanha – e nesta proeza leva a dianteira a historiadores do país vizinho.
Aliás, como se isto fosse coisa de pouca monta, Cavaco Silva ainda louvou a renovação geracional que representa para a Espanha a recente proclamação de Felipe VI como rei”. Aqui, neste ponto, também a recordar aos espanhóis a importância do facto – não fossem eles uns ingratos que se alheassem da transcendência do mesmo.
Mas apesar destes sucessos mediáticos, presidente Cavaco Silva, tal como vai sendo hábito, meteu o pé na poça por duas vezes:
- A primeira vez quando afirmou que Portugal tem carinho e simpatia para com a família real espanhola.
Trata-se de uma afirmação destituída de sentido da realidade. Que esses sentimentos estejam bem radicados na recíproca amizade de longa data (desde os tempos da juventude passados em Cascais) entre Francisco Pinto Balsemão e o ex-rei Juan Carlos e sejam acolhidos no íntimo de Cavaco Silva, no espírito de sua sereníssima esposa, D. Maria, nas cândidas almas das tias da linha dos Estoris, das costureirinhas da Sé e de quantas senhoras, senhorinhas e senhoritas, muito dadas às leituras das revistas cor-de-rosa, é de admitir sem grande esforço de apreensão das preferências de tais admiradores(as) das realezas: sejam elas espanhola, de outras nacionalidades, de beleza, de campeonatos de danças ou de simples concursos de vestidos de chita.
Porém, dessas pessoais evidências sentimentais, bem focadas em restritos sectores da sociedade portuguesa, não se pode inferir que tenham correspondência generalidade na população.
Além de que é extremamente inexpressiva a atruibuição a Portugal de tais devoções a um regime monárquico, ainda por cima estrangeiro. Ainda que isso tivesse relação lógica seria inadmissível; qual abuso de confiança e mesmo exorbitação das funções representativas, que Cavaco Silva se permitisse colocar Portugal nessa posição de reverência perante o Rei de Espanha.
E ainda que se pretendesse envolver os portugueses, igualmente seria um descabido e abusivo expediente de generalização de sentimentos que nem são compartilhados pela maioria dos cidadãos de Portugal.
- A segunda vez, quando considerou que a visita das majestades traz uma renovada confirmação da firmeza e profundidade das relações entre Portugal e Espanha, vizinhos e amigos, que conhecem hoje um relacionamento que se exprime no quadro de uma cooperação bilateral que nunca foi tão vasta e intensa”.
Este é um discurso vazio e sem contextura no quadro do relacionamento entre Portugal e Espanha.
Formulemos as interrogações:
- Renovada confirmação da firmeza e profundidade das relações entre Portugal e Espanha, vizinhos e amigos? Que firmeza? Qual profundidade? Vizinhos e amigos? Com que grau e manifestações de amizade?
- Que conhecem hoje um relacionamento que se exprime no quadro de uma cooperação bilateral que nunca foi tão vasta e intensa? Que relacionamento e que colaboração bilateral? Que nunca foi tão vasta e intensa? Esta, de tão vasta e intensa”, dava vontade de rir a bandeiras despregadas, se nos esquecêssemos de alguns aspectos desagradáveis e muito preocupantes que complicam o relacionamento entre as duas nações ibéricas.
E a todas as antecedentes interrogações se justapõem, pelo menos, três situações que desmentem o idílico quadro das relações bilaterais, desenhado pela imaginação de Cavaco Silva.
Ei-las:
- Primeira situação - À cabeça, a questão da devolução de Olivença à soberania de Portugal a que a Espanha está obrigada desde 1815, por deliberação do Congresso de Viena; a qual, confirmou por diploma subscrito em 1817, através do qual a Espanha reconheceu Olivença como território de Portugal. E, em jeito de comparação, vale a pena relembrar quanto a Espanha se tem empenhado na devolução de Gibraltar, por parte da Grã-Bretanha, à sua posse. Uma atitude dúbia da Espanha que reivindica aquilo que nega a Portugal: o inalienável direito ao património territorial .
- Segunda situação - O problema dos transvases de rios ibéricos, em Espanha, que causarão diminuições dos caudais em território português, com nefastas consequências ambientais.
- Terceira situação - A construção de centrais nucleares estratégica e acintosamente localizadas junto à fronteira portuguesa. Um perigo de morte para populações ribeirinhas de Portugal. Uma latente e bastante agressiva ameaça ao meio ambiente português.
Portanto e sem mais considerações que seriam pertinentes, fica assinalado o tom subserviente e acomodatício do presidente da República Portuguesa.
O que não serviu os superiores interesses de Portugal e das suas gentes. Pelo contrário, mais seriamente os mesmos ficaram comprometidos.
De modo que, ao arrepio das eufóricas celebrações oficiais, continuamos cada vez mais desgovernados, bastante desprotegidos, mui humilhados e, sobremodo, ofendidos na nossa dignidade...
Fim

sábado, julho 05, 2014


CONSELHO DE ESTADO, OS ESTADOS DO CONSELHO
E A LITURGIA DO CAVACO* NO TEMPLO DE BELÉM...

Brasilino Godinho



Fotografia dos membros do Conselho de Estado reunidos, em sessão plenária, no Palácio de Belém


Breves considerações gerais

Sempre que em tempo de reunião do órgão oficial Conselho de Estado, vejo a fotografia do Venerando Chefe do Estado, Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, sentado à mesa/altar da sala/capela de culto, do templo presidencial de Belém, sito na alfacinha cidade, rodeado dos devotos conselheiros que se quedam em pose de veneráveis, vem-me à lembrança o quadro da 'Última Ceia” de Leonardo da Vinci e a
'Ceia dos Cardeais', de Júlio Dantas.

'A Última Ceia'


Uma cena da peça 'A Ceia dos Cardeais'

Tal reunião de cavaqueira no templo presidencial é, certamente, a versão moderna das celebradas confraternizações de antanho, aqui mencionadas, mas com uma diferença abissal relativamente à 'Ceia dos Cardeais'. Enquanto nesta se chamava a atenção para as virtualidades do amor em Portugal, nas habituais sessões de culto cavaqueio do templo cavaquista, contempla-se o desamor em Portugal e... com regular persistência, o famigerado sexo dos anjos.
Se falo do Conselho de Estado e daquilo que vai transparecendo para o público no que toca aos desenvolvimentos do culto esotérico que nele é praticado em extensos horários de exercício, forçosamente espiritual(...), tenho de atender a uma pertinente observação, de dupla natureza. Ou seja: o estado do próprio Conselho e o Estado (nação organizada politicamente) segundo a configuração que lhe é atribuída pelo seleccionado Conselho.

O estado do Conselho de Estado
Como existe e quer suposto com a funcionalidade estatutária ou quer pela operacionalidade que é apercebida por indígena observador, o Conselho de Estado não serve para coisa nenhuma. Desde logo, desacreditado como órgão de consulta do Venerando Chefe do Estado, Cavaco Silva, está-lhe retirada, na prática, a respectiva prerrogativa, visto que sua excelência atempadamente preveniu a grei que nunca se engana e raramente tem dúvidas. E assim sendo, de presidencial condição cavaquista, não se espera que das opiniões expressas durante o cerimonial de culto dos veneráveis conselheiros, resulte qualquer achega de inequívoca utilidade e aproveitamento por parte do Venerando Chefe do Estado. Ele, que ouve, ouve, ouve e... depois decide pela sua privilegiada cabeça, sem dar o mínimo cavaco a ninguém - coisa que se julagaria algo estranha num qualquer ser cavacal, de fina estirpe algarvia...
Ademais, e - anote-se - porque de específica e congénita formatação de alma, ele que, Venerando e à semelhança do Papa, está possuído de infalibilidade nas suas decisões. E, a propósito, repare-se na sintomática diferença entre Oliveira Salazar, figura máxima do Estado Novo e Cavaco Silva, personagem tutelar do Estado Cavaquista: Salazar, que quase foi elevado aos altares como santo, limitou-se a dizer no discurso proferido em 27 de Abril de 1928, na sala do Conselho de Estado, o seguinte: “Sei muito bem o que quero e para onde vou”; Cavaco, pelo contrário, sempre admitiu a sua superior condição de criatura infalível, embora não haja conhecimento que percorra uma via de santidade - apesar da enternecedora assistência de D. Maria que, por sinal, segundo rezam as crónicas que têm sido publicadas, é uma senhora que inspira muita devoção.
Há que anotar uma coisa muito simples: se algum aspecto interessante advém de uma sessão de cavaco* no âmbito do designado Conselho de Estado, ele se expressa na pictural representação folclórica a que dá figuração de suporte e larga publicidade a série de fotografias e filmagens da família conselheiral, mais os emblemáticos contrastes fisionómicos dos participantes: uns risonhos e satisfeitos, quais amigos do peito; outros, taciturnos e com caras de amigos da onça. O que proporcionando diferentes visões dos participantes na liturgia, celebrada segundo os preceitos rituais do templo de Belém e, eventualmente, prestando-se a várias e hilariantes especulações dos habituais comentadores de serviço às televisões e ao cavaquismo, nada mais faculta à sociedade e ao engrandecimento do país.
Portanto, e sem margem para dúvidas: o Conselho de Estado não serve para coisa nenhuma.
Esta circunstância, suscita um reparo: será que os veneráveis conselheiros nem se dão conta do ingrato papel de ingénuos, manipulados, actores participantes de um ritual oco?
Mais outra observação: para que serve o numeroso grupo de assessores, secretárias, consultores, instalados no Palácio de Belém? Uma pergunta que nem se admitiria, não fora o caso que, ao formulá-la, me esqueci por fugidios momentos, de que o Venerando Chefe do Estado, como ser que nunca se engana e raramente tem dúvidas, não precisa de receber opiniões e pareceres de ninguém. Nesta conformidade, vai sendo tempo de o Venerando Chefe do Estado despedir todo esse pessoal que, pelos vistos, será um peso morto e acarreta um incontestável desperdício financeiro e grande rombo no Erário. A Bem da Nação! Como diria o falecido ex-Presidente do Conselho, António Oliveira Salazar.
Agora, de súbito, apercebo-me que venho citando Oliveira Salazar. Sinceramente, no contexto da vigente democracia cavaquista, lembrar o criador da democracia orgânica acho que é um tanto esquisito. Mas, sublinho, sem menosprezar o sentido de oportunidade. No entanto, deixo a pergunta: por que terá sido que a minha memória trouxe à colação Oliveira Salazar?...

O Estado português congeminado pelo Conselho de Estado

O Estado (nação organizada politicamente) do Conselho de Estado é aquela entidade nacional que o dito Conselho chamou a si como filha querida e adoptou como se fora existente em Portugal. Mas que não tem correspondência com o Estado que o mundo dos indígenas portugueses conhece.
A congregação dos conselheiros, bastante alheada da realidade portuguesa e dando-se sobranceiros ares de outra galáxia, cinge-se muito às aparências e às definições da chamada legalidade democrática e a uma situação do País, de contornos e essência irrealistas, bastante diferente da que é percepcionada ou sentida pela maioria da população portuguesa.
Isso traduz um facto de nocivas consequências: o de o Conselho de Estado contemplar-se demasiado no falso axioma de Portugal ser um Estado de Direito. E com essa atitude sugestionar negativamente a população – o que é facilitado e incentivado pela propaganda oficial.
Também a partir desta incongruência fica irremediavelmente comprometida a eficácia do referido órgão, mesmo sendo ela admitida como factor de ajuda e colaboração ao Venerando Chefe do Estado que, como se sabe, persiste no erro de inculcar o falso axioma.

A liturgia do cavaco* no templo de Belém.

A época que atravessamos de inúmeras dificuldades obriga a cuidados redobrados no nosso viver quotidiano e a fazermos o melhor uso possível do tempo que dispomos para o trabalho diário e para o imprescindível ócio. Sob esta óptica do lazer estaria tentado a considerar que a visão dos actos associados à liturgia do cavaco* que é inerente ao funcionamento ocasional do Conselho de Estado, poderia servir de recreio para a malta se divertir. Porém, ela é tão menor, insignificante e mui notoriamente afastada da observação dos indígenas, que nem para isso serve.
Fim
* cavaqueira.

P. S. Esta crónica vem a propósito da inconsequente reunião do Conselho de Estado que teve lugar no dia 03 de Julho de 2014, no Palácio de Belém, em Lisboa.