OS
DOIS GRANDES E PERIGOSOS
EQUIVOCOS
DE MÁRIO SOARES...
QUE
DEFESA DO FUTURO?...
Brasilino Godinho
Hoje,
dia 10 de Julho de 2014, em Lisboa, durante a sessão de lançamento
do seu livro “EM DEFESA DO FUTURO”, o
Dr. Mário Soares, ex-presidente da República de Portugal, afirmou:
"Acredito
em Portugal, profundamente. No povo português. Mas nós fizemos tudo
e estamos a fazer tudo para arrasar o nosso próprio país e isso é
inaceitável, de maneira nenhuma aceitável"
De
cravo ao peito, Soares apresentou o seu novo livro.
Foto:
António Cotrim/Lusa
Numa
curtíssima frase Mário Soares cometeu dois grandes e perigosos
equívocos.
Vejamos:
Primeiro
equívoco – Reporta
à sua confiança em Portugal e nos portugueses. Ela é a sua. Ainda
por cima com firme assento no termo profundamente.
Mário
Soares não fundamenta a opinião favorável sobre o futuro do país
e dos portugueses. Entenda-se a formulação de Soares como uma
abstracção, sem sustentação factual, programática, social,
doutrinária e científica. Quiçá uma pretensa expressão
lisonjeira para com os cidadãos portugueses.
Infelizmente
uma crença pessoal não susceptivel de acolhimento pela maioria dos
portugueses.
Atente-se
no factor básico inteiramente olvidado por Mário Soares: Portugal é
uma entidade abstracta que em si não comporta acção ou actividade
redentora do Estado e da Nação. Se é «espaço demarcado por
fronteiras geográficas e dotado de soberania” tem simplesmente
representatividade física e populacional e está limitado a um papel
de receptor dos circunstancialismos ocasionais advindos de pessoas,
instrumentos ou meios que não domina ou influencia de modo concreto.
E
são precisamente os factores que não controla por força da sua
própria inoperacionalidade, que acabam por definir seu status
quo e se reflectir, em
cada momento, na sua imagem e lugar entre os demais países.
Porque
assim é no que se refere a Portugal, a confiança de Mário Soares
teria forçosamente e com sentido prático cingir-se aos portugueses
e deles esperar o esforço de regeneração do Estado – se isso
fosse credível ou susceptível de efectivação.
Só
que a realidade não se compatibiliza com sonhos ou anseios
difusamente expostos na praça pública.
Ponto
assente adquirido pelo conhecimento abrangente do humanismo, da
sociologia, da história pátria, da política (sobretudo a dos
últimos decénios), é que os portugueses não dispõem da
capacidade de intervenção e de gerirem os seus destinos.
Os
portugueses estão à mercê dos grupos económico-financeiros, dos
partidos políticos e de entidades mais ou menos encobertas que
dominam todos os sectores de actividade da sociedade portuguesa e que
são os grandes responsáveis pelo caos em que estamos mergulhados.
Eles e só eles é que definem, perspectivam, delimitam e
concretizam, o futuro dos cidadãos portugueses.
Portugueses
forçados a prosseguir um rumo que, de todo, lhes escapa à
fiscalização, orientação e domínio. Acções ou meios
interventivos na vida político/administrativa que nem se devem
julgar como adquiridos através das eleições; as quais, estão
inteiramente armadilhadas para assegurar a continuidade da situação
quo tão proveitosa tem sido para os exploradores da Quinta
Lusitana em que se transformou o
país.
Daí
não ser possível acreditar em quem, mesmo que tivesse vontade e
coragem, não tem poder de intervenção: quer se trate de pessoas
singulares (os portugueses); quer do ser abstracto (Portugal).
Portugal
e os portugueses estão cativos de poderosos grupos que nem estão
minimamente interessados em respeitar o país que somos e em
proporcionar melhores condições de vida aos portugueses.
Segundo
equívoco – Que nos
merece imediata repulsa: nós
fizemos tudo e estamos a fazer tudo para arrasar o nosso próprio
país(...).
Alto
ai! Se Mário Soares admite as suas responsabilidades, fica-lhe bem a
atitude - embora se deva considerar tardia e condenável.
Porém,
Mário Soares tome nota: Nós não fizemos, nem estamos a fazer esse
execrável tudo.
Quem o fez e está fazendo foram e são alguns portugueses
(conhecidos uns e desconhecidos outros que se acoitam em sombrios
recantos).
Este
tipo de generalizações é demasiado inconveniente, retundamente
falso, abusivamente deturpador da realidade e muitíssimo perigoso,
na medida que insinua nos espíritos a culpabilização do colectivo
dos cidadãos e por demais a mais ser branqueador dos condenáveis
procedimentos de vários agentes da destruição em curso em
Portugal.
Sintetizando:
estes equívocos de Mário Soares são perigosos porque baralham as
consciências dos cidadãos mais influenciáveis, dando-lhes a
errónea ideia de que são eles que conseguirão ser os heróis da
libertação do jugo a que estão submetidos - em muitos casos, sem
disso terem consciência.
Concluindo:
Num
ponto estamos de acordo com Mário Soares: «É
inaceitável arrasar o nosso próprio país.»
Preciso
será dar consistência e objectividade a esse posicionamento de
espírito.
Para
já fixemos uma certeza: Estes equívocos do Dr. Mário Soares não
facultam A DEFESA DO FUTURO...
Fim
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