Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sexta-feira, julho 11, 2014


OS DOIS GRANDES E PERIGOSOS
EQUIVOCOS DE MÁRIO SOARES...


QUE DEFESA DO FUTURO?...
Brasilino Godinho

Hoje, dia 10 de Julho de 2014, em Lisboa, durante a sessão de lançamento do seu livro “EM DEFESA DO FUTURO”, o Dr. Mário Soares, ex-presidente da República de Portugal, afirmou:
"Acredito em Portugal, profundamente. No povo português. Mas nós fizemos tudo e estamos a fazer tudo para arrasar o nosso próprio país e isso é inaceitável, de maneira nenhuma aceitável"

De cravo ao peito, Soares apresentou o seu novo livro.
Foto: António Cotrim/Lusa

Numa curtíssima frase Mário Soares cometeu dois grandes e perigosos equívocos.
Vejamos:
Primeiro equívoco – Reporta à sua confiança em Portugal e nos portugueses. Ela é a sua. Ainda por cima com firme assento no termo profundamente.
Mário Soares não fundamenta a opinião favorável sobre o futuro do país e dos portugueses. Entenda-se a formulação de Soares como uma abstracção, sem sustentação factual, programática, social, doutrinária e científica. Quiçá uma pretensa expressão lisonjeira para com os cidadãos portugueses.
Infelizmente uma crença pessoal não susceptivel de acolhimento pela maioria dos portugueses.
Atente-se no factor básico inteiramente olvidado por Mário Soares: Portugal é uma entidade abstracta que em si não comporta acção ou actividade redentora do Estado e da Nação. Se é «espaço demarcado por fronteiras geográficas e dotado de soberania” tem simplesmente representatividade física e populacional e está limitado a um papel de receptor dos circunstancialismos ocasionais advindos de pessoas, instrumentos ou meios que não domina ou influencia de modo concreto.
E são precisamente os factores que não controla por força da sua própria inoperacionalidade, que acabam por definir seu status quo e se reflectir, em cada momento, na sua imagem e lugar entre os demais países.
Porque assim é no que se refere a Portugal, a confiança de Mário Soares teria forçosamente e com sentido prático cingir-se aos portugueses e deles esperar o esforço de regeneração do Estado – se isso fosse credível ou susceptível de efectivação.
Só que a realidade não se compatibiliza com sonhos ou anseios difusamente expostos na praça pública.
Ponto assente adquirido pelo conhecimento abrangente do humanismo, da sociologia, da história pátria, da política (sobretudo a dos últimos decénios), é que os portugueses não dispõem da capacidade de intervenção e de gerirem os seus destinos.
Os portugueses estão à mercê dos grupos económico-financeiros, dos partidos políticos e de entidades mais ou menos encobertas que dominam todos os sectores de actividade da sociedade portuguesa e que são os grandes responsáveis pelo caos em que estamos mergulhados. Eles e só eles é que definem, perspectivam, delimitam e concretizam, o futuro dos cidadãos portugueses.
Portugueses forçados a prosseguir um rumo que, de todo, lhes escapa à fiscalização, orientação e domínio. Acções ou meios interventivos na vida político/administrativa que nem se devem julgar como adquiridos através das eleições; as quais, estão inteiramente armadilhadas para assegurar a continuidade da situação quo tão proveitosa tem sido para os exploradores da Quinta Lusitana em que se transformou o país.
Daí não ser possível acreditar em quem, mesmo que tivesse vontade e coragem, não tem poder de intervenção: quer se trate de pessoas singulares (os portugueses); quer do ser abstracto (Portugal).
Portugal e os portugueses estão cativos de poderosos grupos que nem estão minimamente interessados em respeitar o país que somos e em proporcionar melhores condições de vida aos portugueses.


Segundo equívoco – Que nos merece imediata repulsa: nós fizemos tudo e estamos a fazer tudo para arrasar o nosso próprio país(...).
Alto ai! Se Mário Soares admite as suas responsabilidades, fica-lhe bem a atitude - embora se deva considerar tardia e condenável.
Porém, Mário Soares tome nota: Nós não fizemos, nem estamos a fazer esse execrável tudo. Quem o fez e está fazendo foram e são alguns portugueses (conhecidos uns e desconhecidos outros que se acoitam em sombrios recantos).
Este tipo de generalizações é demasiado inconveniente, retundamente falso, abusivamente deturpador da realidade e muitíssimo perigoso, na medida que insinua nos espíritos a culpabilização do colectivo dos cidadãos e por demais a mais ser branqueador dos condenáveis procedimentos de vários agentes da destruição em curso em Portugal.
Sintetizando: estes equívocos de Mário Soares são perigosos porque baralham as consciências dos cidadãos mais influenciáveis, dando-lhes a errónea ideia de que são eles que conseguirão ser os heróis da libertação do jugo a que estão submetidos - em muitos casos, sem disso terem consciência.
Concluindo:
Num ponto estamos de acordo com Mário Soares: «É inaceitável arrasar o nosso próprio país.»
Preciso será dar consistência e objectividade a esse posicionamento de espírito.
Para já fixemos uma certeza: Estes equívocos do Dr. Mário Soares não facultam A DEFESA DO FUTURO...
Fim