Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, junho 26, 2014




A ISALTINADA NOVELA DE MORAIS,
O GRANDE SENHOR DE OEIRAS
Um novo episódio


Por Brasilino Godinho



Foto: Diário Digital

O estabelecimento oficial designado por Cadeia de Carregueira, no concelho de Sintra, é bastante conceituado devido à selecta clientela que nele encontra excelente alojamento. Dir-se-ia que foi concebido por uma inteligente cabeça - que se resguarda da curiosidade do público - e com uma benemérita intenção: a de bem acolher, com o maior conforto, os seus seleccionados clientes. Por acaso, distintos membros da melhor sociedade discreta e (ou) da mais representativa sociedade mediática que, por singular deferência dos magistrados judiciais, são encaminhados para aquela estância de lazer com vista a usufruirem de uma retemperadora pausa nas suas mui preenchidas vidas...
E assim, naturalmente, sucedeu a Isaltino Morais. Porém, este conhecido político de Oeiras, quando há anos esforçados agentes do Estado lhe acenaram com essa benesse, de aliciante ócio, mostrou-se muito reticente; decerto, porque não estava predisposto a gozar tais férias oferecidas pelo Estado e por entender que mais lhe interessava prosseguir as tarefas que tinha em suas habilidosas mãos: as quais, compreensivelmente, queria manter sempre ocupadas de modo a evitar que nelas entrasse o carunchoso reumático.... Atilada decisão de Isaltino Morais pois que 'homem prevenido vale por dois'...
Passaram-se os anos (sete, ao que consta dos jornais) até que em princípios de 2013, Isaltino Morais, contrariado, aborrecido com tanta insistência e após ter gasto uma pipa de massa com expedientes dilatórios tendentes a dispensar-se, airosamente, sem ferir susceptibilidades dos convidantes da prometida jornada de lazer na famigerada estância da Carregueira, lá se resignou a aceder ao convite de cavalheiros que, devidamente mandatados e uniformizados como estabelece o protocolo, se apresentaram na Câmara Municipal de Oeiras e, cortezmente, se dispuseram a acompanhá-lo ao palacete da Carregueira, onde o instalaram com as devidas atenções inerentes ao seu elevado estatuto de grande senhor de Oeiras.
O que acabámos de descrever sucintamente é aquilo que se chama com bastante propriedade e não menores prosperidades(...) a A ISALTINADA NOVELA DE MORAIS, O GRANDE SENHOR DE OEIRAS.
Na nossa descrição faltam referências aos inúmeros episódios da isaltinada novela que, anteriormente, preencheram os programas das emissões televisivas. Mas julgamos que ela dá uma ideia do que tem sido a excitante sucessão de episódios, mais ou menos melodramáticos e a que as televisões vêm dedicando muitos tempos de antena e os jornais consumindo inúmeras resmas de papel.
E a quando da instalação da isaltinada criatura no citado estabelecimento de Carregueira a novela interrompeu-se de imediato. O que deve ser encarado naturalmente; uma vez que o principal protagonista ficou indisponível e não devia ser importunado no seu período de absoluta tranquilidade. A interrupção da narrativa manteve-se durante 426 dias, até que...
Eis senão quando, ontem ocorreu mais uma filmagem de um novo episódio da dita novela.
Rezam as crónicas - confirmadas pelas visões, informações e interpretações, das filmagens transmitidas ao respeitável público - que três horas depois de ter sido exarado o despacho do Tribunal da Relação de Lisboa (entidade que, ao que se presume, superintende na atribuição de férias de tão específica natureza) que determinava a saída do famoso hóspede do estabelecimento em que esteve hospedado, já Isaltino Morais saía prazenteiro com liberdade subordinada à condição de não se ausentar de Portugal durante os próximos seis meses. Recomendação reveladora de perspicácia por parte da entidade competente. Também, a evidenciar especiais cuidados com a saúde e o bem-estar de Isaltino Morais. É que o imprevisível Isaltino, folgado e rejuvenescido, poderia tentar-se a fazer grandes e cansativas excursões pelo estrangeiro correndo desnecessários riscos de acidentes nos percursos turísticos ou nas tentadoras actividades de esqui nas neves da Suíça – país que se julga ter lugar privilegiado no seu altruísta coração.
Também foi prestada a informação de que o espera (imagine-se!) o lugar de presidente de uma fundação. Uma instituição que terá escapado às consequências dos ajustamentos da austeridade. Por sinal, tâo discreta que nem dela se sabe a designação e o objecto da respectiva actividade.

Felizardo Isaltimo Morais! Porque tem sempre um lugar, uma função, um rico desempenho, que pacientemente espera por ele. Interroguemo-nos: Isaltino a preencher o lugar? Não! Simplesmente: O lugar a preencher Isaltino!
Dá a impressão que o Supremo Arquitecto do Universo pousa nele a divina mão ptotectora. Curioso facto que se assinala em contraposição com o que sucede 'ao menino e ao borracho' que 'põe Deus a mão por baixo'...
Aliás e pensando melhor: como Isaltino é um peso-pesado, de sólida composição de morais várias, talvez nem o divino ser, ao pôr a mão debaixo do seu corpanzil, aguentasse o desconforme peso...

Enfim, mais uma última nota referente ao grande entusiasmo evidenciado pelas jovens jornalistas que, acorrendo na hora certa à Carregueira, lestas que nem um pronto-socorro dos bombeiros, eufóricas, fizeram a reportagem do sintomático acontecimento mediático...

Ponderando: As coisas e as loisas portuguesas de um desencantado tempo e sombrio clima de Portugal.
Igualmente, originalidades portuguesas que deixam o indígena com um grande amargo de boca...
Fim