CUIDADO COM OS COELHOS
DA
FAMÍLIA GOVERNANTE...
Brasilino
Godinho
Temos
a impressão de que neste espaço territorial rotulado, pelos
publicitários a soldo da governança, de paraíso cavaco/coelhal
se
desvaneceu o conhecimento da
complicada situação vivida nos penúltimo e último quartel do
século XX na Austrália e está esquecido pelo
Zé-Povinho o alerta que, à época, foi lançado pelo governo
australiano relativamente à praga dos coelhos.
E,
antes de mais dizer, importa anotar que o coelho doméstico é um
mamífero roedor de uma subespécie da família dos Leporídeos, que
desperta a simpatia pelo seu aspecto de animal dócil e felpudo. Além
disso serve de alimento aos animais racionais que o criam para tal
aproveitamento gastronómico. Já o coelho bravo em vez de cativar
pela candura suscita a cobiça, a captura ou o abate por parte dos
caçadores que fazem da caça o seu desporto favorito. Também, o
coelho dos matos é esquivo e nada propenso ao convívio dos humanos.
Mas
nos últimos tempos surgiu em Portugal uma nova subespécie de
coelhos antipáticos e belicosos que se vem constituindo como uma
séria ameaça para os indígenas portuguesas. E tanto mais perigosa
quanto por ser de configuração humana e evidenciar instintos
depredadores expostos na sanha com que, de forma selectiva, acomete
sobre as pessoas idosas, os funcionários do Estado e as condições
de vida dos jovens e da população mais carenciada. E como tais
coelhos mostram ser extremamente agressivos e insaciáveis há que
tomarmos consciência da gravidade da situação em que o País se
encontra.
E
se já tínhamos com incomodativa, nefasta, presença de três anos
um manhoso coelho macho, matulão, chamado Pedro que, qual
super-coelho, nos moía o juízo, nos chagava a paciência a todas as
horas e, há dias, exigia uma melhor escolha dos juízes do Tribunal
Constitucional, agora surgiu, inopinadamente, espavorido, com
inusitada violência e rancor um coelho fêmea que acorre ao
chamamento de Teresa; o qual, recorrendo a um expediente um tanto
desleal, acaba de pôr em alvoroço o país.
Traduzindo
em letra de forma: Se coelho macho ordena: Mate-se! Coelho fêmea
acrescenta: Esfole-se! Assim, prevalece algo parecido com a lei da
selva.
E
através do jornal Público (uma novidade: no presente, os coelhos da
governança mandam mensagens pelos jornais; já não lhes basta as
filmagens das televisões) coelho fêmea lançou um tenebroso aviso
aos indígenas:
-
daqui para o futuro os juízes do Tribunal Constitucional, escolhidos
pelo PSD, terão de se sujeitar às orientações do outro Coelho (o
grande-chefe) e serem meros agentes do PSD infiltrados no Tribunal
Constitucional para sabotarem as decisões daquele órgão judicial
que sejam contrárias aos interesses e instruções do grande-chefe e
do referido partido. Pelo andar da carruagem suspeita-se que os
futuros juízes antes de tomarem posse dos seus lugares farão,
secretamente, um juramento de sangue de total obediência à coelhal
figura e(ou) ao seu clã.
Não
contente, a mesma criatura Coelho (do sexo feminino), ameaça os
juízes recalcitrantes com sanções judiciais.
Muito
poderosa se julga a coelho Teresa. A vice-presidência do PSD
subiu-lhe à singular cabeça; esta, de suporte a saliente, grande,
oscilante, cabeleira que, de quando em quando, lhe cerra a visão.
Uma
conclusão se tira: o Tribunal Constitucional fica ameaçado,
bloqueado e sob vigilância cerrada da dupla coelhal que domina o
aparelho alaranjado. E lá vai ao ar o superior órgão de Justiça
que ainda dava algumas garantias de protecção ao vulgar cidadão,
num Estado que está longe de ser de Direito.
E
se os coelhos australianos foram uma praga, a citada dupla de coelhos
portugueses movimenta-se por todo o território a espalhar o medo nas
indefesas populações e é, surpreendentemente, também muito
devastadora. Aliás, mostra-se cada vez mais empenhada no combate aos
indígenas portugueses. Por isso, urge tomarem-se medidas que
neutralizem as acções e os ímpetos agressivos da dupla coelhal
que, pelos vistos, para destruir Portugal nem necessita de agregar
uma prolífera multiplicação da perniciosa subespécie.
Outrossim,
extraia-se uma ilação moral: nada de fiar na aparência melíflua
dos coelhos... precisamente aqueles que estão bastante melhor
nutridos e muito bem acomodados na capoeira da governação.
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