Pedro Passos Coelho
anuncia um atentado
contra a democracia. Por Brasilino Godinho
Sua excelência o Presidente
do Conselho de Ministros, Pedro Passos Coelho, anunciou ontem (dia 5 de Junho
de 2014), que vem aí, em marcha acelerada, uma golpada sobre o Tribunal
Constitucional.
Quer dizer que se
programa mais um atentado contra a democracia, indirectamente apontado ao povo
português que sofrerá as maléficas consequências.
E se a golpada se
concretizar é de prever que, tal como acontece com um cavalo que toma o freio
nos dentes, prossiga a terrífica cavalgada e que o próximo alvo seja o Tribunal
de Contas.
Aliás, adaptando-nos
momentaneamente, com desagradado esforço, à óptica usada pela coelhal criatura,
nem faria sentido que a governamentalização das instituições do Poder Central
não se estendesse aos demais órgãos da Justiça, incluindo o Supremo Tribunal de
Justiça.
Alem disso, se o
Tribunal Constitucional é um empecilho para o actual governo, também não é
menor estorvo o Tribunal de Contas que fiscaliza os gastos governamentais; os
quais se querem processados livremente à cadência dos sôfregos hábitos
consumistas dos governantes (a propósito: os leitores reparem na bomba em que - num tempo de enorme
défice das contas públicas, de penúria geral, de inúmeros cortes salariais e de
elevadíssima sobrecarga fiscal - se transporta majestosamente sua excelência o Presidente
do Conselho, Passos Coelho).
Igualmente, gastos
concretizados sem sujeição a entorpecentes normas que demasiado os limitem;
nomeadamente, aqueles, avantajados, que decorrem do combate ao desemprego das
rapaziadas das jotas do PSD e do CDS - o que é patente nos recrutamentos dos
gabinetes ministeriais.
Particularidade
apreciável e muito interessante é a orientação de tal combate; visto que o
mesmo se vem traduzindo num apreciável contributo para as diminuições das taxas
de desemprego...
E tendo
sua excelência o Presidente do Conselho, Pedro Passos Coelho dito que: ”Os juízes têm de ser
melhor escolhidos” está-se mesmo a ver que
a escolha terá de incidir na rapaziada fixe que, por engenho malabarístico, se
concentra em sedes dos dois partidos representados no (des)governo. (Fazemos um
parêntesis para parafrasearmos o Presidente do Conselho, Passos Coelho e transmitirmos
o que sente a maioria dos portugueses: O chefe do governo e o presidente da República têm de passar
a ser melhor escolhidos em sede do interesse nacional).
Depois, aceite-se que o poder judicial deve submeter-se às
sábias/astutas orientações de sua excelência o Presidente do Conselho; assim um
pouco ao jeito do que acontecia no tempo de Oliveira Salazar; por sinal ou
acaso da (des)sorte uma outra invulgar sua excelência de Presidente do Conselho.
Atendendo que essa ideia de separação dos poderes (executivo
e judicial) está fora de moda na actual época coelhal, deve ser rapidamente
removida para os caixotes de lixo da História; a proveito da regular
desgovernação em curso de realização revolucionária.
Além de que sua excelência Presidente do Conselho, Passos Coelho,
tem mesmo à mão de semear um importante, credenciado e inestimável grupo de
jovens (na flor da idade, entre os 23 e 30 anos), excelentes especialistas, principescamente
pagos, disseminados pelos vários gabinetes ministeriais, constituindo uma
valiosa reserva operacional susceptível de imediato aproveitamento nas funções
de juízes do Tribunal Constitucional - o que, sobremodo, facilita aquilo que,
nos precedentes, designámos por golpada.
Que isso será um atentado à Democracia não temos dúvidas.
Todavia, opiniões diferentes têm suas excelências o Presidente
do Conselho Passos Coelho e o venerando
chefe do Estado Cavaco Silva.
Desde logo, porque pensarão: se temos um venerando chefe do
Estado (vulgo, presidente da República), um compincha (des)governo e uma
submissa minoria, só falta - para compor o colorido ramalhete - termos um
comandado poder judicial. Todos da grande confiança de sua excelência o Presidente
do Conselho. Todos gozando do alto apreço do venerando chefe do Estado. Outrossim,
todos irmanados numa auspiciosa harmonia. Igualmente, todos felizardos integrantes
do mesmo clube/grémio político.
E todos devotos e assíduos praticantes de culto na encantadora
capelinha onde se deparam os milagres da repartição dos pães do melhor sustento
das singulares almas ávidas de substancial nutrição. Anote-se: peças
alimentares que, aos privilegiados comensais e por artes mágicas, são servidas
abundantemente à mesa do ORÇAMENTO.
Enfim, se às excelências do Poder só falta o domínio da
Justiça, a nós resta-nos interrogarmo-nos:
Quem nos acode? Como libertar o País desta opressão
autoritária? Que Providência nos liberta das agressivas arremetidas destes
atrevidos, violentos, despudorados, rapazes e raparigas? Que fazer para se
instalar o Estado de direito?
Que as respostas às interrogações aqui formuladas surjam rapidamente e em força (empregando a
expressão usada em 1961 por sua excelência o ex-Presidente do Conselho, Oliveira
Salazar, quando anunciou a ida de expedicionários para a guerra de Angola).
Exigem-nas os clamores dos oprimidos deste país.
Porém, imprescindíveis respostas, sempre precedendo o
afastamento da expedita interesseira e oportunista rapaziada que ostenta com
insolência as máscaras de governante e de democrática. E, grande calamidade:
nos inferniza a vida.
Nota informativa: Neste tempo que estamos vivendo
- com amargura e tristeza e ao compasso do actual Poder - de recuperação das
políticas, dos métodos e dos valores, dos tempos da ditadura do Estado Novo e
de Oliveira Salazar, faz sentido de oportunidade e de simbolismo retomarmos o
uso de alguns termos do jargão oficial dessa época que eram atribuídos às
excelsas figuras do prof. Oliveira Salazar e do almirante Américo Tomaz – os
quais assentam que nem uma luva nas insignes personalidades do dr. Passos
Coelho e do prof. Cavaco Silva. Impõe-se darmos os nomes ajustados às coisas e
loisas do nosso infortúnio colectivo. Pelo que os leitores, a partir desta
data, não irão estranhar ler nas minhas crónicas as expressões Presidente do
Conselho Passos Coelho e venerando chefe do Estado Cavaco Silva. Terminologias
mais consentâneas com a realidade e muito arredadas da hipocrisia vigente.
A bem do esclarecimento da situação, da
transparência da política, da preponderância da verdade, da prevalência da moral
e da recuperação da decência nas actividades dos agentes políticos.
Fim
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