Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, maio 24, 2014



Despacho charadístico
Parte II

Brasilino Godinho

01. A obsessão das comissões, dos observatórios e dos institutos.

O (Des)governo delira com a criação de comissões, observatórios e institutos. E não só. Também se tem empenhado em gerar necessidades de pareceres jurídicos que encaminha para escritórios de advogados compinchas; seguindo escrupulosamente(…) a prática de governos anteriores. Este é um procedimento despesista inadmissível nos actuais tempos de profunda crie financeira do Estado.
A maioria das tarefas atribuídas a tais organismos de nítida configuração tachista, poderia ser desempenhada pelas direcções gerais dos ministérios, conforme, geralmente, se fazia nos tempos da ditadura do Estado Novo (o que evidencia que, infelizmente, na democracia à portuguesa, se fazem coisas muito abjectas e se tem ido longe de mais por caminhos de desvergonha e de abuso descarado).
Aliás, dada a situação de os gabinetes ministeriais estarem superlotados de especialistas e de assessores bastante credenciados pela invulgar sabedoria dos seus mui verdes anos, seria aconselhável que fossem eles a fazer os trabalhos que se estão encaminhando para as novas centrais do tachismo oficial; quer por razões económicas, quer de ocupação dos tempos de serviço que, se suspeita, sejam de persistentes entretenimentos na elaboração de charadas.
Anote-se que congeminar e elaborar charadas, mesmo com a chancela oficial, não será prática admissível no seio de uma qualquer instituição do Estado. Pelos vistos, até o Conselho de Ministros ocupa tempo na apreciação e na aprovação de tais peças.
Lamentável! E com a agravante do despacho charadístico em causa, acarretar grandes despesas com a instalação e funcionamento da Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD).
Este, um quadro situacional dos ambientes ministeriais que até está evidenciado neste despacho charadístico da ministra das Finanças. Mas, pior ainda, trata-se de mais uma demonstração de insensatez política. Também de registar que a senhora ministra eleva, para dois, o número de despachos charadísticos assinaláveis no seu currículo ministerial – se não nos falha a memória.

02. Matando a charada…

Comecemos por nos situarmos nos dois planos em que é possível ‘matar a charada’ : enigma e linguagem obscura.
O primeiro parágrafo do despacho ministerial, que inserimos com algumas colorações, está redigido em termos enigmáticos. Igualmente, formatado numa confusa linguagem, algo obscura.
As definições programáticas são muito vagas. Em tom jocoso até poderíamos dizer que esplendidamente imprecisas.
Repare-se:  “(…) que tem como objectivos contribuir para a concretização das políticas públicas de promoção do crescimento e emprego, (…).”
Perguntar-se-á:
- Não são os órgãos do Governo que devem prosseguir esses objectivos? O que são essas políticas públicas de promoção do crescimento e emprego?
- O que será e como se medirá para o credibilizar esse visado “desenvolvimento inteligente”? E “sustentável”? Por quem? Ou como?
E mais extraordinário o tal desenvolvimento (imagine-se!) será “inclusivo”… Onde? E como se incluirá?
- Para “melhorar as condições de financiamento da economia”? Com que arte? E à revelia do respectivo ministério? Qual o papel do ministro da Economia nesse hipotético desenrascanço autónomo do novo instituto?
- “Aperfeiçoar a arquitectura dos instrumentos financeiros, através do aumento de eficácia dos instrumentos de financiamento”? Que embrulhada de se lhe tirar o chapéu… O que se quer dizer, afinal? Dá a ideia de uma pescadinha com o rabo na boca… Aperfeiçoa-se a arquitectura dos instrumentos através do aumento da eficácia dos mesmos? Ou aumenta-se a eficácia dos instrumentos através do aperfeiçoamento da arquitectura dos ditos? Como deslindar o aperfeiçoamento da arquitectura e o aumento da eficácia? Haverá uma incompatibilidade escondida entre uma coisa e outra? Mistério… no ministério.
- E, expressão intrigante:  “(…) realização plena dos princípios da boa governação”.
O que se poderá entender como realização plena de uma boa governação do (Des)governo que temos?
Pertinente a dúvida, porquanto todos sabemos quão desastrosa e maléfica tem sido esta governação para a sociedade portuguesa.
E se a rapaziada governamental nos aponta uma sua boa governação, certamente que nos estão a ameaçar com mais desgraças para o sacrificado povo português.
Vade retro Satana!