Eles fazem a festa!
E deitam os foguetes...
O que resta para os indígenas?
A aterradora ameaça
das canas
Caírem sobre as suas desprotegidas cabeças…
Brasilino
Godinho
O presidente institucional da república de Lisboa, o governo de
muitos deles, gentilmente sentados comodamente à mesa do Orçamento, os
ministros, os deputados da maioria, os jornalistas cooperantes, a rapaziada dos
gabinetes do Terreiro do Paço, os operacionais dos palácios do Poder, os afeiçoados
opinantes dos jornais, rádios e televisões, todos - mui afortunadamente
alinhados numa formação de coloridas irmandades e cinzentas fraternidades de
múltiplos interesses - estão (repare-se com a devida atenção) envolvidos num
delírio de celebrações comemorativas da famigerada, bastante enganadora, “saída limpa” que, por tanta sujidade,
se tornou repelente, doentia ou mortal para a maioria do gentio português. E eufóricos,
não só por essa história mal contada da simulada partida da comandita
internacional e da pretensa limpeza das correlativas sujidades, nas quais
chafurdaram várias espécies vulgarmente expostas na feira de vaidades onde se
instalou o pessoal do circo político; mas, também, porque o desemprego teria
baixado para os 15% da população activa.
Compreende-se o regozijo que grassa no vasto e enriquecido campo
governamental…
De facto, o grande chefe Passos Coelho tem motivos para se
regozijar e, alegremente, comandar as evoluções da “parada da paródia” de mau gosto que é o festival folclórico que
diariamente se exibe perante a nação atónita.
É que os portugueses, em geral, empobrecem e os idosos
reformados falecem a uma cadência que impressiona pela rapidez e pelos
resultados que se vão conhecendo. Conforme foi desejado e segundo programação
estabelecida pelo actual primeiro-ministro.
Esta história da baixa do desemprego é paradigmática.
Tome-se nota que o desemprego começou a descer a partir dos
efeitos que se começaram a sentir decorrentes do prosseguimento das sucessivas
austeridades decretadas pelo governo.
Pois se foram sucedendo as falências das empresas, arrastando a
miséria de milhares de famílias, se os jovens não encontram trabalho, se
aumentam os impostos, os custos dos meios de subsistência, os gastos com os
consumos essenciais e os cortes nos salários dos funcionários públicos, dos
trabalhadores do sector privado e nas pensões dos aposentados de ambos os
sectores e dos pensionistas da Segurança Social; claro que muitos milhares de
jovens e adultos foram empurrados para a emigração e alguns milhares de
indivíduos mal nutridos e pior tratados terão morrido. Desta forma estão
evidenciados os êxitos de Passos Coelho e do governo.
E se milhares emigram e se outros milhares morrem, quais poderiam
ser os resultados estatísticos sobre a incidência do fenómeno do desemprego? Se
não aqueles revelados pelo Instituto Nacional de Estatística? Efectivamente, a
taxa de desemprego foi caindo em progressão crescente. Aliás, seria do maior
interesse confrontar estas percentagens do desemprego com aqueloutras
referentes às emigrações e aos falecimentos ocorridos nos mesmos períodos de
avaliação – o que corresponderia a uma elucidativa avaliação comum a ambas
componentes da relação entre causas e efeitos de um problema que nem deve ser
abordado de forma restritiva e unilateral.
Só que isso nunca se fará com este governo. Os leitores
perceberão porquê!...
A continuar a política de destruição: quer da classe média e
quer de modo geral e significativo, do tecido social, não haja dúvidas que o
desemprego vai continuar a decrescer. Certamente, à custa dos “estragos” que
vão sendo praticados pela calada da tenebrosa noite em decurso de um diabólico
expediente político/administrativa; o qual, prima pela violação dos mais
elementares direitos do Homem e de tantos mais consagrados na Constituição da
República Portuguesa.
Voltando à histeria das celebrações dos “sucessos” assinalados no corpo deste texto, vale a pena fazermos
uma simples observação: receamos que o Orçamento fique mais onerado em sede de
(des)governo com o inevitável agravamento da carga fiscal.
É que os gastos com as garrafas de champagne das celebrações
que, eventualmente, estão ocorrendo nos gabinetes ministeriais ascenderão a uma
grossa maquia – o que, no fim de contas, irá onerar as míseras bolsas dos
indígenas, obrigados contribuintes do regabofe político/administrativo…
Tudo isto traduzido no precedente título:
Eles fazem a festa.
E deitam os foguetes…
O que resta para os indígenas?
A aterradora ameaça das canas
Caírem sobre as suas desprotegidas cabeças…
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