Enquanto Cavaco Silva viaja e
observa,
A malta observa e queda-se de
espanto...
Brasilino Godinho
Enquanto Cavaco Silva viaja e
observa,
A malta observa e queda-se de
espanto...
Brasilino Godinho
O
Diário de Aveiro na edição de ontem, dia 22 de Abril de 2014, titulava: "Cavaco Silva observa hoje
dinamismo empresarial”" e em
corpo de texto informava que ele visitaria, na parte da manhã, fábricas em
Ílhavo e Oliveira de Azeméis e na parte da tarde duas empresa em Felgueiras e
Guimarães.
E,
segundo o que veio ao conhecimento do público, tais ocorrências sucederam e
foram enquadradas naquilo que se designou como sendo um périplo pelo país.
Só
que o périplo se desenvolveu de forma espaventosa, com recurso a meios,
instrumentos e demonstração de forças paramilitares que, tendo assustado as
populações residente e flutuante, terá sido ignorada nas reportagens – o que
talvez se justifique para não aterrorizar mais os portugueses, que sufocam de
apreensão face ao estado de guerra, de iniciativa coelhal, vigente em Portugal,
contra o povo português.
E
aquilo que se viu em Ílhavo e que, tudo indica, se repetiu nas localidades onde
o presidente fez augusta presença, constituiu a inequívoca amostra parcelar, de
inspiração presidencial, do abrangente conflito que cada vez mais acentua a
decadência de Portugal.
Uma
guerra que se caracteriza por impor constrangimentos político/administrativos,
desenvolver campanhas de coacção, lançar acções de intervenção policial e
executar operações punitivas e destrutivas que abrangem o tecido social, a
economia, o ensino, a saúde; com incidência especial nos funcionários públicos,
nos reformados e nos jovens.
Retrocedendo
um pouco: quando empregámos a expressão augusta
presença pretendemos ilustrar a circunstância de sua excelência se
ter feito antecipar e acompanhar por um corpo de forças expedicionárias que,
incluindo a sua móvel guarda pretoriana e elementos do corpo de intervenção
antiterrorista aquartelado em Lisboa era, no seu conjunto, formado por umas
avantajadas dezenas de profissionais (pessoa de confiança aventou serem
aproximadamente duzentos) e numerosos veículos do sector repressivo do Estado.
Por sorte (ou azar?) às carrinhas não lhes faltou o combustível... Igualmente
de anotar que todas estavam em condições mecânicas para operar nas
movimentações presidenciais… (Vantagens que nem estão ao alcance de quantas
esquadras policiais e corporações de bombeiros, amargamente, se queixam de
terem as viaturas dos serviços correntes em hibernação e desactivadas por
faltar o material sonante com que se compram os melões… e se providenciam as
reparações).
Escusado
será dizer que muitas pessoas em Ílhavo se assustaram e bastantes se sentiram
incomodadas com as minuciosas inspecções a que foram submetidas sempre que,
ocasionalmente, tiveram que se acercar a poucos metros da presidencial
entidade.
Para
além do contingente militarizado e aproveitando a boleia presidencial terá
sobressaído nas cenas dos montados espectáculos paramilitares, um elevado
número de acompanhantes a formar um aparatoso séquito de cavalheiros bem
trajados e, em menor número, damas mui adornadas nas suas vistosas indumentárias,
certamente satisfeitos por efectuarem mais uma agradável digressão turística ao
norte de Portugal.
Se
é facto de que os portugueses nunca chegam a saber de relatórios em que se
descrevam os benefícios alcançados com tais périplos, também jamais conhecem os
elevados custos desses autênticos devaneios político/turísticos que não se
admitem num tempo de penúria geral e de endividamento do Estado.
Todos
apercebem o imenso custo da guerra fratricida comandada pelo Sr. dos Passos
vários e enviesados, que ele mesmo (coincidência: disse-o ontem) coelho
assumido, “precisa de ser caçado e
esfolado” – o que, convenhamos, já vai sendo tempo de sobra com
vista a livrarmo-nos deste clima ou praga de calamidade nacional.
Porém,
há que afirmar o seguinte: o país não se pode permitir o luxo de mais um
avultado acréscimo no desperdício que representam as grandes despesas destas
persistentes manifestações de intimidação ao Zé-Povinho e de poderio militar
para uso, protecção desmesurada e ostensivo desfrute, do presidente Cavaco.
Se
Cavaco Silva receia ser molestado e apanhado em contra-mão na guerra coelhal,
então não se exponha e fique sossegado no Palácio de Belém onde a sua guarda
pessoal lhe proporciona segurança e folga aos seus temores.
Além
de que, obviamente, em vez das constantes viagens no território nacional e no
estrangeiro, melhor seria que a presidencial figura, por norma, estivesse
devidamente ocupada na reinação palaciana de Belém, rodeado dos seus numerosos
cortesãos e cortesãs e confortavelmente assistido pelos muitos serventuários
que preenchem o respectivo quadro de pessoal ao dispor de sua excelência –
assim exercendo à semelhança da Rainha de Inglaterra…
Pois
que poupava a Nação. Melhor aplicação era dada aos dinheiros dos contribuintes.
E, também, os portugueses se livravam dos contínuos sustos suscitados pela
presença ameaçadora dos profissionais da guerra coelhal, em curso no território
português, frequentemente colocados de atalaia nas esquinas dos bairros
citadinos e nas periferias das cidades sitiadas pelos aparatos militares ou
militarizados.
É
oportuno aqui deixarmos algumas interrogações, assaz pertinentes:
- O que Cavaco Silva observou efectivamente sobre o dinamismo empresarial?
- O que nas empresas é evidenciado dinamismo?
- Quais as vantagens para o País, para a Economia, para as empresas e para os cidadãos, que decorrem das incursões observadoras do presidente Cavaco, muitíssimo devoradoras dos dinheiros dos contribuintes?
- O que de Cavaco irradia e se repercute no dinamismo das empresas? Para se dinamizarem e satisfazerem as encomendas, as empresas precisam mesmo das folclóricas visitas guiadas do presidente Cavaco?
- Por acaso essas deambulações da criatura presidencial pelos gabinetes, escritórios e oficinas, provocam aumentos de produtividade nas empresas visitadas e asseguram prestígio e influência suficientes para dar azo a maiores vendas e exportações dos produtos?
- Ou será que o cidadão em causa está fazendo tirocínio à custa do Zé-Povinho para daqui a dois anos iniciar uma auspiciosa carreira de vendedor?
- Não preveniu ele, in illo tempore, que vai tendo as suas finanças debilitadas e que a sua D. Maria só tem € 800 de mísera reforma? Atente-se que “homem prevenido vale por dois”…
- Se houveram e persistem tantas despesas com os périplos, quais são as insofismáveis contrapartidas dos ganhos supostamente alcançados?
Bem considerando o que é tudo isto? Simplesmente, uma pacovice e
estulta encenação que nem ao menos serve para “inglês ver”. Quando muito
recomenda-se para iludir gente néscia - como é de acreditar que seja o
objectivo a alcançar…
Pois, seja… E nisso se revejam os autores, os protagonistas, os demais
artistas secundários, os encenadores, os pontos e os publicitários, do muito
fraco, bastante deplorável, deveras escandaloso e notoriamente deplorável
espectáculo do teatro/circo político que segue dentro de momentos…
Mas todos os envolvidos na farsa representada face ao público, retenham
uma certeza: a maioria da população não os acompanha ou apoia nestes
desregramentos e excessos.
A
censura das más ou equívocas intenções e a condenação dos prejudiciais actos da
autoria dos medíocres artistas do espectáculo político/governamental, vão
persistir na sociedade portuguesa. Pelo menos, enquanto se mantiver este
absurdo e detestável status quo.
Fim
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