Em
directo na TV: Um paradigma de
colaboração
oculta e promiscuidade
entre
jornalistas e governantes
Brasilino Godinho
Da EDIÇÃO PORTO, do PÚBLICO, de 16 de Abril de
2014, transcrevemos com a devida vénia, os seguintes trechos do artigo «Impulso jornalístico», de Rui Tavares:
«Deu-se ontem na entrevista de José Gomes Ferreira a Pedro Passos
Coelho, um momento de verdade suprema.»
«A realidade, porém, não só ultrapassou a imaginação como a ultrapassou
e fugiu. No único momento em que José Gomes Ferreira se lembrou de insistir
numa pergunta, Pedro Passos Coelho franziu o sobrolho e levou o jornalista a
escusar-se: "Desculpe, foi um impulso
jornalístico.»
«Quando um jornalista pede desculpa por fazer jornalismo está tudo
dito.
Um dia, este Governo conseguirá que os juízes peçam desculpa por fazer
justiça, os pensionistas por estarem vivos e os desempregados por ainda não
terem emigrados.»
«De resto foram vários os "impulsos jornalísticos" que foram
suprimidos durante a entrevista.»
(Fim de citação)
Nosso comentário:
Geralmente
são conhecidos os casos de jornalistas alinhados com o Poder instituído a cada
legislatura e que a um observador atento não passam despercebidos. Também é
verdade que há profissionais da Imprensa que disfarçam a condição de subserviência
funcional ou ideológica o mais que lhes é possível. E às vezes, com relativo
êxito operacional dado o contexto de debilidade cultural da sociedade
portuguesa inerente ao avantajado número de analfabetos primários, funcionais e
culturais, que existem em Portugal.
Todavia,
esses jornalistas, apesar de todos os cuidados e expedientes postos no uso da
máscara, por vezes, descaem-se e... põem-se de cócoras obscenamente, em
patética e deprimente exposição pública.
E
o caso aqui citado é - sem margem para dúvidas - um expressivo, sintomático,
paradigma de subserviência do jornalista perante o governante. Mas, não só!
Igualmente, é demonstrativo de colaboração encoberta e da promiscuidade
existente entre vários jornalistas e os actuais governantes.
Demos
os nomes à coisa aqui em foco:
- Uma denegação político/democrática (por parte do governante).
- Uma repulsiva abjecção jornalística (por parte do jornalista).
Fim
P.S. Os coloridos e
sublinhadas foram introduzidos por Brasilino Godinho.
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