Abram alas! Abram alas!
‘Deixem passar esta linda brincadeira,
Lá da ilha da Madeira...’
Brasilino
Godinho
A Ilha da Madeira é um território rodeado de oceano (Atlântico) por
todos os lados... É classificada com a designação de Pérola do Atlântico.
Também a Ilha da Madeira é admirada como um bonito jardim. Dela
se poderá dizer que é a Madeira dos Jardins: do Alberto João Cardoso Gonçalves
Jardim (ser dominador… situado na grande área política, em conjunção com
limitado fervor religioso) e do Jorge Manuel Jardim Gonçalves (ser contemplador…
sitiado na pequena área religiosa (Opus Dei) em comunhão com discreta devoção
política).
Reparem os leitores que, eventualmente, por perspicaz atenção
dos progenitores houve o cuidado de singularizar a dual e confundível paridade
de Gonçalves/Jardim ou, se quisermos, com mais precisão, Jardim/Gonçalves.
Porque - conjecturamos - se terão colocado a quem de direito paternal ou
oficial as embaraçosas interrogações: Quem é mais ou menos Jardim? Quem é mais
ou menos Gonçalves? Em confronto estavam dois Gonçalves; e, em simultâneo,
neles próprios configurados dois Jardins; estes, certamente de regular
compleição física, associada a esmero acabamento corporal e atempada formatação
mental – um e outra, obviamente emergentes de enternecida criação dos
respectivos e embevecidos progenitores.
Um imbróglio de todo tamanho que poderia ter ocasionado
conflitos entre clãs madeirenses, mas que oportunamente terá sido resolvido ao
jeito salomónico: distribuíram-se os apelidos em contraposição nominal, de
forma distinta, sempre com vista a não se confundirem as respectivas
identidades. Uma interessante solução que foi concretizada - acentue-se - com
invulgar acerto e objectividade. E assim temos: o madeirense Gonçalves Jardim,
destemido e obstinado chefe político e brilhante animador mor dos corsos carnavalescos
do Funchal e o madeirense Jardim Gonçalves, recalcitrante e assaz aventuroso
artífice das grandes jornadas bancárias. Estes dois Jardins, igualmente dois
Gonçalves, a lembrarem a existência de irmãos siameses, pertenças de
famigeradas estirpes nativas da Madeira, parecem ter uma particularidade comum:
estão longe da celebrada qualidade das cepas e das boas pingas madeirenses… Porém,
são duas complexas matérias vivas da natureza madeirense. Dois jardins de se
lhes tirar o chapéu, mas que têm a característica de desenvolver uma invulgar
produção de alergénios altamente invasivos que afectam, sobremodo, as funções
olfactivas de indiferenciados indígenas continentais (os nomeados cubanos, segundo a meiga terminologia do
Jardim que se identifica por Alberto João Cardoso Gonçalves). O outro, como o
leitor já se deu conta, reage ao chamamento de Jorge Manuel Gonçalves (sem que
esqueçamos que está entremeado de Jardim - qual substância nutritiva do ego ou
elemento decorativo a compor um deslumbrante quadro pictórico).
Aquele, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim, é político estilo
raposa matreira que, por acaso, não consta que assalte capoeiras; sendo, embora,
o grande chefe político do arquipélago – um espaço territorial, por sinal,
convertido em vasto pomar de laranjas, de enorme duração, que permanece imune
às pragas dos insectos devoradores e aos assaltos de formigas infectadas e depredadoras…
Em contraposição, o banqueiro Jorge Manuel Jardim Gonçalves, em
tempos não muito recuados, tropeçou nos imensos capitais acumulados em caves de
determinados estabelecimentos bancários e caiu fragorosamente. Ficou bastante
combalido. Todavia, manteve-se sempre altivo e muito senhor do seu aquilino
nariz. Diga-se de passagem, que posicionado com um vago e desdenhoso sorriso de
amigo da onça. Também, caso insólito, nem perdeu o pio… Desde então, até
recente data, tem passado em sabida convalescença que o trouxe a um promissor
estádio de finório de rija têmpera. A tal salutar ponto que já tem o aspecto de
estar fortalecido para investir sobre as curvas... das sinuosas vias de
penetração nos florescentes campos onde despontam as apetecidas searas
bancárias.
Precedendo vigorosa predisposição e fortalecida preparação
instrumental – mui auspiciosa, sublinhe-se! – aí o temos, também lançado
vigorosamente em direcção à arena onde se disputam as influentes finanças. Um
Jardim Gonçalves, ora reciclado, que se constitui como brilhante figura
emblemática da enigmática (até rima...) Opus Dei.
De tudo isso temos tido uma copiosa e vistosa informação
mediática: várias notícias, apontamentos avulsos, algumas entrevistas e diversas
reportagens com Jardim Gonçalves. O que denota cuidada programação e uma
realização bastante requintada, algo sofisticada e, provavelmente, muito
dispendiosa.
O cenário que se nos depara até faz lembrar a história da Nau
Catrineta, do ‘Romanceiro e Cancioneiro
Geral’, de Almeida Garrett.
Desta vez, a nau nem virá da Madeira. Mas já na costa, à beira
Tejo, frente à Torre de Belém, não longe do Palácio de S. Bento, ouve-se o
cântico:
Lá vem a Nau Catrineta que tem muito que contar.
Ouvide, agora, senhores, uma história de pasmar.
Ao Jardim Gonçalves,
Tomou-o um anjo nos braços
Não no deixou afogar.
Deu um estouro o demónio
Acalmaram vento e mar.
À noite a Nau Catrineta
Estava em terra a varar,
E, logo, em Lisboa o Gonçalves
Alegremente a jardinar.
E como todos os contos de encantar,
Este terá um final feliz;
Para indígena dormir ou ensodar…
Enfim,
Caso para proclamar: Volta Gonçalves (tu, Jorge Manuel)! Jardim
que és, estás mui plantado! Decerto, bem acompanhado! E melhor
abençoado!...
Fim
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