Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

segunda-feira, junho 09, 2014




A IMPENETRÁVEL,
MISTERIOSA ESFINGE,
QUE HÁ NOME DE CAVACO

Brasilino Godinho

Tal como as esfinges do Egipto que, no deserto, permanecem estáticas, contemplativas à cadência da sucessão dos tempos, sem despertarem para a vida; igualmente, o actual venerando Chefe do Estado - que do alto do Palácio de Belém nos contempla com ar distante, sobranceiro e bastante arrogante, qual nova esfinge de formatação portuguesa - se queda mudo e não dá cavaco aos indígenas; mesmo quando é solicitado instantemente para que desperte do sono pesado em que parece estar mergulhado e se abstenha das retóricas fantasias com que, de vez em quando, brinda os seus devotos seguidores e os fanáticos adoradores do fantasmagórico cavaquismo de tristes recordações e de nefastas consequências para o povo português.
Vem a propósito assinalar que sua excelência o venerando Chefe do Estado, Cavaco Silva, voltou ontem a repetir que não aceita pressões no sentido de debelar a tremenda crise que avassala Portugal e atormenta os portugueses.
À primeira impressão, alguns portugueses (sobretudo aqueles que se encontram instalados no território cavaquistão) até poderiam julgar que estavam perante um super-homem ou mais apropriadamente, face a uma superexcelência de Chefe do Estado.
Todavia, pela nossa parte, mais propensos a termo-nos com os pés bem assentes no chão pátrio, diremos que o venerando Chefe do Estado, Cavaco Silva, “não aceita pressões venham elas de onde vierem”, por três ordens de razões:

A primeira razão, porque está paralisado, refém de si mesmo, devido a um muito seu bloqueio mental e a uma indesmentível, prestigiada(...), inanidade funcional, que decorre da peculiar circunstância de nunca se enganar e jamais ter dúvidas quanto a si próprio e a tudo quanto o rodeia. E sendo assim configurada a figura presidencial não há que fazer alguma coisa que, eventualmente, pudesse pôr em cheque o estatuto de pessoa infalível. Nada melhor que, não arriscando patavina, estar quieto, acomodado, silencioso e ocupar o tempo despreocupadamente à janela do palácio presidencial a ver passar os comboios da linha do Estoril, a viajar gostosamente pelo país e pelo estrangeiro, a visitar, regalado, fábricas de apetitosos chocolates ou de brinquedos para as inocentes criancinhas que muito se entusiasmam com as inspiradas observações chistosas do venerando Chefe do Estado logo que ele não esteja ocupado, muito senhor de si, a cortar as colorida fitas penduradas nas entradas das instalações fabris ou de outras instituições.
Por isto, atente-se nas lições - de sabedoria de bem viver e de melhor  se  adaptar  a  hábitos  e  a  folclóricas  tradições vindas dos tempos da outra prendada senhora finada a 25 de Abril de 1974 - que, quase diariamente, o venerando Chefe do Estado ministra proficientemente aos seus dilectos alunos, admiradoras, companheiros, amigos, compadres, servidores, correligionários e... ao Zé-Povinho. 
Amigo da onça», mas sage quanto baste às conveniências instaladas na democracia formal em curso de obscena exposição, o actual Chefe do Estado, é inteiramente merecedor do respeitoso tratamento de VENERANDO.
Sua excelência o venerando Chefe do Estado, Cavaco Silva - que  presta um inestimável serviço público de presença, pose,      decoração, ostentação e conformação palaciana enquanto ocupante da presidencial mansão de Belém, - dispensa uma altíssima veneração à sua augusta pessoa.
Tal estima, reveladora de inexcedível bondade, do venerando Chefe do Estado Cavaco Silva pela sua pessoal e alta envergadura física, psíquica e intelectual, se é um brilhante factor de alguns desequilíbrios funcionais na natureza naturada, também deslumbra e traz muito estupefactos os portugueses - o que, implicitamente, por elementar rejeição de acutilância ao seu amor-próprio, inviabiliza qualquer tipo de concordância e aceitação de sua excelência relativamente às pressões apresentadas por atrevidos indígenas que ousam interpelá-la com irreverência e algum abuso de confiança.
Uma confiança que, afinal, nem lhes terá sido concedida por tão  ilustre  personalidade da suprema hierarquia da república que temos em continuado mau uso e persistente descrédito.

A segunda razão, decorre do facto, amplamente demonstrado à passagem do tempo, de o nosso actual venerando Chefe do Estado, sofrer de miopia que o inibe de conhecer a realidade do país; à qual, se costuma chamar miopia política. Intui-se que sua excelência tenha aversão ao uso de óculos e à utilização de lentes de amplificar que proporcionem a melhor e correcta visão dos objectos, dos instrumentos e das paisagens: próxima e distante... Será uma precaução de sua excelência tendente a manter um confortável alheamento do estado da nação indígena...

A terceira razão está radicada no ego da presidencial figura cavacal. É por demais evidente que o dito valorizado imo de sua excelência está inteiramente ocupado com a altíssima pressão identificada com a sua ostensiva (provocatória) auto-suficiência. Nele, pequeno lugar muito íntimo e recatado, não resta espaço para a intromissão de pressões externas. Mais: o mesmo conserva a vantagem de servir de escudo protector às hipotéticas intromissões das famigeradas pressões.

Provavelmente derivado da conjugação das três  razões/condicionantes prevalecentes na rica personalidade do venerando Chefe do Estado, é um dado adquirido na sociedade portuguesa que, na criatura presidencial, sucede algo semelhante ao que aconteceu no tempo do Presidente do Conselho Marcelo Caetano com os carros da marca Toyota: «Vieram para ficar».
Pois que, igualmente, em sede da veneranda personalidade majestaticamente instalada no palácio de Belém e quando, por demoníaco acaso, as equívocas e abstrusas ideias acorrem descontroladamente à sua repousada cabeça e não menos privilegiada mente, ninguém tenha dúvidas que elas ficam irremediavelmente retidas nas suas faculdades de alma com o sublime estatuto de ideias fixas.
E ideias contempladas nessa enternecedora condição de fixas, de enaltecida pertença do venerando Chefe do Estado, Cavaco Silva, quando postas em confronto com a pungente realidade vigente, anteveja-se e tenha-se a perene certeza de que mesmo a acontecerem as mais devastadoras calamidades ao País e a depararem-se as pressões atinentes às desgraças nacionais; podemos todos, resignados e apalermados, dormir o sono dos justos, porque sua excelência de Cavaco Silva nem moverá uma palha para, acatando-as, enfrentar os dramáticos acontecimentos.
Tudo isto, exposto nesta crónica, se funda na identitária praxe do venerando Chefe do Estado, Cavaco Silva.
Ou seja: Os princípios e as certezas do venerando Chefe do Estado português são infalíveis tal como a infalibilidade do Papa...
Ao papado ainda o cidadão Aníbal Cavaco Silva não chegou. Mas entronizado no elevado altar da sua distinta veneração pessoal, ali está ele, em pessoa, altivo, emproado, pompeante, exposto na capelinha de Belém e, em imagem prazenteira, acolhido no grande templo de S. Bento, algures na alfacinha Lisboa (capital da região saloia de Portugal), com todo o circunstancial esplendor, sempre disponível ao culto dos seus fiéis e beneficiando das práticas litúrgicas e dos cânticos laudatórios do insigne pregador/cantor Passos Coelho, por sinal, invulgar excelência de Presidente do Conselho...
Fim