Ao
rigoroso inspector alemão, Joachim Gauck, o
bom aluno português, Cavaco Silva,
disse-lhe:
“Aprendemos a lição dos últimos anos”
E
acrescentou:
“Aprendemos
a lição dos últimos anos. O povo português teve um
comportamento extremamente responsável e queremos agora entrar numa
trajectória de crescimento económico e de criação de emprego, em
particular pensando nos nossos jovens
que tem tido alguma dificuldade no
acesso ao mercado de trabalho", afirmou o chefe de Estado
português.” (Sublinhados
de Brasilino Godinho) Texto
da Agência Lusa.
A
afirmação de Cavaco Silva (“Aprendemos a lição”),
acima reproduzida, é enigmática e de certa maneira condiz com o ar
sombrio que apresenta na fotografia aqui inserida.
A
“lição” se foi dos “últimos anos” não se
percebe como o tempo consumido proporcionou per se matéria de
estudo (ou de penalização); decerto, exclusivamente aprendida por
Cavaco Silva, pelos seus amigos e seguidores - visto que milhões de
portugueses não foram tidos e achados na apreensão e classificação
da mesma.
Todavia,
se por lapso de linguagem, Cavaco Silva queria referir-se a factos
ocorridos, comportamentos e procedimentos de entidades várias ou a
outras matérias, confrontamo-nos com indefinições que inviabilizam
o conhecimento e o alcance da referida “lição”; a qual,
ainda por cima, nem é delimitada no tempo da duração com que se
foi processando, aparentemente sem hiatos, mas anote-se: sem data de
início.
Qualquer
que seja a forma de encarar este imbróglio da “lição” que
Cavaco Silva atribuiu aos últimos anos, ressaltam dúvidas e
sobreleva a nossa perplexidade: os últimos anos detém lição
por serem simplesmente anos? Ou por serem anos últimos? É uma
descoberta de Cavaco Silva que nos atordoa e que não sabemos se é
de aplaudir ou de patear...
Depois,
as dúvidas são múltiplas:
Se
fosse possível os últimos anos serem, por si mesmos, a “lição”
de Cavaco Silva teríamos de nos interrogar qual será a lição
inerente aos outros anos não incluídos no espaço temporal
abrangido pelos anos últimos (quais?) da predilecção da figura
presidencial.
Por
outro lado, queria Cavaco Silva referir-se ao conhecimento que,
eventualmente, adquiriu com algum revés de fortuna? (aqui, neste
ponto, lembramos os desabafos sobre os seus diminutos(...)
vencimentos e de sua extremosa esposa).
E
por acaso, Cavaco Silva, estaria pensando numa qualquer unidade
temática?
Além
de que outras interrogações se colocam. Por exemplo: Se os anos não
têm substância intrínseca que proporcionem lições, então qual é
a “lição” e a respectiva matéria acolhidas nas
faculdades de alma de Cavaco Silva? Quiçá algum castigo? Severa
punição? Quem deu a “lição”? Que alma danada deu o
castigo? Quem ditou a sentença de punição?
Dada
a circunstância do presidente Cavaco Silva ter falado na presença
do seu homólogo alemão Joachim Gauck é de crer que a “lição”
tenha sido proporcionada pela sr.ª Angela Merkel, coadjuvada pelo
sr. Wolfgang Schauble.
Ainda
tendo em linha de conta o cenário em que ocorreu a intervenção
aqui em foco, que mais parecia uma sessão de inequívoco apuramento
da situação escolar do aluno face ao inspector interessado em
conhecer ao pormenor o desempenho do discente, seria interessante
saber-se qual a verdadeira avaliação da personalidade tutelar
Joachim Gauck... O inspector alemão teria ficado convencido da
bondade do aluno? Bem ciente de que ele aprendeu a “lição”?
Um
dado devemos reter como inequivocamente adquirido: Foi deprimente ver
um professor português a assumir-se como aluno que se esforça para
convencer o inspector estrangeiro da sua boa vontade em se creditar
como bom aluno seguidor da cartilha a que de bom grado se submeteu.
Em
todo o caso como portugueses devemos estar envergonhados com todo
este espectáculo de subserviência ao estrangeiro e com a pública,
oficial, demonstração de Estado e de Nação, colonizados e
tutelados pelos dirigentes germânicos. Também à mercê dos
senhores cinzentos de que falava o falecido Prof. Doutor António
Sousa Franco.
Um
reparo se torna necessário fazer ao presidente da República: do
grande drama nacional configurado nos milhares de jovens que não
conseguem trabalho e de outros tantos milhares que, sem condições
de vida em Portugal, são compelidos a emigrarem, o presidente Cavaco
Silva só tem a ligeira impressão que expressa deste modo
indiferente: “nossos jovens que têm tido alguma
dificuldade no acesso ao mercado de trabalho". (Em
reacção observamos: para o presidente da República a coisa nem tem
sido muito chata... só alguma dificuldade
– coisa sem importância...).
Porém,
é nossa imperiosa obrigação destacar as palavras “jovens
têm tido alguma
dificuldade”, isto
dito em contraposição ao que todos sabemos acerca das tremendas
dificuldades, grandes sofrimentos e muitas preocupações, que
atingem os jovens portugueses.
Fim
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