LEIAM
MARCELO... E PASMEM!
Brasilino
Godinho
Ontem,
à noite, no tempo de antena da TVI que lhe é dedicado, o Prof.
Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, teceu na parte final da sua
intervenção, algumas considerações sobre a ocorrência, em
Ermesinde, de
insultos no campo do socialismo caseiro, que me trouxeram à
lembrança as suas afirmações de 26 de Maio de 1995.
Mais
uma vez se comprovou que o Prof. Marcelo, decorridos dezanove anos,
não alterou hábitos. Pelo contrário, tem acentuado a negativa e
peculiar maneira de estar na montra da exposição pública. E porque
faz disso gala, com os inerentes proventos, sujeita-se que muitos
portugueses, enfastiados com as suas conversas para indígena
estupidificar, formulem e expressem juízos sobre os seus desempenhos
nos órgãos de comunicação social que, eventualmente, lhe causarão
algum incómodo. Estou integrado no grupo dos que não alinham na
sociedade do elogio mútuo a que parece estar associado o conhecido
comentador das televisões.
Pela
minha parte, prevalece o interesse público dos exercícios da
crítica e da formulação do contraditório; dos quais não abdico.
Isto
escrito, transcrevo do extinto semanário 'Tal & Qual', edição
de 26 de Maio de 1995, as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa,
prestadas ao redactor do referido jornal:
«Posso
provar que sou isento: nunca ninguém, mesmo da oposição, foi capaz
de dizer o que eu disse e repito: a incultura de Cavaco Silva,
política e não só, é abismal – e o seu triunfo foi o da
vulgaridade. Vejam lá se algum comentador teve a coragem de dizer
isto...»
Marcelo
Rebelo de Sousa,
«Tal &
Qual», 26/5/95
Se
acabou de ler esta pérola do pensamento do Prof. Marcelo, decerto
que está pasmado...
O
leitor repare nas quatro primeiras palavras da 'declaração' do
Prof. Marcelo. Conhecendo o personagem consegue lê-las sem se rir?
Eu, sempre que as leio, farto-me de rir. Não é para menos.
Aliás,
dada a faceta insinuante da expressão, permito-me sugerir que o
Prof. Marcelo Rebelo de Sousa edite cartões de visita onde conste
tal frase lapidar assim a modos de:
Marcelo
Rebelo de Sousa
Doutor em
Direito
Professor da Faculdade de
Direito – Universidade de Lisboa
(Posso provar
que sou isento)
arcRebelo
de Sou
Ao
tempo, a referência de Marcelo de Sousa sobre Cavaco Silva, com
alguma bonomia para com a cavacal criatura, poderia considerar-se
injuriosa. Mas o visado não reagiu, talvez por se sentir reconhecido
para com Marcelo.
É
que o leitor talvez não saiba: tempos antes, no congresso do PSD,
realizado na Figueira da Foz, fora, precisamente Marcelo Rebelo de
Sousa quem mais manobrou nos bastidores para Cavaco Silva, o tal
cidadão da “incultura política e não só”, ser eleito
chefe do Partido Social-Democrata. Estas incoerências fazem parte do
correspondente e elucidativo acervo marcelista.
Quanto
a «Vejam
lá se algum comentador teve a coragem de dizer isto...», digo,
simplesmente, que com a idade de oitenta e três primaveras, não me
lembro de nenhum comentador que tão repetidamente se tenha
desmentido a si próprio e sido incoerente como o conhecido Prof.
Marcelo.
Marcelo
Rebelo de Sousa sendo um Mestre de Direito é também mestre de
reconhecidos predicados nas disciplinas da Incoerência e da Censura.
Resta-me
informar os meus leitores que costumo acompanhar as intervenções de
Marcelo Rebelo de Sousa nas televisões. Tenho aprendido muito ao
ouvi-lo e a observá-lo. Não com o propósito de me tornar seu
companheiro de dislates ou seu discípulo. Mas, sim, para apreender
todos os malabarismos, prestidigitações e subtilezas das linguagens
oral e gestual do famigerado “criador de factos políticos”,
grande mestre das artes mágicas de bem iludir e confundir a
opinião pública; com o propósito de ficar melhor habilitado para o
interpretar e não me deixar embalar pelo seu discurso falacioso
('homem prevenido, vale por dois').
Um
emblemático discurso de quem é um grande e reputado especialista em
matérias de incoerência e de ambiguidade, a que associa a condição
de detentor de inusitado património de bastantes recursos de
equívocos e duplos-sentidos de linguagem.
Creio
que se o italiano Nicolau Maquiavel ressuscitasse muito teria a
aprender com o português Marcelo Rebelo de Sousa. Provavelmente,
ficaria limitado a ser seu modesto discípulo. E lá se perdiam o
proveito e a glória da ressurreição…
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