Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, julho 08, 2014

A decisiva certeza:
Felipe VI amigo, Cavaco Silva está contigo...

A insólita novidade transmitida por Cavaco Silva:

Portugal tem carinho e simpatia para com a família real espanhola”



Visita oficial dos novos Reis de Espanha a Portugal (LUSA)
FOTOGALERIA

Em visita muito rápida tivemos, na p.p. segunda-feira, dia 07/7/2014, em Lisboa, o novo Rei FelipeVI de Espanha e a sua esposa Rainha Letícia.
Foi tempo suficiente para mais uns brilharetes do presidente Cavaco Silva...
Primeiro facto a registar é que o nosso presidente virou historiador de Espanha.
Com a particularidade interessante de ofertar à Espanha um registo que vai ficar indelevelmente gravado nos anais da monarquia espanhola.
Muito compenetrado e fazendo jus ao seu dom de nunca se enganar, Cavaco Silva disse a Felipe VI que: «A proclamação de vossa majestade como rei é um momento determinante para o seu país e constitui uma renovação geracional que marcará certamente a história de Espanha» (por se tratar de um Felipe, até se estranha que embalado pelo entusiasmo e pela pompa do cerimonial, não tivesse associado a evocação dos reinados dos Filipes I, II e III, de Portugal...).
Para sua majestade Felipe VI deve ter sido gratificante ter vindo a Lisboa para ouvir esta tirada, dando-lhe a entender algo de que talvez ainda não se tivesse apercebido. Depois, Felipe VI terá ficado sensibilizado com aquele tom peremptório do presidente português; por demais acentuado com o determinante certamente”, assim afastando em absoluto quaisquer dúvidas que pudessem surgir a espíritos menos esclarecidos.
Mais de realçar na grandiloquente tirada de Cavaco Silva é que ela se constitui como um registo histórico que um português deixa consignado na própria História de Espanha – e nesta proeza leva a dianteira a historiadores do país vizinho.
Aliás, como se isto fosse coisa de pouca monta, Cavaco Silva ainda louvou a renovação geracional que representa para a Espanha a recente proclamação de Felipe VI como rei”. Aqui, neste ponto, também a recordar aos espanhóis a importância do facto – não fossem eles uns ingratos que se alheassem da transcendência do mesmo.
Mas apesar destes sucessos mediáticos, presidente Cavaco Silva, tal como vai sendo hábito, meteu o pé na poça por duas vezes:
- A primeira vez quando afirmou que Portugal tem carinho e simpatia para com a família real espanhola.
Trata-se de uma afirmação destituída de sentido da realidade. Que esses sentimentos estejam bem radicados na recíproca amizade de longa data (desde os tempos da juventude passados em Cascais) entre Francisco Pinto Balsemão e o ex-rei Juan Carlos e sejam acolhidos no íntimo de Cavaco Silva, no espírito de sua sereníssima esposa, D. Maria, nas cândidas almas das tias da linha dos Estoris, das costureirinhas da Sé e de quantas senhoras, senhorinhas e senhoritas, muito dadas às leituras das revistas cor-de-rosa, é de admitir sem grande esforço de apreensão das preferências de tais admiradores(as) das realezas: sejam elas espanhola, de outras nacionalidades, de beleza, de campeonatos de danças ou de simples concursos de vestidos de chita.
Porém, dessas pessoais evidências sentimentais, bem focadas em restritos sectores da sociedade portuguesa, não se pode inferir que tenham correspondência generalidade na população.
Além de que é extremamente inexpressiva a atruibuição a Portugal de tais devoções a um regime monárquico, ainda por cima estrangeiro. Ainda que isso tivesse relação lógica seria inadmissível; qual abuso de confiança e mesmo exorbitação das funções representativas, que Cavaco Silva se permitisse colocar Portugal nessa posição de reverência perante o Rei de Espanha.
E ainda que se pretendesse envolver os portugueses, igualmente seria um descabido e abusivo expediente de generalização de sentimentos que nem são compartilhados pela maioria dos cidadãos de Portugal.
- A segunda vez, quando considerou que a visita das majestades traz uma renovada confirmação da firmeza e profundidade das relações entre Portugal e Espanha, vizinhos e amigos, que conhecem hoje um relacionamento que se exprime no quadro de uma cooperação bilateral que nunca foi tão vasta e intensa”.
Este é um discurso vazio e sem contextura no quadro do relacionamento entre Portugal e Espanha.
Formulemos as interrogações:
- Renovada confirmação da firmeza e profundidade das relações entre Portugal e Espanha, vizinhos e amigos? Que firmeza? Qual profundidade? Vizinhos e amigos? Com que grau e manifestações de amizade?
- Que conhecem hoje um relacionamento que se exprime no quadro de uma cooperação bilateral que nunca foi tão vasta e intensa? Que relacionamento e que colaboração bilateral? Que nunca foi tão vasta e intensa? Esta, de tão vasta e intensa”, dava vontade de rir a bandeiras despregadas, se nos esquecêssemos de alguns aspectos desagradáveis e muito preocupantes que complicam o relacionamento entre as duas nações ibéricas.
E a todas as antecedentes interrogações se justapõem, pelo menos, três situações que desmentem o idílico quadro das relações bilaterais, desenhado pela imaginação de Cavaco Silva.
Ei-las:
- Primeira situação - À cabeça, a questão da devolução de Olivença à soberania de Portugal a que a Espanha está obrigada desde 1815, por deliberação do Congresso de Viena; a qual, confirmou por diploma subscrito em 1817, através do qual a Espanha reconheceu Olivença como território de Portugal. E, em jeito de comparação, vale a pena relembrar quanto a Espanha se tem empenhado na devolução de Gibraltar, por parte da Grã-Bretanha, à sua posse. Uma atitude dúbia da Espanha que reivindica aquilo que nega a Portugal: o inalienável direito ao património territorial .
- Segunda situação - O problema dos transvases de rios ibéricos, em Espanha, que causarão diminuições dos caudais em território português, com nefastas consequências ambientais.
- Terceira situação - A construção de centrais nucleares estratégica e acintosamente localizadas junto à fronteira portuguesa. Um perigo de morte para populações ribeirinhas de Portugal. Uma latente e bastante agressiva ameaça ao meio ambiente português.
Portanto e sem mais considerações que seriam pertinentes, fica assinalado o tom subserviente e acomodatício do presidente da República Portuguesa.
O que não serviu os superiores interesses de Portugal e das suas gentes. Pelo contrário, mais seriamente os mesmos ficaram comprometidos.
De modo que, ao arrepio das eufóricas celebrações oficiais, continuamos cada vez mais desgovernados, bastante desprotegidos, mui humilhados e, sobremodo, ofendidos na nossa dignidade...
Fim