Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, outubro 28, 2008

Ao compasso do tempo…

SUPOSTO QUE… TIVESSEM RECATO

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

E não só. Também que as criaturas sentissem a obrigação de bem exercerem as funções de que estão investidas. Porém, não se verifica a vergonha. Tão-pouco o cumprimento do dever. Jamais o respeito pela Ética.

Estamos apontando o dedo aos governantes (da III República) e aos ilustres residentes do Palácio de S. Bento, comodamente instalados à mesa do Orçamento. Esta situação constitui um embuste que deturpa e viola os princípios emblemáticos da Democracia e os valores que distinguem a República. Evidencia desperdícios de tempos irrecuperáveis na prossecução do bem-estar colectivo da sociedade e o esbanjamento de verbas do Erário, tão necessárias para a satisfação das necessidades básicas dos portugueses. Daí o agravamento das condições de vida dos cidadãos das classes mais desprotegidas.

Claro que as instituições ligadas ao grande capital, os membros das classes possidentes e os fraternos irmãos dos clãs que, efectivamente, detêm o poder em Portugal não sentem o agravamento da situação que colocou Portugal no rol dos países mais pobres da Europa. De semelhante e confortável posição de desfrute dos bens materiais e dos privilégios decorrentes das posições de mando, de segurança e estabilidade de vida, também os políticos dispõem e dessas vantagens colhem apetecíveis proventos e vãos louros de glórias efémeras.

Aqui, sucintamente esboçado um quadro onde se contrastam a exuberância dos excessos de meios, dos obscenos exibicionismos, das dissolutas vaidades e desregramentos morais e éticos, na bem cultivada “Quinta Lusitana” dos dominadores e aqueloutros insaciáveis usufrutuários; enquanto no desfigurado campo posto em pousio, por míngua de recursos materiais, sobressai a desolação e o abandono.

Posta esta introdução e porque nela enquadrável, anotamos que os dirigentes a quem cabe a governação do país que somos deveriam ter consciência das responsabilidades inerentes aos cargos e do dever de dar bons exemplos de conduta cívica aos cidadãos.

Na actualidade, de profunda crise em Portugal, não se admite que se exijam sacrifícios a milhões de portugueses e deles não haja repartição pelos que vivem na ostentação, acumulando chorudos vencimentos, avultadas pensões e avantajadas benesses, no total desprezo pelas precárias condições de vida dos seus compatriotas.

Igualmente, não se admite que o chefe do governo, ministros, altos funcionários e seus respectivos séquitos, estejam todos os dias a viajar por todo o território e pelo estrangeiro, consumindo rios de dinheiro com os transportes e ajudas de custo. Pior, ainda, quando se envolvem nessas andanças durante o horário normal dos serviços oficiais, ocupados em actividades particulares ou de índole partidária.

A propósito: o cidadão José Sócrates, na semana transacta, esteve em Aveiro participando nas jornadas parlamentares do Partido Socialista. Provavelmente isentou-se do cumprimento de horário de trabalho. Mas efectuou a viagem a título particular, na qualidade de militante do PS, em tempo coincidente com o horário das repartições públicas. Ora este aspecto é relevante. Porquanto um alto dirigente governamental deveria ter a preocupação de não confundir ou integrar actividades oficiais e partidárias. Os contribuintes estão a pagar umas e outras. Será que os ministros e os altos dignitários do regime persistem nas indevidas cobranças de ajudas de custo e subsídios de marcha; como faziam, há poucos anos, alguns deputados de fina têmpera(…) nas suas deslocações particulares pelo país e naquelas fantasiosas viagens aos mais variados lugares da estranja (acentue-se: sem saírem de Lisboa).

Estamos de acordo com muita gente que pensa haver necessidade de se fiscalizarem melhor os gastos dos dirigentes que nos caíram na rifa da má sorte e que tão aplicadamente vêm desgovernando a Nação, desorientando os cidadãos, sacrificando os indígenas das classes mais modestas e explorando a boa fé do Zé-Povinho.

Tudo “embrulhado” num invólucro de cinismo e de hipocrisia. Com largos sorrisos e muito paleio à mistura… Para convencer tolos… E ludibriar patetas alegres…

quarta-feira, outubro 22, 2008

Ao compasso do tempo…

MUI INTERESSANTE… O MINISTRO VAI AUMENTAR “REALMENTE” E A SUA POLÍTICA SERÁ “PÚBLICA”.

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Em crónica anterior referimos que o ministro da Administração Interna falhara no combate à criminalidade. E que a Oposição convergia nesta apreciação negativa do governante que superintende nas polícias. Alguns oposicionistas foram mais longe e pediram a demissão de Rui Pereira.

Porém, a nosso ver, a exigência de demissão do ministro que tutela as polícias traduziu-se num expediente folclórico, ridículo e completamente desfasado da situação e da objectividade inerente à função que lhe foi confiada.

É que, verdadeiramente, agora o designado Ministério da Administração Interna é, simplesmente, uma “Unidade de Missão da Administração Interna”, dirigida por um “chefe de Missão”, rotulado de ministro, que terá sido incumbido pela hierarquia da potência (ou obediência a que o dirigente está adstrito) de executar, no seio do Governo, certas tarefas para as quais terá especialíssima “queda”. Aliás, para bem nos socorrermos de meios de avaliação quanto a esta melindrosa vertente governativa, será bom ter presente que o mesmo cidadão chefiou a outra “Unidade de Missão” que elaborou os novos “Código Civil” e “Código de Processo Civil” com os desastrosos resultados que se vão conhecendo. E mais: o mesmo “obreiro”, precedendo a actual missão, fora destacado para o “Tribunal Constitucional” e, segundo foi oportunamente anunciado, com a esquisita “missão”, qual certeza, de ano e meio depois chegar a presidente do mesmo órgão jurisdicional.

Enquanto se mantiver a “Unidade de Missão da Administração Interna” não é credível que o respectivo chefe seja afastado por quem o destacou. Só por ignorância, desconhecimento do esquema montado ou descabida inveja de quem lhe queira suceder, é que alguém se atreverá a pedir o seu afastamento. Aliás, pedido improcedente porque sempre negado pela “entidade” do mais elevado grau com voto na matéria; por sinal, demasiado reservada e muito “discreta”

De coisa certa, nada se sabe. Só permanecem dúvidas. Quais? Na actualidade, as que têm a ver com a natureza, a profundidade, os meios, os expedientes, as matérias de facto e o alcance da programada “missão” do conhecido “obreiro” (vocacionado e perene chefe de “unidades de missão”) na “Unidade de Missão da Administração Interna”?

Todavia, algo de serôdios frutos, similares a peras apodridas e de sabor amargo, entretanto colhidos, já sabemos através das palavras da criatura, que corporiza planta frutescente, transplantada para a área do pomar da Administração Interna. Ela disse que: “Vai aumentar realmente o Orçamento para as forças de segurança, garantindo que essa subida vai cobrir as despesas correntes e investimento” (sublinhados nossos).

Trocando a “conversa” por miúdos significa que o chefe de missão, colocado na Administração Interna, tem feito aumentos que, “realmente”, não são… reais. Ou seja: simplesmente virtuais ou fantasiosos. Ao ouvirmos aquelas afirmações lembrámo-nos do presidente da direcção de uma filarmónica ribatejana que um dia, ao iniciar uma declaração à Assembleia-Geral da sociedade recreativa e musical, em tom solene, declarou: “Minhas senhoras, meus senhores, eu vejo aqui sócios que não são sócios e estão sentados e sócios que sendo mesmo sócios estão em pé. Não está certo!”. Extrapolando e pondo a tónica na intervenção do chefe de missão em causa também fica a ideia da situação insólita, da inconveniência da fala e que quanto a aumentos no seu mandato foi um ar que lhes deu sumiço

Também se anote que são desconhecidas as garantias de que a “subida” vai cobrir as despesas correntes e o investimento. Qual investimento? Como serão cobertas as despesas não correntes? E a “subida” não irá desnudar em vez de “cobrir”? Quem acredita nos políticos que temos na berlinda?

Mas, o chefe de missão, ainda acrescentou que a política que vai desenvolver será pública. É uma afirmação que surpreende o observador atento, apesar de não espantar a malta crédula, inocente e… colocada a leste do paraíso.

Em primeira apreciação: a surpresa porque aponta para uma pequena, duvidosa, alteração nos costumes dos governantes. Em segunda apreciação: denuncia a realidade da política que tem sido seguida - a de ser particular e… reservada. Logo – e como a lógica tem base, contrapeso e medida – depreende-se que o chefe de missão destacado em serviço na “Unidade de Missão da Administração Interna”, oficialmente, designada de Ministério da Administração Interna, se limita a praticar os hábitos de secretismo da Ordem Iniciática a que um dia jurou fidelidade absoluta. Assim, inevitavelmente conseguida a prévia aprovação do expediente agora adoptado, por parte da autoridade da potência, garantido está o futuro de tão brilhante servidor da Franco-Maçonaria. Quanto à malta confirma-se a sua indiferença e que nem se apercebe das subtis jogadas de bastidores dos que se arrogam a soberba do presumido estatuto da sabedoria e o exclusivo das benevolentes atenções do “Grande Arquitecto do Universo”.

E, no entanto, gente desta laia situada no centro de Poder, à escala mundial, localizado nos Estados Unidos da América, detentora do capital, agindo como cavalo selvagem que toma o freio nos dentes, lançou-se sofregamente em grandes aventuras de negociatas, de fraudes, de esbanjamentos de ordenados e mordomias, à mistura com manobras tendentes a rapidamente ampliarem o domínio que detinham na economia global e nas políticas dos Estados. E de forma tão audaciosa, irresponsável e desvairada, se desempenhou da tarefa que deu azo à enorme crise que a nação norte-americana e o mundo enfrentam actualmente.

Assim confirmado, da forma mais dramática, que o grande poder oculto do capitalismo selvagem e da Franco-Maçonaria, agindo a partir dos Estados Unidos da América, desgoverna o Mundo e provoca tremendos desequilíbrios que arrastam as nações para a ruína e o sofrimento.

Escrita a afirmação precedente, formulamos uma pertinente observação: Já repararam que os políticos, a “nata” dos jornalistas e comentadores portugueses e outros estrangeiros de renome internacional, falam só dos bancos, do Bush, da Reserva Federal dos Estados Unidos da América, do descalabro dos créditos mal parados na área do imobiliário, das faltas de regulação e fiscalização do sistema financeiro e nem uma palavra se ouve ou se vê escrita sobre quem, na sombra e longe dos holofotes, está dirigindo, efectivamente, o complexo processo de todos estes dramáticos acontecimentos que atingem o mundo ocidental? Aí temos firme, que nem uma rocha, um TABU! Provavelmente instalado sob a protecção e bênção do “Grande Arquitecto do Universo”… Também, o “grande” tabu que é uma cortina a encobrir o polvo maçónico que estende os seus tentáculos por muitos países, inclusive Portugal.

Enfim, para disfarçar, da parte de quem dispõe da força e da influência, terá sido dada a palavra de ordem: As populações que se fixem no acessório e se entretenham com as peripécias do espectáculo. Importa acompanhar o evoluir da situação com recurso à bem-soante “discrição” e à imprescindível habilidade que se quer exercida à grande, com o supremo objectivo de esconder a parte essencial da questão em jogo: sobre o caos, ora instalado, derivar para o fortalecimento do Poder à escala mundial.

Anotamos: Poder detido pelo ameaçador polvo; relativamente ao qual não se conhece a cabeça do monstro, embora haja notícias de inúmeros tentáculos e visibilidade de avantajado número de ventosas

Entretanto, os contribuintes da classe média e as populações carecidas que paguem a crise

terça-feira, outubro 14, 2008

“SARAIVADAS”

DO NOSSO DESENCANTO…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

01 - Antes que o leitor se interrogue sobre o que são as “SARAIVADAS”, nós temos a honra, o prazer e a vaidade, de anteciparmos a resposta elucidativa. Até porque a designação é da nossa inteira responsabilidade.

As “SARAIVADAS”, num sentido geral, são as peças escritas da autoria do conhecido arquitecto-jornalista José António Saraiva, que todas as semanas pousam no semanário “SOL”, de Lisboa, que o tem como director e um dos proprietários. Às vezes também são as falas da mesma personalidade articuladas no decurso de uma qualquer entrevista aos órgãos da comunicação social. E porque as “conversas” de Saraiva (sobrinho do distinto José Hermano Saraiva, consagrado apresentador de programas culturais da Televisão) têm características próprias e reflectem os pensamentos da “maior cabeça pensante de Portugal”, entendemos não perder pitada dos aromas embriagadores que as perfumam (que o digam os pares amorosos que, recentemente, deles recolheram os eflúvios e logo obtiveram efeitos imediatos na concretização do nó conjugal…). Mais consideramos ser interessante e bastante conveniente para o “desenvolvimento sustentado” da irreflexão e da estupidez natural dos indígenas mais susceptíveis e menos aplicados, quer nas leituras, quer nas práticas de higiene mental, dar a conhecê-las (as sobreditas preciosidades linguísticas) ao maior número de portugueses, acompanhadas de opiniões e críticas que possam ajudar a bem discernir as complexas e intricadas produções jornalísticas e literárias de alguém muito importante que está, permanentemente, em reserva para a atribuição do Prémio Nobel da Literatura. Dessa hipotética atribuição, Saraiva se reserva a prerrogativa de admitir que são favas contadas. Permitam-nos o seguinte apontamento: Esta anotação é relevante. Aqui a deixamos com base na informação que o próprio, generosamente, trouxe ao conhecimento do público de Lisboa e dos arredores paisagísticos envolventes. Arredores, constituintes da Província que nas zonas saloias de Lisboa é considerada analfabeta, parasitária e campo mal-amanhado de subdesenvolvimento cultural. Acentue-se: Província que é muito desprezada e malvista na grande metrópole e, sobremodo, enfada os “inteligentes” fiéis das “capelinhas” dispersas pelas avenidas novas da alfacinha cidade…

02 - Há dias, Saraiva voltou a sair da casca com um artigo que deixou a malta atordoada.

Sobre o seu conteúdo nos debruçamos com elegante vénia e a devida pertinência.

Pois entretenham-se a ler com atenção. Vale a pena.

Ainda assim:

- se estão predispostos a usufruir o prazer da leitura dos textos de José António Saraiva;

- se jovens enamorados, simplórios e atrevidos, tendem a aproveitar os incentivos da escrita de Saraiva que, bem lida e melhor “digerida”, num ápice, os leva a darem o nó casamenteiro - singular efeito apurado em “descoberta” recentíssima do próprio milagreiro lisboeta (está na forja e na pessoa de Saraiva um émulo de Santo António para as celebrações nupciais, sob o abrigo do astro SOL, durante as festas de Junho do calendário festivaleiro de Lisboa);

- se dispostos a ocupar tempo na decifração de uma charada… que o festejado charadista nos trouxe inserida na crónica “O pior vendedor do mundo”.

Relaxem. Tomem fôlego. E lancem-se na extraordinária aventura de acederem a um “mundo” preenchido de sensacionais “descobertas”, insólitas confusões e enrodilhadas análises, do respeitável cidadão Saraiva. Por algum desígnio da Providência, lhe coube a honra, a glória e os proveitos, de nele se contemplar “a maior cabeça pensante de Portugal” - dele veio, em tempo oportuno, a notícia de tão excepcional atributo, em jeito de proclamação.

Que Deus vos proteja do brilho radiante e avassalador a que vão estar expostos… Mais ainda: que ELE vos dê ânimo para levardes a odisseia até ao fim…

03 - Saraiva radiante, confessa que sente prazer em ser enganado…

E “paralisado” não atina: Foi vendedor homem – o pior do mundo - que encontrei. “Não digo qual para não lhe estragar a vida. Por sinal uma mulher, embora ela o merecesse”…

04 - Quem como nós acompanha a carreira jornalística de José António Saraiva desde o primeiro número do “Expresso” em que o seu nome passou a figurar no cabeçalho como director, certamente que há muito tempo se terá dado conta da peculiar faceta da credulidade que distingue a sua multifacetada personalidade.

Aliás, o próprio tem-se empenhado em trazer a público relatos de episódios demonstrativos de incrível ingenuidade que chegam a causar perplexidade ao leitor desprevenido ou desconhecedor das actividades jornalísticas de Saraiva. De notar que correspondendo a todas as evidências e parafraseando a sua prosa ‘se pode dizer que Saraiva sente prazer em ser enganado’. Ele di-lo da seguinte maneira: “Em certos casos, quase se pode dizer que sentimos prazer em ser enganados”.

A esse ponto chegado o conhecido jornalista, temos que o pôr em sentido: Alto aí! Saraiva tenha dó de si e de nós. Que o cidadão José António Saraiva aprecie “enfiar o barrete” é predilecção ou faculdade de alma sua, para a qual não somos tidos nem achados. Mas não se exceda nas generalizações. Sobretudo, não inclua os leitores como participantes desse específico prazer.

Ademais, como explicita no seu texto:“antigamente, nas feiras”, frente aos fantásticos vendedores, “em miúdo, eu ficava paralisado a ouvi-los”. Pois é. Pelos vistos habituou-se mal aos lugares pouco recomendáveis, às nocivas circunstâncias e às perigosas influências dos refinados aldrabões. As consequências saltam à vista desarmada Ficou-lhe a crónica paralisia e a tendência para acreditar nos vendedores de banha da cobra e ainda hoje se queda a pensar com os seus botões sobre a classificação a dar às aldrabices de gente daquele tipo. E de tanto pensar resultou um assentimento invulgar agora dado à estampa: esses processos de vendas nem sendo ilegais, também não são fraudulentos. Isto é: Saraiva, contrariando a lógica, o bom senso e a semântica, considera não haver fraude onde existe o engano, o logro, a má-fé, o dolo, a burla, a astúcia, o embuste. Também assentimento estranho que nos deixa atónitos, atendendo ao facto de ser da autoria de um professor de jornalismo.

05 - Mas ainda não satisfeito consigo próprio, José António Saraiva traz a lume outra brilhante conclusão das suas cogitações: “Os grandes vendedores são aqueles que nos levam a pagar um dinheirão por coisas em que não temos qualquer interesse”. Ou seja: para o articulista Saraiva quanto mais mentiroso e desprezível for o vendedor e mais lorpa o comprador, maior grandeza terá o primeiro e grande regozijo sentirá o segundo. O que esta “saraivada” traduz? Simplesmente isto: o jornalista-arquitecto José António Saraiva confunde as coisas e com ligeireza impressionante faz a inversão dos valores em causa.

Depois, na mesma peça o autor, Saraiva, transmite a ideia que não distingue os géneros. O “pior vendedor do mundo”, supostamente encontrado por ele, ora é homem, ora é “por sinal uma mulher”, talvez com pêlo na venta e com a intrigante particularidade anotada pelo cronista Saraiva sob a reserva de “embora não o merecesse”. Questionamos: Por sinal? Qual? E onde estava o sinal? Se não fora o sinal ele continuava a ser ele e não ela? E ele ou ela não merecesse o quê? Que Saraiva dissesse qual, o homem? Mas se este era mulher, como entender a observação? O “pior vendedor do mundo”? Como assim? Em que bases assenta a afirmação do pior vendedor (aliás, seria vendedora)? Repare-se na imprudência de Saraiva em declarar publicamente que encontrou o “pior vendedor do mundo” - um mundo circunscrito a um estabelecimento de bairro lisbonense. Estes os dados de uma charada que, inserida no artigo “O pior vendedor do mundo”, vai concitar enormes esforços de decifração aos leitores que tiverem essa disposição e infinita paciência.

Aqui para nós - o que também transparece com a insistência de Saraiva em citar o ”pior vendedor do mundo” em vez de a pior vendedora do mundo - ele terá querido salientar a supremacia do género masculino e deste modo evidenciando a sua faceta machista e a relutância em falar no feminino.

Enfim, se nos é permitida uma opinião, diremos que a crónica “O pior vendedor do mundo” é uma peça estupenda que devia figurar num elucidativo capítulo designado pela seguinte expressão: “UM GENEROSO E VÁLIDO CONTRIBUTO PARA O ESTUDO DA BOA INCOMPREENSÃO, DA REGULAR CONFUSÃO E DA MELHOR INDEFINIÇÃO, NO USO DA LÍNGUA PORTUGUESA”, de uma moderna Antologia da Literatura Portuguesa

quarta-feira, outubro 01, 2008


Ao compasso do tempo…

NESTA ALTURA DO CAMPEONATO DISPUTADO NO CIRCO POLÍTICO…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

No mundo dito civilizado existem dois países que marcam posições cimeiras nos quadros da hipocrisia e do fingimento existentes, quer na governação, quer no campo sociopolítico. Em primeiro lugar os Estados Unidos da América. Segue-se Portugal. Uma grande nação e um pequeno estado. Nem é por acaso que isso acontece. Certamente que muito tem a ver com uma particularidade comum: ambos os países são regidos por sistemas políticos de matriz maçónica.

Os Estados Unidos da América constituem a maior potência maçónica da actualidade, enquanto Portugal, sendo um pequeno Estado-Nação, marca uma posição de relevo no conjunto dos países europeus e dos outros continentes pelo facto de estar totalmente subjugado às orientações da Franco-Maçonaria e da Opus Dei. Neste aspecto, as duas irmandades exibem perante o mundo uma triunfal bandeira de sucesso de implantação, domínio e influência. Com o pequeno senão: Aqui, em Portugal, as duas seitas estão obrigadas, pelos circunstancialismos peculiares de antropologia cultural, pelos interesses instalados que administram e pelas raízes ancestrais do predomínio da Igreja sobre a sociedade, a partilharem o poder e os mecanismos operacionais de influência, numa coexistência pautada por linguagens de punhos de renda e convergência de objectivos similares que não se querem prosseguidos, em simultâneo, com manifestações visíveis de rivalidades, de hostilidades e ocorrências de agitações e sobressaltos captáveis pela comunicação social e pela curiosidade dos profanos – o que, indubitavelmente, a verificarem-se uma coisa e outras, redundaria em prejuízos repartidos; sobremodo, afectando cada uma das secretas organizações na sua imagem de prestimosa instituição filantrópica com “grande” apego aos “bons costumes”, - imagem que ambas constantemente evocam a propósito e a despropósito de qualquer coisa. Sobretudo, tornada firme esta trivial cautela: há que salvar a aparência de uma salutar, profícua e mútua respeitabilidade pela posse dos respectivos territórios explorados – à semelhança do que fazem na vida selvagem os animais ferozes e, na “selva urbana”, os cães domésticos nas suas rotinas diárias de demarcação dos respectivos espaços territoriais.

Nesta altura do campeonato disputado no circo político em que está convertida a democracia portuguesa e quando se agrava o mau desempenho dos actores políticos com especial destaque para aqueles que se situam na área da governação do país, estamos confrontados com exuberantes manifestações do género do faz-de-conta; quais representações de medíocre teatro amador, recheadas de cenas, figurinos, adereços e termos, demasiado vulgares, ridículos e fastidiosos. Nelas, também, evidentes a intencional falta de congruência, a cínica distorção dos factos, o desvirtuamento da POLÍTICA, a clamorosa negação dos princípios democráticos e a descarada inversão da realidade. Uma realidade que dilacera o corpo do indígena e o submete dolorosamente a estados de alma depressivos e inquietantes.

Afinal, um “teatro” que permanece (aparentemente sem hipótese de redenção) e se exibe no dia-a-dia. O qual, caracterizado pelo fingimento e a marca do cinismo, se tornou insuportável para a esmagadora maioria da população portuguesa.

Se não fora o estabelecido e próspero círculo de abusadores impunes, de cúmplices, de mafiosos e de desavergonhados oportunistas, far-se-ia a interrogação: como é possível que os órgãos da comunicação social (jornais, revistas, rádios e televisões) nacionais estejam desatentos e não critiquem, repudiem e apontem o dedo para os causadores dos elevados danos que a manutenção de tão absurdo e nefasto “teatro” acarreta para os sectores mais desfavorecidos da nação portuguesa?

Mas dada a teia de obscuros privilégios, de grandes rendimentos, de excessivas mordomias, de malévolas cumplicidades – eles e elas, formando conjunto repartido por compadres e oportunistas, actuantes sob a supervisão de poderes ocultos - que está por aí entretecida, não é de estranhar a “cegueira” de quem devia ter os olhos bem abertos e agir em conformidade com o Bem Comum. Por outro lado, as populações mal informadas, desiludidas e, embora revoltadas, por se sentirem impotentes ou por egoísmo e acomodação a clientelas partidárias do tipo claques de futebol, remetem-se à apatia e à vã esperança de dias melhores que tardam em chegar – se é que alguma vez chegarão na vigência deste simulacro de Democracia e parecença de Estado de Direito.

Também não surpreendem os episódios que, de vez em quando, afloram; os quais, nem sendo inocentes, contribuem para embaraçar e iludir os cidadãos mais propensos a darem aceitação às patranhas contidas nas enganosas mensagens dos políticos que nos caíram na rifa da má sorte.

Entre os acontecimentos mais salientes dos últimos anos constam os que estão relacionados com o aumento da insegurança nas cidades mais importantes e a espiral da violência criminosa praticada por malfeitores e grupos de delinquentes fortemente armados. Durante algum (demasiado) tempo o governo socialista desleixou-se na prevenção da criminalidade e no combate aos criminosos. O ministro da Administração Interna mostrou-se incapaz de actuar com prontidão e eficácia. Assim tem sido afirmado pelos membros dos partidos da Oposição.

O facto em si, verdadeiro como é, aceita-se sem contestação.