Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, junho 30, 2015





Cavaco Silva fotografado quando estava alheado do mundo,
completamente absorvido no estudo da sua teoria matemática.
Depois, obtida a solução, apressou-se a divulgá-la ao público.

Brasilino Godinho

A referida teoria matemática concebida por Cavaco Silva é um achado fantástico do tipo ‘ovo de Colombo’. E o autor definiu-a, surpreendentemente, em poucas e muito singelas palavras, recorrendo à actualizada figuração mitológica grega – o que releva de, em Cavaco Silva, estar desperta uma consistente formação de cultura clássica de (imagine-se!) ambiência e figurações modernaças.

Retenha-se o ensinamento que está demonstrado na subtracção que terá sido difícil de concretizar. Ei-lo, chegado através da Internet e DN:
"Eu penso que o Euro não vai fracassar, é uma ilusão o que se diz. A zona do Euro são 19 países, eu espero que a Grécia não saia, mas se sair ficam 18 países" (nossos sublinhados).
Perspicaz a observação de Cavaco Silva, a lembrar as doutas e retumbantes palestras do seu antecessor almirante Américo Tomás: ele, Cavaco, pensa. E por que pensa, a ilusão desaparece. Como? Por encanto ou prestidigitação cavacal.
Simplesmente, não sendo ilusão é – repetimos - uma fantástica operação matemática. Definitivamente concludente e apontada para conveniente registo nos serviços da União Europeia.

O irradiante brilho do acontecimento teve hoje, dia 29 de Junho de 2015, o fulcro em Paços de Ferreira, enquanto decorria a quinta jornada do roteiro para uma Economia Dinâmica.

A ocasião foi bem escolhida. O presidente da República teve a feliz ideia de a uma intricada operação matemática contrapor a Dinâmica de uma Economia em roteiro (por acaso, desconhecido).
Matemática e Economia, dois campos da ciência, que costumam convergir em comuns pressupostos, resultados, aplicações. E, por vezes, coincidindo em objectivos e soluções que se complementam.

Deste acontecimento ressalta a consolação de saber-se que, quase por geração espontânea, terá despontado um novo Albert Einstein, português. E uma nova teoria da Relatividade. Esta, estabelecendo um importante nexo entre uma vulgar operação aritmética e a complexa relação de entrecruzamento entre zona euro, moeda única, Comissão Europeia, Banco Europeu e um estado: o grego.

Este anúncio da cavacal figura acaba por ser, também, um desfecho algo previsível, visto que decorrente do facto de que há muito tempo, em Portugal, nos vermos gregos. Embora não com os ditos mas com os cujos, que se acoitam em Lisboa, na ‘linha’ e arredores.

Embora saudando o sucesso imediato da descoberta de Cavaco Silva e não sendo especializado em matemática, permito-me apontar uma falha na interessante teoria aqui em causa.

A teoria tal como foi apresentada aponta para a conclusão de que se a Grécia sair da zona do euro ficam nela 18 países. Acredito nessa primorosa dedução do presidente Cavaco Silva. E vou mais longe e fundo: assinalo que é, até, a primeira vez que concordo com o encadeamento do seu pensamento; o qual, acho quase sempre ilógico e obtuso.

Porém, fico baralhado e dou contínuas voltas ao miolo para adivinhar qual seria a solução encontrada por Cavaco Silva se acaso a Grécia. por artes mágicas do espírito das trevas que paira sobre a destrambelhada Europa, não saísse da zona do Euro. Concretamente: não saindo a Grécia e dado que são agora 19 países, quantos países ficariam? É um problema complicado que Cavaco Silva se esqueceu de equacionar na elaboração da sua teoria. Daqui lhe chamamos a atenção para o inglório esquecimento. Com esperança de que sua excelência, brevemente, elucide a grei portuguesa sobre o que pensa em definitivo sobre esta transcendente e momentosa questão matemática.
Fim

segunda-feira, junho 29, 2015



“Governo dá 10 milhões a intermediário
das Privatizações da EDP e da REN.
Tribunal de Contas arrasa processo.”


Ministros mostram-se contentes. Nada os aflige. Pudera!
Quem parte e reparte e para si não guarda a melhor parte ou é tolo ou não tem arte.
E artes medonhas têm-nas os actuais governantes, que até sobram para os compinchas...

Breve apontamento de Brasilino Godinho

Aquele é o título de primeira página do Correio da Manhã, edição de hoje, dia 29 de Junho de 2015.

Moral a extrair desta indecente história:
O governo corta vencimentos, pensões e subsídios, agrava as condições de vida da maioria da população e arrasta para a miséria, fome (e, nalguns casos para a morte por suicídio e por falta de meios de subsistência ou de tratamento de doença) milhões de pessoas, segundo a orientação apontada à pobreza dos portugueses não incluídos no rol dos banqueiros, dos poderosos e dos políticos do arco do Poder, enunciada por Passos Coelho logo após ter tomado posse do cargo que, actualmente, o caracteriza de irresponsável maior da desgovernação em curso; para quê?
Para esbanjar esses extorquidos dinheiros e os poucos recursos do país nestas perniciosas negociatas. Para atribuir proventos milionários a alguns oportunistas. Para vender as empresas (ainda há dias: a TAP) por quantias irrisórias.
E assim prosseguir, também por estas obscuras vias, a destruição do País.
Aos actuais governantes fazer isso não lhes custa. As empresas e os dinheiros do Erário não são deles. As desgraças alheias não lhes afectam as vidas regaladas que, acintosamente, exibem na praça pública. 

A dúvida:
O Tribunal de Contas fica-se, simplesmente, pelo ‘arrasar’?
Não se extraem consequências por forma a penalizar criminalmente os responsáveis pela má aplicação dos dinheiros dos contribuintes e de milhares de milhares de cidadãos que foram espoliados dos seus parcos rendimentos?
Não seria altura ou nem haverá forma de pôr essa gente sem escrúpulos, sem princípios morais, sem classe, a viver durante 6 meses com um único rendimento: o ordenado mínimo nacional? E sem utilização dos automóveis e de outras mordomias do Estado. Também, sem permissão de tomarem as refeições, por preços insignificantes, nos restaurantes de luxo da Assembleia da República.
Isto, ainda seria pouco para aprenderem o que custa a vida a cada um dos milhões de desgraçados cidadãos portugueses.

A pergunta angustiada: Até quando vai o povo sofrido, desprezado, violentado, aguentar o desaforo, a arrogância e as agressões do clã que tomou conta da ‘QUINTA LUSITANA’ em que está transformado Portugal?

sábado, junho 27, 2015



Muito consideradas e atentas leitoras,
Mui caros e atentos leitores
Juntamos uma crónica de relevante teor sociocultural, incluso na actual conjuntura nacional.
A Bem da Nação desejaríamos que as leitoras e os leitores se dessem conta de que o povo não se sacrificou. Os cidadãos são livres nas suas opções de vida. Não se sacrificam a mando do governo.
O povo, sim, foi  e continua sendo agredido e violentado pelo governo. Ou seja: forçado, coagido, obrigado, constrangido, humilhado, escarnecido e chantageado pelo governo. Nas últimas linhas da nossa crónica aprofundamos a explicação.
Com os protestos do maior apreço e os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho

Ruy de Carvalho, acordou?
Não, estremunhou!


 

Ruy de Carvalho, contemplando-se, embevecido, no esplendor dos galardões atribuídos por mercê da poderosa família cavacal que administra, mal e porcamente, a ‘Quinta Lusitana’

Brasilino Godinho

01. Ruy de Carvalho é um grande actor. De longa carreira progressiva em ascendente sucesso.
A seguir à Revolução de 25 de Abril de 1974, passou a acompanhar com algum fervor, tipo futebolístico, a equipa cavaquista que, em dada altura, ocupou extensivamente o campo político. E ao compasso do tempo foi-se deixando afectar por uma patologia oftalmológica que lhe cerceava a visão das coisas e loisas mais obscuras dispersas no alaranjado espaço governamental, associada a um estado de torpor decorrente de uma crónica sonolência que dir-se-ia ser própria de alguém que está ‘dormindo na forma’. Em Ruy de Carvalho tem sido manifestada uma irregularidade mais complicada pois que, pela natureza da sua própria circunstância, dá azo a que ele permaneça distraído e alheio ao espectáculo que se desenrola mesmo à frente do seu nariz ou ao seu lado direito (não por ele atendível na ala esquerda por, decorrência de incómodas condicionantes de morfologia interna, lhe ser impossível virar-se nessa direcção…). Se casos idênticos de mórbida sonolência passados com qualquer indígena são tristes, tratando-se de um credenciado actor é bastante penoso e deveras lamentável.

02. Actualmente circula pela Internet uma carta aberta de Ruy de Carvalho, dirigida aos “Senhores Ministros” que alguém inseriu sob o título; «Ruy de Carvalho, acordou!» Acrescentando: «Esta carta revela um grande HOMEM.» Nós afirmamos: Nem uma coisa, nem a outra. Porquanto, ele, estremunhou! E a carta revela um sujeito ressabiado, vulgar pequeno homem de espírito mesquinho, metido de permeio no corpo e faculdades de alma de um grande actor de teatro. A seguir, faremos as inerentes demonstrações.

03. Ao depararmos com tal introdução bajuladora de Ruy de Carvalho, assim tão apressadamente posto nos píncaros da lua, é de elementar obrigação cívica reflectirmos sobre o insólito caso.
E, desde logo, contrapormos: Ruy de Carvalho acordou? Não! Estremunhou!
Se podemos todos estar de acordo que Ruy de Carvalho tem dormido bastante, havemos de admitir que algo o acordou de súbito e incompletamente. Ainda meio entontecido com o sono que não o larga em alternância de oportunidade de lhe refrescar as ideias, pegou na caneta e escreveu uma carta aberta: não a um, mas a vários e indeterminados ministros, esquecendo-se do primeiro – e mais responsável - entre eles (Passos Coelho), de quem teria sido mandatário para os idosos (sorte azarada: para os idosos) em eleições não muito distanciadas no tempo.

04. A carta aberta de Ruy de Carvalho foi motivada pelo facto do Fisco lhe ter dirigido um ofício a comunicar-lhe que «já não é “artista” e passou a ser apenas “prestador de serviços”, deixando de ter direitos conexos e de propriedade intelectual.»
Isto e nada mais que isto.
Se tal facto desgostoso não acontecera e conhecendo o andamento da carruagem do comboio que a Ruy de Carvalho tem servido de cómodo, utilitário, proveitoso e agraciado transporte nos rumos prosseguidos pelos governantes do PSD, diremos aqui e agora que ainda hoje o veríamos a apoiar essa gente que tão desastradamente tem mal governado Portugal. Esta iniciativa da carta aberta é um acto menor de – repetimos - indivíduo ressabiado. Que o desacredita. Deprecia. Façamos a síntese apropriada: desautoriza o seu autor.
05. Na carta dirigida aos “Senhores Ministros”, Ruy de Carvalho começa por dizer que tem 86 anos e a pôr a modéstia à parte. Mais acrescentando que representou o seu país em todos os palcos, portugueses e estrangeiros.
O início do texto é bem demonstrativo do tom da extensa exposição que se segue à introdução que referimos no precedente. Uma carta aberta que enferma de alguns equívocos, certamente justificados pela excitação provocada pelo sobressalto do autor e que a este deu pretexto de consumação do recado para os “Senhores Ministros”.
A nota da idade tem cabimento.
Já quanto a Ruy de Carvalho ter posto a modéstia de parte, ela até seria desnecessária; porquanto, festejado actor, contempla-se muito no seu qualificado exercício profissional e interroga-se: ”para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito? Nossas singelas observações: estranha-se que nunca lhe tenham pendurado sequer um colar ao pescoço e que anteveja (repare-se na expressão: quando me penduram) a continuação das penduradas ao peito. Sem dúvida que o fizeram (e talvez que continuem a fazer…) com seu regozijo. Agora se percebe que esses galardões foram acolhidos por Ruy de Carvalho como instrumentos que, futuramente, lhe proporcionariam estatuto de membro privilegiado do clã social-democrata em que se integra e para obtenção de quaisquer coisas ou regalias de que não dá referência ao público. Isto se infere da interrogação formulada por Ruy de Carvalho – o que é bastante elucidativo dos tráficos de influências e de parentescos partidários que prevalecem em Portugal.
Mais de notar que Ruy de Carvalho não se terá apercebido de que estava sendo assediado ou recompensado pela dedicação às figuras do núcleo cavaquista e ao partido PSD. Tão-pouco se lembrou do ditado: ‘Quando a esmola é grande o pobre desconfia.’ E Ruy de Carvalho: moita-carrasco! A sonolência crónica produz estes efeitos entorpecentes.
Mas quando Ruy de Carvalho diz ter representado o país há que fazer-lhe sentir que é demasiada presunção da sua parte. Representou (pôs em cena e actuou) sim, com elevada arte muitas e diversas peças de autores nacionais e estrangeiros (sem preconceito ou depreciação, por esse mérito, tiramos-lhe o chapéu, saudando-o). Jamais encarnando com ênfase na sua pessoa a pátria portuguesa. Há que distinguir os planos da arte teatral e da simbologia e identidade nacionais.
Outra interpretação errada: representou o país em todos os palcos, portugueses e estrangeiros. Em todos os palcos nacionais e do estrangeiro? Como tem essa certeza? Que exagero! Não lhe terão escapado muitos em Portugal? E em incomensurável número os existentes por esse mundo, além-fronteiras?
E nos palcos portugueses também estaria a representar Portugal face aos indígenas? Que mania das grandezas em pequena sede pessoal!

06. Outra desconformidade de Ruy de Carvalho: «Vivi a guerra de 38/45 com o mesmo cinto com que todos os portugueses apertaram as ilhargas.». Guerra de 38/45? Só se terá sido a do Raúl Solnado. E mesmo essa nem terá tido tão longa duração. A História tem registo diferente da versão de Ruy de Carvalho: a Segunda Grande Guerra, decorreu no período contado entre 1939 e 1945.
«Todos os portugueses apertaram as ilhargas com o mesmo cinto?» Aqui evidente um exemplo do desacerto das grandes generalizações. Sempre o termo “todos” repetido na citada peça escrita até à exaustão. E o exagero da faixa de couro. Igualmente a desconformidade do aperto das ilhargas. O cinto serve para apertar as calças. As ilhargas estão bem firmes nas suas posições acima da anca de qualquer criatura, seja homem ou mulher. E quanto às mulheres, naquele período de 1939 a 1945, limitavam-se a usar calcinhas e sem cinto…
O cinto, A enormíssima peça inconcebível para as mentes mais criativas que se possam imaginar. Aliás, naquela época milhares de portugueses usavam suspensórios e, claro, (como já referimos) não apertavam as ilhargas, por sinal, em muitos deles, bem esqueléticas.
Também, evidente que Ruy de Carvalho não viveu a guerra de 1939/1945. Não consta que tenha combatido nas frentes de combate ou suportado os ataques aéreos nos locais onde trabalhava e residia. Viu-a por um canudo, a partir do observatório de Lisboa. E a guerra não se estendeu a Portugal, embora lhe tenhamos sentido os terríveis efeitos.
07. Actor exímio, Ruy de Carvalho, não resistiu à tentação de fazer um melodrama; no qual concentra, num fantasioso cenário, o silêncio(?) do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República. A peça atinge o clímax quando o protagonista, Ruy de Carvalho, emerge a proclamar: «Tenho 86 anos, volto a dizer para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças.»
Deveras interessante esta composição dramática. Todavia, de textura surpreendente. A começar pelo suposto silêncio do chefe do governo. O que é dito em contraposição com a fama e mau proveito para a nação portuguesa, de Passos Coelho ser um incorrigível fala-barato. Bem observados os olhos baixos de Cavaco Silva; os quais, a este ser, patrono do Cavaquistão, causam confrangedora miopia e um descompassado e titubeante andar pela calada da noite sombria do seu reservado feudo - o conhecido Palácio de Belém.
08. Outro aspecto dual a realçar: a sorte de Ruy Carvalho ser incomodado pela “raiva miudinha de um Ministério das Finanças”. O que não lhe aconteceria se fosse incomodado pela raiva grossinha do assustador Ministério das Finanças, por demais municiado com todo um arsenal bélico muito destruidor para o comum dos indígenas? Provavelmente (e usando linguagem terra-a-terra) Ruy de Carvalho não se aguentaria nas canetas.
Por outro lado, Ruy de Carvalho teve o azar de não ter sido incomodado pela raiva miudinha da senhora ministra das Finanças. Decerto, que o aborrecimento seria mais suave. Talvez de agradável aceitação.    
09. Na carta Ruy de Carvalho barafusta e indigna-se pela forma como o governo trata a cultura e os artistas. Também dá a entender que é uma suprema heresia que a senhora Ministra das Finanças seja uma ignorante em Direitos Conexos – o que lamenta.
10. Quase a terminar Ruy de Carvalho, dirigindo-se aos “Senhores Ministros” escreve: «(...) o que mais me agride(…) É sobretudo o nojo pela forma como os seus serviços se dirigem aos contribuintes, tratando-os como criminosos, ou potenciais delinquentes(…)». Esta observação respeitante ao mal-afeiçoado nojo agredir Ruy Carvalho sem dó nem piedade, é um achado algo metafórico, que nos deixa perplexos pelo atrevimento da náusea (manipulada pelos serviços ministeriais) em praticar tão feia, violenta e condenável acção sobre a pessoa do ilustre actor. Dá vontade de gritar: Cadeia, já, para o malvado agressor Nojo. Some-te, bandido!
Ressalta do teor da carta aberta e do precedente trecho que Ruy de Carvalho tem a precaução de se dirigir aos indiferenciados “Senhores Ministros” e não ao maior responsável do governo (Passos Coelho) - nem uma única vez ousa interpelar este dirigente máximo da governação. Esta, é uma anotação que tem especial significado e releva de linear apreensão do sentido de afectividade pessoal e de harmonia ideológica de Ruy de Carvalho, relativamente ao grande chefe Passos Coelho e ao PSD.
11. De reter a impressão de que Ruy de Carvalho tem andado adormecido e distraído ao ponto de jamais ter reagido contra a desgovernação em curso e suas dramáticas consequências para a maioria da população.
Agora, tardiamente reage como um vulgar, pequeno homem, por ter sido beliscado nos seus interesses pessoais e da corporação teatral que integra. Todo o conteúdo protestativo da missiva de Ruy de Carvalho se concentra nas defesas do seu estatuto profissional e da classe teatral. Para ele os sofrimentos do povo e a campanha de destruição do país são dados factuais marginais, quiçá inexistentes. Na carta aberta aos “Senhores Ministros” estão ausentes referências explícitas sobre esse dramático quadro existencial da nação portuguesa.
A este ponto chegados importa assinalar que um grande HOMEM é coerente, isento nos seus juízos e, necessariamente, solidário com o povo, em quaisquer circunstâncias.
12. No último parágrafo da carta aberta Ruy de Carvalho anota: «(…)quando um povo se sacrifica pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito.» Uma pergunta, para Ruy de Carvalho: só quando, na sua opinião, o povo se sacrifica é que é digno de respeito? Deduzimos que nessa ligeira, primária e falaciosa avaliação radica a permanente falta de respeito do governo em relação ao povo.
Explicitando:
Tal como fazem muitos expeditos, fastidiosos, comentadores que gravitam na alaranjada galáxia governamental portuguesa, igualmente Ruy de Carvalho quis insinuar que o povo se vem sacrificando “pelo seu país”.

É preciso deixar bem claro esta verdade insofismável: o povo português não se tem sacrificado. Pelo contrário: Tem sido maltratado com requintes de violência, malvadez e desumanidade.
Os cidadãos não se sacrificam a mando do governo.
É um imperioso dever cívico que esta verdade seja assumida pela gente honesta deste país. E divulgada por todo o território nacional.

O povo, sim, tem sido explorado e agredido com violência pelo governo actual.
O governo vem agindo autoritariamente.
Por acinte: Ordena! Explora! Decreta! Impõe! Penaliza! Agride!
À atenção do leitor:
O sacrifício, sendo privação, renúncia, sofrimento, é sempre acto de opção voluntária do ser humano expressa num contexto de liberdade e de fruição dos direitos de cidadania ou de afirmação da qualidade de devoto.
É intolerável e indecente – diríamos, mesmo, criminosa - essa falácia dos sacrifícios do povo na presente conjuntura da repulsiva austeridade e na vigência da governação actual.

sexta-feira, junho 26, 2015



Paul Krugman
lança aos credores da Grécia duas perguntas:
“O que estão a fazer?” “Estão a gozar connosco?”

Brasilino Godinho


Cremos que Paul Krugman, Prémio Nobel de Economia no ano de 2008, Doutor Honoris Causa pelas três universidades públicas de Lisboa (Clássica, Técnica e Nova), é um Homem isento, sério e inequivocamente competente na sua especialidade.
Nos últimos anos tem vindo a chamar a atenção para a imperiosa necessidade de o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia reformularem as suas políticas por forma a restabelecer-se algum equilíbrio nas relações entre Estados e alcançar-se a recuperação da Economia à escala mundial. Ultimamente, as suas intervenções vão no sentido de apontar os erros das políticas neoliberais e monetaristas e, também, de denunciar as perniciosas consequências da excessiva austeridade que vem sendo imposta aos países da orla mediterrânica, com incidência maior na Grécia e em Portugal.
Quem acompanha com atenção os acontecimentos relacionados com a gravíssima crise europeia, cedo se deu conta da justeza das posições de Paul Krugman e quanto devastadora tem sido a austeridade nos países (Grécia, Portugal, Espanha, Itália) em que foi aplicada com a maior intensidade e extrema desumanidade.
Igualmente, quando ocorreram as eleições na Grécia e a consequente ascensão do Syriza ao Poder, qualquer observador atento e bem informado se apercebeu que o FMI e o directório europeu se iriam empenhar na queda do Syriza com recurso às mais variadas formas de bloqueio da sua acção governativa, de pressão económica, de asfixia financeira e de chantagem política.
É que na lógica dos poderes ocultos que detém os mercados a Grécia não poderia (nem pode) singrar. O seu êxito, arrastaria inexoravelmente o completo descrédito das intervenções da chamada troika, que se tem empenhado em propagandear que as suas políticas tiveram excelentes resultados em Portugal e Espanha - o que está em enorme contradição com o doloroso sentir dos povos submetidos ao terror dos mercados capitalistas.
Mas outro é, outrossim, o factor decisivo que determina a intensidade da sanha contra a Grécia. O FMI, a Comissão Europeia, a senhora Merkel, Coelho, Portas, Rajoy e outros mais políticos das faixas conservadoras dos países europeus, estão possuídos de grande pavor face a perspectivas de se desencadearem efeitos de contágio, do que consideram o mau exemplo Syriza, na evolução política de Portugal e de Espanha, que têm eleições previstas para o corrente ano; e delas, resultarem os afastamentos dos actuais governantes, que se situam no campo da Direita.
Os indecorosos espectáculos das sucessivas reuniões efectuadas nos últimos dias em Bruxelas entre os dirigentes da troika e os governantes gregos, mostram que os primeiros estão determinados a provocar a quedo do governo do Syriza e levarem a Grécia à total sujeição aos desígnios dos poderosos interesses que convergem no sentido de domínio à escala planetária.

Tem toda a razão Paul Krugman quando interroga:

O que "estão a fazer", "estão a gozar connosco?". A atitude dos credores motiva palavras duras de Paul Krugman.
25-06-2015 16:30

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«O Nobel da Economia Paul Krugman afirmou esta quinta-feira que se a Grécia sair do euro será porque os credores, pelo menos o FMI, pretendem que assim seja.

Num artigo de opinião publicado no "New York Times", intitulado "
A quebrar a Grécia", Paul Krugman diz que não queria entrar no "teatro de batalha" entre Atenas e os credores, mas que perante as negociações em Bruxelas considerou que "devia dizer algo".

"O que é que os credores, em especial o Fundo Monetário Internacional (FMI), pensam que estão a fazer?", interroga o economista, iniciando assim um artigo muito duro para com a postura dos credores internacionais da Grécia. A reunião do Eurogrupo desta quinta-feira
voltou a terminar sem acordo.

Para Krugman, as negociações deviam centrar-se em metas de excedente primário e num alívio da dívida, de modo a evitar "futuras crises sem fim" do país. O Nobel critica que os credores tenham rejeitado várias das propostas gregas.

"O Governo grego tinha concordado com essas metas, de facto muito elevadas, tendo em conta que teriam um enorme excedente orçamental primário se a economia não estivesse tão deprimida. Mas os credores continuam a rejeitar as propostas gregas, considerando que se baseiam demasiado em impostos e não o suficiente no corte da despesa. Continuamos, assim, a ditar política interna", afirma Paul Krugman.

"Estão a gozar connosco?"
O Nobel da Economia critica ainda a justificação dada pelas instituições internacionais – Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI – para a oposição ao aumento de impostos, que é o impacto que essas medidas terão na economia.

"Estão a gozar connosco? As pessoas que falharam redondamente em ver os impactos negativos que a austeridade teve estão agora a ensinar-nos sobre crescimento?", questiona.

Considerando que o FMI tem criticado a "impossibilidade de lidar com o Syriza", partido do Governo grego, Paul Krugman deixa ainda um conselho: "Já não estamos no liceu", critica.

"Neste momento, são os credores, muito mais do que os gregos, que estão a encolher os postes da baliza. O que é que está a acontecer? O objectivo é partir o Syriza? É forçar a Grécia para um incumprimento presumivelmente desastroso?", questiona o economista.

Para Paul Krugman, este é o momento para deixar de falar de um "acidente grego" ("Graccident"), porque, defende, "se a Grécia sair do euro [Grexit], será porque os credores, pelo menos o FMI, querem que isso aconteça".»