Paul Krugman
lança aos credores da Grécia duas perguntas:
“O que estão a fazer?” “Estão a gozar connosco?”
Brasilino
Godinho
Cremos que Paul Krugman, Prémio Nobel de Economia no
ano de 2008, Doutor Honoris Causa pelas três universidades públicas de Lisboa
(Clássica, Técnica e Nova), é um Homem isento, sério e inequivocamente
competente na sua especialidade.
Nos últimos anos tem vindo a chamar a atenção para
a imperiosa necessidade de o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União
Europeia reformularem as suas políticas por forma a restabelecer-se algum
equilíbrio nas relações entre Estados e alcançar-se a recuperação da Economia à
escala mundial. Ultimamente, as suas intervenções vão no sentido de apontar os
erros das políticas neoliberais e monetaristas e, também, de denunciar as
perniciosas consequências da excessiva austeridade que vem sendo imposta aos
países da orla mediterrânica, com incidência maior na Grécia e em Portugal.
Quem acompanha com atenção os acontecimentos
relacionados com a gravíssima crise europeia, cedo se deu conta da justeza das
posições de Paul Krugman e quanto devastadora tem sido a austeridade nos países
(Grécia, Portugal, Espanha, Itália) em que foi aplicada com a maior intensidade
e extrema desumanidade.
Igualmente, quando ocorreram as eleições na Grécia
e a consequente ascensão do Syriza ao Poder, qualquer observador atento e bem
informado se apercebeu que o FMI e o directório europeu se iriam empenhar na
queda do Syriza com recurso às mais variadas formas de bloqueio da sua acção
governativa, de pressão económica, de asfixia financeira e de chantagem
política.
É que na lógica dos poderes ocultos que detém os
mercados a Grécia não poderia (nem pode) singrar. O seu êxito, arrastaria
inexoravelmente o completo descrédito das intervenções da chamada troika, que
se tem empenhado em propagandear que as suas políticas tiveram excelentes resultados
em Portugal e Espanha - o que está em enorme contradição com o doloroso sentir
dos povos submetidos ao terror dos mercados capitalistas.
Mas outro é, outrossim, o factor decisivo que
determina a intensidade da sanha contra a Grécia. O FMI, a Comissão Europeia, a
senhora Merkel, Coelho, Portas, Rajoy e outros mais políticos das faixas
conservadoras dos países europeus, estão possuídos de grande pavor face a
perspectivas de se desencadearem efeitos de contágio, do que consideram o mau exemplo Syriza, na evolução política
de Portugal e de Espanha, que têm eleições previstas para o corrente ano; e
delas, resultarem os afastamentos dos actuais governantes, que se situam no
campo da Direita.
Os indecorosos espectáculos das sucessivas reuniões
efectuadas nos últimos dias em Bruxelas entre os dirigentes da troika e os
governantes gregos, mostram que os primeiros estão determinados a provocar a
quedo do governo do Syriza e levarem a Grécia à total sujeição aos desígnios
dos poderosos interesses que convergem no sentido de domínio à escala
planetária.
Tem toda
a razão Paul Krugman quando interroga:
O que "estão a
fazer", "estão a gozar connosco?". A atitude dos credores motiva
palavras duras de Paul Krugman.
25-06-2015 16:30
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Fonte
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«O Nobel
da Economia Paul Krugman afirmou esta quinta-feira que se a Grécia sair do euro
será porque os credores, pelo menos o FMI, pretendem que assim seja.
Num artigo de opinião publicado no "New York Times", intitulado "A quebrar a Grécia", Paul Krugman diz que não queria entrar no "teatro de batalha" entre Atenas e os credores, mas que perante as negociações em Bruxelas considerou que "devia dizer algo".
"O que é que os credores, em especial o Fundo Monetário Internacional (FMI), pensam que estão a fazer?", interroga o economista, iniciando assim um artigo muito duro para com a postura dos credores internacionais da Grécia. A reunião do Eurogrupo desta quinta-feira voltou a terminar sem acordo.
Para Krugman, as negociações deviam centrar-se em metas de excedente primário e num alívio da dívida, de modo a evitar "futuras crises sem fim" do país. O Nobel critica que os credores tenham rejeitado várias das propostas gregas.
"O Governo grego tinha concordado com essas metas, de facto muito elevadas, tendo em conta que teriam um enorme excedente orçamental primário se a economia não estivesse tão deprimida. Mas os credores continuam a rejeitar as propostas gregas, considerando que se baseiam demasiado em impostos e não o suficiente no corte da despesa. Continuamos, assim, a ditar política interna", afirma Paul Krugman.
"Estão a gozar connosco?"
O Nobel da Economia critica ainda a justificação dada pelas instituições internacionais – Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI – para a oposição ao aumento de impostos, que é o impacto que essas medidas terão na economia.
"Estão a gozar connosco? As pessoas que falharam redondamente em ver os impactos negativos que a austeridade teve estão agora a ensinar-nos sobre crescimento?", questiona.
Considerando que o FMI tem criticado a "impossibilidade de lidar com o Syriza", partido do Governo grego, Paul Krugman deixa ainda um conselho: "Já não estamos no liceu", critica.
"Neste momento, são os credores, muito mais do que os gregos, que estão a encolher os postes da baliza. O que é que está a acontecer? O objectivo é partir o Syriza? É forçar a Grécia para um incumprimento presumivelmente desastroso?", questiona o economista.
Para Paul Krugman, este é o momento para deixar de falar de um "acidente grego" ("Graccident"), porque, defende, "se a Grécia sair do euro [Grexit], será porque os credores, pelo menos o FMI, querem que isso aconteça".»
Num artigo de opinião publicado no "New York Times", intitulado "A quebrar a Grécia", Paul Krugman diz que não queria entrar no "teatro de batalha" entre Atenas e os credores, mas que perante as negociações em Bruxelas considerou que "devia dizer algo".
"O que é que os credores, em especial o Fundo Monetário Internacional (FMI), pensam que estão a fazer?", interroga o economista, iniciando assim um artigo muito duro para com a postura dos credores internacionais da Grécia. A reunião do Eurogrupo desta quinta-feira voltou a terminar sem acordo.
Para Krugman, as negociações deviam centrar-se em metas de excedente primário e num alívio da dívida, de modo a evitar "futuras crises sem fim" do país. O Nobel critica que os credores tenham rejeitado várias das propostas gregas.
"O Governo grego tinha concordado com essas metas, de facto muito elevadas, tendo em conta que teriam um enorme excedente orçamental primário se a economia não estivesse tão deprimida. Mas os credores continuam a rejeitar as propostas gregas, considerando que se baseiam demasiado em impostos e não o suficiente no corte da despesa. Continuamos, assim, a ditar política interna", afirma Paul Krugman.
"Estão a gozar connosco?"
O Nobel da Economia critica ainda a justificação dada pelas instituições internacionais – Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI – para a oposição ao aumento de impostos, que é o impacto que essas medidas terão na economia.
"Estão a gozar connosco? As pessoas que falharam redondamente em ver os impactos negativos que a austeridade teve estão agora a ensinar-nos sobre crescimento?", questiona.
Considerando que o FMI tem criticado a "impossibilidade de lidar com o Syriza", partido do Governo grego, Paul Krugman deixa ainda um conselho: "Já não estamos no liceu", critica.
"Neste momento, são os credores, muito mais do que os gregos, que estão a encolher os postes da baliza. O que é que está a acontecer? O objectivo é partir o Syriza? É forçar a Grécia para um incumprimento presumivelmente desastroso?", questiona o economista.
Para Paul Krugman, este é o momento para deixar de falar de um "acidente grego" ("Graccident"), porque, defende, "se a Grécia sair do euro [Grexit], será porque os credores, pelo menos o FMI, querem que isso aconteça".»
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