Cavaco Silva fotografado quando estava alheado
do mundo,
completamente absorvido no estudo da sua
teoria matemática.
Depois, obtida a solução, apressou-se a
divulgá-la ao público.
Brasilino Godinho
A referida teoria matemática
concebida por Cavaco Silva é um achado fantástico do tipo ‘ovo de Colombo’. E o autor definiu-a, surpreendentemente, em
poucas e muito singelas palavras, recorrendo à actualizada figuração mitológica
grega – o que releva de, em Cavaco Silva, estar desperta uma consistente
formação de cultura clássica de (imagine-se!) ambiência e figurações modernaças.
Retenha-se o ensinamento que está
demonstrado na subtracção que terá sido difícil de concretizar. Ei-lo, chegado
através da Internet e DN:
"Eu penso que o Euro não
vai fracassar, é uma ilusão o que se diz. A zona do Euro são 19 países, eu espero que a Grécia não
saia, mas se sair ficam 18 países"
(nossos sublinhados).
Perspicaz a observação de Cavaco
Silva, a lembrar as doutas e retumbantes palestras do seu antecessor almirante
Américo Tomás: ele, Cavaco, pensa. E
por que pensa, a ilusão desaparece. Como? Por encanto ou prestidigitação
cavacal.
Simplesmente, não sendo ilusão é
– repetimos - uma fantástica operação matemática. Definitivamente concludente e
apontada para conveniente registo nos serviços da União Europeia.
O irradiante brilho do
acontecimento teve hoje, dia 29 de Junho de 2015, o fulcro em Paços de
Ferreira, enquanto decorria a quinta jornada do roteiro para uma Economia
Dinâmica.
A ocasião foi bem escolhida. O
presidente da República teve a feliz ideia de a uma intricada operação
matemática contrapor a Dinâmica de uma Economia em roteiro (por acaso,
desconhecido).
Matemática e Economia, dois
campos da ciência, que costumam convergir em comuns pressupostos, resultados, aplicações.
E, por vezes, coincidindo em objectivos e soluções que se complementam.
Deste acontecimento ressalta a
consolação de saber-se que, quase por geração espontânea, terá despontado um
novo Albert Einstein, português. E uma nova teoria da Relatividade. Esta,
estabelecendo um importante nexo entre uma vulgar operação aritmética e a
complexa relação de entrecruzamento entre zona euro, moeda única, Comissão Europeia,
Banco Europeu e um estado: o grego.
Este anúncio da cavacal figura
acaba por ser, também, um desfecho algo previsível, visto que decorrente do
facto de que há muito tempo, em Portugal, nos vermos gregos. Embora não com os
ditos mas com os cujos, que se acoitam em Lisboa, na ‘linha’ e arredores.
Embora saudando o sucesso
imediato da descoberta de Cavaco Silva e não sendo especializado em matemática,
permito-me apontar uma falha na interessante teoria aqui em causa.
A teoria tal como foi apresentada
aponta para a conclusão de que se a Grécia sair da zona do euro ficam nela 18
países. Acredito nessa primorosa dedução do presidente Cavaco Silva. E vou mais
longe e fundo: assinalo que é, até, a primeira vez que concordo com o
encadeamento do seu pensamento; o qual, acho quase sempre ilógico e obtuso.
Porém, fico baralhado e dou
contínuas voltas ao miolo para adivinhar qual seria a solução encontrada por
Cavaco Silva se acaso a Grécia. por artes mágicas do espírito das trevas que
paira sobre a destrambelhada Europa, não saísse da zona do Euro. Concretamente: não saindo a Grécia e dado que são
agora 19 países, quantos países ficariam? É um problema complicado que Cavaco
Silva se esqueceu de equacionar na elaboração da sua teoria. Daqui lhe chamamos
a atenção para o inglório esquecimento. Com esperança de que sua excelência, brevemente,
elucide a grei portuguesa sobre o que pensa em definitivo sobre esta
transcendente e momentosa questão matemática.
Fim
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