Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, julho 28, 2007

Prezadas senhoras,

Caros senhores,

Apresento-vos as Marcelices.

Elas tratam das incríveis historietas decorrentes da frenética vida pessoal de “o professor Seixa”. Este ser, festejado prodígio da natureza naturada, com notável audácia e desembaraço, já deu a entender à malta que considera as suas historíolas de embasbacar os parolos e as saloias da região lisboeta, de vital importância para a vida da República. Porventura, factor decisivo para a elevação cultural dos indígenas. Daí: ele, o jornal e a televisão que o acolhem nos seus domínios, intuírem dever de transmissão das palavras entoadas, em tom de cântico de sereia, pelo invulgar pombo-correio, também conhecido pelo designativo Sousa.

Nós, limitamo-nos a comentá-las. Com o intuito de quebrar o silêncio (ou a indiferença?) com que, normalmente, são recebidas pelos indígenas. Igualmente, pretendendo assimilar as subtilezas de linguagem canora do pássaro bisnau em causa e partilhá-las com os leitores.

Temos a percepção de darmos modesto contributo para a sua divulgação. E não só. Estabelecemos o contraditório que se justifica por que “todo o mundo” se cala e consente - por omissão de atitude de repulsa - todas as veleidades, extravagâncias e censuras veladas ou incisivas, do grande promotor do folclore nacional e celebrado animador do circo político.

Pois, aqui, no exercício de um direito de expressão. Em prol da cidadania.

Cordiais saudações.

Brasilino Godinho

“Marcelices”…

Do Prof. Seixa

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Para quem não saiba informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.

Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.

Prosseguindo a saga que desde os tempos recuados do aparecimento do “Expresso” se impôs a si próprio como rotina das suas intervenções jornalísticas, o Prof. Seixa, debitou no “BLOGUE” escrito em letra de forma, mais uma colecção de banalidades e pequeninas notas avulsas de futilidades.

Não é demais insistir no reparo que temos feito sobre este anómalo expediente de um conceituado mestre de Direito e experiente personalidade da comunicação social que ingloriamente vai, desta menor forma, desbaratando o capital do seu grande talento. É um desperdício de inteligência mal empregue, de tempo ocupado sem brilho e de papel que, eventualmente, poderia ter melhor aplicação.

Cremos que o Prof. Seixa possuído de inteligência fulgurante, já se terá apercebido do contra-senso de semelhante prestação jornalística. Só que persiste no erro. Lá terá as suas motivações. Talvez, financeiras. Nós não vamos formular conjecturas e processos de intenção. Limitamo-nos a fazer o registo. E a lamentar o caso. Entendemos que: noblesse oblige.

No sábado 21 de Julho de 2007, o estendal de superficialidades começa com a introdução do pequeno resumo: “Semana cheia de Faculdade, mais temas governativos e eleitorais e ainda uns restinhos da ida a Londres. Tudo em cima de ânsia pelas férias”

É a altura de dizermos que apesar do carácter simplista do conteúdo do “BLOGUE”, nele, às vezes, deparamos com apontamentos brejeiros que nos fazem rir. E não só…

Por exemplo: achámos muita graça àquela mimosa expressão “uns restinhos da ida a Londres”. Que graciosidade Que inspirada beleza formal

Também um achado, a afirmação de “Tudo em cima de ânsia pelas férias”. Ainda bem que em cima. O que não seria de complicado se: Pouco em baixo de ânsia pelas férias… Provavelmente perder-se-iam a ânsia e as férias Uma carga de trabalhos para o Prof. Seixa

No “BLOGUE” lá estão insertas inúmeras notinhas reportando novidades e fofocas. Seria fastidioso enumerá-las. Vamos citar as supostas mais importantes, se bem interpretamos as preferências do autor.

À cabeça, “o professor” informa que a “Vodafone resiste”. Quer tê-lo, de novo, como assinante. Vai esperar pela conta TMN, para comparar. Moral desta historieta: a Vodafone, se calhar, quer possuí-lo como emblema da companhia. Porém, “avisado” é o professor. Primeiro, quer comparar as facturas. Os leitores e o País agradecem os cuidados do Prof. Seixa em os manter ao corrente deste assunto pessoal de profunda repercussão na sociedade.

Outra notícia do maior interesse para o Zé-Povinho e para esconjurar o tédio das “tias” da linha de Cascais é expressa em poucas palavras, mas com profundo sentido de oportunidade, sob o título de “Mergulho”. Escreve “o professor”: “Às oito e meia da noite, mergulho na praia. Já sem barcos. Milagre! É verão no seu esplendor… Engano do Prof. Seixa. Esplendor dele. Deu o mergulho à noite, o que já é um feito notável. Sem barcos, ao redor. E conseguiu o milagre. Ou seja: ousadia, requinte, auspiciosa perspectiva de agradar à prelatura fundada por Josemaria Escrivá de Balaguer y Albás eum bom início de uma cavalgada que o pode levar à consagração nos altares da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana

È noticiada uma tarde de netos “Em cheio”. FelizmenteQue não em vazio. Com realce para um “passeio, a pé, por Lisboa” – o que terá sido uma temeridade; se tomarmos em linha de conta a quantidade dos buracos espalhados por essa Lisboa de todas as trapalhadas

Depois, há a informação de um almoço em Alvaiázere, “de chícharo mais meia-dúzia de pratos (de matar de bom). Chiça! Empanturrado terá ficado o professor. Caso para lhe apontarmos o risco de viver de mau… Professor, cuide-se!

Terminamos a apreciação do rol com a citação dos parabéns dados pelo professor a um cidadão, Mendonça, presumido organizador do Estoril-Jazz. Um facto que nos coloca a pertinente questão: Quem duvida do alto interesse nacional deste gesto nobilitante de o professor? Quais empedernidos seres desumanos que, ao tomarem conhecimento desse rasgo de cortesia, não se comovem? É de ir a terra, em lágrimas

E digam lá se, espremido, o limão deita algum sumo

Pela nossa parte, anotamos: Tudo aquilo foi escrito Tudo aquilo é chisteTudo aquilo representa um fado triste Além cantado pela ave palradora Sousa.

Fim

quinta-feira, julho 26, 2007

Caríssimas damas,
Caros senhores,

Aqui inseridas as SARAIVADAS da semana.
Estas, especiais, relacionam-se com a peça O VENCEDOR, esculpida pelo talentoso arquitecto-jornalista Saraiva. A qual, foi apresentada ao respeitável público no p.p. sábado, dia 21 de Julho.
Posso dizer-vos que, atendendo aos seus dedicados (perdão, delicados) traços, tal obra de arte me trouxe à lembrança A FLOR AGRESTE, do escultor Soares dos Reis - claro que ressalvando as devidas distâncias entre um genial mestre da Escultura e um consagrado arquitecto jornalista que, nesta arte, estará inciando os primeiros passos ...
Sem desprimor para Saraiva - como o próprio, sem grande esforço, reconhecerá.
Apresento-vos os melhores cumprimentos.
Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema I: Saraiva e a sua arte de criar

“O VENCEDOR”


De José António Saraiva se conhece ser formado na arte da Arquitectura e ter currículo nas artes da escrita. Há muitos anos exerce a actividade de jornalista, correlacionada com o desempenho de funções de director de jornais. Escreveu livros. Factor não despiciendo é que, a qualquer momento, pode cair de pára-quedas no quintal da sua residência o almejado Prémio Nobel de Literatura – segundo a informação que, há tempos não muito recuados, teve a amabilidade (diremos: a generosidade) de nos transmitir durante uma entrevista a Maria João Avilez, aos microfones da SIC.

Mas não se lhe conhecia a aptidão para criar factos políticos, à semelhança do seu amigo e colaborador professor Marcelo. Agora, talvez por indução ou reflexo da proximidade, Saraiva ter-se-á aventurado a enveredar por essa expressão artística. E deu o passo de entrada em grande estilo. Aliando a prestidigitação à concepção e criação. Tal engenhoso prodígio de realização mediática configurou-se na modelada formatação de Carmona Rodrigues, perdedor no escrutínio eleitoral de Lisboa, retratado na imponente figura do grande vencedor.

Sem reticências e falsos pudores, ufano, senhor de si e das suas conclusões tiradas a compasso e esquadro – ou não fosse o visado, engenheiro e o modelador, arquitecto - Saraiva dita: “O grande vencedor desta eleições foi, assim, Carmona Rodrigues”. Assim e assado. Frito e cozido. Criado O VENCEDOR. Pronto a servir de repasto a quem dele se quiser aproveitar

Por coincidência feliz dá-se o caso de Saraiva ser admirador (confesso) de Carmona. O que de certo terá facilitado o trabalho de esculpir a nova e surpreendente imagem do ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

Porém, o que mais intriga na afirmação do autor da peça é a contradição contida nas suas formulações. Algumas delas logo apresentadas nas primeiras linhas do artigo “O VENCEDOR”.

Para começar, pergunta José António Saraiva: “Quem ganhou as eleições de Lisboa? De imediato, responde: António Costa, certamente.

Depois, Saraiva embrulha-se em considerações sobre a “enorme abstenção”, “o eleitorado do PSD que partiu-se em dois”, o Carmona “aguentou-se bem” e “desforrou-se do PSD, vencendo o Fernando Negrão”, “tornou-se o verdadeiro fiel da balança podendo fazer maiorias absolutas juntando-se a António Costa ou igualar o número de vereadores de Costa aliando-se a Negrão” etc. e tal. Que maravilhosas oportunidades para Carmona fazer brilharetes de encher o olho a qualquer paspalhãoIsto, no pressuposto de ele, arvorado triunfador, não se tornar o verdadeiro infiel da hipotética balança, talvez mal aferidaE se lhe dá na cachimónia fazer minorias absolutas? Saraiva não pensou na perturbante hipótese. Sequer, admitiu os estragos que isso poderia causar na autarquia lisbonense. Se esse drama acontecer, não venha Saraiva à praça pública imitar Pilatos e, com pose seráfica, interrogar-se: “Que mais se lhe poderia exigir”? Não pode enjeitar responsabilidades. Pois o criador jamais se pode desresponsabilizar pelo ser criado.

Daqui, o arquitecto-jornalista, Saraiva, parte para a meta da digressão pelo mundo da fantasia que se propusera efectuar com denodo e pertinácia. Ao chegar, evidenciando satisfação com a sua pessoa e exultante com o seu raciocínio, dispôs-se a lançar o fogo de artifício. Estrelejam os foguetes. Logo o primeiro, legendado: “Carmona Rodrigues tem pois razões para estar feliz”. Interrogamos: Tem razões? Ou Saraiva queria dizer: ilusões? Carmona não se sentirá desinfeliz?

A seguir, outra peça de pirotecnia, resplandecente, de cores berrantes, a imitar uma tarja onde se lia: “Quem ri por último é quem ri melhor”. E Carmona, constituído arguido (não significa que condenado) num processo judicial, está nessa condição?

Para rematar em beleza, atingindo o sublime, Saraiva dispara o último tiro de morteiro destinado a soar como metralha de canhão; através do qual apresentou à laia de consagração de Carmona a seguinte mensagem: “E dificilmente as coisas lhe poderiam ter corrido mais de feição” – o sublinhado é nosso.

Esta, sendo uma mensagem do Arq.º Saraiva, expressa de forma tão simples e objectiva (…), é percebida por qualquer indígena. Que não passará sem suscitar o elementar comentário: Grande, extraordinário felizardo é Carmona Rodrigues! Por que facilmente as coisas lhe poderiam ter corrido menos de feição. Bastava que ele tivesse ganho a presidência da Câmara Municipal de Lisboa

Enfim, a leitura de “O VENCEDOR” proporcionou-nos momentos de boa disposição. Tão intensa, que quase chegada ao limite de ficarmos sem fôlego

Fim

terça-feira, julho 24, 2007

AI, SARAMAGO!

SARAMAGO!

Quem te viu republicano, altivo, erguendo o estandarte de Portugal.

E agora, te vê enfarpelado de monárquico, bajulador e rastejante face a Espanha…

Que tristeza…

Daqui por diante, só te restará o amor da Pilar e a tolerante bênção do Grande Arquitecto do Universo…

Reflexão de Brasilino Godinho

Um texto sem tabus…

EM LISBOA, UMA GRANDE VITÓRIA…

A DA ABSTENÇÃO!

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

As eleições do p.p. domingo, dia 15 de Julho, para a Câmara Municipal de Lisboa, foram invulgares a muitos títulos: pela primeira vez intercalares, 12 candidatos, situação de descalabro funcional do município que deu azo à consulta popular, os resultados, as consequências, as explicações e as análises dos comentadores do costume.

É sabido que houve eleições para a autarquia lisbonense porque a câmara tinha atingido um ponto de rotura financeira, consequência de má gestão. Como ninguém se entendia e os políticos estavam desavindos, os partidos conjugaram esforços no sentido da dissolução da edilidade.

Precedidas de uma campanha eleitoral que antecedeu – como é habitual - o período oficial determinado pela legislação para o seu exercício, realizou-se a consulta eleitoral e apuraram-se os resultados que deixaram os partidos com “amargos de boca”.

Ainda não foi desta vez que todos reconheceram terem perdido. Segundo os números do apuramento geral António Costa, do PS, ficou em primeiro lugar. Ganhando pelo maior número de votos, com o seu nome, entrados nas urnas, perdeu porque 57 907 do lisboetas que o escolheram não chegavam para encher o estádio do Benfica (não é de estranhar esta comparação visto que, em Portugal, a política anda normalmente associada ao futebol) o que é muitíssimo pouco se considerarmos que 537 456 pessoas estão inscritas nos cadernos eleitorais. Derrota mais acentuada porque muito insistiu no pedido de maioria absoluta. Um fiasco. Pouca legitimidade democrática. Não obstante, António Costa, José Sócrates e outros socialistas altamente encarrapitados no grande poleiro da República, deram largas à verborreia e contemplaram-se, sem pudor, na fantasiosa imagem da grande vitória do PS que, proclamavam, sozinho não conquistava a câmara lisbonense há três décadas. E como se isso não fosse pouco no vasto campo da leviandade e da fraqueza de afirmação ainda houve aquele espectáculo saloio de levar à porta do Hotel Altis um grupo de velhinhos, vindos do interior profundo, em autocarro, para festejar a vitória do Partido Socialista. Uma festa deprimente com velhinhas a declararem às jornalistas que estavam ali, mas não sabiam ao que iam. Francamente! Ao ponto a que se chegou nesta república dita democrática, mas que vai imitando e agindo exactamente conforme as práticas da “democracia orgânica” - ditadura de Salazar. Uma vergonha nacional.

Obviamente que todos os outros candidatos perderam as eleições. Mas cada um, à sua maneira, lá arranjou “justificações” para o desaire. Dois deles, Helena Roseta e Carmona Rodrigues, que sendo dissidentes respectivamente do PS e do PSD, apresentaram-se como independentes e enalteceram as posições alcançadas na tabela de classificação. Roseta a 4.ª e Carmona a 2.ª.

No rescaldo e durante os primeiros dias a seguir ao domingo do escrutínio, sucederam-se as lamentações dos políticos, as trocas de mimos entre os candidatos e até algumas iniciativas tendentes a disfarçar os infortúnios, senão mesmo alguns actos de atrevido voluntarismo com o propósito de alterar as normas constitucionais que regulam a constituição e o funcionamento das autarquias municipais.

Também com o destino traçado de dar colorido ao estado da situação embaraçosa e apresentar um pouco de exotismo ao ambiente criado ao redor das eleições aqui postas em causa, hoje (sábado, 21 de Julho) surgiu o inefável jornalista José António Saraiva com a peça “POLÍTICA A SÉRIO”; na qual explana a tese de que o Carmona Rodrigues – que muito admira – foi o grande vencedor.

Porque a sério consideramos a Política, diríamos que mais apropriado seria intitular a crónica de POLÍTICA A BRINCAR. Exactamente, porque achámos imensa piada àquela tirada: “Carmona Rodrigues tem, pois, razões para estar feliz. Quem ri por último é quem ri melhor – e dificilmente as coisas lhe poderiam ter corrido mais de feição”. Que confusão vai na cabeça deste analista da praça lisbonense. Ou que sentido de humor negro?

Repare-se na cronologia dos acontecimentos: primeiro, o homem, Carmona Rodrigues, ex-presidente da câmara de Lisboa, decerto candidatou-se com o interesse e convicção do que poderia ser eleito e empenhou-se afincadamente na campanha; depois, falhou a eleição; e, a partir daí, continua arguido num processo judicial complicado. Agora, vem Saraiva num rasgo de imaginação descompensada, afirmar que ele, na real condição de desinfeliz, estará feliz por afinal, ter sido derrotado e sentir o incómodo de continuar aguardando o desfecho do processo em que está envolvido. E que dizer da observação:Quem ri por último é quem ri melhor? Que motivos tem Carmona, na desconsolada situação de arredado da presidência e como arguido, para rir? E por último? E a rir melhor? Mais surpreendente a incrível afirmação: “Dificilmente as coisas (a Carmona) lhe poderiam ter corrido mais de feição”. Ou seja: Saraiva quer dizer: se ele tivesse ganho a presidência, as coisas facilmente lhe teriam corrido menos de feição Provavelmente, Carmona choraria em vez de rirSorte malvada, a de CarmonaSem alternativa. Sempre lixado

Por outro lado, a crer na veracidade da “conversa” de Saraiva, confesso admirador do ex-presidente, quem diria que Carmona Rodrigues é tão pouco exigente consigo próprio Pelos vistos, o jornalista Saraiva sabe… e veio dizê-lo com os adequados punhos de renda. Ou, pelo contrário, faz-lhe a injustiça de o considerar palonço? Em qualquer caso: reconheçam-se os riscos que os Carmonas correm quando se aventuram nalgumas “corridas” e lhes saltam à frente os grandes comentadores, os iluminados analistas dos jornais e televisões de Lisboa e os chamados amigos da onça

A verificação mais evidente nestas eleições é que a grande vitória foi a da abstenção. Atingiu a elevada fasquia de 62,6%. – o que corresponde a 336 500 cidadãos inscritos como eleitores. A este número de não votantes deve acrescentarem-se 12 500 votos em branco. O que se traduziu numa clara manifestação de enfado e de repúdio pela actuação dos partidos, dos políticos e dos governantes.

Natural seria que os dirigentes partidários, os parlamentares e os detentores dos vários poderes, extraíssem as devidas ilações desta explícita vitória da abstenção. Tal não sucedeu! Segundo os hábitos, os directamente visados primaram em demonstrar que se estão nas tintas para reflectirem sobre a grave situação do País e as enormes responsabilidades que lhes cabem.

Numa perspectiva abrangente, nos planos da sociologia e da pedagogia, a abstenção é um sinal positivo de que os portugueses vão tomando consciência de que urge inverter o actual ciclo de decadência do País, de enfrentar resolutamente a opressão exercida sobre as camadas mais desfavorecidas da sociedade e de penalizar a incompetência, a arrogância e a impunidade dos políticos e governantes.

Porém, não esqueçamos; a abstenção tem um aspecto negativo - o de corresponder ao incumprimento, por parte de milhares de cidadãos, do dever cívico de votar.

Tendo como probabilidade a continuação da derrocada da Nação, desde já importa admitir a hipótese de se empreender à escala nacional a tarefa de esclarecer as pessoas neste preciso sentido: é urgente manifestar a indignação perante tantos atropelos aos direitos, liberdades e garantias consagrados na Constituição da República Portuguesa e aos atentados contra os interesses e as vidas dos portugueses. Igualmente admitir que esse protesto nacional terá de ser expresso nas próximas eleições legislativas, em 2009, com todos os humilhados e ofendidos a cumprirem o dever cívico de votar – indo à boca das urnas votar em branco! Porque este é que é o verdadeiro, o inequívoco, voto de protesto e aquele que os “políticos” mais temem. Só de pensarem na hipótese de isso vir a acontecer, eles nem conseguem disfarçar o pavor.

Fiquemos todos a pensar no que representaria uma votação de 70% (por exemplo) de votos em branco!

Os portugueses mostravam a sua indignação. A Europa e o Mundo ficavam a conhecer a realidade de Portugal. Certamente, seria um exemplo urbi et orbi!

segunda-feira, julho 23, 2007

UNIÃO EUROPEIA – TRATADO REFORMADOR - PRESIDÊNCIA

A doente… O paliativo…

A enfermeira de serviço (Jul. a Dez. 2007).

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.bolgspot.com

Parte I - O quadro clínico

e o estado dos seus membros superiores e inferiores…

A União Europeia é uma adolescente que está enferma e atravessando uma crise de crescimento. Falamos de uma criatura de forte compleição física mas de fraca estrutura funcional. Mostra-se indecisa quanto ao rumo da sua vida adulta. Precisa de ser cuidada com dedicação e muitas atenções centradas nos movimentos dos seus membros

Recentemente, ocupou-se num retiro que teve lugar na Alemanha.

No primeiro dia do mês de Julho corrente Portugal assumiu a presidência da União Europeia pelo período de seis meses. Presume-se que será a última vez dado que o novo Tratado Reformador prevê a cessação da rotatividade das presidências e no futuro haverá um presidente seleccionado entre os grandes países da comunidade.

Pelo esboço de tratado congeminado na última reunião do Conselho de chefes de Estado e de Governo dos países da Comunidade com base no texto de Constituição rejeitado pela Dinamarca e pela França, do qual se expurgaram alguns artigos, ressalta a perda de influência dos pequenos países e a supremacia que passarão a ter França, o Reino Unido, a Polónia, a Itália e a Espanha, integrando um grupo que tem à cabeça a Alemanha. O peso distinto expresso em votos destes países vai, a cada momento, determinar as decisões das orientações políticas e os rumos e práticas legislativas dos órgãos legislativo (Parlamento) e executivo (Comissão Executiva) na futura evolução da Comunidade Europeia. Portugal e outros países similares tornar-se-ão subalternos dos grandes, ficando à mercê dos jogos de poder e dos proveitos do núcleo duro que os integra. Os naturais dos pequenos países (como Portugal) têm sérios motivos para recear o funcionamento do sistema europeu em projecto, dado que parece não estarem devidamente acauteladas as audições das suas vozes, a aceitação das suas posições e devidamente assegurada a consideração dos seus interesses por parte dos poderosos que tendem a ser egoístas e a menosprezar quem fica coarctado nas suas hipóteses de afirmação e reivindicação - como se antevê E, exactamente, porque à partida se nota a ausência de mecanismos que, de algum modo, lhes facultassem representatividade na Comissão Executivo e algum poder de influir tomadas de decisões em matérias de grande melindre e de soberano interesse nacional. Isto admitido, quer actuando individualmente, quer agindo em concertação de esforços e interesses integrados nas formações constituídas, ocasionalmente, pelos chamados países pequenos. É real a ameaça do formato de Directório sob a chefia da Alemanha; um país que sendo, incontestavelmente, o motor da economia europeia tenderá a impor a sua especial condição de poder e preponderância política, económica e financeira.

As populações colocadas à distância, sem disporem de um mínimo de informação sobre o funcionamento dos órgãos que gerem a União Europeia, não possuindo dados fiáveis sobre o evoluir das discussões e das naturezas das matérias tratadas nos plenários das cúpulas, inclusive hipóteses de acompanhamento das sessões do plenário do Parlamento Europeu, nem dispondo de relatos da gestão corrente da própria Comissão Executiva - afinal, na ignorância quase total do que passa a nível político-administrativo em Bruxelas e Estrasburgo, de quando em quando são despertadas para uma realidade que lhes escapa, através das mediáticas conferências e suas conclusões mais ou menos publicitadas. Passada a fase do espectáculo local, associada à circunstância e à maior ou menor pompa, às “fotografias de Família” e às querelas partidárias entretanto suscitadas por uma outra resolução mais controversa em que se envolvem os políticos de serviço; volta a modorra, restabelece-se a indiferença, impõem-se as distâncias. E se isto acontece em todos os 27 países da comunidade com maior ou menor realce, então no país mais periférico da Europa (Portugal) tudo que concerne ao tema assume o maior impacte e grande importância. Infelizmente, no sentido negativo em correspondência com a degradante situação político-social que nos coloca em nítida inferioridade no quadro europeu representativo da qualidade de vida e estádios de desenvolvimento dos vários países; sem esquecer a parte financeira e os problemas decorrentes da convergência monetária e das restrições aos investimentos em sectores vitais como: Educação, Investigação e Indústrias de Elevada Tecnologia; os quais, são imprescindíveis para se alcançar uma consistente recuperação do tecido económico-social e o progresso do agregado nacional.

Face à extrema gravidade do conjunto de problemas que estão dificultando a recuperação do País, temos de ser críticos e exigentes quanto à acção dos nossos governantes não só no âmbito caseiro, como no espaço da comunidade. Espanta-nos que na última cimeira europeia não tenham conjugado esforços articulados com os parceiros em semelhantes condições de fragilidade no quadro da convergência monetária e social, com vista à definição de uma estratégia comum e aglutinadora de interesses, decididamente inequívoca face às posições arrogantes de força dos colossos da comunidade, no sentido de serem mantidas as prerrogativas que Portugal conservava nos órgãos institucionais da Comunidade Europeia: comissão executiva, parlamento e tribunal europeus. Reconhece-se que era tarefa difícil. Não de todo impossível. No mínimo de atenção a dispensar ao assunto, devia ter-se feito a tentativa de forma exaustiva e com ânimo de persistência. Também, esgotarem-se todos os recursos das faculdades de alma, com apelos à imaginação e à arte da retórica persuasiva. Neste ponto, outrossim, se notou a rotineira carência funcional e o défice diplomático dos nossos políticos de topo. A que se terá, eventualmente, acrescentado um comportamento de subserviência e de abdicação de direitos e falta de capacidade em esgrimir argumentos. À semelhança do que vai acontecendo com a arrastada questão de Olivença. Que nos envergonha pelo que releva de cobardia e acomodação servil aos intentos de Espanha, por parte da classe dirigente de Portugal.

Igualmente, sobressai a quase total ausência de informação sobre a conferência e os termos das intervenções de José Sócrates, ministros e do próprio presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Ou seja: os governantes intervêm nos vários organismos internacionais e não dão relato ao povo das formas como actuaram. Sobretudo, agora, no caso em apreço, torna-se imprescindível que José Sócrates explique aos portugueses qual foi o seu papel e os motivos de ter aceite aquele assento leonino que remete Portugal para um papel de quase mero espectador da governação europeia. Trata-se de uma previsível situação com profundas implicações na nação portuguesa, de muito difícil prognóstico. Neste aspecto vale a pena mencionar a atitude dos governantes polacos que se bateram denodadamente por assegurarem posições de igualdade relativamente aos grandes, com referência especial para a vizinha Alemanha. Até se dá a circunstância de 48 horas depois da conclusão do acordo os dois gémeos polacos (chefe do Estado e chefe do Governo) terem vindo pôr reticências à cláusula das votações prevista para entrar em vigor no ano de 2017. Certamente que os altos dirigentes da Polónia se deram conta de terem cedido precipitadamente talvez devido ao cansaço e ao sono, visto que o desfecho da discussão aconteceu às cinco horas da madrugada.

Ocorre perguntar: Portugal não poderia ter aproveitado a boleia para acertar algum entendimento com a Polónia, visando assegurar melhores mecanismos de votação constantes na orgânica e funcionamento da Comunidade Europeia? Não terá sido uma oportunidade perdida? Nem terá faltado talento e engenho a Sócrates e companhia para levar a nau portuguesa a melhor porto de abrigo? E, dúvida inquietante, Sócrates não terá centrado a sua intervenção e seu maior empenho no objectivo pessoal de se apresentar deslumbrado perante o País, como o iluminado estadista que conseguira um mandato claro para elaborar a redacção final do Tratado Reformador que almeja venha a ser classificado como o Tratado de Lisboa? A ter acontecido, merece a classificação de coisa mesquinha – valha a verdade. Igualmente, para satisfazer a sua vaidade pessoal não terá sacrificado os supremos interesses de Portugal? Se assim foi, os nossos representantes muito mal agiram, descurando valores essenciais e supremos da Pátria, Caro vai pagar Portugal. Melhor dizendo: bastante lesados ficarão os portugueses.

Aliás, se José Sócrates e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, deram contributos para o relativo êxito da conferência realizada na Alemanha, não se deve esquecer que o mérito cabe por inteiro à chanceler da Alemanha, a senhora Merkel. Ela foi excelente diplomata e desempenhou-se de uma tarefa bastante complicada. Há que reconhecê-lo. E conservá-lo na memória… não vá alguém armar-se aos cucos.

(A seguir: Parte II)

quinta-feira, julho 19, 2007

“Marcelices”…

Do Prof. Seixa

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Para quem não saiba informamos que “seixa” é uma espécie muito apreciada de pombo bravo, esquivo, também chamada “sousa”, que não dispensa a conhecida variedade de fruta manga, vulgo “rebelo”.

Trata-se de um pombo traquinas de aspecto simpático que, todos os domingos, à noite, num programa televisivo, arrulha com desenvoltura e trejeitos que fazem as delícias da interlocutora.

O professor mantém num semanário lisboeta uma rubrica designada “BLOGUE” onde insere textos compartimentados em dez colunas, ocupando duas páginas. O trabalho insinua-se como superficial, escrito ao correr da pena e está escalonado pelos dias da semana. Assim a modos de um diário de pequenas notas pessoais. Por vezes, de carácter intimista. Redigidas em estilo telegráfico. De tão ligeiras e conteúdo tipo “espalhada”, parecem orientadas à captação do interesse das moçoilas indiscretas, à satisfação do mulherio maldizente e bisbilhoteiro e à brejeirice dos rapazes fadistas da região saloia de Lisboa; umas e outros, ávidos das novidades, das paródias e das intrigas do mundo chique da linha de Cascais.

Considerando o assunto, na sua devida dimensão interpretativa do objecto, do alcance pretendido e dos eventuais efeitos negativos de todo deploráveis e inadequados à envergadura mental do autor, mete pena ver assim desvalorizada, com responsabilidade própria, uma das inteligências mais fulgurantes do mundo lisbonense. É um desperdício.

Vejamos.

Dia intenso em Londres (O professor homem viajado estranha “uma loucura de gente e agitação”?). Primeiro a viagem. Nota curiosa da subida das mulheres (Onde está a admiração? Esperava que elas descessem?). Lisboa controla o tráfego aéreo. Proibido aterrar em Londres e Nova Iorque com estranhos no cockpit (Decerto, do avião). De repente, descobre que no Camp Beaumont estiveram os filhos nos anos 85, 86 e 87 (Terno, estava o professor…). A propósito, é a favor de corredores para bicicletas em Lisboa (Mas não se coíbe de lançar umas indirectas ao Carmona Rodrigues ao declarar que “não entra na demagogia de sonhar com a bicicleta meio de transporte fácil” nas subidas ao Bairro Alto, à Penha de França, ao Castelo e a outros locais cimeiros de Lisboa. De importante neste apontamento do professor o autêntico achado de perspicácia contido no subtil aviso: sonhar pode significar a entrada na demagogia; a tal coisa abusiva, servil e de submissão que dá vista a cegos e pernas a coxos…). Palpita que o Rato vai parar ao Santader (Boa malha!). A Zitinha enviou-lhe o “livro” (Felizardo! Quem é amiga? Quem é?). Descuidado(?) chegou atrasado ao lançamento. Depois, tinha de dar um beijinho à Zita (Pois claro que tinha…). Ideia dele: o lançamento no Quartel do Carmo (Diria o Badaró: Toma e embrulha). Num fim de tarde Abrunhosa esteve, a seu convite na Faculdade (Curioso que o professor só no fim da gravação percebeu qualquer coisa relacionada com a luz solar. Percalços). Gravação das Escolhas na RTP à noite (De noite todos os gatos são pardos. Talvez por isso afirma que é mais difícilaquilo que todos julgaríamos ser extremamente fácil para o professor. Lá está o acerto do ditado:” Muito se engane quem julga”). O pior foi que saiu dali a correr para o Coliseu. Ao encontro da filha Sofia. (A corrida terá servido de treino para a próxima meia-maratona de Lisboa onde correrá ao lado do amigo Sampaio; agora para - sem mergulho no Tejo - o levar de vencida e em desforra da perca da corrida para a Câmara Municipal de Lisboa. Há certas coisas que ficam recalcadas; nunca esquecem). Grupo Melo venceu posição accionista (forte) no BCP. Tudo somado, “JK Rowling é o autor que mais ganhou” – 750 milhões - com a sua obra. (Ó professor: a Rowling mudou de sexo?Então, a marota não “avisou” a malta? Como de costume o professor está sempre na dianteira, bem informadoTanta precisão, até chateia. Ufa!). Em Wimbledon (O professor até parece um infatigável andarilho a saltitar de terra em terra) recordou convites amigos de Joaquim Silveira (Sorte do professor não terem sido convites inimigos Faltou dizer-nos quem é esse tal Silveira). Tal como o amigo Saraiva o professor também é dado às “descobertas”. Não é que descobriu “uma tia velhinha, da Inglaterra profunda” (Ai, que aflição! Se não houvera a sorte da existência da Inglaterra profunda, ter-se-ia perdido a”tia velhinha”. Imagina-se o prejuízo que adviria Como crente deve dar graças a Deus por tal coincidência ter sido descoberta pelo feliz acaso dos sócios do All England Lwn Tennis & Croquet Club não poderem vender bilhetes nos mercados negro e branco). A chatice: o Court central sem cobertura. De parabéns: João Lagos (no presente tempo de tristezas e angústias o Zé Povinho aprecia que haja Lagos e professores contentes – já que nem todos podem ser ricos o Zé compreende… e resigna-se à sua veste de tanga, E esconde-se para não perturbar as sensibilidades dessas prestáveis criaturas). Embaraçoso percalço: Federer vestiu as calças do avesso (Complicação algo esquisita). O facto daquele dia 9 foi o aniversário do neto e afilhado Francisco que celebrou com amigos. Poucos e bons – sublinha o professor (Depreende-se a sorte do moço. Alguém imagina o que poderia suceder se os amigos fossem muitos e maus?...). Grande interrogação: Gago cederá? Não cederá? Ao menos em cinco pontos? Que comentário sobre as 6 palhaçadas? Uma trapalhada de horários de chegadas e partidas, perda do slot, refeição ligeira, atrasos da entrega da mala e dos voos de ligações perdidas (Um desânimo total para quem se mostra geralmente muito frenético e animado…). O professor continua a acreditar que Madeleine McCanne ainda será encontrada viva (Oxalá! – exclamamos nós.). Por último, o professor indica que se apercebeu da flexisegurança através da “Voz da Verdade” (O que não é para admirar uma vez que esta não será a Voz da Mentira); anuncia uma peregrinação a Fátima; fornece sugestões de férias e fala de Júdice. Sobre esta personagem diz que está perplexo (Não é para menos). Frase derradeira: “Deve ser defeito meu – não entendo”. (Brincalhão! O professor, quanto se julga, não é defeituoso. Além disso, até entendeÓ se entende!!!).

Enfim! Com paciência de Job compilámos a série de frivolidades com que o professor preencheu de “sombras” 2 páginas de um espaço que se pretendia de claridade emanada do SOL que habitualmente incide sobre a capital, ali à Rua de S. Nicolau.

Visto, lido e esmiuçado, digam lá se o “BLOGUE” não é um desperdício do talento do professor… Deste, se esperaria algo mais profundo e substancial. Assim, é uma dor de alma

Prezadas senhoras,

Caros senhores,

Com a devida vénia, transcrevemos um texto que presumimos ter sido dirigido à ministra da Educação Nacional. Chegou-nos pela Internet e vem assinado. Por isso aqui o inserimos.

É um documento notável! De um realismo impressionante. Também um desabafo pungente de uma professora que se sente dolorosamente atingida por uma política de afrontamento e agravo dos professores. Uma classe que deveria ser respeitada, acarinhada e prestigiada por todos os portugueses. Sobretudo pelo ministério da tutela.

O que, neste domínio, está a acontecer é um drama nacional.

Assim prosseguindo, qual será o futuro de Portugal?

Brasilino Godinho

Um dia destes colocaram, no placar da Sala dos Professores, uma lista dos
nossos nomes com a nova posição na Carreira Docente.

Fiquei a saber, Sr.ª Ministra, que para além de um novo escalão que
inventou, sou, ao final de quinze anos de serviço, PROFESSORA.

Sim, a minha nova categoria, professora!

Que Querida! Obrigada!

E o que é que fui até agora?

Quando, no meu quinto ano de escolaridade, comecei a ter Educação Física,
escolhi o meu futuro. Queria ser aquela professora, era aquilo que eu queria
fazer o resto da minha vida. Ensinar a brincar, impor regras com jogos,
fazer entender que quando vestimos o colete da mesma cor lutamos pelos
mesmos objectivos, independentemente de sermos ou não amigos, ciganos,
pretos, más companhias, bons ou maus alunos. Compreender que ganhar ou
perder é secundário desde que nos tenhamos esforçado por dar o nosso melhor.
Aplicar tudo isto na vida quotidiana.

Foi a suar que eu aprendi, tinha a certeza de que era assim que eu queria
ensinar! Era nova, tinha sonhos...

O meu irmão, seis anos mais novo, fez o Mestrado e na folha de
Agradecimentos da sua Tese escreve o facto de ter sido eu a encaminhá-lo
para o ensino da Educação Física. Na altura fiquei orgulhosa! Agora, peço-te

desculpa Mano, como me arrependo de te ter metido nisto, estou envergonhada!

Há catorze anos, enquanto, segundo a Senhora D. Lurdes Rodrigues, ainda não
era professora, participava em visitas de estudo, promovia acampamentos,
fazia questão de ter equipas a treinar aos fins-de-semana, entre muitas
outras coisas. Os alunos respeitavam-me, os meus colegas admiravam-me, os
pais consultavam-me. E eu era feliz. Saia de casa para trabalhar onde
gostava, para fazer o que sempre sonhara, para ensinar como tinha aprendido!

Agora, Sr.ª Ministra, agora que sou PROFESSORA, que sou obrigada a cumprir
35 horas de trabalho, agora que não tenho tempo nem dinheiro para educar os
meus filhos. Agora, porque a Senhora resolveu mudar as regras a meio (Coisa
que não se faz, nem aos alunos crianças!), estou a adaptar-me, não tenho
outro remédio: Entrego os meus filhos a trabalhadores revoltados na
esperança que façam com eles o que eu tento fazer com os deles. Agora que me
intitula professora eu não ensino a lançar ao cesto ou a rematar com
precisão à baliza, não chego, sequer a vestir-lhes os coletes.

Passo aulas inteiras a tentar que formem fila ou uma roda, a ensinar que
enquanto um "burro" mais velho fala os outros devem, pelo menos, nessa
altura, estar calados. Passo o tempo útil de uma aula prática a mandar
deitar as pastilhas elásticas fora (o que não deixa de ser prática) e a
explicar-lhes que quando eu queria dizer deitar fora a pastilha não era para
a cuspirem no chão do Pavilhão. E aqueles que se recusam a deita-la fora
porque ainda não perdeu o sabor? (Coitados, afinal acabaram de gastar o
dinheiro no bar que fica em frente à Escola para tirarem o cheiro do cigarro
que o mesmo bar lhes vendeu e nunca ninguém lhes explicou o perigo que há ao

mascar uma pastilha enquanto praticam exercício físico). E os que não tomam
banho? E os que roubam ou agridem os colegas no balneário?

Falta disciplinar?

Desculpe, não marco!

O aluno faz a asneira, e eu é que sou castigada? Tenho que escrever a
participação ao Director de Turma, tenho que reunir depois das aulas (E quem
fica com os meus filhos?). Já percebeu a burocracia a que nos obriga? Já viu
o tempo que demora a dar o castigo ao aluno? No seu tempo não lhe fez bem o
estalo na hora certa?

Desculpe mas não me parece!

Pois eu agradeço todos os que levei!

Mas isto é apenas um desabafo, gosto de falar, discutir, argumentar com quem
está no terreno e percebe, minimamente do que se fala, o que não é, com toda

a certeza, o seu caso.

Bastava-lhe uma hora com o meu 5ºC. Uma hora! E eu não precisava de ter
escrito tanto! E a minha Ministra (Não votei mas deram-ma. Como a médica de
família ,que detesto, mas que, também, me saiu na rifa e à qual devo estar
agradecida porque há quem nem médico de família tenha - outro assunto)
entendia porque não conseguirei trabalhar até aos 65 anos, porque é injusto
o que ganho e o que congelou, porque pode sair a sexta e até a sétima versão

do ECD que eu nunca fui nem serei tão boa professora como era antes de mo
chamar!

Lamento profundamente a verdade!

Viana do Castelo

Ana Luísa Esperança

PQND da Escola EB 2,3 Dr. Pedro Barbosa

quarta-feira, julho 18, 2007

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema I: Saraiva acerta ao rejeitar o palavrão.

Esta semana o arquitecto Saraiva escreveu sobre os “Palavrões”. E no início do texto foi informando que não os usa. Mas dizendo que admite “seja por puritanismo, snobismo ou outro defeito qualquer”. Borrou a pintura. Mostra-se inseguro da sua personalidade, não identifica o “outro defeito qualquer” e, implicitamente, insinua que é snobe ou tem tendência para o snobismo. Não é feliz a ideia de considerar defeito, a exclusão dos palavrões nas falas correntes. Mais redutora a classificação de puritanismo e snobismo. Isto porque falar-se com decência releva simplesmente um nível de educação cívica que deveria ser de regular vivência; esta, assim exercida sem jactâncias e complexos. Por que razão haver um constrangedor sentimento de insuficiência ou de inconformidade relativamente à rejeição de rotinas tidas por insensatas ou de má educação? O indivíduo consciente e de personalidade forte será, sempre, coerente. Na coerência se contempla. Pouco ligando às modas, aos julgamentos sumários e às conclusões simplistas de gente tipo Maria que vai com as outras

Diremos: se Saraiva não diz palavrões, não tenha vergonha. Está no seu direito. Faz muito bem! Presta válida participação no combate a travar contra a onda de grosserias que vai grassando por aí.

Escrito isto, damos realce ao singular facto narrado por Saraiva de “cada vez que ia dizer um palavrão, uma luz vermelha acendia-se na minha cabeça – e a boca fechava-se”. Tratava-se de um fenómeno extraordinário. Pena que fiquemos a remoer a curiosidade sobre a omissão de Saraiva de não nos dizer se a luz vermelha se acendia no interior ou no exterior da cabeça. Talvez nos ajudasse na congeminação do efeito luminoso ao redor de Saraiva sempre que se registava o fenómeno. Por outro lado, dar-nos-ia indicação se os efeitos terão obstado no sistema electrónico do cérebro de Saraiva, ao surgimento das causas. Por outras palavras: o constrangimento da visibilidade arrastando o pasmo das pessoas não terá sido motivo bastante para o colapso do sistema electrónico do cérebro de Saraiva? Esta, é uma questão interessante e, porque inédita, mereceu a nossa atenção.

Outro dado contido na prosa de Saraiva tem haver com a confirmação de nele estar radicada uma irresistível tendência para elaborar estatísticas sobre os mais variados objectos e factos e em diversas circunstâncias. Desta vez, revela-nos que fez uma interessantíssima contagem dos palavrões que ouviu num encontro de jornalistas na Cervejaria Trindade.

Depois, assinalada outra vez a infelicidade de Saraiva “descobrir” as coisas tarde e más horas. Referiu: “Descobri há tempos que o facto de se usarem os palavrões como muletas simplifica muito as frases – e isso é em parte responsável pela dificuldade de expressão que a maioria das pessoas revela, por exemplo, na televisão em que o uso do palavrão está naturalmente interdito”.

José António Saraiva termina com um juízo pertinente: “Concluo, portanto, que os palavrões não só me incomodam a mim. O seu uso generalizado, por homens e mulheres, empobrece a língua, torna-a menos subtil, mais primária. E isso, aliado às mensagens SMS, onde a linguagem se reduz ao básico, vai fazendo com que o ser humano seja cada vez menos rico naquilo que o distingue dos animais: a fala”.

Explícito e perfeito! Bato palmas!

Tema II – Saraiva desacerta no elogio a Santana…

Mesmo que por parte de José António Saraiva posta a título de absurda hipótese, classificar Santana Lopes como melhor candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa e apesar de admitida a inerente provocação, releva enviesada visão do problema autárquico lisboeta e distorcida avaliação das determinantes funções de cidade como espaço de vivência colectiva da população residente e do conjunto de indivíduos que, a cada momento, englobam a população flutuante.

O arquitecto-jornalista, Saraiva, agarra-se aos conceitos do espectáculo e da festa. Convencido que “Lisboa tem de ser uma cidade com vida, capaz de atrair turistas de todo o mundo”, entende necessário que se devem fazer “obras emblemáticas, colocando verdadeiramente a cidade no mapa”. E para tal se conseguir ninguém melhor que Santana Lopes – o candidato que “falta hoje a Lisboa”.

Ora se há coisa que não faz falta a Lisboa são presidentes tipo Santana Lopes. Por provas dadas e razões sobejamente conhecidas e porque não vem ao caso “bater mais no ceguinho”…

Está por demonstrar que Lisboa tenha de ser acima de tudo cidade “capaz de atrair turistas de todo o mundo”. Estará Saraiva a pensar Lisboa como uma nova Las Vegas?

Executar “obras emblemáticas” na área de um município falido? No país da tanga, colocado em posição humilhante no espaço da União Europeia?

E antes ou correlativamente de ser um destino de correntes turísticas Lisboa não terá outras prioridades? De políticas, medidas, equipamentos e aplicações que dêem consistência e vigor ao tecido social? Que propiciem a introdução e o desenvolvimento da qualidade de vida das populações?

Nesta crónica, bem patente a tendência característica de Saraiva: sempre preocupado com o acessório, o superficial, o festivo, o espectáculo e o efémero. Fatalmente, descurando o essencial.

Aliás, o que será essa coisa de “colocar verdadeiramente a cidade no mapa”? E no mapa? Qual mapa? Dos países desacreditados? Dos estados presumidos novos-ricos? Dos países pior governados, emparceirando com os do terceiro-mundo?

Importa notar: Nestes mapas já estamos figurando… com muitos maus aspectos e piores repercussões. Inclusive, no turismo.

Decididamente, naquela peça escrita, o arquitecto-jornalista Saraiva meteu “o pé na poça”

Eu que bem desconfiava…

O SARAMAGO, rezingão português,

INTEGROU-SE, de papel assinado,

NA PILAR, guapa espanhola.

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogsspot.com

1 - O escritor José Saramago em entrevista ao Diário dos Notícias, publicada na edição do p.p. domingo, 15 de Julho, declarou que “Portugal acabará por integrar-se na Espanha”. Vade retro, Satana!

Tal declaração suscitou um grande alarido. E não era para menos. Um disparate de todo o tamanho. Num tempo em que algumas nações do país vizinho lutam para se libertarem do jugo espanhol (castelhano) e está concretizada a integração de 27 países – entre os quais, os dois peninsulares - na Comunidade Europeia, aventar-se uma união ibérica de Portugal e Espanha não faz sentido, nem releva grande acuidade de espírito. No mínimo, denota uma grande confusão naquela cabeça. Fiquemos por aqui

Vale a pena notar que Saramago (aparentando estar num crescendo de admiração pela companheira e, talvez, para a presentear) esperou chegar aos oitenta e cinco anos para mergulhar tão fundo no absurdo.

2 - Só que ao fazermos este raciocínio crítico partíamos do pressuposto que o homem estava a falar em tom sério.

Engano de muitos e de nós Afinal, José Saramago resolveu brincar com a malta. Iludiu o povinho. Quando falou ao jornalista naqueles termos, estava recorrendo à metáfora para nos anunciar que era ele, Saramago, na pele de um “Portugal” envelhecido e amargo, que se ia integrar - de papel assinado - na Pilar, uma grande “Espanha” viçosa e atraente. E não perdeu tempoFoi tiro e queda!

A confirmação veio hoje nos jornais. O casamento de “Portugal” e “Espanha”, formalizou-se nas pessoas de Saramago e Pilar, ontem, na povoação de Castril, em Espanha. Ainda bem que o assento matrimonial da ligação ibérica ficou limitado às duas humanas criaturas.

Que tenham uma feliz lua-de-mel! E, por muitos anos, bons sonhos de bem-aventuranças em Lanzarote. Fora do quadro da Ibéria

A Saramago, dizemos: Quanto à peregrina ideia da Ibéria: esqueça-a!

Habitue-se à ideia de esquecer tal ideia

Para chateações, já temos demasiadas…

terça-feira, julho 17, 2007

Um texto sem tabus…

A NAÇÃO ESTÁ A MORRER

DE MORTE DESGRAÇADA…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Claro! Portugal existe! Embora com soberania limitada, porque integrante na Europa e desapossado do concelho de Olivença, mantém o território continental. Incorpora a Península Ibérica. E, por enquanto, as ilhas dos Açores e da Madeira fazem parte do mapa geográfico de Portugal.

O Estado português tem personalidade jurídica no conjunto dos países actualmente reconhecidos no âmbito da Organização das Nações Unidas.

Dir-se-á que estamos escrevendo sobre o óbvio.

Mas se nos interrogarmos sobre a Nação? As apreciações e os julgamentos que advierem sobre o que é hoje a nação portuguesa, necessariamente, envolverão questões muito complexas que pesam, sobremodo, na vida quotidiana dos portugueses e que avolumam as nuvens sombrias que pairam no horizonte.

Para bem ajuizarmos da situação é importante darmo-nos conta das condicionantes em que estamos mergulhados e dos deletérios sinais mais ou menos evidentes que se nos deparam no viver quotidiano.

Não será despiciendo considerar a facilidade com que face à desorientação geral e à ineficácia da governação do Estado se tende a avançar com a justificação de que, afinal, governo e povo têm responsabilidades graves e comuns na situação. Melhor exprimindo: culpas partilhadas num plano de igualdade e reciprocidade. Dito por outras palavras que já são um lugar-comum – o povo tem o Governo (ou o desgoverno) que merece. Fazer-se uma afirmação desta natureza é uma falácia. Igualmente, traduz a desculpabilização interesseira a que os políticos da praça recorrem com frequência para justificarem a ineficácia, a incompetência e todos os demais procedimentos irregulares a que, normalmente, recorrem para cómodo e proveitoso desfrute do poder e da influência. Falácia aceite e festejada por todos quantos se contemplam na bajulice e no aproveitamento das boas graças dos poderosos.

A clarificação do assunto tem muito a ver com as características intrínsecas do ser português que nos levaria longe se aqui houvesse lugar e extensão para nos alongarmos em considerações atinentes à especificidade da matéria. Ainda assim e fazendo-o reconhecidamente de forma superficial, são de referir os aspectos relacionados com o estado de analfabetismo, nas suas vertentes primária, funcional e cultural, em que se encontra a maioria da população portuguesa. Estado de carência cultural de todo um povo no qual assenta o atraso do País e a degradação político-social existentes. É um facto inegável. Determinante de consequências. Desde logo, a debilidade do ser pensante, a incapacidade de apreensão da realidade, a apatia e conformação sobre os acontecimentos da vida colectiva que o atinge, frequentemente, com dramatismo e violência. Mas a que não sabe como reagir e o que contrapor em prol dos seus direitos, interesses e, até, do equilíbrio mental e da sua própria sobrevivência física - como já vai acontecendo aos idosos e professores vítimas de doenças malignas em fase terminal; os quais, são obrigados a trabalhar nas escolas, até ao último dia de vida. Estamos citando dramáticos desenlaces resultantes das orientações políticas vigentes a que ninguém pode ficar indiferente.

Também por condições atávicas o povo submete-se ao Poder obedientemente, servilmente. E com uma agravante que se acentuou nos últimos decénios. Isto é: encarando a vida política e a simpatia partidária do mesmo modo simplório e irracional com que, no mundo do futebol, mantém a fidelidade clubista. De modo que está criado um caldo de cultura sectária, identificado com o sentido mais primário da existência. Ao arrepio dos preceitos da cidadania. Desprezando, vilipendiando e hostilizando os valores culturais. Afinal, inviabilizando as mais valias civilizacionais.

O que daqui se depreende? Que do lado da sociedade temos milhões de indivíduos iletrados ou insuficientemente instruídos que não têm condições para exercerem, em plenitude, todos os seus direitos e até os deveres da cidadania; enquanto no outro campo dos poderes político, económico e financeiro, está um grupo de indivíduos e famílias que se constituíram prepotente elite que põe e dispõe em todos os sectores vitais da sociedade como bem entende melhor servir os seus interesses, em detrimento do Povo. Ademais, singular grupo opressor. Ele detém fortes instrumentos do Poder nas mais diversas áreas e nos diferentes órgãos de soberania de que se serve discricionariamente para impor aos indígenas o seu voraz apetite, a malévola intenção, o autoritário mando, o insaciável capricho, o avassalador domínio.

Mesmo admitindo, por absurdo, que o colectivo dos cidadãos marginalizados, descontentes, sofredores, vítimas do sistema, conseguissem ultrapassar os seus limites de inibição e se agregassem num sentir comum de repúdio dispostos a uma qualquer intervenção cívica tendente a pôr ordem, objectividade e competência na administração do País, visando o bem-estar geral, o certo é que não disporia dos meios necessários para o efeito. O regime que nos desgoverna está de tal modo armadilhado que bloqueia quaisquer tentativas de reforma ou de recuperação.

Ora este estado de coisas é da máxima conveniência para os dominadores. Tudo fazem para que se mantenha e se vá consolidando.

Infelizmente, com o agravar da situação de decadência que se implantou e continua a aprofundar-se, caminhamos para o colapso. Sem dúvida, gerando e desenvolvendo, pela negativa, condições para a queda da Democracia e advento de uma revolução de cariz totalitário. Repetindo o filme da existência da 1.ª República e da eclosão do movimento de 28 de Maio de 1926.

Sim! Porque os políticos que estão no palco da República, que se vangloriam dos fervores democráticos e que fazem profissão de fé na Liberdade, na Igualdade e na Fraternidade, estão actuando como cavalos de Tróia infiltrados, que objectivamente prosseguem um trabalho de sapa destrutivo da Democracia. Eles estão aniquilando a Democracia. Desacreditando a república dos cidadãos. Certamente, eles são os coveiros da Democracia! Os inimigos da Democracia nem precisam de agir. Basta quedarem-se na expectativa. Os “democráticos” usurpadores estão fazendo o trabalho sujo. Com execráveis aproveitamentos pessoais expressos em milionários proventos. Usando repugnantes expedientes de exploração para conferirem grandes benefícios aos grupos organizados em comanditas de interesses que, quase sempre, se abrigam na obscuridade.

Tais políticos e os seus mentores - estes, vulgarmente remetidos ao silêncio das trevas de escusos templos - estão determinados em lançar o País na confusão, no desespero, na angústia, na miséria, na derrocada para o abismo, precedendo uma limpeza ética. Possuídos de ânimo fortalecido pela esperança de ficarem sós, sem entraves e opositores incómodos, senhores de tudo e de todos, aproveitando os oásis de benfeitorias que vislumbram no horizonte das suas fantasias demoníacas

É um imperativo ético e obrigação cívica, proclamar: Não passarão!

Mais: Agir em conformidade!

sábado, julho 14, 2007

Recebemos, via Internet, o texto “SER PROFESSOR EM PORTUGAL”. Lamentamos que ele não venha assinado, porque nos é desagradável deparar com escritos anónimos. Porém, neste caso, depreende-se o melindre e o risco de represálias que, eventualmente, incidiriam sobre o autor; isto, num tempo de medos generalizados e em que tudo serve para “castigar”, perseguir e retaliar, quem se manifesta criticamente face ao Poder.

Não obstante, por se tratar de um tema importante para a sociedade portuguesa e merecer a nossa total concordância, transcrevemo-lo na íntegra.

SER PROFESSOR EM PORTUGAL M

Missão quase impossível…

Esta é uma profissão em que se trabalha em casa (de graça, entenda-se) aos sábados, domingos, feriados, madrugada adentro e muitas vezes, até nas férias!

Férias, sim, sem eufemismos, que bem precisamos de pausas ao longo do ano para irmos repondo forças e coragens. (De resto, é o que acontece nos outros países por essa Europa fora, às vezes, com muito mais dias de folga do que nós: 2 semanas para as vindimas em Setembro/ Outubro, mais 2 para a neve em Novembro, 3 no Natal e mais 3 na Páscoa, 1 ou 2 meses no verão).

É uma profissão em que nos sujeitamos a fazer em casa a preparação das aulas (que é o sítio que oferece condições), a elaboração e correcção de testes e afins, porque não é suficiente o tempo atribuído a essas tarefas.

É a única profissão em que se tem falta por chegar 5 minutos atrasado. Também neste caso, a Senhora Ministra exigirá um pré-aviso com cinco dias de antecedência? Será bom que a “opinião pública” comece a perceber que, nas "imensas" faltas dos professores, também são contabilizadas situações em que, de facto, estão a trabalhar como por exemplo: no acompanhamento dos alunos em visitas de estudo, em acções de formação, seminários, reuniões, etc, para as quais até podem ter sido oficialmente convocados.

É uma profissão que exclui devaneios do tipo: “hoje preciso de sair meia hora mais cedo”; ou do corriqueiro “volto já” - justificando a porta fechada em horas de expediente.

É uma profissão de enorme desgaste! Ainda há bem pouco tempo foi divulgado um estudo que nos colocava na 2ª posição, a seguir aos mineiros; mas isto, está bom de ver, não convém a ninguém lembrar.

É uma profissão que deixou de ser acarinhada ou considerada, humana e socialmente. Pelo contrário, todos os dias somos agredidos na nossa dignidade ou mesmo fisicamente. Enxovalhados na praça pública, atacados, desvalorizados na nossa pessoa e no nosso trabalho.

É uma profissão cujos agentes têm de estar permanentemente a 100% (e as cordas vocais não são um apêndice despiciendo). Não se compadece com noites mal dormidas, indisposições várias (físicas e psíquicas ou problemas pessoais).

É uma profissão em que, de 45 em 45, ou de 90 em 90 minutos, se tem de repetir o mesmo processo, exigente e desgastante, de chegar a horas, "conquistar" várias vezes ao longo do dia, um novo grupo de 20 a 30 alunos e todos ao mesmo tempo (não se confunda uma aula com uma consulta individual ou a gestão familiar de 1, 2, 3 filhos...).

É uma profissão em que é preciso ter sempre a energia suficiente (às vezes sobre-humana) para, em cada turma, manter a disciplina e o interesse, gerir conflitos, cumprir programas, zelar para que haja material de trabalho, atenção, concentração, motivação e produção. Batemos aos pontos as competências exigidas a qualquer dos nossos milionários bancários, dos inefáveis empresários, dos intocáveis ministros.

É uma profissão em que sofremos, ainda, a angústia do nosso próprio desempenho pelo insucesso dos alunos, o qual depende, igualmente, de factores que não controlamos: problemas sociais e relacionais das respectivas famílias, mais a conjuntura política, económica e social do país.

__________

Se é professor, sabe o quão verdadeiro é o presente texto.

Se não é professor, creia que é verdade e apoie quem está a lutar simultaneamente pela dignificação da Carreira Docente e por uma Educação de verdadeiro sucesso.

ACARINHE OS PROFESSORES!!!

ELES PRECISAM DO SEU APOIO!!!