Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, julho 19, 2007

Prezadas senhoras,

Caros senhores,

Com a devida vénia, transcrevemos um texto que presumimos ter sido dirigido à ministra da Educação Nacional. Chegou-nos pela Internet e vem assinado. Por isso aqui o inserimos.

É um documento notável! De um realismo impressionante. Também um desabafo pungente de uma professora que se sente dolorosamente atingida por uma política de afrontamento e agravo dos professores. Uma classe que deveria ser respeitada, acarinhada e prestigiada por todos os portugueses. Sobretudo pelo ministério da tutela.

O que, neste domínio, está a acontecer é um drama nacional.

Assim prosseguindo, qual será o futuro de Portugal?

Brasilino Godinho

Um dia destes colocaram, no placar da Sala dos Professores, uma lista dos
nossos nomes com a nova posição na Carreira Docente.

Fiquei a saber, Sr.ª Ministra, que para além de um novo escalão que
inventou, sou, ao final de quinze anos de serviço, PROFESSORA.

Sim, a minha nova categoria, professora!

Que Querida! Obrigada!

E o que é que fui até agora?

Quando, no meu quinto ano de escolaridade, comecei a ter Educação Física,
escolhi o meu futuro. Queria ser aquela professora, era aquilo que eu queria
fazer o resto da minha vida. Ensinar a brincar, impor regras com jogos,
fazer entender que quando vestimos o colete da mesma cor lutamos pelos
mesmos objectivos, independentemente de sermos ou não amigos, ciganos,
pretos, más companhias, bons ou maus alunos. Compreender que ganhar ou
perder é secundário desde que nos tenhamos esforçado por dar o nosso melhor.
Aplicar tudo isto na vida quotidiana.

Foi a suar que eu aprendi, tinha a certeza de que era assim que eu queria
ensinar! Era nova, tinha sonhos...

O meu irmão, seis anos mais novo, fez o Mestrado e na folha de
Agradecimentos da sua Tese escreve o facto de ter sido eu a encaminhá-lo
para o ensino da Educação Física. Na altura fiquei orgulhosa! Agora, peço-te

desculpa Mano, como me arrependo de te ter metido nisto, estou envergonhada!

Há catorze anos, enquanto, segundo a Senhora D. Lurdes Rodrigues, ainda não
era professora, participava em visitas de estudo, promovia acampamentos,
fazia questão de ter equipas a treinar aos fins-de-semana, entre muitas
outras coisas. Os alunos respeitavam-me, os meus colegas admiravam-me, os
pais consultavam-me. E eu era feliz. Saia de casa para trabalhar onde
gostava, para fazer o que sempre sonhara, para ensinar como tinha aprendido!

Agora, Sr.ª Ministra, agora que sou PROFESSORA, que sou obrigada a cumprir
35 horas de trabalho, agora que não tenho tempo nem dinheiro para educar os
meus filhos. Agora, porque a Senhora resolveu mudar as regras a meio (Coisa
que não se faz, nem aos alunos crianças!), estou a adaptar-me, não tenho
outro remédio: Entrego os meus filhos a trabalhadores revoltados na
esperança que façam com eles o que eu tento fazer com os deles. Agora que me
intitula professora eu não ensino a lançar ao cesto ou a rematar com
precisão à baliza, não chego, sequer a vestir-lhes os coletes.

Passo aulas inteiras a tentar que formem fila ou uma roda, a ensinar que
enquanto um "burro" mais velho fala os outros devem, pelo menos, nessa
altura, estar calados. Passo o tempo útil de uma aula prática a mandar
deitar as pastilhas elásticas fora (o que não deixa de ser prática) e a
explicar-lhes que quando eu queria dizer deitar fora a pastilha não era para
a cuspirem no chão do Pavilhão. E aqueles que se recusam a deita-la fora
porque ainda não perdeu o sabor? (Coitados, afinal acabaram de gastar o
dinheiro no bar que fica em frente à Escola para tirarem o cheiro do cigarro
que o mesmo bar lhes vendeu e nunca ninguém lhes explicou o perigo que há ao

mascar uma pastilha enquanto praticam exercício físico). E os que não tomam
banho? E os que roubam ou agridem os colegas no balneário?

Falta disciplinar?

Desculpe, não marco!

O aluno faz a asneira, e eu é que sou castigada? Tenho que escrever a
participação ao Director de Turma, tenho que reunir depois das aulas (E quem
fica com os meus filhos?). Já percebeu a burocracia a que nos obriga? Já viu
o tempo que demora a dar o castigo ao aluno? No seu tempo não lhe fez bem o
estalo na hora certa?

Desculpe mas não me parece!

Pois eu agradeço todos os que levei!

Mas isto é apenas um desabafo, gosto de falar, discutir, argumentar com quem
está no terreno e percebe, minimamente do que se fala, o que não é, com toda

a certeza, o seu caso.

Bastava-lhe uma hora com o meu 5ºC. Uma hora! E eu não precisava de ter
escrito tanto! E a minha Ministra (Não votei mas deram-ma. Como a médica de
família ,que detesto, mas que, também, me saiu na rifa e à qual devo estar
agradecida porque há quem nem médico de família tenha - outro assunto)
entendia porque não conseguirei trabalhar até aos 65 anos, porque é injusto
o que ganho e o que congelou, porque pode sair a sexta e até a sétima versão

do ECD que eu nunca fui nem serei tão boa professora como era antes de mo
chamar!

Lamento profundamente a verdade!

Viana do Castelo

Ana Luísa Esperança

PQND da Escola EB 2,3 Dr. Pedro Barbosa