Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, julho 05, 2007

“Assim se joga na Argélia”?

Não! Em Portugal dos pequeninos…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

A tradição vem da época do ditador António Oliveira Salazar. Sempre que ele e os dignitários do regime eram criticados ou apontados a dedo pelos desmandos, ilegalidades e crimes, que praticavam, os correligionários organizavam manifestações “espontâneas” de desafronta. Nesse período de 48 anos sucederam-se as movimentações, os almoços e as jantaradas de apoio às excelências ofendidas.

Mas no nosso tempo tal tradição, que tresanda a tacanhez de espírito e parolice, vai sendo recuperada com zelo, fervor reverencial e empenho entusiástico.

Ela expande-se e aplica-se com mais frequência sempre que o País mergulha numa fase de decadência moral e se acentua a regressão político-social.

Hoje, disso tivemos demonstração em reportagem de última página do Jornal de Notícias.

Relata o periódico que Domingos Névoa, conhecido construtor civil de Braga, dono da “Bragaparques” acusado pelo Ministério Público do crime de “corrupção activa” no negócio de troca de terrenos do Parque Mayer, foi presenteado com um jantar de desagravo, solidariedade e apoio, por parte de um grupo de amigos.

Dada a circunstância de o homenageado ter feito um comentário esclarecedor “Estou aqui porque fui convidado por um grupo de amigos” e de se ter registado a comparência do célebre cónego Melo que pronunciou sentença (“A minha presença aqui é um acto de justiça”) e que “cerca de 70 empresários marcaram presença no jantar onde se falou de tudo, menos de justiça” – assevera o jornal – depreende-se que depois de bem reconfortados com o”cherne com arroz de peixe” e saborosos acepipes, todos regressaram satisfeitos aos seus lares e o homenageado, certamente, feliz porque de forma simplória fora desagravado e nessa condição redentora ter-se-á recolhido ao leito e dormido um repousante sono dos justos… E como disse o perspicaz cónego Melo: “É sempre bom que os amigos se encontrem”. Ó se é

Uma última nota para corrigir a referência do jornalista ao facto de no jantar se ter falado “um pouco de tudo menos de Justiça”. Para quê falar na justiça…Nem se tornava necessário… Se o cónego Melo, bem relacionado com a justiça do Criador, o Grande Arquitecto do Universo, logo, à entrada, avisara que a sua presença no jantar era um acto de justiça, singularmente praticado com a sua bênção pessoal, ipso facto, estava criado o ambiente e o cenário para que a justiça, nas duas vertentes divina e humana, incidisse na pessoa do homenageado. Nesse domínio da justiça assunto encerrado

A título de curiosidade, transcreve-se o desabafo enternecido, pleno de significação, de “um dos organizadores do jantar”, o empresário António Santos: Domingos Névoa “está a ser julgado publicamente sem culpa formada num caso que até desconheço”. Quer dizer: o esperto Santos organiza o repasto de desagravo, afirma que Domingos Névoa não tem culpa formada mas… confessa que desconhece o caso. Perfeito

Ora, se desconhece o caso e, portanto, sem conhecer o pano de fundo e saber as linhas com que está a coser, por que tomou a iniciativa louvaminheira? Talvez por distracção

Mais palavras para quê? É um artista português

Atendendo aos indícios de a moda prosseguir os tribunais agradecerão a diminuição dos processos e o descongestionamento dos respectivos serviços A quem? Aos cónegos Melos amigos, que andam por aí vigilantes, atenciosos e complacentes

Bem poderemos animar os cónegos Melos deste país, face à certeza que haverá sempre presumidos inocentes que esperam por eles. De preferência, num opíparo jantar…

Demos graças ao Senhor!