Prezadas leitoras,
Caros leitores,
Junto as SARAIVADAS da semana.
Estas, versam o tema das ideias.
Algo fascinante.
E complicado…
Saudações cordiais.
Brasilino Godinho
SARAIVADAS…
Ou as confissões do Arq.º Saraiva…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Tema: Saraiva às voltas com as ideias…
Esta semana José António Saraiva foi possuído pelas ideias. E não há fome que não dei
Num deles, o reputado jornalista inicia a crónica, escrevendo: “Em lugar de falar dos candidatos à presidência da Câmara Municipal de Lisboa parece-me mais útil aproveitar esta época eleitoral para fazer sugestões para Lisboa”.
Não se percebe bem o que uma coisa terá a ver com a outra. E qual a vantagem do aproveitamento do período eleiçoeiro para sugestionar. Os candidatos estão mais interessados em se ouvirem a eles próprios do que a atenderem as boas intenções do articulista José António Saraiva. É um critério pessoal discutível e que, na circunstância, nem se afiguraria ser de utilidade. Isso até se destaca no lamento que Saraiva faz no parágrafo seguinte: “Já fiz algumas no passado, sem quaisquer resultados”. Algumas, quê? Partidas? Não! Sugestões…
Com estes antecedentes e nesta altura do campeonato eleitoral auguramos que não vai ter mais sorte. Mas quem corre por gosto não se cansa… Aparentemente. Pois que, na fotografia, o jovem de espírito, Saraiva de sua graça, representa-se com aspecto de homem vergado de cansaço. Cuide-se! Ponha-se a pau! Quem o avisa seu amigo é…
A seguir, Saraiva informa-nos que chegou a sugerir a cobertura das ruas Garrett, do Carmo e Nova do Almada, da alfacinha cidade, com uma grande clarabóia de vidro à semelhança da galeria Victor Emanuel, em Milão.
Tinha que ser… A sistemática ideia de copiar o estrangeiro. Uma pecha que não descola da mentalidade de muitos lisboetas. Tenha lá paciência, Saraiva. Com esta sugestão não demonstrou ter ideias. Pelo contrário, evidenciou apetência para o copianço – como se diz na gíria académica. Onde está a originalidade quando há aproveitamento das ideias alheias?
Depois, Saraiva, entusiasmado e afoito, escreve: “Hoje vou defender outra ideia, não tão original, mas que mudaria a parte ocidental da cidade”. (Aquela, sua, original?...) Ou seja: “Saída do troço da linha da CP entre o Cais do Sodré e Algés e sua substituição por uma linha de Metropolitano”. E remata com a nota esclarecedora da sua angústia: “Com poucas esperanças de que venha a ser aproveitada”.
Talvez porque, como diz: “A solução está na cara” (presume-se que na de Saraiva) e “só não a vê quem não quer”, o autor da ideia não nos esclareceu onde, em que lugar, tempo e circunstância, vai defender a dita. E foi pena. Os leitores gostariam de saber; até para, eventualmente, comparecerem a dar-lhe apoio moral e incentivo… De novo, por omissão, o arquitecto Saraiva falha na transmissão do pensamento. Neste caso, da ideia… No que concerne à expressão: “Só não vê quem não quer” Saraiva teria que ser mais comedido. Porquê? Porque entre muitos dos seus leitores haverá bastantes que não vão à bola com a sua cara e, consequentemente, passarão ao largo desperdiçando a oportunidade de verem a dita solução estampada no seu rosto tristonho.
No outro artigo, Saraiva questiona a veracidade dos lugares-comuns. Considera que alguns serão verdadeiros, outros não. Também se mostra interessado em questionar a “perfeita patetice” do lugar-comum que expressa a ideia de não haver pessoas insubstituíveis. Aqui, suscitada a nossa incompreensão sobre o que será “perfeita patetice”. Igualmente, quanto a saber-se: o que será a imperfeita patetice? Do mesmo modo, o nosso embaraço em decidirmos sobre o que poderemos inferir da seguinte interrogação que está subentendida na escrita de José António Saraiva: e se a patetice não sendo perfeita, nem imperfeita, for simplesmente patetice? Como ficará a patetice enquadrada no famigerado lugar-comum? Problema sério! Usando a palavra (mesmo) que Saraiva empregou dezenas de vezes: mesmo muito intricado. Porventura, mais uma rasteira do famoso arquitecto-jornalista.
Cingindo-nos ao outro texto assinalamos que está enriquecido com várias notações do maior interesse para a valorização cultural dos leitores. Saraiva anota que os tecnocratas e os comunistas, negam o talento e, “compreensivelmente (vejam só…), querem que as organizações funcionem independentemente das pessoas” – para alguma coisa devem servir os robots. Não será verdade?...
Outra referência de profundo alcance no domínio da subjectividade é a incisiva conclusão de Saraiva de que nas actividades criativas, prevalecem as ideias – “e as boas ideias nascem normalmente numa cabeça”.
Aplaudimos: Bravo! Bravíssimo! Na verdade temos de nos regozijar que as ideias nasçam nas cabeças das pessoas… Sobretudo, normalmente! Que tragédia não seria se nascessem anormalmente? Safa! E como diz Saraiva “Não há brainstorming que substitua uma cabeça criativa”…
Nota de requinte não despicienda: Saraiva sabe Inglês e dá o toque de distinção que deixa a malta embasbacada. Aliás, em sintonia com o Governo, no propósito de mentalizar os portugueses para se habituarem a falar e escrever numa algaravia anglo-lusa; enquanto não se extingue a língua portuguesa.
Mas voltando atrás, temos que interpelar o autor: haverá cabeças não criativas? Vazias? Sem neurónios? Em tais cabeças, inertes, perdidas, nem achadas de algo, não nascem as ideias? Quaisquer (boas, apalermadas, loucas, más, péssimas, medíocres), que possam ser?
À laia de apontamento objectivo e importante, assente na experiência e no deleite, José António Saraiva faz a mercê de nos informar que frequenta praias onde “há três fornecedores de bolas de Berlim”; e pasme-se (!...), “apesar de todas terem aproximadamente o mesmo peso, a mesma massa e o mesmo açúcar cristalizado, nenhuma delas têm o mesmo sabor. Porquê? Porque foram feitas por três pasteleiras diferentes”.
Releva deste pormenorizado relato o laborioso trabalho de investigação de José António Saraiva. De tanto esforço, podemos extrair as seguintes conclusões:
- Saraiva bate o professor Marcelo no número de praias que frequenta.
- É guloso e, habitualmente, come bolas de Berlim.
- Não lhe escapa a particularidade de as bolas de Berlim serem fabricadas com o mesmo peso, a mesma massa e o mesmo açúcar; mas nenhuma tem o mesmo sabor.
Bolas de Berlim que foram feitas por três pasteleiras, com a extravagância de as três mulheres serem diferentes - o que é deveras intrigante. Sem indicações de Saraiva tentamos adivinhar. Se calhar, uma, atraente, com falinhas mansas, de Cascais, Outra, insinuante, mas um pouco arredia, extraterrestre. E ainda uma, simpática, bonitona, da Atlântida. Agora, o que nos deixa mais baralhados é o facto de Saraiva ter apurado que todas as bolas de Berlim - para além de terem o mesmo peso - têm a massa e o açúcar comuns… Como isso foi ou é conseguido em três diversos estabelecimentos e fabricado pelas três pasteleiras diferentes? Mistério…
O conhecido jornalista Saraiva conclui a prosa, com uma mensagem sensacional que nos obriga a abrir a boca de espanto. E a tomarmos a devida e previdente nota de arquivo. Escreveu: “Não há, não houve nem haverá duas pessoas iguais”.
Nem haverá? Está certo disso? Esquece os clones? Estes, não estarão a caminho?...
Enfim, permitam-nos um desabafo: estamos impressionados…
Fim
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Página Principal