CARTA ABERTA
Ao meu desconhecido leitor Alexandre, jovem e curioso…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Aqui e referente à sua solicitação, comento o seu comentário.
Também, dou algumas informações correspondentes ao pedido que me endereçou, via Internet.
O senhor Alexandre não me aborreceu com perguntas. A elas vou responder sucintamente e de forma objectiva.
E começo pela sua primeira dúvida acerca do posicionamento da Opus Dei na universalidade da Franco-Maçonaria.
A Opus Dei não integra a Franco-Maçonaria Universal. É uma seita católica, secreta, só dependente simbolicamente do Papa, que tem uma estrutura orgânica e um funcionamento decalcados da Maçonaria. Foi fundada pelo Pe. Josemaria Escrivá de Balaguer y Albás, no ano de 1928,
De quando em quando há contactos e relacionamentos obscuros entre a Opus Dei e alguns clãs maçónicos; como aconteceu com o escândalo das finanças do Vaticano no tempo do pontificado de João Paulo II. Então sucederam acontecimentos estranhos e foram praticados actos ilícitos e criminosos em que apareceram envolvidos: o Banco Ambrosiano; o banco do Vaticano, Instituto de Obras Religiosas (IOR); o presidente deste, arcebispo Marcinkus; o banqueiro Roberto Calvi que apareceu enforcado numa ponte em Londres; a loja P2 do núcleo maçónico de Roma e a Mafia.
Também, no nosso país, ocorrem encontros esporádicos e surpreendentes entre membros das duas organizações. Aliás, a Maçonaria tem no seu seio padres, bispos e cardeais - o que é deveras contraditório no domínio dos princípios apregoados quer pela Igreja, quer pela Franco-Maçonaria. Também impressionante, num sentido negativo, pelo que releva de cinismo e hipocrisia.
Por cá, em Lisboa, até se registam casos de personalidades que entram pela porta da direita na Opus Dei e saem pela porta da esquerda na Maçonaria. Têm essa incrível habilidade de estarem, simultaneamente, confortados e felizes, nos dois espaços da mesma obscuridade.
Os espanhóis chamam Maçonaria Branca à Opus Dei. Os italianos dão-lhe a sugestiva designação de Santa Mafia.
Portanto, quando designamos a Opus Dei como entidade maçónica estamos a enquadrá-la numa configuração idêntica: de orgânica, de secretismo e de prática obscurantista. Ambas organizações convergem num objectivo comum: o de alcançarem o Poder. E alargarem-no ao maior número de países.
Sintetizando: são entidades independentes. Porém, em muitas ocasiões, convergentes e colaborantes. Embora se digladiem com "discrição" segundo as regras de uma e outra.
Focando brevemente os fins prosseguidos pela Maçonaria e os seus métodos de actuação no Mundo e no seio da nação portuguesa vale a pena evocarmos o que já no século XIX, o conhecido autor de “
Igualmente, para completar a informação, transcrevemos de Ginzberg os seguintes trechos: “A aquisição do poder passa por diversas fases. A primeira compreende os primeiros dias de loucura de um cego que se atira para a direita e para a esquerda. A segunda é a da demagogia, de onde nasce a anarquia; depois vem inevitavelmente o despotismo, não um despotismo legal e franco, mas um despotismo invisível e ignorado, todavia sensível; despotismo exercido por uma organização secreta, que age com tanto menos escrúpulo quanto se acoberta por meio de diversos agentes. Quem ousa derrubar uma força invisível? Nossa força é assim. O plano de acção dessa força e o lugar que assiste, são inteiramente
ignorados do público”.
”Nosso poder reside na fome crónica na fraqueza das gentes porque tudo isso as escraviza à nossa vontade, de modo que fiquem sem poder, força e energia de se opor a ela. Pela miséria e o ódio invejoso que dela resulta, manobramos as multidões e nos servimos de suas mãos para esmagar os que se oponham aos nossos desígnios”
“Os administradores escolhidos por nós em razão das suas aptidões servis, não serão indivíduos preparados para a administração do país. Assim, facilmente se tornarão peões de nosso jogo, nas mãos dos nossos sábios e geniais conselheiros”.
Para rematar as citações, este mimo: “Nossa palavra de ordem é: Força e Hipocrisia”.
Estes textos datam do início do século passado. Mas conservam actualidade. É o quadro da realidade que a ditadura do regime maçónico vigente em Portugal nos impinge. Pondo a maioria dos portugueses a pão (pouquíssimo) e água (cada vez menos potável, mais cara e, dentro em breve, provavelmente, racionada e… taxada com o IVA). Sem hospitais. Sem escolas. Sem maternidades. Sem Centros de Saúde e Serviços de Urgência. Sem protecção social. Mas devidamente esfomeados! Sedentos de justiça! Adequadamente analfabetos a papaguearem
Mais de considerar: os chamados “profanos”, indígenas, cidadãos de 2ª e 3ª classes, contentem-se com o direito, generosamente concedido pelo “desgoverno” que temos, a salários de miséria e, na velhice, a pensões mínimas sujeitas a reduções graduais; habituem-se a não receberem a necessária assistência médica, nem comparticipações para aquisição de medicamentos. Estes incapazes e resignados, revejam-se na preocupação revelada a todos os instantes pelos “beneméritos irmãos” que bem se esforçam para lhes assegurar a marcha acelerada, encaixotados, para os jardins das tabuletas… Quando a miséria desta gente mal gerada, desagradecida, infortunada, for total ou tiver passado para o tal outro lado, sem retorno, não mais chateando com a sua incómoda presença os homens dos “bons costumes”, então se atingirá o reino de todas as perfeições étnicas. Assim ficarão consagrados os grandes desígnios das grandes “fraternidades” sabiamente entretecidas pelos modernos pedreiros que por aí se passeiam, livres de apresentarem as alvenarias das escondidas obras que laboriosamente erguem nos fundos das sombrias lojas. “Fraternidades” por demais, vigilantes, “discretas”, operantes, abastadas e devotas do Grande Arquitecto do Universo.
Quanto à sua curiosidade sobre o meu livro “A QUINTA LUSITANA” presto-lhe o seguinte esclarecimento:
A minha obra "A QUINTA LUSITANA" não contempla especificadamente matérias relativas à Maçonaria e à Opus Dei.
Trata-se de um ensaio sobre a evolução político-social de Portugal desde 1926 até ao período do governo chefiado por Durão Barroso.
Na parte concernente à Maçonaria e Opus Dei o livro insere um capítulo de 16 páginas, num
conjunto de 480 páginas.
Mesmo assim o livro é considerado maldito pelas duas organizações e foi bloqueado de todas as formas e com recurso aos mais incríveis expedientes. Sem espalhafato. Às escondidas. Evidentemente: segundo as regras da “fraternidade” conformes à célebre "discrição"…
Todavia, não olvidamos o facto de - estando a Maçonaria infiltrada nos partidos políticos e, sendo ela, a verdadeira detentora do Poder em Portugal, qualquer que seja o regime político vigente na sucessão dos tempos considerada a partir dos finais do século XIX, - ela, a poderosa organização, se considerar indirectamente atingida sempre que são formuladas críticas às políticas seguidas pelos vários governos. Tal como acontece quando uma pessoa é atacada pelas pulgas: só a criatura sabe onde as atrevidas lhe mordem…
Espero que tenha satisfeito a sua curiosidade.
Grato pela atenção dispensada.
Cumprimento.
Brasilino Godinho
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