Estimadas senhoras
Caros senhores
Junto as SARAIVADAS da semana.
Estas, referem-se à importante questão do ciúme...
Sobretudo, fiquem cientes que o ciúme não é "uma criação dos humanos".
Se Saraiva o diz... Como vamos contrariá-lo?
Saudações cordiais.
Brasilino Godinho
SARAIVADAS…
Ou as confissões do Arq.º Saraiva…
Brasilino Godinho
http://quintalusitana.blogspot.com
Tema: Saraiva às voltas com o ciúme…
José António Saraiva, conhecido arquitecto, jornalista e escritor da praça lisboeta, persistindo sem desfalecimento no seu “viver para contar”, veio agora exprimir-se sobre o ciúme.
E abre a crónica com uma afirmação bombástica que nos deixou atordoados: “Ao contrário do que normalmente se pensa, o ciúme não é uma criação dos humanos”.
Escrita esta afirmação em tom tão peremptório o articulista dá-se ao repouso das ideias criadoras e ao desdém dos entes que, considerando-se superiores, não ligam à malta. Igualmente, se permite o desfrute de não nos esclarecer sobre quem teria criado o ciúme.
Temos de convir que se trata de uma partida de duvidoso gosto por obrigar qualquer leitor mais atento às subtilezas de linguagem do famoso arquitecto-jornalista a dar voltas à imaginação na vã tentativa de decifrar o enigma.
Pela nossa parte e talvez por deficiência própria não atinamos com a solução do intrigante problema suscitado pelas lucubrações de Saraiva. Mas, haverá?
Se "não é uma criação dos humanos", então de quem é?
Interrogamo-nos: se normalmente e antes da “descoberta” de Saraiva se pensava que o ciúme era próprio dos seres humanos e naturalmente neles germinava e se reflectia nos seus comportamentos, o que de objectivo determinou a surpreendente conclusão de Saraiva? Em que dados, circunstâncias e raciocínios, se baseou o arquitecto-jornalista para tal conclusão?
Será que o Arq.º Saraiva nos quis induzir que teria sido criação do Supremo Arquitecto do Universo? E aqui teria falado mais alto uma certa ideia corporativa e o espírito de classe? Todavia, cremos que o facto de Saraiva se tentar por esta via trará preocupações aos seus amigos; pois é correr o risco de penetrar num campo pantanoso onde não há corpo e alma que fiquem incólumes ao sufoco que atingirá as duas componentes do ser…
E aí, até o ciúme se afunda…
Além disso como não admitir que Saraiva obteve um “furo” jornalístico? E bafejado pela sorte, que nunca abandona os audazes, provavelmente vieram ao seu encontro indicações precisas, a título de exclusividade, dadas por um ilustre extraterrestre, passageiro de OVNI, que ocasionalmente tenha pousado algures em Lisboa, no jardim da sua propriedade e lhe tenha confidenciado ter sido ele o criador do malfadado ciúme? Mais embaraçosa se torna a questão posta por Saraiva quando deparamos com a preciosa lembrança, às vezes passada despercebida, que “além de não ser um exclusivo da “natureza humana”, o ciúme não se verifica apenas entre os amantes”.
Deste modo estabelecida a confusão certo é que - como evocava Saraiva - se ao compasso do tempo normalmente se pensava que o ciúme era criação dos humanos, a partir de agora e com a “descoberta” do inspirado arquitecto-jornalista, vai anormalmente pensar-se que o ciúme não é criação dos humanos. Porém, gaita! Votamos ao princípio. Então quem criou o ciúme?
José António Saraiva deve, sem perda de tempo, transmitir aos indígenas a preciosa informação sobre a identidade de quem criou o ciúme. Trata-se de um assunto sério e perturbador…
E deste importantíssimo aspecto Saraiva nos dá conta ao relatar-nos a sua experiência na matéria. Ele, compenetrado, perspicaz e objectivo, explica-se: “Se estamos apaixonados (E logo Saraiva, na sua idade… Quem diria?), o receio de perdermos o objecto (Uma mulher é um objecto?) da nossa paixão é enorme – e qualquer ameaça que surja no horizonte, por mais remota que se apresente, ganha uma exagerada dimensão”. E acrescenta: “É por isso que se mata por ciúme”. Nossa dúvida: O objecto?
Nós, com aquele espírito que cultivamos, no qual se entrelaça o contraditório, a boa harmonia, a não-violência e a magnanimidade, contrapomos: É por isso que se vive por ciúme.
Depois, distanciando-se, num ápice, da questão que aflorou e, talvez, sem se dar conta da perplexidade que iria causar nos seus leitores, o Arq.º Saraiva desenvolveu considerações interessantes sobre o tema em apreço.
Além disso, no contexto do escrito sobressai o relacionamento de Saraiva com o Paco. Dá a impressão que existe uma situação ambígua de atracção e repulsa que não está convenientemente resolvida. Nota-se que entre ambos há ciúmes recíprocos e latentes hostilidades. Saraiva ainda nem se apercebeu que o Paco demarcou territórios e é muito zeloso na preservação dos seus espaços. Por outro lado, deve precaver-se contra as reacções intempestivas de Paco porque, como nos informa, ele “é terrivelmente ciumento”. Assim, o alerta está lançado. Com o acento tónico no “terrivelmente”.
E parecendo haver uma relação de amor-ódio muito intensa entre os dois, não se descarta a hipótese de, a qualquer momento, acontecer uma grave arremetida do cão Paco sobre o dono Saraiva. Impõe-se que os dois amigos se entendam. Não descurem a gravidade da situação. Façam uma profunda análise em paz e sossego. Certamente que cabe a Saraiva o maior encargo e a suprema responsabilidade pelo desejável e feliz relacionamento que se augura por muitos dilatados anos. Com mútuas festas e carinhos, de causar invejas (por que não, ciúmes?) a criaturas racionais e irracionais que estejam próximas ou integrantes nas suas respectivas órbitas…
Fim
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