Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, abril 17, 2007

Um texto em tabus…

VISTO! LIDO! ENTENDIDO! RESPIGADO!...

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Para não recuarmos muito no tempo fixemos atenção no antes, no durante e no depois da entrevista do primeiro-ministro à RTP, na noite da p.p. quarta-feira, dia 11 de Abril, do ano segundo da governação socialista, sob a direcção do Eng.º. José Sócrates.

Pertinente e oportuna a inquietante pergunta: Na actualidade, como nos encontramos no desencontro com a História e com nós mesmos?

A ditosa Pátria de Camões é uma evocação que surge quando o subconsciente nos conduz à meditação sobre as condições da vida nacional e dos problemas que afectam a sociedade portuguesa. E confrontados com a realidade invariavelmente pensamos que tempo houve de orgulho nacional. Logo, advém a óbvia conclusão: A radiosa imagem de Portugal perdeu-se, desgastando-se à passagem dos séculos, pós era dos Descobrimentos. Durante o século passado e no arrancar do evo XXI, acentuou-se o sentimento da perca. Ele está enraizado. Pior, ainda, porque reflectido nas difíceis circunstâncias que tão dolorosamente atingem os cidadãos.

Daí, podermos dizer que é monstruoso o luso Estado, pertença e em desconformidade do pequeno país que é Portugal. Pobre, a Nação portuguesa. Desiludido, amargurado e sofrido, o Povo; representado na figura do Zé-Povinho, de tanga esfarrapada que, mal e porcamente, lhe cobre as partes pudicas.

Neste quadro de contínua desgovernação, de incumprimento dos preceitos constitucionais, de fragilidades, de carências, de abusos, de corrupções activas e passivas, de intranquilidade social, de insegurança pública, de impunidade de tantos crimes e fraudes, de postergação dos valores da Ética, da Política, da Honradez, da Justiça, da Solidariedade, de incumprimento dos preceitos da Decência na vida pública e na vivência privada e de extensivas práticas de intolerável burocracia, de quase total irresponsabilidade, de faltas de respeito que nos devemos uns aos outros, de generalizada incompetência, de abrangente oportunismo e de um acumular de orientações políticas que arrastaram inúmeros cidadãos para terríveis condições de sobrevivência enquanto uma minoria de aproveitadores sem escrúpulos, sem moral e nenhum sentimento de fraternidade, auferem fabulosas remunerações, inconcebíveis mordomias e de obscenas isenções e perdões fiscais; tudo isto se verificando num país que tem o mais baixo nível de vida entre os parceiros europeus, que ninguém, em são juízo, ousa contestar, seria natural que as classes dos políticos, dos governantes e dos agentes económicos, tomassem propósitos de honra e atitudes de empenho em tudo fazerem para inverter o rumo dos acontecimentos e aplicassem saberes nas suas específicas competências no sentido de reconduzirem o País na senda do desenvolvimento, na prossecução da melhoria das condições de vida das populações e na retoma do esplendor de Portugal outrora celebrado de forma sublime nos cantos dos Lusíadas.

Essa seria a missão dos responsáveis. Atinente ao rumo que urge prosseguir em prol da grei.

Também aos órgãos de comunicação social lhes caberia um límpido e determinante papel - independente e algo distanciado do Poder - no acompanhamento das situações, na participação dos debates, na formulação das críticas, na constante avaliação da situação político-social e no permanente questionar o demérito ou a valia das soluções governativas.

Porém, a realidade é outra. Deplorável! Dramática!

Dito isto, só falta anotar que os portugueses são espectadores passivos de um teatro de hipocrisia, do faz-de-conta, do fingimento, cujos actores principais são grandes artistas nas respectivas especialidades. Geralmente, dominando com mestria a arte do embuste, são refinados oportunistas, assumidos perversos e, desavergonhadamente, mal-intencionados. Como é visto, percebido e comprovado no dia-a-dia.

Este ano de 2007 mal se iniciou e já tem um desagradável historial de peças levadas à cena envolvidas na auréola de grandes, pungentes, êxitos mediáticos. Noutra oportunidade nos referiremos a eles.

Por agora, importa considerar que em vez de a sociedade se interessar pelo debate político, pela discussão dos temas de interesse geral e pela crítica da situação, todo o mundo da política, da comunicação social e comportando alguma gente incapaz de coordenar ideias que se delicia no abuso da maledicência e exploração das fraquezas de alguém próximo ou com nome na praça pública, esteve entretido, nas últimas semanas, com a “novela” da licenciatura de Sócrates. Esta, teve o decisivo episódio na entrevista do primeiro-ministro à Rádio Televisão de Portugal na p.p. quarta-feira, dia 11 de Abril. Nela, o que vimos?

Os entrevistadores, jornalistas José Alberto Carvalho e Maria Flor Pedroso apresentaram-se tensos e carrancudos - devidamente municiados com papéis e documentos - e obstinados em interromper constantemente o entrevistado sem o deixarem concluir as respostas às perguntas que lhe dirigiam. A Pedroso, qual flor murcha, nem dava ténue parecença com a viçosa flor, sorridente e embevecida parceira das “Escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa”, nas noites domingueiras da RTP. O entrevistado, Engº. José Sócrates, apresentou-se descontraído, seguro, apetrechado com documentos que exibiu perante as câmaras. No tocante à sua formação académica foi convincente! Na segunda parte, referente à acção governativa enunciou uma série de medidas governamentais que se registam como outros tantos compromissos, cujo grau de avaliação de execução será equacionado no término da actual legislatura.

Ponto assente e incontestável: a questão da polémica gerada em redor da qualificação de engenheiro atribuída a Sócrates só poderia ter relevância moral se ela fosse indevidamente assumida pelo próprio – o que não é o caso, visto que agente técnico de Engenharia ou licenciado em Engenharia, segundo os costumes portugueses, sempre seria tratado por engenheiro. E, nota importantíssima, se estivéssemos num país em que a decência fosse um valor normalmente respeitado e valorizado no seio da sociedade.

Não é o caso. Ressalvando alguns membros conceituados, a classe política que nos desgoverna alegremente e com elevados aproveitamentos de natureza corporativa porta-se com indecência e não tem moral Mais: é intelectualmente desonesta: Absolutamente, muitos que andaram - e continuam - a atirar pedras a Sócrates, sobre a patética querela de ser ou não ser engenheiro, falece-lhes carácter e autoridade moral. Por norma de vida excedem-se na falta de vergonha e no atrevimento da maldade com que procuram superar a má educação e as dificuldades e incompetências no cumprimento dos deveres cívicos e obrigações profissionais, inerentes aos respectivos desempenhos no circo político-administrativo.

Ademais, é uma falsa questão. Os chefes de governo não ascendem aos cargos por imposição ou recomendação da qualificação académica. Depois, os agentes técnicos de engenharia sempre foram tratados por engenheiros. Hoje são designados por engenheiros técnicos – o que é uma redundância. Quer o bacharel de Engenharia, quer o licenciado em Engenharia são técnicos de Engenharia. Portanto, gastaram-se tempos, toneladas de papéis, incontáveis horas de emissões de rádios e televisões numa discussão de lana-caprina, travada num contexto de baixa política. Absurda! Idiota! Bem à medida da pequenez saloia de gente que se gosta de envolver na intriga e no bota-abaixo. Igualmente, segundo os primários hábitos de um país do terceiro mundo. Como se não houvesse problemas e situações graves a exigir a nossa atenção.

Na segunda parte da entrevista, o chefe do Governo, Sócrates, voltou a mostrar uma condenável insensibilidade para os problemas sociais e paras as dramáticas políticas aplicadas nas áreas da Saúde, da Segurança Social, das Finanças, da Educação, da Justiça e da prevenção e manutenção da Segurança Pública. Nestes domínios os entrevistadores foram displicentes e pouquíssimo objectivos. Sobretudo, haveria que questionar o primeiro-ministro quanto às precárias condições de sobrevivência de largas faixas da população mais desfavorecida. De salientar a carga negativa das inqualificáveis atribuições de impostos com que, a partir de Janeiro, do corrente ano, foram contemplados os aposentados da Função Pública dos escalões baixos e médios da respectiva tabela remuneratória, como se não bastasse as dificuldades que enfrentam devidas às pequenas importâncias das pensões que auferem. Aos quais foram atribuídos aumentos de miséria, tão mesquinhos que nem chegaram para a liquidação das unilaterais prestações tributárias, nunca antes exigidas por qualquer governo de direita ou de esquerda – o que se traduziu por uma efectiva e incomportável redução na pensão. Os graves problemas dos fechos das urgências hospitalares, dos encerramentos das maternidades, das reduções nas comparticipações para os medicamentos, consultas e tratamentos médicos, constituem-se factores que mais atingem os idosos e que deveriam ter sido considerados. Não menos importante na interpelação ao chefe do executivo teria sido focar o agravamento da carga fiscal resultante da acumulação dos aumentos dos impostos directos e indirectos que, sobremodo, afectam os cidadãos de menores recursos e inúmeras pequenas e médias empresas. E que, igualmente, sobrecarregam as atribuladas vidas dos idosos. Os encerramentos das escolas, a situação do Ensino e os maus-tratos que o governo e os ministros dispensam à língua nacional e à literatura portuguesa, seriam assuntos a menosprezar? E se ponderarmos que esses aberrantes procedimentos se conjugam com a promoção da língua inglesa nos programas escolares e na linguagem corrente, os fechos dos consulados que gravemente comprometem os elos da Diáspora à Pátria, a cessação dos subsídios postais aos jornais, cujos perniciosos efeitos incidirão na área cultural; concluímos que a entrevista não foi inteiramente conseguida como se impunha.

Lido! Visto! Entendido! Respigado!

Neste país e nas circunstanciais actuais, o processo mediático em curso relacionado com a licenciatura de Sócrates, lavado com espuma, desinfectado com os melhores detergentes do mercado e esterilizado segundo as técnicas aplicáveis mais modernas do Instituo Pasteur, com nódoas ou sem nódoas, não vale um tostão furado. Insistir nele é como chover no molhado. Remetam-no para o depósito das coisas inúteis.

Resultante de tamanha trapalhada, Sócrates enriqueceu a sua personalidade e o currículo das capacidades psíquicas, motoras e funcionais.

Pecador ou inocente, está reabilitado ou redimido das penas do Inferno. Porquê? Porque acrescentou uma qualidade: a de santo milagreiro. Por seu intermédio aconteceu um milagre extraordinário O milagre da conversão à Moral, que abrangeu vários sectores da população e os ora miraculados elementos da sociedade portuguesa. De facto, tudo que nossa vista alcança: clero, nobreza, povo, jornalistas, políticos, comentadores, responsáveis das estações de rádio e da televisão, pessoas que desdenhavam ou repudiavam a moral, de repente, imitando os camaleões, converteram-se à Moral. E foram mais longe: extremamente zelosos e determinados empenharam-se numa cruzada a seu favor. Coisa nunca vista em Portugal. Um fenómeno! Simplesmente fantástico!

Caso para dizermos: Não há fome que não dê em fartura

Pois queLouvado seja o Senhor Deus que habitualmente abençoa os exércitos que desfraldam as bandeiras da imoralidade existente na terra lusa. Até ele, solidário, terá condescendido e participado na cruzada deste invulgar e serôdio moralismo

Fim