Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quinta-feira, abril 05, 2007

Estimadas senhoras,
Caros senhores

Uma feliz Páscoa para todos vós.

Renovo o meu contacto para lhes enviar uma crónica sobre matéria contida na caixinha de surpresas que, normalmente, se abre de mansinho ao abrigo do sol que aquece e ilumina a praça lisboeta.
Cordiais saudações.
Brasilino Godinho

SARAIVADAS…

Ou as confissões de Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema IO risco de Saraiva ir ao estrangeiro: regressar e vir com uma ideia…

Dir-se-ia que o arquitecto José António Saraiva é uma pessoa triste. Propenso à melancolia. E tal como acontece com as pessoas alérgicas que devem afastar-se dos alergénios para evitar (ou aliviar) os efeitos das alergias que as afectam, assim ele deveria permanecer na ignorância das catástrofes naturais e dos eventos trágicos. Se possível e aprouvesse aos Deuses da sua devoção, não os ver ao perto ou ao longe. Nem mesmo através da visão panorâmica proporcionada pelo célebre canudo do Bom Jesus de Braga. Tendo em vista manter o espírito em alta e não se ir abaixo com repentinas depressões.

Esta semana, Saraiva consciente do seu fadário de “VIVER PARA CONTAR” inicia a sua prosa com a informação que: “A destruição que o mar está a provocar na Costa da Caparica recordou-me uma ideia antiga”. O que confirma a facilidade de Saraiva associar desgraças a tristes lembranças. Expliquemos.

Numa não mencionada data José António Saraiva foi a Copacabana na companhia de gente muito badalada na capital alfacinha

Ele imaginava ir ao encontro de uma praia com palmeiras, coqueiros e um “areal rematado por um mar azul”. Neste ponto, nosso reparo sobre o imaginário de Saraiva: o areal rematado como se fosse um chuto numa bola de futebol? Areal concluído ou fechado no alto? Vá lá perceber-se esta linguagem dos futebóis… Ou esta visão do areal coroado em que ignoradas alturas

Retomando o enredo: Saraiva, lá chegado, a Copacabana, quedou-se surpreendido. Porque mal julga quem não conhece

Que viu? Uma avenida marginal, uma faixa de areia e água turva. Turvo ficou. Também desiludido. E depois?

Diz-nos Saraiva com a proverbial candura: “Quando cheguei a Portugal trazia comigo uma ideia: a Costa da Caparica poderia ser, facilmente, a Copacabana portuguesa: com um areal que vai da Trafaria ao Meco (…)”.

Assim está expresso o perigo de Saraiva ir ao estrangeiro e voltar com uma ideia. Então Saraiva ficou agastado com as deficiências de Copacabana e queria reproduzi-las na Costa da Caparica? Esta não lembraria ao Diabo nem a um “amigo da onça”. “Poderia ser, facilmente”? Claro, que a pobreza franciscana é assimilada sem custo. Sabemos disso. Brejeira, própria de um espírito maroto, é aquela subtil indicação do “areal que vai da Trafaria ao Meco” – ou não fosse esta a praia onde se pratica o nudismo. Faltou a Saraiva apimentar um pouco a imagem paradisíaca com uma referência aos “brotinhos”

Mais nos interrogamos: Se a Caparica está a ser destruída pelo mar e esta desgraça trouxe a Saraiva, por associação de pensamentos, a ideia da “Copacabana de Lisboa” para quê construí-la? Qual a lógica da ideia proposta? Para ter o mesmo destino trágico? A nova Copacabana resolvia o problema do avanço do mar naquele local da nossa costa atlântica?

Mas há aquela nota estranha de Saraiva que nos deixou atónitos quando diz que trazia comigo uma ideia”. Bem, com enorme boa vontade, aceitamos que trazia consigo a ideia. Não obstante, leva-nos a pensar que, algumas vezes, Saraiva traz de algures, do planeta Terra, ideias que vêm por outras vias. Ideias que, afinal, viajam desligadas de si ou que, eventualmente, não o acompanham; como outrora acontecia com os bebés que vinham pelos ares em cestos sustidos pelos bicos das cegonhas Pior, ainda, que Saraiva nem seguirá as ideias por qualquer instrumento de controlo remoto. Aqui, anotamos a grande curiosidade de saber como Saraiva recupera - ou lhe chegam à mão de semear - as ideias que não traz consigo. Um fenómeno interessante E com valor científico, não desprezível, nos domínios da Neurologia, da Psicanálise e da Física. Certamente, uma pesquisa a encomendar ao cientista António Damásio e a conceituados discípulos de Sigmund Freud e de Guglielmo Marconi.

Em todo o caso e para encerrar o tema: Saraiva esteve satisfeito durante a viagem de regresso de Copacabana e, pelos vistos, continua feliz por tendo trazido consigo uma ideia a manteve em reserva até à actualidade.

Porém, como já deixámos antever, é um perigo Saraiva ir ao estrangeiro. Porquê? Porque, em cada viagem, traz uma ideia; independentemente de a transportar consigo ou confiada aos imprevistos da sorte, por qualquer meio de locomoção; talvez, à mercê dos cuidados de outrem.

Aqui, entre nós, melhor teria sido que a ideia da Copacabana portuguesa tivesse ficado esquecida lá no Rio de Janeiro; embora correndo o risco de os companheiros da viagem pegarem nela e, à socapa, sem pagarem direitos alfandegários, a transportassem (como se fosse contrabando) até Lisboa, onde a devolveriam a Saraiva que, feliz, exultaria face à agradável surpresa. O Balsemão, a Tita, o Granadeiro, a Marante, a Clara, o Coelho e o Vieira, são pessoas fixes, determinadas, generosas quanto baste. Provavelmente, tomariam o encargo graciosamente

Queremos expressar que a ideia de designar a Costa da Caparica por a “Copacabana de Lisboa” ou a “Copacabana portuguesa” evidencia um disparate semelhante ao de chamar a Aveiro a “Veneza portuguesa”. A cidade da laguna do Vouga e a Costa da Caparica são aglomerados portugueses com as suas respectivas identidades e para se afirmarem perante o País e o Mundo não podem, sobretudo, não devem enfeitarem-se com os atributos e os adornos alheios. Esta idiota presunção tem de ser liminarmente rejeitada por elementar dever cívico, por obrigação de fervor bairrista consciente e descomplexado e em inequívoca manifestação de respeito pela dignidade nacional. Também sendo uma lamentável e gratuita saloiice é absolutamente escusada e releva um espírito de desvalorização do nosso património, um abastardamento da alma lusa e uma total subserviência de quem se predispõe a colocar-se de cócoras perante os estrangeiros.

Posto isto, digam-nos se não é de gritar: Ó da guarda! Quando o famosos arquitecto-jornalista vai às terras da estranja?

Tema II -Saraiva “convidado” a pensar - pensou…

O arquitecto Saraiva há muitos anos que está desligado da profissão. E no seu artigo de fundo “O lado bom de Salazar” inserido no “SOL” sob a rubrica que, rotulada “POLÍTICA A SÉRIO”, soletrámos POLÍTICA A BRINCAR, denota que perdeu os sentidos de observação e da perspectiva.

Desde logo, fixou-se exclusivamente no “lado bom” do imóvel Salazar que tudo indicia tratar-se do saliente alçado lateral direito; sem querermos com esta observação considerá-lo na óptica de Saraiva: de ser conforme ao uso a que era destinado. Do lateral esquerdo nada observou. O que é natural. Visto que o mesmo estava deformado e escondido por uma opaca rede de protecção das mazelas irrecuperáveis. Mas surpreende que o famoso arquitecto não tivesse falado da fachada macilenta com aquele aspecto soturno a sobressair no estilo medieval e bafiento que caracterizava o desarmonioso corpo e a equívoca alma que lhe estava adstrita. Do mesmo modo, se estranha que nem tenha feito qualquer simples reparo ao tardoz cinzento, recatado, misterioso. Quanto à cobertura, o conhecido “chapéu”, nem uma palavra sobre a capacidade de escoamento das águas que por ele escorriam inundando os jardins do Palácio de S. Bento e, muitas vezes, atingindo com violência os indígenas desprevenidos.

É certo que o articulista nos indicou, nas primeiras linhas da sua memória descritiva, que não justificaria a funcionalidade do imóvel. Pelo contrário, predispunha-se a comentar uma “gala” que, no seu entender, “teve momentos cómicos”.

Por consequência, Saraiva apreciou a “vitória” de Salazar. Com alguma benevolência e acanhamento registou a “meia-vitória” de Cunhal. E não gostou que, segundo a sua opinião, a RTP desvalorizasse o concurso e a Maria Elisa tivesse dito que o mesmo “não passava de um passatempo e que o resultado não devia ser levado a sério”. Vejam só o que a Maria Elisa disse Portanto, esse foi o erro da RTP. E o pecado da apresentadora. O conhecido arquitecto-jornalista, Saraiva, não desculpa o desacerto da televisão estatal. Não perdoa a pecaminosa atitude da profissional Elisa.

A seu ver, a “vitória” de Salazar valeu a pena porque ao menos convidava a pensar. E sentindo-se convidado Saraiva pensou! Aleluia! E com que profundidade

Quer dizer - no que tocou a Saraiva - que Maria Elisa esteve a falar para o boneco. Ela bem procurou, à última hora, pôr algum bom senso na avaliação da pantomina. Tarefa inglória.

Pois impressiona a ligeireza das considerações do pensador José António Saraiva. Mais destacável a confusão que se estabeleceu na sua mente. Comentar uma brincadeira de mau gosto, extrair ilações de um escrutínio feito através de telefonemas anónimos que, simplesmente, foi um passatempo, escapa a qualquer sentido de lógica e de objectividade numa qualquer análise, por mais rebuscada que seja a pretensão de concretizá-la com um mínimo de seriedade. Ainda por cima, a apreciação do concurso é simples: tratou-se de uma farsa e de uma enorme falha de ética. Igualmente, uma escandalosa falta de respeito pelas figuras da História de Portugal. Outrossim, grande ofensa à inteligência do vulgar cidadão.

A desgraciosa faceta do texto em causa é que José António Saraiva tomou muito a peito o ridículo tema como se estivesse a analisar um transcendente assunto. E foi mais fundo no desapego à higiene da alma: contemplou-se muito sério, compenetrado e, presume-se, sem se rir, da suposta validade da intricada e descabida tese que expandiu de forma prolixa.

Enfim, não dando para chorar, sempre resta em aberto um razoável espaço para sorrir

Fim