Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

terça-feira, março 27, 2007

Estimadas senhoras,

Caros senhores

Se não for incómodo para vós aceitem a presente crónica sobre o famoso espectáculo realizado em Óbidos, de consagração da peculiar arte e do estonteante engenho de interpretar a acção política por parte de distinta rapaziada, bastante desenrascada, da nossa “melhor sociedade” da linha de Cascais e arredores…

Saudações cordiais.

Brasilino Godinho

Um texto sem tabus…

EM ÓBIDOS, O LINDO ESPECTÁCULO…

NELE, O ENCANTO DA AUTENTICIDADE…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

01- No p.p. dia 20 de Março, terça-feira, o “Diário de Aveiro” publicou a minha crónica “TUDO POR PORTAS E LINHAS TORTAS…”.

Na manhã desse dia, em plena Av. Dr. Lourenço Peixinho, cidade de Aveiro, cruzei-me com um respeitável cidadão, ligado ao CDS/PP que, após os cumprimentos do estilo, me disse: “É desagradável reconhecer, mas você tem razão naquilo que escreveu na sua crónica de hoje a respeito de gente do meu partido”.

Pelas 16 horas e 30 minutos, desse mesmo dia, recebi na caixa de correio electrónico uma mensagem de alguém que se atribuiu uma identidade que ninguém conhece e a condição de “Conselheiro Nacional do CDS eleito em Congresso”. No referido escrito o autor, evidenciando confrangedor desconhecimento dos elementares cuidados de higiene mental, permitiu-se assumir as dores de Portas e dos servis companheiros inscritos na reserva do pequeno clube de amigos e irmãos desavindos, do Largo do Caldas – vulgo CDS/PP. Faltando-lhe argumentos, desprovido do sentido da realidade e “ignorando” as eloquentes peripécias do encontro de Óbidos, o sujeito prestou-se a macaquear o lugar-comum das conversas da treta que estamos habituados a ouvir a políticos medíocres, às vezes, ligados a interesses obscuros.

Sintomáticos estes dois factos ocorridos nessa terça-feira. Que relevam de mentalidades e comportamentos antagónicos. De um lado, a seriedade, a lucidez, a mágoa, o lamento, a fidelidade aos valores e os procedimentos conformes aos princípios que são professados. A coerência! No outro campo oposto, o uso da bacoquice, da arrogância, do fanatismo, do voluntarismo irresponsável e o abuso da fanfarronada e da linguagem irracional. Pior ainda: os comportamentos de negação dos padrões civilizacionais. Enquanto, sem pudor, se vai fingindo e publicitando o seu acatamento. A hipocrisia!

Já o mestre dos mestres aldrabões, Goebbels, ministro da Propaganda do governo de Hitler, dizia: que “uma mentira à força de ser repetida acaba por ser aceite como verdade”, Infelizmente, em Portugal, temos grandes especialistas na arte do embuste que cumprem regularmente este preceito para gáudio de muitos papalvos espalhados por este país de tão maus costumes.

Isto afirmado com a nota que gente de tão fraca qualidade cívica não é exclusiva do CDS/PP. Em abono da verdade, a espécie está infiltrada na generalidade da classe política nacional. Importa remete-la para o caixote do lixo do sistema vigente. Sem contemplações ou subterfúgios desculpabilizantes, Já fez e continua a fazer muito mal à nação portuguesa.

02 - No domingo, dia 18 de Março de 2007, reuniu-se o Conselho Nacional do CDS/PP, em Óbidos. Na opinião da insuspeita dirigente centrista Maria José Nogueira Pinto tratou-se de um espectáculo vergonhoso. De assinalar o grito de um conselheiro: “Deviam filmar esta palhaçada toda e mostrá-la ao País. Estão ali 12 deputados que só querem tachos e não respeitam a vontade de 1400 militantes” (citado pelo JN, edição de 19 de Março, página 6, canto inferior direito). Uma curiosidade: Por causa desta ocorrência soube-se, através dos jornais e das televisões, que o CDS/PP tem um tribunal próprio. Exclusivamente destinado a dirimir os conflitos internos. Quem diria que a rapaziada era tão insurrecta…

Como cidadão e, por inerente condição, político, desalinhado do partidarismo, considero que se tratou de vergonhosa manifestação de incivilidade e de clamorosa falta de sentido da Ética. Também, “festival de insultos e acusações” partilhado por irmãos da mesma família política, evidencia, para além da ignorância do que é a Política, a incapacidade para dela se ocuparem com dignidade e sentido de serviço público.

03 - Mas na qualidade de observador e cingido ao plano sociográfico entendo que o encontro de Óbidos foi um acontecimento notável. Um marco histórico na vigência da terceira República. Explico.

Portugal atravessa uma crise muitíssimo grave. Todos temos consciência da situação. Cada indivíduo não posicionado na galeria dos capitalistas e potentados deste País, sente no físico e na alma as dificuldades, os sofrimentos e as carências. Abreviando considerações: a incompetência dos políticos e as más orientações político-administrativas dos governos conduziram ao descalabro actual.

Ora neste quadro calamitoso o que aconteceu num hotel de luxo em Óbidos, reflexo da fraquíssima qualidade da classe política, não constituiu surpresa para quem quer que fosse, desde que pessoa atenta e minimamente possuída de faculdades de alma. Porém, o deplorável evento foi demasiado importante, bastante publicitado e muito elucidativo, para que possa ser minimizado ou esquecido. E que dele não se tirem as devidas conclusões e se componham as adequadas lições a aplicar no futuro.

Desde logo, avulta a circunstância de a rapaziada do CDS/PP ter tirado a máscara da boa educação, da tolerância, do respeito pelo próximo, da cultura política, da eficiência na resolução das crises e do engenho em gerar consensos. Empenharam-se num combate fratricida. Recorreram a diversos e repugnantes expedientes para o assalto ao poder no seio da própria família política. O que terá sido um ensaio da estratégia e de formulação de tácticas para as futuras batalhas do assalto aos órgãos de soberania do Estado.

Em cena, os protagonistas desempenharam-se a si próprios, de forma superior. Artistas de dura e radical têmpera, assumiram a sua autenticidade. Ou seja: simplesmente, se contemplaram na pecaminosa e terrificante imaturidade que lhes é peculiar. Desta vez, Paulo Portas e seus rapazes tiraram as máscaras. Deram as caras e mostraram-se em plenitude de afirmação personalizada. Não enganaram ninguém. Assim, está bem! Quem dá o que possui a mais não é obrigado…

Por isso, desvaneceram-se as dúvidas: quer sobre a natureza da veia artística do irrequieto Paulo Portas; quer a respeito do seu verdadeiro estado de espírito. Também, acabaram as incertezas quanto ao carácter folclórico e à natureza violenta de cada um dos peões de brega do jovem Paulo - expoente máximo da animação de certos grupelhos da Comunicação Social de Lisboa. E, não esqueçamos, uma endiabrada figura-adorno da Opus Dei portuguesa e de outras irmandades.

Desta forma, por linhas tortas, os actores intervenientes na dramática comédia de Óbidos prestaram um alto serviço à nação portuguesa. Tiro-lhes o chapéu!

Daí, se afirmar que, na actualidade, os portugueses ficaram a conhecer melhor estes políticos. Portanto, todos estamos habilitados a atribuir as cotações que eles, destemidos aventureiros da política nacional, merecem – ou não fossem, também, exímios malabaristas do circo político.

Ademais, a Nação está deslumbrada… Enternecida… Provavelmente, grata…

Em conformidade, acreditamos que a malta sofredora de Portugal irá passar a essas criaturas uma guia de marcha para darem “uma volta ao bilhar grande”…

E já agora, se me permitem, deixo o registo: em Óbidos se confirmou a justeza do título da minha anterior crónica: “Tudo por portas e linhas tortas…”

Deixo-vos a interrogação:

- Até quando o País aguenta tanta garotice?

Fim