Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

sábado, março 10, 2007

Com a devida vénia, transcrevemos do jornal “Primeiro de Janeiro”, edição de 09 de Março de 2007, o seguinte artigo do Prof. Doutor Paulo Ferreira da Cunha, manifestando total concordância. Brasilino Godinho

DESAGRAVO AOS PROFESSORES!

Paulo Ferreira da Cunha*

Parece que há quem não goste dos Professores. E queira fazer crer ao público que a culpa de tudo, desde o do déficit do Estado ao da Segurança Social, é afinal dos Professores, e, para mais, dos desempregados e dos que o possam vir a estar.
Depois de tantas notícias sobre as agressões a Professores nas nossas escolas secundárias, virão agora novas agressões? Para compensar a falta de protecção de uma classe humilhada e ofendida pela barbárie?
O argumento pode ser subtil, visando excitar a inveja e o desfavor gerais. Criando antipatia pela classe. Mas há que perguntar: inveja de quê? Haverá algo que mereça ser invejado na sorte dos Professores? Se eles, como Sebastião da Gama, se contentam com a infinda dádiva de ensinar, e até acham estranho serem pagos!
Onde está a dignidade docente? Somos muitos e não somos tolos. Porquê a nossa passividade? Deve ser o medo, medo do desemprego....
Curiosamente é por aí que agora estamos na berlinda.
Muita Comunicação Social não parece sensibilizada para o drama dos Professores, parecendo tomar as dores pela abstracção do Tesouro. Li, no dia 7 de Março, no endereço da Internet infra, mais uma notícia que merece ser ponderada, e que termina assim:
“No ano passado, a Segurança social gastou 55 milhões e 600 mil euros em subsídios de desemprego mas os professores contratados só contribuíram com 38 milhões. A diferença entre estas duas parcelas dá um saldo negativo de quase 18 milhões de euros.
O prejuízo surge numa altura em que o Governo até está a pensar alargar o subsídio de desemprego aos restantes funcionários com contrato administrativo.
Se a medida avançar, os professores do ensino superior também passam a ter protecção social mas o Estado pode vir acumular ainda mais prejuízos.”
http://sic.sapo.pt/online/noticias/dinheiro/Defice+de+18+milhoes+de+euros+na+Seguranca+Social.htm
Será que devemos concluir que o subsídio de desemprego não foi feito para os desempregados? E que os descontos para a Segurança social é que foram feitos para dar lucro ao Estado?
Se assim for...
Coitadinho do Estado que não serve para proteger esses malandros dos Professores contratados, que, como é público e notório, são contratados por pouco tempo por sua culpa, e descontam pouco porque querem ser despachados para o desemprego: situação regalada, porque são mesmo preguiçosos.
E nem por sombras pode o subsídio de desemprego ser reconhecido como um direito a esses madraços dos Professores do Ensino Superior. Direito de qualquer trabalhador? Quem disse que um Professor trabalha?
Privilegiados, que labutam a vida inteira, com a carreira reconhecidamente mais complexa, exigente e longa de todas, públicas e privadas, que queimam as pestanas toda a vida, sem férias, nem domingos e feriados, que consomem em investigação e correcção de provas e teses, etc....tudo isto para auferirem salários em nada compatíveis com as suas habilitações. Estes nababos, depois de uma vida de dedicação – tendo feito, no limite, por junto, bacharelato, licenciatura, mestrado, doutoramento, e até agregação, escrito dezenas, centenas ou milhares de artigos e até dúzias de livros, registado patentes, realizados exposições, congressos, etc. (conforme as suas especialidades) - podem ser postos na rua... sem um tostão nem um obrigado.
E ficam, obviamente, com a vida destroçada.
Porque mandar para o desemprego um Professor universitário é, além de um desinvestimento criminoso para o Pais – um País que precisa de quem pense - um verdadeiro assassinato dos cérebros.
Quem, sabendo o que o espera na carreira académica agora (no meu tempo era impensável o desemprego de universitários: havia era falta), quererá optar por essa vida, vendo que terá muito mais por muito menos em alternativa: na iniciativa privada, ou até na burocracia do Estado?
Um docente que dedicou a vida ao sacerdócio do ensino, como é o caso normal dos docentes universitários, e que é decapitado na sua carreira, por uma decisão economicista ou uma facada nas costas, é alguém a que se rouba a vida, porque se rouba a esperança, e a crença na instituição que o animou.
Não sei o que acontecerá aos colegas. Receio o pior.
Mas espero que consigam dar a volta por cima. E o meu maior desejo é que triunfem na vida, provando que não é quem não sabe que ensina. É quem sabe melhor.
Por isso, inveja por inveja, façam inveja aos que ficarem, vencendo nas vossas novas vidas. E tendo finalmente as remunerações, o prestígio, e o tributo público que uma sociedade mesquinha e invejosa vos negou sempre.
Fim