Leitor,
Pare!
Leia!
Pondere!
Decida-se!

SE ACREDITA QUE A INTELIGÊNCIA

SE FIXOU TODINHA EM LISBOA

NAO ENTRE NESTE ESPAÇO...

Motivo: A "QUINTA LUSITANA "

ESTÁ SITUADA NA PROVÍNCIA...

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É...

e cordialmente se subscreve,
Brasilino Godinho

quarta-feira, abril 11, 2007

SARAIVADAS…

Ou as confissões do Arq.º Saraiva…

Brasilino Godinho

brasilino.godinho@gmail.com

http://quintalusitana.blogspot.com

Tema: Saraiva, feliz porque viu, “de muito perto”,

duas vezes Isabel II…

Costuma dizer-se que cada um come aquilo que gosta. Igualmente de admitir que se divirta ao seu jeito. Ou que seja feliz à sua maneira.

Esta semana, o arquitecto-jornalista José António Saraiva, mantendo-se fiel à sina de “VIVER PARA CONTAR”, brindou os seus leitores com uma narrativa sobre as peripécias relacionadas com a sua “ideia na cabeça” de, “olhando para cima em direcção da Rainha ter de fixar bem o momento” – um problema que se repetiu pelas duas vezes em que viu Sua Majestade Isabel II a dois passos de si. Naquelas ocasiões atormentava-o a ideia de que aquilo não se iria repetir. E não só. Acreditamos que a hipótese de a ideia se escapar da cabeça e de perder-lhe o rasto lhe trazia alguma inquietaçãoMais nos suscita a seguinte dúvida: se não olhava para baixo, face àquele esplendor régio, somente considerava a fixação dos momentos?...

A evocação desses episódios marcantes na vida de Saraiva vieram-lhe à lembrança quando viu “por estes dias” o filme “A Rainha”.

O famoso jornalista diz-nos que “no filme estão presentes dois mundos”. Em conflito? Coexistentes, em harmonia? Tal como o Rossio metido na Betesga? De concreto, nicles de bitocles. A ser verdade, tratar-se-á de algo perturbador, arrepiante e… devastador. Este termo, devastador, está omnipresente no “discurso” de Saraiva, como já anteriormente assinalámos. Desta vez, logo na legenda da fotografia que encabeça o texto, está escrito: “A Rainha-mãe, Isabel II e o seu conselheiro particular: um retrato devastador da corte”. Quem viva bastante arredado das cortes e não sendo perito em fotografia, perde-se em conjecturas sobre como será devastador o “retrato” que ilustra a prosa de Saraiva. Depois, no corpo do artigo, é o príncipe Carlos que é apontado a dedo e Saraiva assevera que, igualmente, “o retrato é devastador”. Vale a pena anotar: de quando em quando lêem-se comentários pouco lisonjeiros acerca da figura do herdeiro da coroa britânica. Mas nada que se pareça com o tenebroso retrato da criatura – ele, por si só, a crer em Saraiva, fautor de grandes desgraças. O Reino Unido que se acautele… e não se esqueça da perspicaz observação do conhecido periodicista luso.

O autor, Saraiva, deixa entrever que à escala global “é assustador o mundo da política dominado pelos media e pela obsessão de agradar”. Ele, com a prática de 22 anos do exercício das funções de director de jornais tem a experiência. Sabe do que fala Nada a contrapor. Confirmamos! Muito poderíamos acrescentar

De referir, a descrição pormenorizada dos embaraços de Saraiva às voltas com um convite para uma recepção no iate Britannia. Tão pouco ou tanto atribuladas que, quase próximo da Rainha, Saraiva teve que exercitar o engenho do disfarce de uma grossa cartolina (“tinha uns bons 30x20 cm, impressa a letras de ouro”) que devia ocultar, não fosse a real senhora incomodar-se com a visão do inestético cartão. Valeu a Saraiva um feliz acaso de inspiração. Confessa: “só encontrei um sítio possível; entalá-la no cinto atrás das costas, por forma a não se ver”. Muita destreza de mãos e sorte de a cartolina não ter uns maus 30x20 cm e de, naquela altura, ter as calças apertadas com um cinto e não com suspensórios. Saraiva livrou-se de uma grande enrascadaCertamente, a Divina Providência veio em seu auxílio. Pelos vistos, estar nas boas graças da Opus Dei é uma boa credencial junto do Criador. E traz algumas vantagensÀs claras!

Aliás, Saraiva que parece atrair o mau-olhado das bruxas, tantos são os desaires que lhe surgem a qualquer momento, dá conta da gravidade do transe porque passou ao destacar: “Quando chegou a minha vez de cumprimentar a Rainha, ainda estava de casaco aberto, a transpirar de nervosismo”. Caso para exclamar: Safa! Dá para imaginar o que teria acontecido se o circunspecto Saraiva tivesse que se apresentar com as calças na mão ou, vice-versa, com as mãos nas calças Deveras muito interessante aquela imagem de Saraiva a fazer a genuflexão do protocolo, a pegar, pela direita, na mão da soberana para lhe dar o ósculo da praxe, enquanto com a mão esquerda segurava com força e nervosismo o grande cartão contra o seu rabiosque. Uma cena de antologia e que para Saraiva será um feito único à escala mundial. Mais um título a juntar ao seu palmarés.

Infelizmente, a real personagem pairando no fantasioso éden das suas grandezas místicas, nem se dignou esboçar um sorriso para o desolado José António Saraiva. Perguntar-se-á: Ingrata? Presumida? Soberba? Arrogante? Peneirenta? Assim se julga. No entanto, Saraiva esquece-se da condição divina de Isabel II. Ela sendo chefe (Guia espiritual) da Igreja Anglicana não deve andar por aí a arreganhar a tacha para qualquer simples mortal, ainda que seja um lídimo membro da melhor sociedade lisboeta e mui conceituado intelectual das avenidas novas de Lisboa, como é o conhecido jornalista José António Saraiva.

Prestes a concluir a sua crónica, José António Saraiva desalentado, confessa: “Não foi, pois, muito gratificante este meu segundo encontro com a Monarquia inglesa”. Nossa derradeira surpresa. Então, Saraiva encontrou-se em Lisboa com o estado inglês regido pela soberana britânica? E nós, sem malícia, induzidos pelo próprio, acreditando que ele se encontrara com a Rainha Isabel II, de Inglaterra

Maior espanto se gerou no nosso espírito ao depararmos com o garrafal subtítulo: “Devo ser dos poucos portugueses que viram de muito perto Isabel II nas duas vezes que veio a Portugal”. Caso para gritarmos urbi et orbi: BRAVO!!! Venham as músicas! Toquem hinos de alegria! Lancem foguetes! Apanhem as canas e façam fogueiras para saltarem sobre elas como é hábito nas noites de Santo António, S. João e S. Pedro. Haja fogo de artifício! O “presidente de todos os portugueses”, em representação dos indígenas eufóricos com a agradável, surpreendente e estonteante notícia, não perca tempo: envie um telegrama de felicitações ao venturoso arquitecto-jornalista que, generosamente, nos brinda com tais atributos fora de série; os quais, são refrigério para nossas almas atormentadas pelos sofrimentos e desventuras a que estamos sujeitos neste desolador Portugal. Demos graças ao Senhor por nos conceder tais mercês com a requintada marca (saraivada) de garantia.

Sem dúvida, que acontecimentos desta natureza não se verificam todos os dias em Portugal. Há que divulgá-los. Enaltecê-los. Festejá-los. Com vista ao enriquecimento cultural das massas populares Igualmente, valorizando o acervo de pergaminhos do Arq.º Saraiva – pessoa que nos suscita a melhor atenção.

Condescenda-se que os sobreditos se constituirão registos históricos na vida de José António Saraiva.

Por isso, aqui consignamos um voto: Que o fervor sentido pelo Arq.º Saraiva, gerado pela milagrosa circunstância “de ser dos poucos portugueses que viram de muito perto Isabel II nas duas vezes que veio a Portugal”, lhe faça bom proveito à barriga e ao peito. Empanturrando aquela Inchando este Com uma prudente ressalva – não se entusiasme excessivamente ao ponto de lhe acontecer o mesmo que à imprudente e ambiciosa rã da fábula

Fim